ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Ten Cel QEM MARCELO CORRÊA HOREWICZ Emprego de Comunicações por Satélite no SISFRON Rio de Janeiro 2014 Ten Cel QEM MARCELO CORRÊA HOREWICZ Emprego de Comunicações por Satélite no SISFRON Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Ten Cel Com Ronaldo Barbosa da Silveira Rio de Janeiro 2014 H 811 Horewicz, Marcelo Corrêa Emprego de Comunicações por Satélite no SISFRON. / Marcelo Corrêa Horewicz. 2014. 51 f. il; : 30cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2014. Bibliografia: f. 50-51. 1.SISCOMIS. 2. SISFRON. 3. SGDC. 4. Consciência Situacional. I. Título. CDD 355.27 Ten Cel QEM MARCELO CORRÊA HOREWICZ Emprego de Comunicações por Satélite no SISFRON Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em 07 de outubro de 2014. COMISSÃO AVALIADORA ___________________________________________________ Ronaldo Barbosa da Silveira – TC Com – Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ___________________________________________________ Marcos Heleno Guerson de Oliveira Júnior – TC QEM – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ___________________________________________________ José Euclides Oliveira de Araújo – Maj Com – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército À minha esposa e meus filhos, fontes de inspiração e exemplo. AGRADECIMENTOS À Deus que com sua infinita bondade, me acompanha, fortalece e me ampara em todos os momentos. À minha família, pelo apoio e compreensão em todos os momentos, sendo fundamentais no sucesso da conclusão deste trabalho. Ao Exército Brasileiro, pela oportunidade em realizar um trabalho monográfico, de modo a ampliar o conhecimento profissional. Ao meu orientador, TC Silveira, não apenas pela orientação, como também pelo incentivo e confiança demonstrados em várias oportunidades. RESUMO O Brasil possui uma grande extensão territorial que tornam as comunicações por satélite uma necessidade, possibilitando o provimento de conexões rápidas, confiáveis, seguras, fixas ou móveis e de alta capacidade a grandes distâncias, cobrindo todo território nacional. Com o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), previsto para ser lançado em 2016, espera-se um aumento da capacidade de transmissão de dados e da cobertura disponível, possibilitando o acréscimo do tráfego de informações, com o aumento da consciência situacional. O Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS) foi criado em 1985 a fim de prover comunicações estratégicas ao Alto Comando das Forças Armadas (FA), ao antigo Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), aos então Ministros Militares, às mais altas autoridades civis do Governo Federal e ao Comandante Supremo das Forças Armadas. O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) é um sistema de Comando e Controle, Comunicações, Computação, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (C4IVR) que visa dotar a Força Terrestre de meios habilitadores a uma presença efetiva na faixa de fronteira brasileira, sendo um dos projetos estratégicos do Exército Brasileiro, alinhado com os objetivos da Estratégia Nacional de Defesa (END). Este trabalho analisou como o SGDC pode ser empregado como um meio de comunicações por satélite do SISFRON. Concluiu-se que, como o SGDC é gerenciado pelo SISCOMIS, uma integração entre o SISCOMIS e o SISFRON é necessária. Além disto, este emprego possibilitará o aumento da consciência situacional dos decisores que utilizarão dos serviços do SISFRON. Palavras-chave: SISCOMIS; SISFRON; SGDC; Consciência Situacional RESEÑA Brasil tiene un gran territorio que hacen las comunicaciones por satélite una necesidad, lo que permite la provisión de conexiones móviles, rápidas, fiables, seguras y de alta capacidad a grandes distancias, que cubren todo el país. Con el Satélite Geoestacionario de Defensa y Comunicaciones Estratégicas (SGDC), que se estrenará en el 2016, se espera que aumente la capacidad de transmisión de datos y la cobertura disponible, lo que permite la incorporación de información, con una mayor conciencia situacional. El Sistema Militar de Comunicaciones por Satélite (SISCOMIS) fue creado en 1985 para proporcionar comunicaciones estratégicas para el Alto Mando de las Fuerzas Armadas (FA), el Estado Mayor General de las Fuerzas Armadas (EMFA), a los ministros militares, las más altas autoridades civiles del Gobierno Federal y el Comandante Supremo de las Fuerzas Armadas. El Sistema de Vigilancia integrada de las fronteras (SISFRON) es un sistema de Mando y Control, Comunicaciones, Computación, Inteligencia, Vigilancia y Reconocimiento (C4IVR) que tiene como objetivo dotar a las fuerzas terrestres de los facilitadores de los medios a la presencia efectiva en las zonas fronterizas de Brasil, siendo uno de los proyectos estratégicos del Ejército de Tierra de Brasil, alineadas con los objetivos de la Estrategia Nacional de Defensa (END). Este estudio examinó cómo el SGDC puede ser empleado como un medio de comunicaciones de satélite del SISFRON. Se concluyó que, como SGDC es administrado por SISCOMIS, se requiere una integración entre el SISCOMIS y SISFRON. Además, este uso permitirá una mayor conciencia situacional de los tomadores de decisiones que utilizan los servicios de SISFRON. Palabras clave: SISCOMIS; SISFRON; SGDC; Conciencia Situacional LISTA DE FIGURAS Figura 1 Rede SISCOMIS Banda X............................................................ 20 Figura 2 Rede SISCOMIS Banda Ku……………………………………….. 21 Figura 3 Satélite de Comunicações…………………………………………. 23 Figura 4 Cobertura do SGDC.................................................................... 25 Figura 5 Logotipo do SISFRON……………………………………………... 27 Figura 6 Faixa de Fronteira...........…………………………………………... 28 Figura 7 Sensoriamento de Sinais…………………………………………... 30 Figura 8 Subsistema de Apoio à Decisão…………………………………... 31 Figura 9 Tela de Visualização do C2 em Combate....…………………….. 31 Figura 10 Equipamentos do Susbsistema de Atuação.…………………..... 32 Figura 11 Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações...... 33 Figura 12 Módulo de Telemática Operacional (MTO) …………….............. 35 Figura 13 Susbsistema de Logística.............................…………………..... 36 Figura 14 Terminal Fixo............................................................................... 39 Figura 15 Terminal Móvel............................................…………….............. 40 Figura 16 Terminal Portátil............................................…………………..... 40 Figura 17 Ciclo de C2.................................................................................. 44 Figura 18 Processo de Construção da Consciência Situacional................. 45 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS C3I Comunicações e Comando e Controle C4IVR Comando e Controle, Comunicações, Computação e Reconhecimento CCOMGEX Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército CISCOMIS Comissão de Desenvolvimento do Projeto e da Implantação do Sistema de Comunicações Militares por Satélite CMF Centro de Monitoramento de Fronteiras CMORD Centro de Monitoramento e Operação da ROD COTER Centro de Operações Terrestres CTI Centro de Tecnologia da Informação DAMA Demant Assignment Multiple Access EBNET Rede de Dados do Exército ECB Estação Central de Brasília EMBRATEL Empresa Brasileira de Telecomunicações EMCFA Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas EMG Estrutura Militar de Guerra END Estratégia Nacional de Defesa ERJ Estação do Rio de Janeiro ETN Estações Terrenas FDMA Frequency Division Modulation Acces GGIF Gabinete de Gestão Integrada de Fronteiras INTRAER Rede de Dados da Aeronáutica ISMAS Integrated X-Band Stations Mangement System MC Ministério das Comunicações MD Ministério da Defesa MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação PAMA Permanent Assignment Multiple Access RECIM-102 Rede de Dados da Marinha do Brasil RF Radiofrequência ROD Rede Operacional de Defesa SC-1 Subchefia de Comando e Controle do Ministério da Defesa SC2FTER Sistema de Comando e Controle da Força Terrestre SIPAM Sistema de proteção da Amazônia SISCOMIS Sistema de Comunicações Militares por Satélite SISDABRA Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro SISFRON Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras SISGAAZ Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul SISMC² Sistema Militar de Comando e Controle SGDC Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações TI Tecnologia da Informação WAN Wide Area Network SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 12 1.1 PROBLEMA.............................................................................................. 13 1.2 OBJETIVOS……………………………………………………………….... 14 1.2.1 Objetivo Geral………………………………………………...…………....... 14 1.2.2 Objetivos Específicos............................................................................ 15 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO………………………...........…………….... 15 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO................................................................... 15 2 SISTEMA DE COMUNICAÇÕES MILITARES POR SATÉLITES......... 17 2.1 HISTÓRICO...……………………………………………............................. 17 2.2 SISMC².................................................................................................... 18 2.3 SEGMENTO ESPACIAL.......................................................................... 19 2.4 SEGMENTO TERRESTRE...................................................................... 21 2.5 TOPOLOGIA LÓGICA DE CONECTIVIDADE DO SISCOMIS................ 22 2.6 CONCLUSÕES PARCIAIS...................................................................... 22 3 SATÉLITE GEOESTACIONÁRIO DE DEFESA E COMUNICAÇÕES.... 23 3.1 HISTÓRICO.............................................................................................. 23 3.2 CARACTERÍSTICAS................................................................................ 24 3.3 CONCLUSÕES PARCIAIS..................................................................... 26 4 SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO DE FRONTEIRAS… 27 4.1 ORGANIZAÇÃO……………………………………………………………... 29 4.1.1 Subsistema de Sensoriamento..............……………………………….. 29 4.1.2 Subsistema de Apoio à Decisão............……………………………….. 30 4.1.3 Subsistema de Atuação........................................................................ 32 4.1.4 Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações.……… 33 4.1.5 Subsistema de Segurança da Informação e Comunicações….…… 34 4.1.6 Subsistema de Simulação e Capacitação…….................…...………. 34 4.1.7 Subsistema de Logística..…………...........………………….………….. 35 4.2 CONCLUSÕES PARCIAIS..................................................................... 35 5 EMPREGO DO SGDC NO SISFRON..................................................... 37 5.1 ESTRUTURA PARA INTEGRAÇÃO DE COMUNICAÇÕES POR SATÉLITE............................................................................................... 37 5.1.1 Estação Central..................................................................................... 37 5.1.2 Estações Regionais.............................................................................. 38 5.1.3 Terminal Fixo...................................................................................... 38 5.1.4 Terminal Móvel..................................................................................... 39 5.1.5 Terminal Portáil..................................................................................... 40 5.2 CONCLUSÕES PARCIAIS..................................................................... 41 6 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL............................................................... 42 6.1 DEFINIÇÕES........................................................................................... 42 6.2 CICLO DE C2.......................................................................................... 43 6.3 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA SITUACIONAL.... 44 6.4 CONCLUSÕES PARCIAIS...................................................................... 46 7 CONCLUSÕES...................................................................................... 47 REFERÊNCIAS……………………………………………………………… 50 12 1 INTRODUÇÃO O Brasil possui uma área de 8,5 milhões Km2, com cerca de 16.800 km de fronteiras com dez países e 8.000 km de costa oceânica. Para prover conexões rápidas, confiáveis, seguras, fixas ou móveis e de alta capacidade a estas grandes distâncias, cobrindo todo território nacional, o emprego de comunicações por satélites é uma possibilidade. Em virtude deste cenário, o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS) teve início em 1985, com o intuito de implantar um sistema de telecomunicações por satélite, destinado a prover comunicações estratégicas ao Alto Comando das Forças Armadas, ao antigo Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), aos então Ministros Militares, às mais altas autoridades civis do Governo Federal e ao Comandante Supremo das Forças Armadas. Para projetar, implantar, avaliar e acompanhar o SISCOMIS, foi criada a Comissão de Desenvolvimento do Projeto e da Implantação do Sistema de Comunicações Militares por Satélite (CISCOMIS) em 1991. No outro ano, foi instalado um sistema de telefonia exclusiva militar, utilizando Estações Terrenas (ETN) em banda C. Em 1994 e em 1995, respectivamente, foram lançados os então satélites da 2ª geração EMBRATEL B1 e B2, que incluíam uma carga útil de transponders em banda X, exclusiva das Forças Armadas. No entanto, em 1998, a EMBRATEL foi privatizada, passando os satélites em banda X a serem controlados pela empresa STAR ONE, que deu continuidade a sua constelação, lançando os satélites C1 e C2, atualmente em uso pelo SISCOMIS. Desde então, o país deixou de ter um satélite de comunicações genuinamente nacional. A partir de 2007, com o desenvolvimento das Operações Conjuntas e o consequente aumento da demanda por comunicações satelitais, o SISCOMIS, por meio da banda X e empregando terminais satelitais transportáveis, passou a ser o canal principal de tráfego de dados da Rede Operacional de Defesa (ROD). A ROD e o SISCOMIS são partes integrantes do Sistema Militar de Comando e Controle (SISMC²), com a finalidade de prover a ligação de comunicações da cadeia 13 de comando da Estrutura Militar de Defesa (EttaMiD) nos níveis Estratégico e Operacional. A partir de 2011, as tarefas da CISCOMIS passaram a ser executadas pela Subchefia de Comando e Controle (SC-1) da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), que, de acordo com a Doutrina Militar de Comando e Controle, tem a incubência de efetuar a gerência técnica do SISCOMIS. Em decorrência da vulnerabilidade estratégica da ausência de uma satélite de comunicações e defesa genuinamente nacional, um projeto de construção e lançamento de um satélite de comunicações brasileiro encontra-se em andamento. O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) tem previsão de atender ao SISCOMIS na banda X, a partir de 2016 (BRASIL, 2014). Fruto da Estratégia Nacional de Defesa (END) elaborada em 2008 (BRASIL, 2008), o Exército Brasileiro focou na definição de Projetos Estratégicos para a Força Terrestre. Em virtude disto, em 2010 foi criado o Projeto do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). O SISFRON tem como finalidade monitorar 16.800 Km de fronteira terrestre com 10 países sul-americanos, utilizando sensores e meios de comunicações para este fim. No final de 2016, há a previsão de se empregar o SGDC como meio de comunicações por satélite no SISFRON, permitindo a integração deste com a ROD, o Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileira (SISDABRA), o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), além de influenciar na consciência situacional, conceito que será melhor explorado no capítulo 6. 1.1 PROBLEMA O funcionamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDB) deverá incrementar a capacidade de Comando e Controle, Comunicações e Informações (C3I) do SISFRON, aumentando a consciência situacional dos comandantes e decisores, em todos os níveis de responsabilidade. 14 Neste contexto, emerge a problemática que ora se delinea. De que forma será empregado o SGDC no SISFRON? Haverá um real incremento da consciência situacional? Sob esse prisma, a pesquisa apresenta relevância uma vez que o correto entendimento do emprego do SGDC no SISFRON deverá responder a estes questionamentos, e mesmo, provocar outros que possibilitem melhorias nos planejamentos ora realizados. Para a consecução deste trabalho, foram efetuadas consultas a documentos gerados pela Subchefia de Comando e Controle (SC-1) da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) do Ministério da Defesa (MD), pelo Centro de Monitoramento de Fronteiras (CMF), localizado no Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CComGEx), que coordena as atividades de desenvolvimento do SISFRON, e de outras fontes. Outrossim, a relação custo/benefício da pesquisa aponta para a importância e aplicabilidade do projeto, posto que, partindo dos estudos dos documentos gerados sobre o SGDC e do SISFRON será possível verificar a sua aplicabilidade e a possibilidade de sugestão de melhorias dos processos. O trabalho teve por finalidade apresentar, por meio de pesquisa bibliográfica, como será realizada o emprego do SGDC no SISFRON, identificando sua importância com relação à consciência situacional. Ressalte-se que o trabalho não teve a pretensão de esgotar o assunto, mas, sim, de servir de instrumento inicial para sua discussão. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral - analisar como será empregado o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) na integração do Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS) com o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (SISFRON). 15 1.2.2 Objetivos Específicos - apresentar o SISCOMIS; - apresentar o SGDC; - apresentar o SISFRON, com destaque para o subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações, no que tange às comunicações por satélite, e o susbsistema de apoio à decisão, especificamente quanto a sua utilidade para a construção da consciência situacional; - analisar a possível integração SISCOMIS – SISFRON, empregando o SGDC; - analisar sobre o possível incremento da consciência situacional fruto desta integração; 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO Essa pesquisa destinou-se, num primeiro momento, a apresentar o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), depois, apresentou a concepção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), ora em desenvolvimento. Em seguida, foi descrito o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), abordando, prioritariamente, os seus Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações e de Apoio à Decisão. Posteriormente, o emprego do SGDC na possível integração SISCOMIS – SISFRON foi analisado, sendo verificado o possível incremento da consciência situacional dos decisores. Finalmente, foi concluído sobre as questões levantadas e os objetivos propostos. 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO A pesquisa se justifica, primeiramente, pelo fato do SISFRON ser um dos projetos estratégicos do Exército Brasileiro, alinhado com os objetivos da Estratégia Nacional de Defesa (END). 16 Além disto, a existência de um satélite nacional de defesa e comunicações é um dos objetivos estratégicos do país de longa data, que tem agora com o SGDC, ora em desenvolvimento, como canal de comunicações por satélite, um futuro promissor para o setor de defesa e de telecomunicações nacional. Ademais, a integração do SISCOMIS com o SISFRON empregando o SGDC, possivelmente, será uma realidade, em curto prazo, proporcionando desenvolvimento técnico, operacional e estratégico para o Brasil. Desse modo, enfatiza-se que o problema levantado poderá trazer benefícios para a Força Terrestre, uma vez que o monitoramento das fronteiras é uma prioridade do Governo Federal e, o uso de satélites de comunicações deve possibilitar que o EB cumpra essa missão da melhor maneira possível. 17 2 SISTEMA DE COMUNICAÇÕES MILITARES POR SATÉLITE 2.1 HISTÓRICO O antigo Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) criou um Grupo de Trabalho Interministerial, em 1983, para tratar sobre a utilização do segmento espacial do Sistema Brasileiro de Telecomunicações por Satélites pelas Forças Armadas (FA). Fruto deste trabalho, foi iniciado o Sistema de Comunicações Militares por Satélites (SISCOMIS) em 1985 (BRASIL, 2014). O objetivo deste Grupo de Trabalho era viabilizar a implantação de um sistema de comunicações por satélite, provendo comunicações estratégicas ao Alto Comando das Forças Armadas, ao antigo EMFA, aos então Ministros Militares, às mais altas autoridades civis do Governo Federal e ao Comandante Supremo das Forças Armadas, operando desde o tempo de paz. Em 1991, a Comissão de Desenvolvimento do projeto e da Implantação do Sistema de Comunicações Militares por Satélite (CISCOMIS) foi criada com a responsabilidade de coordenar os trabalhos relativos a projeto, implantação, avaliação e acompanhamento do SISCOMIS. A primeira iniciativa da CISCOMIS foi a coordenação, a partir de 1992, da implementação de um sistema de telefonia exclusiva militar, utilizando Estações Terrenas (ETN) em banda C, interligando as centrais telefônicas de Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Manaus, Campo Grande e Bélem. Em 1994 e em 1995, respectivamente, foram lançados os então satélites da 2ª geração EMBRATEL B1 e B2, que incluíam uma carga útil de transponders em banda X, atendendo a uma demanda das Forças Armadas de se obter uma capacidade satelital, exclusiva para uso militar. Entretanto, em 1998, a Embratel foi privatizada, passando os satélites em banda X a serem controlados pela empresa STAR ONE, que deu continuidade a sua constelação, lançando os satélites C1 e C2 (em 2004 e 2005), atualmente em uso pelo SISCOMIS. A partir de 1998, foi instalada uma estação terrena (hub) de banda X (X1) no Destacamento de Telecomunicações por Satélite, passando a ETN Brasília a denominar-se Estação Central de Brasília (ECB). 18 A CISCOMIS adquiriu e instalou, a partir de 2006, e iniciou a operação, a partir de 2008, de uma segunda hub em banda X (X2) na Estação Central de Brasília (ECB) e outra de banda X (X3) na Estação Rádio da Marinha do Rio de Janeiro, passando a ETN Rio de Janeiro a denominar-se Estação do Rio de Janeiro (ERJ). A partir de 2007, com o desenvolvimento das Operações Conjuntas, o SISCOMIS, por meio da banda X e empregando terminais satelitais transportáveis, passou a ser o canal de acesso à Rede Operacional de Defesa (ROD). Em 2010, o SISCOMIS passou a operar também em banda Ku, em complemento à banda X, sendo instalada, em 2013, uma hub de banda Ku na ECB. Isto permitiu ao SISCOMIS gerenciar uma faixa de frequência mais ampla, aumentando consequentemente a sua capacidade de enlaces, permitindo uma melhor utilização da capacidade satelital contratada do satélite STAR ONE C3. O SISCOMIS deixou de utilizar a banda C neste mesmo ano, devido aos altos custos dos enlaces satelitais, desativando as respectivas antenas e passando a empregar o segmento terrestre, por intermédio de enlaces de fibra óptica, para interligar o sistema de telefonia fixa do SISCOMIS, nas centrais telefônicas metropolitanas nas cidades de Brasília – DF, Porto Alegre – RS, Curitiba – PR, Campo Grande – MS, Manaus – AM, Rio de Janeiro – RJ, Belém – PA e Natal – RN. A Subchefia de Comando e Controle (SC-1) da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), a partir de 2011, passou a executar as tarefas da CISCOMIS. Uma das atividades recentes gerenciadas pela SC-1 é o desenvolvimento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), que tem previsão de atender ao SISCOMIS na banda X, a partir de 2016 (BRASIL, 2014). 2.2 SISMC² O Sistema Militar de Comando e Controle (SISMC²) é o conjunto de instalações, sistemas de informação, comunicações, doutrinas, procedimentos e pessoal essencial para o comando e o controle, em âmbito nacional, visando a atender as necessidades decorrentes do preparo e do emprego das Forças Armadas. (BRASIL,2014). 19 A ROD utiliza o SISCOMIS como canal principal de tráfego de dados e as redes digitais de cada FA (RECIM 102, EBNET e INTRAER) como canal alternativo. A Rede Operacional de Defesa foi desenvolvida para prover diversos serviços de C² para as operações conjuntas e singulares das FA, tais como correio eletrônico operacional, videoconferência, sistema de apoio à decisão, hospedagem de sistemas e conectividade com as redes de dados das FA, sendo a SC-1 responsável por gerenciar os sistemas de C² empregados para as ligações nos níveis estratégico e operacional nas operações conjuntas. Dessa forma, a ROD e o SISCOMIS são partes integrantes do SISMC², com o propósito de prover a ligação da cadeia de comando nos níveis estratégico e operacional, a fim de viabilizar a emissão de ordens e diretrizes e a obtenção de informações sobre a evolução da situação e das ações desencadeadas pelas FA em operações conjuntas, dentro das condições necessárias de segurança da informação, mantendo a consciência situacional de seus comandantes. Para isso, a ROD e o SISCOMIS proveem o suporte necessário de Tecnologia da Informação (TI) para o estabelecimento de ligações de voz, dados e imagens que integrem e assegurem um fluxo de informações em tempo real entre os Centros de Comando e Controle (CC²) do SISMC², permitindo a interligação e a interoperabilidade destes Centros, com capacidade de redundância, bem como a disponibilização de bancos de dados para atenderem às necessidades das operações conjuntas e singulares das FA (BRASIL, 2014). 2.3 SEGMENTO ESPACIAL O segmento espacial do SISCOMIS possui 2 (dois) teleportos: a ECB, em banda X e Ku, instalados no Destacamento de Telecomunicações por Satélites, da FAB e a ERJ, apenas em banda X, instalada na Estação Rádio da Marinha do Brasil, no Rio deJaneiro (BRASIL, 2014). Na ECB, estão instaladas as seguintes hubs: a) Antena parabólica em banda X, de 11 metros de diâmetro, apontada para o satélite STARONE C1; b) Antena parabólica em banda X, de 9 metros de diâmetro, apontada para o satélite STARONE C2; e 20 c) Antena parabólica em banda Ku, de 9 metros de diâmetro, apontada para o satélite STARONE C3. Na ERJ, A hub instalada possui uma antena parabólica em banda X, de 9 metros de diâmetro, apontada para o satélite STARONE C2. A Topologia utilizada é em estrela, ou seja, todos os terminais satelitais do SISCOMIS se comunicam com uma das hubs na ECB ou na ERJ, que se conectam à infraestrutura do SISCOMIS, provendo acesso aos serviços da ROD. Na banda X, as hubs empregam o método de alocação de canais permanente, ou Permanent Assignment Multiple Access (PAMA), sendo o controle de acesso realizado por divisão de frequências, ou Frequency Division Multiple Access (FDMA). O sistema utilizado para o controle e o monitoramento da banda X é o Integrated XBand Stations Mangement System (ISMAS), que permite a programação e o acompanhamento do uso da capacidade satelital do SISCOMIS, fornecida pelos satélites STAR ONE C1 e C2 de 60 Mhz, atualmente. Figura 1- Rede SISCOMIS Banda X (Palestra para o CComGEx) Na banda Ku, a hub emprega os métodos de alocação permanente de canais (PAMA) e por demanda, ou Demand Assignment Multiple Access (DAMA). Este último permite a otimização do emprego da capacidade satelital do SISCOMIS fornecida pelo satélite STAR ONE C3, de 5 Mhz, bem como o uso de um maior 21 número de terminais satelitais simultaneamente, com maior taxa de transmissão de dados, em uma mesma faixa de frequências do satélite. Figura 2- Rede SISCOMIS Banda Ku (Palestra para o CComGEx) Os terminais satelitais do SISCOMIS, para emprego na banda X e Ku, podem ser Portáteis, Leves, Transportáveis, Rebocáveis, Fixos, Veicular, Móveis Navais, Móveis Aeronáuticos, Móveis Terrestres e Móveis Submarinos. 2.4 SEGMENTO TERRESTRE O segmento terrestre do SISCOMIS é composto de circuitos de enlace de dados digitais ponto a ponto full duplex, contratados ou proprietários, com capacidade de transmissão garantida e simétrica, para interligar os principais pontos de presença do SISCOMIS para acesso à ROD e aos serviços providos pelo Centro de Tecnologia da Informação (CTI) existente no Ministério da Defesa, gerido pela SC-1 (BRASIL, 2014). 22 2.5 TOPOLOGIA LÓGICA DE CONECTIVIDADE DO SISCOMIS A ROD está estruturada como uma Wide Area Network (WAN), com conectividade diversificada (radioenlaces, fibra óptica proprietária e contratada, cabeamento UTP, etc.) e com endereçamento Internet Protocol ver 4 (IPv4), classe B. Os servidores da ROD estão instalados em um CTI no Ministério da Defesa, gerenciados pela SC-1 (BRASIL, 2014). A conectividade da ROD é provida pelo SISCOMIS, pela Internet (de forma restrita, via VPN) e pelas redes de dados das FA (RECIM-102, EBNET e INTRAER). Todos os enlaces, equipamentos e ativos de rede do SISCOMIS empregados na ROD são operados, gerenciados, administrados e monitorados pela SC-1, por meio do Centro de Monitoramento e Operação da ROD (CMORD). 2.6 CONCLUSÕES PARCIAIS O Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS) foi criado em 1985 para tratar sobre o setor de comunicações militares por satélite das FA, sob a responsabilidade do antigo EMFA. A Rede de Operações de Defesa e o SISCOMIS são partes integrantes do SISMC², com o propósito de prover a ligação da cadeia de comando nos níveis estratégico e operacional, a fim de viabilizar a emissão de ordens e diretrizes e a obtenção de informações sobre a evolução da situação e das ações desencadeadas pelas FA em operações conjuntas, dentro das condições necessárias de segurança da informação, mantendo a consciência situacional de seus comandantes. O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), que será abordado em detalhes no capítulo a seguir, tem previsão de atender ao SISCOMIS na banda X, a partir de 2016. 23 3 SATÉLITE GEOESTACIONÁRIO DE DEFESA E COMUNICAÇÕES O Programa do Satéilite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC) trata-se de um projeto para o lançamento do satélite Br1Sat, o primeiro Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações estratégicas do governo brasileiro, que será propriedade da TELEBRAS e operado em conjunto pela Defesa e TELEBRAS (BRASIL, 2014). Este programa está sendo gerenciado conjuntamente pelos Ministério da Defesa (MD), Ministério das Comunicações (MC) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tendo como objetivo ampliar a capacidade satelital do SISCOMIS, bem como atender as demandas de comunicações estratégicas do Governo Federal. Figura 3- Satélite de Comunicações 3.1 HISTÓRICO Em 2003 ocorreram os primeiros estudos para a implantação do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). Posteriormente, em 2011 iniciaram os estudos do SGDC, sendo em 2013 realizado a assinatura do contrato da construção do SGDC. 24 3.2 CARACTERÍSTICAS A Subchefia de Comando e Controle (SC-1) da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior desenvolvimento Conjunto do das Satélite Forças Armadas Geoestacionário de (EMCFA) Defesa e gerencia o Comunicações Estratégicas (SGDC), no âmbito do Ministério da Defesa. O Programa SGDC tem como premissa básica o lançamento de um satélite geoestacionário para atendimento ao SISCOMIS, na banda X; às Comunicações Estratégicas do Governo Federal, na banda Ka; ao Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), na banda Ka; e a absorção e transferência de tecnologia para o setor aeroespacial brasileiro. As características principais da carga útil do SGDC para uso militar são: - 5 (cinco) transponders em banda X; - 3 (três) feixes de cobertura, sendo 1 (um) nacional, cobrindo o Brasil; 1 (um) regional, cobrindo a América do Sul, Caribe, Oceano Atlântico e Antártica e 1 (um) de Teatro. móvel, circular com raio de aproximadamente de 1500 (mil e quinhentos) Km, que poderá ser deslocado em toda a área da Terra, visível do satélite; e - possibilidade de comutação entre o sinal do feixe do Teatro com o nacional e vice-versa. O satélite Br1Sat tem previsão de entrada em operação em agosto de 2016, possui transponders em banda X, para atendimento ao SISCOMIS, e em banda Ka, para atendimento às comunicações estratégicas do governo, esta última sob responsabilidade da TELEBRAS. A aquisição do satélite SGDC prevê, para as ações de controle da missão e gerenciamento do SGDC, a construção de dois Centros de Operações do Programa Espacial (COPE), sendo um principal, o COPE-P, na área do COMAR VI, em Brasília-DF e um secundário, o COPE-S, na área da ERJ, no Rio de Janeiro. Em cada COPE estarão instalados um Centro de Gerenciamento do Satélite (CGS) e um Centro de Gerenciamento de Comunicações (CGC). O CGS será responsável por efetuar todas as manobras de posicionamento do satélite, bem como o controle de todos os equipamentos da plataforma do satélite (movimentação do feixe Teatro em banda X, controle dos transponders, etc.). 25 O CGC será responsável por realizar todo o planejamento dos transponders, tanto em banda X, como em banda Ka e será capaz, dentre outras funções, de alocar frequências, largura de banda, monitorar as portadoras e controlar a ocupação de cada válvula de potência. Atualmente, esta função de gerenciamento do espectro de frequência do SISCOMIS está sendo realizada pela SC-1. Cabe ressaltar que a tarefa de gerenciamento de transponders incluirá o monitoramento do satélite C1 e/ou C2, da Empressa Star One, que continuarão a ser empregados como reserva do satélite BR1Sat. Cobertura Regional Cobertura Teatro (Móvel) Cobertura Nacional Figura 4- Cobertura do SGDC 26 3.3 CONCLUSÕES PARCIAIS A Subchefia de Comando e Controle (SC-1) da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior desenvolvimento Conjunto do Satélite das Forças Armadas Geoestacionário de (EMCFA) Defesa e gerencia o Comunicações Estratégicas (SGDC), no âmbito do Ministério da Defesa. O Programa do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações tem como premissa básica o lançamento de um satélite geoestacionário para atendimento ao SISCOMIS, na banda X; às Comunicações Estratégicas do Governo Federal, na banda Ka; ao Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), na banda Ka; e a absorção e transferência de tecnologia para o setor aeroespacial brasileiro. O controle do satélite será realizado exclusivamente em território brasileiro em uma parceria da TELEBRAS com o MD, contendo duas estações de controle do satélite (principal e reserva) localizados em Organizações Militares. Com o SGDC espera-se um incremento da banda disponível, passando de 120 MHz para 288 MHz, e o aumento da cobertura, uma especificamente para o Brasil e outra deslocável dentro do alcance do satélite, com diâmetro de mais ou menos de 1500 Km. O aumento da capacidade de transmissão de dados e da cobertura possibilitam o acréscimo do tráfego de informações, com o consequente incremento da consciência situacional. No próximo capítulo, será descrito o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), que poderá usufruir do canal de comunicações por satélites ofertado pelo SGDC. 27 4 SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO DE FRONTEIRAS O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) é um sistema de Comando e Controle, Comunicações, Computação, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (C4IVR) que visa dotar a Força Terrestre de meios habilitadores a uma presença efetiva na faixa de fronteira brasileira (VERDE OLIVA, 2013). O SISFRON tem como principal objetivo fortalecer a defesa territorial e garantir a soberania nacional na faixa de fronteira, aumentando o poder de dissuasão do Estado Brasileiro e contribuindo decisivamente com o seu esforço de desenvolver e manter efetivo controle e apoio a população civil dessas áreas. A Estratégia Nacional de Defesa (END) orienta a organização das Forças Armadas sob a égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença, no qual o projeto SISFRON se enquadra (BRASIL, 2008). Figura 5- Logotipo do SISFRON (fonte: Palestra do CComGEx) A concepção do SISFRON é que o sistema contenha um conjunto de sensores que aumentará a capacidade de monitorar as áreas de fronteira, assegurando o fluxo contínuo e seguro de dados entre os diversos níveis decisórios, produzindo informações confiáveis e oportunas para a tomada de decisões. Com isto, será 28 possível o pronto acionamento de atuadores para realizar ações de defesa ou contra delitos transfronteiriços e ambientais, em cumprimento aos dispositivos constitucionais e legais que regem o assunto, em operações isoladas ou em conjunto com as outras Forças Armadas ou, ainda, em operações interagências, com outros órgãos governamentais. Os meios de sensoriamento do SISFRON estarão desdobrados ao longo dos cerca de 16,8 mil quilômetros da faixa de fronteira, monitorando uma área de aproximadamente 27% do território nacional, o que pontecializará o emprego das organizações subordinadas aos Comandos Militares da Amazônia, do Norte, do Oeste e do Sul (VERDE OLIVA, 2013). Além disso, o SISFRON terá condições de compartihar seus produtos e serviços com outros órgãos governamentais em todos os níveis, atendendo às orientações estratégicas do Plano Estratégico de Fronteiras, estabelecido pelo Governo Federal em 2011. Figura 6- Faixa de Fronteira (fonte: Palestra do CComGEx) 29 4.1 ORGANIZAÇÃO O SISFRON foi organizado de forma a possuir um Centro de Monitoramento de Fronteiras, localizado em Brasília, com a missão de realizar a gestão do sistema implantado, desempenhando tanto atividades correntes (operação, logística integrada, capacitação, simulação, etc.) como atividades orientadas para a avaliação, melhoria e evolução do Sistema. Além disso, há Centros Regionais de Monitoramento, localizados nas sedes dos Comandos Militares de Área, com a finalidade de apoiar regionalmente os Comandos considerados nas atividades correntes do sistema. Para bem realizar suas missões, o SISFRON foi concebido como um conjunto de subsistemas a seguir descritos. 4.1.1 Subsistema de Sensoriamento Este subsistema tem como objetivo apoiar as ações de vigilância, reconhecimento e monitoramento da faixa de fronteira, obtendo dados para o subsistema de apoio à decisão. O subsistema de sensoriamento, para o fim a que se destina, utiliza equipamentos como radares de vigilância terrestre e aérea de baixa altura, sensores óticos, optrônicos e sensores de sinais eletromagnéticos, dentre outros meios de vigilância e reconhecimento, distribuídos por diversos escalões, desde o nível estratégico-operacional até o nível tático, incluindo o próprio ser humano, o soldado combatente. Os sensores poderão ser fixos, portáteis, transportados em viaturas ou embarcações especializadas, ou instalados em plataformas espaciais e aéreas, tais como satélites, aeronaves de asa fixa ou móvel e aeronaves remotamente pilotados. 30 Figura 7- Sensoriamento de Sinais (fonte: Palestra do CComGEx) 4.1.2 Subsistema de Apoio à Decisão O subsistema de apoio à decisão recebe os dados coletados pelos sensores e os trata, transformando-os em informações, com o intuito de prover ao decisor, de cada nível organizacional, a consciência situacional. A eficiência deste trabalho depende muito da qualidade dos sensores e de sua capacidade de coleta de dados. Um sensor que possui a capacidade de coletar grande quantidade de dados em um curto espaço de tempo possibilita um aumento na consciência situacional de seus decisores. Este subsistema contará com o Centro de Comando e Controle da Força Terrestre, localizado no Centro de Operações Terrestres (COTER), e com os Centros Regionais de Monitoramento, que poderá ser mobiliado pelos Centros de Operação em cada Comando Militar de Área. Este subsistema está sendo desenvolvido com base no Programa C2 em Combate, proprietário do Exército Brasileiro, atualmente em uso na Força Terrestre, e empregará técnicas avançadas, como a fusão de dados, para tratamento dos insumos provenientes dos sensores (VERDE OLIVA, 2013). 31 Figura 8- Subsistema de Apoio à Decisão (fonte: Palestra do CComGEx) O Programa C2 em combate possibilita ao comandante e seus elementos subordinados a execução das atividades de comando e controle de forma automatizada, segura e eficiente, além de permitir a transmissão de voz, dados e imagens por intermédio de diversos meios de comunicações. Figura 9 - Tela de Visualização do C2 em Combate 32 A seleção do meio de comunicações empregado pode ser feita de forma manual ou automática, para isso, o sistema realiza integrações de sistemas de voz, físico, celular, satélite e rádio, de forma redundante, permitindo também acesso à internet, EBNET e às redes de sistema de telefonia pública fixa e móvel. Cabe ressaltar que a transmissão de dados em canais de faixa estreita, como é o caso dos canais em HF, também pode ser implementada ao sistema (KOHL, 2013). Esta integração de meios de telecomunicações é feita através do Módulo de Telemática (MT) que permite uma continuidade a operação do sistema. Assim, o sistema permite que o comando da operação tenha uma consciência situacional da manobra que esta em desenvolvimento, obtendo informações através de dados, voz, imagens dos elementos que se desdobram no terreno, integrando os mesmos em uma visualização gráfica. 4.1.3 Subsistema de Atuação O subsistema de atuação fornece as principais funcionalidades voltadas ao acionamento dos diversos recursos no ambiente tático, disponibilizando ferramentas de planejamento, programação, execução e controle das missões. Este subsistema é composto de componentes e plataformas com capacidade de interferir quando o cenário assim o recomendar. Figura 10- Equipamentos do Subsistema de Atuação 33 4.1.4 Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações O subsistema de tecnologia da informação e comunicações tem a responsabilidade de viabilizar o tráfego de dados entre os componentes do SISFRON possibilitando a integração do sistema e a disseminação de serviços e produtos. Para o fim a que se destina, este subsitema conterá redes de comunicações fixas e móveis, inclusive em áreas remotas e carentes de infraestrutura. Os Centros Telemáticos de Área, Batalhões e Companhias de Comunicações do Exército, entre outros órgãos de telecomunicações, deverão ser amplamente empregados para viabilizar esta infraestrutura de comunicações, em todos os níveis, utilizando-se dos mais diversos meios de comunicações. Figura 11- Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações O Módulo de Telemática serve de base para o tráfego de informações que são produzidos pelos softwares de apoio à decisão, tendo como objetivos: - dotar Grandes Unidades, Unidades e Subunidades de um sistema físico de telecomunicações capaz de atender às exigências de comunicações de dados e voz; 34 - possibilitar a integração de comunicações com outros sistemas, tais como: RITEX, EBNET, SISCOMIS e possibilitar a integração das comunicações com a rede privada de telecomunicações. O Módulo de Telemática para atender as Unidades Operacionais, instalado em uma viatura shelter, é denominado de Módulo de Telemática Operacional (MTO). Figura 12- Módulo de Telemática Operacional (MTO) 4.1.5 Subsistema de Segurança das Informações e Comunicações O subsistema de segurança das informações e comunicações visa a assegurar a confidencialidade, autenticidade, integridade e disponibilidade das informações do sistema. 4.1.6 Subsistema de Simulação e Capacitação O subsistema de simulação e capacitação tem por finalidade realizar a formação e a especialização do pessoal envolvido na gestão, operação, logística e desenvolvimento do SISFRON. 35 As ferramentas de simulação utilizadas tem como propósitos apoiar os estudos para o correto posicionamento de sensores, análises doutrinárias, dentre outros estudos de situação. 4.1.7 Subsistema de Logística O subsistema de logística compreende a infraestrutura necessária para a realização das atividades de manutenção, suprimento e transporte, de modo a assegurar a operação contínua do sistema. Figura 13- Subsistema de Logística 4.2 CONCLUSÕES PARCIAIS O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) é um sistema C4IVR que visa dotar a Força Terrestre de meios habilitadores a uma presença efetiva na faixa de fronteira brasileira. O subsistema de tecnologia da informação e comunicações tem a responsabilidade de viabilizar o tráfego de dados entre os componentes do SISFRON, sendo o meio de comunicações satelitais um dos seus componentes. 36 O subsistema de apoio à decisão recebe os dados coletados pelos sensores e os trata, transformando-os em informações, com o intuito de prover ao decisor, de cada nível organizacional, a consciência situacional. Este subsistema está sendo desenvolvido com base no Programa C2 em Combate. Neste contexto, o emprego do SGDC no SISFRON é uma possibilidade que será abordado no próximo capítulo, com a conseqüente integração SISCOMISSISFRON. 37 5 EMPREGO DO SGDC NO SISFRON O SISFRON tem como meta a interação com sistemas congêneres, tais como o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), ambos do Ministério da Defesa, o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), da Marinha do Brasil, e o Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), da Aeronáutica. Além disso, está prevista a criação de ambientes apropriados para o trabalho interagências, bem como o estabelecimento de ligações entre os Centros de Operações das Unidades, Brigadas e Comandos Militares de Área com os Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteiras (GGIF), existentes nos níveis estadual e municipal (VERDE OLIVA, 2013). 5.1 ESTRUTURA PARA INTEGRAÇÃO DE COMUNICAÇÕES POR SATÉLITE As Comunicações por Satélite do SISFRON fazem parte do Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações apresentada no capítulo anterior. A seguir, será apresentada uma estrutura do susbsitema de comunicações por satélite para o SISFRON, de forma a se integrar com o SISCOMIS, considerando o emprego do SGDC, como um meio de comunicações. 5.1.1 Estação Central A Estação Central é a central controladora da rede de comunicações por satélite. Ela gerencia as comunicações entre os Terminais dentro do SISFRON, e entre a rede de comunicações satelitais do SISFRON com o SISCOMIS na Estação Central de Brasília (ECB), incluindo o gerenciamento dos serviços de vídeo, dados e voz. A HUB desta Estação Central deve se integrar a infraestrutura existente do SISCOMIS. A rede do SISCOMIS deverá ser conectada à rede de Comunicações por Satétlite do SISFRON por meio de uma rede IP, utilizando um roteador de conexão entre as duas redes. 38 A integração com o subsistema de radiofrequência (RF) e antena do SISCOMIS deverá ser possível, uma vez que está configurada para trabalhar na faixa da banda X, a mesma prevista para ser utilizada no SISFRON. Um gateway poderá ser utilizado para realizar a conexão com o sistema de PABX do SISCOMIS e um roteador interno pode ser utilizado para a conexão com a EBNET. Um roteador interno ao Hardware do HUB da Estação Central terá a função de gerenciar o tráfego de rede entre a Estação Central e as Estações Regionais, assim como entre a Estação Central e os Terminais Fixos, Móvel e Portáteis. 5.1.2 Estações Regionais As Estações Regionais, localizados nos Comandos Militares de Área, deverão conter um subsitema de banda base, de monitoração e controle, de radiofrequência (RF), de alimentação e de antena. Deverão, também, possuir HUB e roteador, cuja função é gerenciar o tráfego de rede entre a Estação Central e a Estação Regional, assim como entre a estação Regional e os Terminais Portáteis, Fixos e Móvel. 5.1.3 Terminal Fixo O Terminal Fixo consiste de um shelter, onde estão instalados os equipamentos indoor, basicamente do subsistema banda base, do subsistema de energia e alguns itens do subsitema de RF. Possui também o roteador que gerencia o tráfego de dados entre o terminal fixo e as hubs das Estações Regionais. 39 Figura 14- Terminal Fixo 5.1.4 Terminal Móvel O Terminal Móvel é composto por um conjunto de antena, uma viatura shelter, subsistema de RF, subsistema de banda base e subsistema de monitoração e controle. O subsistema de antena deve ser montado no teto do shelter. Os subsistemas de banda base e de energia são montados em rack, no interior do shelter. O Terminal Móvel poderá ser transportado por aeronave militar de carga C-130 e/ou pelo KC-390 da Embraer. 40 Figura 15- Terminal Móvel 5.1.5 Terminal Portátil O manpack e o subsitema de banda base compõem uma estrutura física integrada e parte dos acessórios também são fisicamente integrados na estrutura do manpack. Figura 16- Terminal Portátil 41 5.2 CONCLUSÕES PARCIAIS Uma possível estrutura de Comunicações por Satélite do Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações do SISFRON pode se integrar ao SISCOMIS. Isto é possivel por intermédio da conectividade de subsistemas entre a Estação Central e as Estações Regionais do SISFRON e as ECB e ERJ do SISCOMIS. O SGDC pode ser utilizado como canal de comunicações por satélite, permitindo o tráfego de dados e informações entre o SISCOMIS e o SISFRON. Desta forma, Terminais Fixos, Móveis e Portáteis do SISFRON poderão ter acesso a serviços fornecidos pelo SISCOMIS, e vice-versa. Pelo fato do SGDC ser gerenciado pela Subchefia de Comando e Controle (SC-1) da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), que também gerencia o SISCOMIS, deverá haver uma integração entre o SISFRON e o SISCOMIS por intemédio de suas Estações. 42 6 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL 6.1 DEFINIÇÕES O manual de Doutrina de Operações Conjuntas (BRASIL, 2011) define a consciência situacional como a percepção precisa e atualizada do ambiente operacional no qual se atuará, e no reconhecimento da importância de cada elemento percebido em relação à missão atribuída. Em outras palavras, é a perfeita sintonia entre a situação percebida e a situação real, proporcionando ao comandante melhores condições para decidir. Segundo o Manual de Operações de Informações (BRASIL, 2014a): Consciência Situacional – Garante a decisão adequada e oportuna em qualquer situação de emprego, permitindo que os comandantes possam se antecipar aos oponentes e decidir pelo emprego de meios na medida certa, no momento e local decisivos, proporcionalmente à ameaça (BRASIL, 2014a, p.3-1). Outra definição para consciência situacional é obtida do Glossário das Forças Armadas (BRASIL, 2007): “Percepção precisa dos fatores e condições que afetam a execução da tarefa durante um período determinado de tempo, permitindo ou proporcionando ao seu decisor estar ciente do que se passa ao seu redor e assim ter condições de focar o pensamento à frente do objetivo. É a perfeita sintonia entre a situação percebida e a situação real”. Crovella (2002) define a consciência situacional como principal elemento da superioridade da informação, fator essencial para a superioridade operacional, onde informações são obtidas por diversos sensores permitindo a avaliação contínua de parâmetros das operações em curso. Em outras palavras, a superioridade da informação é resultado da capacidade de se obter, processar, integrar, disseminar, apresentar as informações e utilizá-las de uma forma eficiente. Assim, como consta no manual de Doutrina Terrestre (BRASIL, 2014b), as 43 informações disponíveis não só irão determinar a amplitude e a exatidão da consciência situacional subjacente ao processo decisório, como também, irão interferir no rendimento das forças. Esta consciência situacional garantirá a decisão adequada e oportuna em qualquer situação de emprego, permitindo que os comandantes possam se antecipar aos oponentes e decidir pelo emprego de meios na medida certa, no momento e local decisivos, proporcionalmente à ameaça. A formação da consciência situacional demandará significativo volume de informação. Este alerta é dado no Manual de C2 do MD: A informação deve ser fornecida na quantidade adequada, para as pessoas certas, no momento oportuno e de conteúdo relevante e preciso. Por outro lado, o mau dimensionamento dessas características poderá causar desperdício de tempo, sobrecarga de trabalho, desentendimentos, confusão e toda ordem de problemas comumente apresentados, quando ocorrerem falhas no processo de comunicação (BRASIL, 2006, p.27). 6.2 CICLO DE C2 Como mencionado no manual de Doutrina de Comando e Controle do Ministério da Defesa (BRASIL, 2006): Comando e Controle é uma atividade fundamental para o êxito das operações militares em todos os escalões de comando. (...) Vincula e permeia todas as atividades operacionais e de apoio, sincronizando-as e permitindo ao comandante adquirir e manter o indispensável nível de consciência situacional para a tomada de decisões adequadas às circunstâncias do ambiente operacional, para a expedição de ordens e para o controle de sua execução (BRASIL, 2006). Assim, conforme apresentado no ciclo de C2, a consciência situacional é uma parte da Função de Combate Comando e Controle. 44 Figura 17 - Ciclo de C2 (BRASIL, 2006) 6.3 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA SITUACIONAL Miller e Shattuck (2006) propuseram um modelo para o processo de construção da consciência situacional, que considera os papéis da tecnologia, dos seres humanos e da interação entre eles. 45 Figura 18 - Processo de Construção da Consciência Situacional (adaptado de Oliveira, 2010). O modelo contém uma série de seis elementos ovais de variados tamanhos e três lentes. Os três elementos ovais no lado esquerdo do modelo (1, 2 e 3) representam o Teatro de Operações, a Geoinformação disponível e a de interesse, enquanto os três elementos ovais da direita (4, 5 e 6) representam os processos cognitivos e perceptuais humanos. O elemento oval 1 representa o cenário real contendo os dados das forças inimigas, amigas e neutras, além das informações do terreno, dos objetos e feições nele presente. O elemento oval 2 é um subconjunto do cenário real que representa apenas a Geoinformação disponível. O elemento oval 3 representa o subconjunto de informações que são de interesse para as operações. Os elementos ovais 4, 5 e 6, no lado direito do modelo representam a percepção das informações disponibilizadas, a compreensão da situação corrente e a projeção individual do evento corrente para o futuro, respectivamente. Os três elementos do lado direito da figura 18 estão muito associados ao perfil do comandante, uma vez que estão relacionados com sua capacidade de perceber a realidade (OLIVEIRA, 2010). As lentes A, B e C representam a influência da situação local, dos aspectos doutrinários e aspectos cognitivos (experiência, treinamento) do comandante, respectivamente. O acesso a Geoinformação de interesse, juntamente com as lentes 46 A, B e C, são fundamentais para que o comandante das operações realize a projeção dos cenários futuros e tome as decisões que levarão ao Estado Final Desejado (EFD). 6.4 CONCLUSÕES PARCIAIS Para que ocorra o trâmite dos dados é necessário um canal de comunicações rápido e seguro, de forma a alimentar o ciclo de C2 com informações na quantidade adequada, para as pessoas certas, no momento oportuno e de conteúdo relevante e preciso. Assim sendo, pode ser verificado que o emprego do SGDC no SISFRON, como meio de comunicações por satélite, proporcionará benefícios operacionais significativos, pois permitirá uma visualização integrada e otimizada do cenário tático/operacional. Esta visualização facilitará a projeção do cenário de acordo com a capacidade perceptiva e cognitiva do decisor, aprimorando a construção da consciência situacional e facilitando o processo decisório. 47 7 CONCLUSÕES O Brasil possui uma grande extensão territorial e diferentes biomas que tornam as comunicações por satélite uma necessidade, ao prover conexões rápidas, confiáveis, seguras, fixas ou móveis e de alta capacidade a estas grandes distâncias, cobrindo todo território nacional. O Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS) foi criado em 1985 a fim de prover comunicações estratégicas ao Alto Comando das Forças Armadas (FA), ao antigo Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), aos então Ministros Militares, às mais altas autoridades civis do Governo Federal e ao Comandante Supremo das Forças Armadas. O Sistema Militar de Comando e Controle (SISMC²) é o conjunto de instalações, sistemas de informação, comunicações, doutrinas, procedimentos e pessoal essencial para o comando e o controle, em âmbito nacional, visando a atender as necessidades decorrentes do preparo e do emprego das Forças Armadas. Desta forma, a Rede de Operações de Defesa (ROD) e o SISCOMIS são partes integrantes do SISMC², provendo comunicações da cadeia de comando nos níveis estratégico e operacional. O SISMC² viabiliza a emissão de ordens e diretrizes e a obtenção de informações sobre a evolução da situação e das ações desencadeadas pelas FA em operações conjuntas, construindo a consciência situacional de seus comandantes. Segundo o Glossário das Forças Armadas (BRASIL, 2007), consciência situacional é a “percepção precisa dos fatores e condições que afetam a execução da tarefa durante um período determinado de tempo, permitindo ou proporcionando ao seu decisor estar ciente do que se passa ao seu redor e assim ter condições de focar o pensamento à frente do objetivo. É a perfeita sintonia entre a situação percebida e a situação real”. Assim sendo, a consciência situacional é uma parte da Função de Combate Comando e Controle. Segundo o manual de Doutrina de Comando e Controle do Ministério da Defesa (BRASIL, 2006), comando e controle é “uma atividade fundamental para o êxito das operações militares em todos os escalões de comando. (...) Vincula e permeia todas as atividades operacionais e de apoio, 48 sincronizando-as e permitindo ao comandante adquirir e manter o indispensável nível de consciência situacional para a tomada de decisões adequadas às circunstâncias do ambiente operacional, para a expedição de ordens e para o controle de sua execução”. O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), previsto para ser lançado em 2016 e gerenciado pela Subchefia de Comando e Controle (SC-1) da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), no âmbito do Ministério da Defesa, tem como premissa básica ser um satélite geoestacionário para atendimento ao SISCOMIS, na banda X; às Comunicações Estratégicas do Governo Federal, na banda Ka; ao Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), na banda Ka; e a absorção e transferência de tecnologia para o setor aeroespacial brasileiro. As comunicações por satélite proporcionam o trâmite dos dados em um canal de comunicações rápido e seguro, de forma a alimentar o ciclo de C2 com informações na quantidade adequada, para as pessoas certas, no momento oportuno e de conteúdo relevante e preciso. Com o SGDC espera-se um aumento da capacidade de transmissão de dados e da cobertura disponível, possibilitando o acréscimo do tráfego de informações, com o consequente incremento da consciência situacional. O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) é um sistema de Comando e Controle, Comunicações, Computação, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (C4IVR) que visa dotar a Força Terrestre de meios habilitadores a uma presença efetiva na faixa de fronteira brasileira (VERDE OLIVA, 2013). O SISFRON é um dos projetos estratégicos do Exército Brasileiro, alinhado com os objetivos da Estratégia Nacional de Defesa (END), a qual orienta a organização das Forças Armadas sob a égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença, no qual o projeto SISFRON se enquadra (BRASIL, 2008). Na concepção do SISFRON, este sistema é composto pelos Subsistemas de Sensoriamento, Atuação, Tecnologia da Informação e Comunicações, Apoio à Decisão, Segurança das Informações e Comunicações, Simulação e Capacitação e Logística. 49 O Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações tem a responsabilidade de viabilizar o tráfego de dados entre os componentes do SISFRON, sendo o meio de comunicações por satélite um dos meios previstos. O Subsistema de Apoio à Decisão recebe os dados coletados pelos sensores e os trata, transformando-os em informações, com o intuito de prover ao decisor, de cada nível organizacional, a consciência situacional. Este subsistema está sendo desenvolvido com base no Programa C2 em Combate. Este trabalho teve como objetivo analisar como o SGDC poderá ser empregado no SISFRON, como um meio de comunicações por satélite, e, em decorrência deste emprego, verificar a real possibilidade do aumento da consciência situacional dos decisores que utilizarão os serviços do SISFRON. Uma possível estrutura de Comunicações por Satélite do Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações do SISFRON pode ser implementada de forma a se integrar a estrutura já existente do SISCOMIS. Isto é possivel por intermédio da conectividade de subsistemas entre a Estação Central e Estações Regionais do SISFRON e as Estações ECB e ERJ do SISCOMIS. Terminais Fixos, Móveis e Portáteis do SISFRON podem ter acesso a serviços fornecidos pelo SISCOMIS, e vice-versa. Assim sendo, pode-se concluir que, o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações poderá ser empregado como um meio de comunicações por satélite no SISFRON. No entanto, pelo fato do SGDC e o SISCOMIS serem gerenciados pela SC-1 do EMCFA, deverá haver uma integração entre o SISFRON e o SISCOMIS por intemédio de suas Estações Centrais e Regionais. Além disto, o emprego do SGDC no SISFRON proporcionará benefícios operacionais significativos, contribuindo para visualização integrada e otimizada do cenário tático/operacional. Esta visualização facilitará a projeção do cenário de acordo com a capacidade perceptiva e cognitiva do decisor, havendo um real incremento da consciência situacional e facilitando o processo decisório. _______________________________________ MARCELO CORRÊA HOREWICZ – TC QEM 50 REFERÊNCIAS ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 2001. BRASIL. Ministério da Defesa. Doutrina Militar de Comando e Controle. MD31-D-03. Brasília, DF, 2006. BRASIL. Ministério da Defesa. MD35 –G-01. 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