Geração de Renda no Cerrado

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OPORTUNIDADES DE GERA‚ÌO
DE RENDA NO CERRADO
Texto para Discuss‹o
Bras’lia, mar•o de 1999
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural
realizado com o apoio do
Programa de Pequenos Projetos Ð GEF/PNUD
Equipe TŽcnica
Coordena•‹o geral: Maur’cio Galinkin
1-Textos B‡sicos produzidos por:
- Cerrados: Profa. Maria Leonor Lopes Assad, UnB;
- Transportes: Prof. DŽlio Moreira de Araœjo, UCG;
- Agricultura no Cerrado: Eng. Agr™nomo DÕAllembert de Barros
Jaccoud
- Indicadores Socioecon™micos: Maur’cio Galinkin
Mapas Georreferenciados/Samba/Cabral: Eng. Ronaldo Ramos
Vasconcelos
Outras contribui•›es:
-Econ. F‡bio Ribeiro de Abreu;
-Econ. Zenon SchŸller dos Reis;
-Prof. Marco Ant™nio Sperb Leite, UFG;
-Jorn. Washington Novaes.
Texto final: Maur’cio Galinkin
Os autores dos textos b‡sicos e colaboradores n‹o t•m responsabilidade por
impropriedades que existam no texto final. Os pontos de vista que porventura apare•am
no texto n‹o expressam, necessariamente, as opini›es dos autores dos textos b‡sicos
nem dos demais colaboradores acima citados.
Projeto realizado com o apoio do
Programa de Pequenos Projetos ÐPPP- GEF/PNUD
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
SHCNorte, ComŽrcio Local, Quadra 112, Bloco B, loja 06.
CEP 70.762-520 Bras’lia-DF
tel.: 061 340-1020; fax: 061 340-1318
email: [email protected]
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
êNDICE
P‡gina
Equipe TŽcnica
êndice
êndice de Quadros e Mapas
Apresenta•‹o
Cap’tulo I- Cerrado Brasileiro: Sabendo Utilizar N‹o Vai Acabar diversidade de recursos e de possibilidades de uso
1. Introdu•‹o
ii
iii
iv
03
04
04
O perigo est‡ dentro de n—s
05
2.Revendo alguns conceitos
05
3. Caracter’sticas dos recursos naturais na regi‹o do Cerrado brasileiro
07
As duas esta•›es do ano
08
Riqueza Biol—gica
09
4.Riscos decorrentes da utiliza•‹o inadequada dos recursos naturais
dispon’veis
5. Possibilidades de uso dos recursos naturais dispon’veis
13
Cap’tulo II. Qualidade de Vida na Regi‹o Focalizada
14
1. Indicadores Sociais e Econ™micos
14
2.Popula•›es Ind’genas
Cap’tulo III- A Estrutura
Cerrado
19
dos
Transportes na
çrea
do
11
22
1 - Introdu•‹o
22
2 Ð A forma•‹o da rede de transportes na regi‹o dos Cerrados
22
3. A Situa•‹o Atual da Rede de Transportes na çrea dos Cerrados
23
4. Projetos, planos e perspectivas
29
O Rodoviarismo e as Ferrovias
29
Os Corredores de Exporta•‹o
30
A DŽcada de 1990 e as Ferrovias
31
Os Projetos das hidrovias do Paraguai e Araguaia-Tocantins
32
5. Conclus›es
33
Cap’tulo IV - Alternativas de Atividades Econ™micas Sustent‡veis
com Base Rural
34
1. Introdu•‹o
34
2. Sobre a Atividade Agropecu‡ria Regional
39
Planejamento por aptid‹o agr’cola
39
Pr‡ticas agr’colas
40
Consorcia•›es e rota•›es :
42
3. Flora: Potencial n‹o Madeireiro das Plantas do Cerrado
Gr‹os, tubŽrculos e outros
44
44
Pastagens e forragens
46
Frutas Nativas
46
Palmeiras
49
Flores
51
Produtos para agroindœstria
53
Viveirismo
56
Alternativa de uso mœltiplo para pequenos reflorestamentos: o bambu
56
4 - Fauna: EspŽcies Silvestres com Adapta•‹o para Cria•‹o
57
Herb’voros
57
Aqu‡ticos
59
Insetos
60
5. Turismo Rural (Agroturismo, Ecoturismo e Pesca)
61
CAPêTULO V Ð Recomenda•›es
ANEXOS:
62
A- Lista de 28 outras espŽcies de frutas do Cerrado
B- Bibliografia Geral
64
68
C-Refer•ncias Bibliogr‡ficas por çreas Tem‡ticas
70
êndice de Mapas, Quadros e Boxes
MAPAS
IDH da Regi‹o
Componentes IDH da Regi‹o
Bovinocultura
Varia•‹o çrea Plantada Arroz/Soja
Mapa Esquem‡tico da Distribui•‹o das Bitolas Ferrovi‡rias
Corredor de Transporte Centro-Leste
QUADROS E BOXES
Algumas Popula•›es Ind’genas de Goi‡s, Mato Grosso e Tocantins
1995
Eros‹o dos Solos no Cerrado
Pr‡ticas de Prote•‹o do Solo
Algumas EspŽcies de Flores para Arranjos, mais usadas em GO, DF e
MG
Plantas do Cerrado com Conhecido Uso Medicinal
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52
55
Apresenta•‹o
A esperan•a de muitas pessoas, e de quase todos nossos governantes, t•m
repousado na radical transforma•‹o das terras do Cerrado brasileiro em produtoras de
gr‹os, particularmente de soja, a serem exportados, o que ˆs vezes surge mesmo como
um novo Eldorado nessa vis‹o de futuro. Para isso, pretendem lan•ar m‹o de um
completo Òpacote tecnol—gicoÓ, no qual nossas terras servem apenas de suporte, como
se planta um feij‹o em um chuma•o de algod‹o œmido, que depois Ž jogado fora.
A regi‹o do Cerrado, entretanto, contŽm uma riqueza inestim‡vel que Ž pouco
conhecida, e menos ainda valorizada. O aprofundamento da pesquisa e a realiza•‹o de
novas experi•ncias v•m mostrando, cada vez mais, a capacidade de se desenvolver
atividades econ™micas que elevem substancialmente a renda da popula•‹o local, sem
destrui•‹o da natureza.
O presente trabalho prop›e-se a divulgar informa•›es e servir para estimular o
debate acerca do potencial do Cerrado, apresentando oportunidades que existem para
novas atividades econ™micas que tragam a melhoria da qualidade de vida dos
habitantes da regi‹o, dentro de um perspectiva de desenvolvimento sustent‡vel.
Pretende-se, com isso, apoiar a realiza•‹o de debates organizados com a participa•‹o
de todos os segmentos sociais das popula•›es que vivem na regi‹o focalizada, de
forma a se alcan•ar a defini•‹o de um projeto de futuro, de um plano de
desenvolvimento sustent‡vel capaz de valorizar o Cerrado atravŽs da gera•‹o de
riqueza - mas conservando a natureza - distribu’da de modo a beneficiar a grande
maioria de seus habitantes.
A realiza•‹o do presente estudo contou com o apoio financeiro do Programa de
Pequenos Projetos ÐPPP, do GEF/PNUD, coordenado pelo Instituto Sociedade,
Popula•‹o e Natureza-ISPN. Desejamos agradecer aqui a todos os participantes dos
semin‡rios e discuss›es realizadas ao longo de 1998 e in’cio de 1999, que
apresentaram dœvidas e sugest›es que contribuiram para o aperfei•oamento do texto, a
Marco C. van der Ree e Bruno Pagnoccheschi, representantes do ISPN junto aos
conveniados, pelo apoio durante a elabora•‹o do estudo, e aos profissionais que
compuseram a equipe que realizou o presente trabalho.
Ana Lœcia Galinkin
Presidente
Cap’tulo I- Cerrado Brasileiro: Sabendo Utilizar N‹o Vai Acabar - diversidade
de recursos e de possibilidades de uso
1. Introdu•‹o
Nos œltimos anos tem crescido os alertas quanto aos perigos que rondam a
regi‹o do Cerrado. Reportagens denunciam os riscos de queimadas tanto nas ‡reas de
preserva•‹o natural quanto nas ‡reas de pastagens, onde o fogo Ž utilizado
propositadamente para limpeza do pasto. TŽcnicos de extens‹o rural e pesquisadores
lembram que nas ‡reas de agricultura muito solo tem sido perdido por eros‹o e as
‡guas est‹o sendo contaminadas por excesso de fertilizantes e de defensivos agr’colas.
Mais grave ainda Ž que muitos temem pela falta de ‡gua dentro de
aproximadamente vinte anos, em cidades do Distrito Federal, de Goi‡s e do Tocantins,
dado o crescimento acelerado do nœmero de sistemas de irriga•‹o instalados em ‡reas
de nascentes. Os ecologistas denunciam que a perda da biodiversidade do Cerrado, a
expans‹o da agricultura e da ocupa•‹o desordenada nas ‡reas urbanas est‹o amea•ando
um dos maiores biomas do mundo. Prefeitos e administradores pœblicos reclamam que
n‹o existem recursos suficientes para atender ˆs necessidades de saœde, educa•‹o,
seguran•a e emprego para a popula•‹o da regi‹o, que praticamente dobrou nos œltimos
vinte e cinco anos. Enfim, o crescimento das cidades e da ocupa•‹o do Cerrado parece
ter trazido mais problemas para o ambiente do que qualidade de vida para sua
popula•‹o.
No entanto, atŽ cerca de 40 anos atr‡s, o Brasil Central, onde se estende grande
parte do Cerrado, era uma regi‹o pouco povoada e esquecida. Poucos eram aqueles que
se aventuravam a cultivar a terra onde as ‡rvores tortuosas imprimiam ˆ paisagem um
aspecto agreste. As fazendas que existiam dedicavam-se basicamente ˆ cria•‹o de gado,
que pastava nos campos abertos e se refugiava do calor e da seca na sombra de ‡rvores
de caule lenhoso e copa frondosa. Muitos visitantes da regi‹o, incluindo aqueles que
por ela passavam em busca de minŽrios e de terras œmidas na Amaz™nia, duvidavam
da possibilidade de se produzir alimentos em terras onde o cascalho tem cor vermelho
escuro (as lateritas) e a matŽria org‰nica mal consegue escurecer as camadas mais
superficiais do solo.
Com a mudan•a da Capital Federal do Rio de Janeiro para Bras’lia, em 1960, o
Brasil Central come•ou a atrair gente de v‡rias regi›es. Muitos vinham em busca de
trabalho, principalmente na constru•‹o civil, no comŽrcio e no servi•o pœblico. Aos
poucos foram os agricultores que come•aram a chegar. Inicialmente de modo t’mido,
tentando fazer o que aqui faziam os mais antigos Ð criar gado nos campos naturais. Em
seguida, com o avan•o das pesquisas na regi‹o, descobriu-se que com aplica•‹o de
fertilizantes e emprego de m‡quinas de preparo, plantio e colheita, podia-se produzir
gr‹os para exporta•‹o. O Cerrado virou not’cia e muitas ‡reas foram abertas,
derrubando-se aquelas ‡rvores tortas e substituindo-se a paisagem de vegeta•‹o
arb—rea e arbustiva entremeada por vegeta•‹o rasteira por uma paisagem de
monoculturas de arroz e de soja, principalmente. Aqueles que haviam aqui se instalado
no final do sŽculo passado e nas primeiras dŽcadas do sŽculo XX, viram suas terras
serem cercadas com a chegada dos Ònovos donosÓ. Isto porque, como o Brasil Central
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era pouco explorado antes de 1950, n‹o haviam muitas cercas delimitando
propriedades: quem chegava primeiro ia ficando e acabava dono do lugar.
O perigo est‡ dentro de n—s
Mas atŽ que ponto essa regi‹o natural corre perigo? Ser‡ que ela pode acabar?
Ser‡ que os recursos naturais, aquilo que a Natureza fez, pode ser destru’do ou extinto
pela a•‹o do homem? E a agricultura, ser‡ que ela causa tantos danos assim ao
ambiente? Se for verdade que a agricultura coloca a sobreviv•ncia do Cerrado em risco,
ser‡ que essa regi‹o deve voltar a ser o que era antes da dŽcada de 60? Por que se fala
tanto de perda da biodiversidade do Cerrado, do perigo de se destruir espŽcies nativas
da regi‹o? O que vem a ser isto?
Quest›es e inquieta•›es n‹o faltam. TambŽm n‹o d‡ para pensar que aqueles
que aqui chegaram e se instalaram devam voltar para suas regi›es de origem ou para a
Amaz™nia, que continua pouco ocupada, e deixar o Cerrado preservado. Afinal, a
popula•‹o brasileira vem aumentando nesses œltimos anos e n‹o basta mudar de um
lugar para outro: isto s— leva a mudar o problema de lugar.
ƒ preciso mudar a maneira como vemos o Cerrado, entender porque suas
‡rvores s‹o tortas, sua topografia Ž suave nas terras altas entremeadas por morros
baixos; entender porque seus cursos dÕ‡gua s‹o t‹o numerosos mas muitas vezes
secam nos meses de julho a setembro. ƒ preciso saber porque a ‡gua infiltra
rapidamente no solo sob vegeta•‹o nativa mas uma chuva um pouco mais forte pode
destruir uma planta•‹o inteira pela simples da eros‹o h’drica. ƒ preciso conhecer as
potencialidades e os limites do Cerrado, e aprender a conviver com eles para
melhor viver. ƒ fundamental que se compreenda que o ambiente do Cerrado - sua
vegeta•‹o, seus solos, seus cursos dÕ‡gua, seu relevo - levou muito tempo para ser
formado e, por isso mesmo, pode ser destru’do com muita facilidade.
2.Revendo alguns conceitos
Entende-se por Cerrado a cobertura vegetal formada por ‡rvores e arbustos
entremeados por vegeta•‹o rasteira onde predominam gram’neas com algumas
leguminosas. A vegeta•‹o, assim como o solo, a ‡gua, as rochas e os animais, Ž um
recurso natural, isto Ž, Ž uma fonte de riquezas materiais que existe na Natureza. Sua
origem, comportamento e produtos s‹o resultantes de processos evolutivos naturais e,
portanto, de longo prazo. Com efeito, h‡ cerca de 15.000 anos atr‡s j‡ existia
vegeta•‹o de Cerrado no Planalto Central brasileiro. O desenvolvimento da vegeta•‹o
de Cerrado nessa regi‹o n‹o se deu por um acaso. Na verdade, a vegeta•‹o tal qual ela
se apresenta hoje reflete o resultado de v‡rias modifica•›es no clima, no relevo, nos
rios, nas rochas e nos solos dessa regi‹o. Algumas dessas mudan•as foram
espetaculares, atingiram uma ‡rea muito extensa e contribu’ram para a extin•‹o de
espŽcies animais e vegetais. Outras, foram muito lentas e permitiram uma adapta•‹o
gradual dos organismos vivos - plantas e animais, dos muito pequenos aos muito
grandes - aos demais recursos naturais.
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Essa adapta•‹o era - e continua sendo - apoiada em princ’pios da natureza que
s‹o simples e s‡bios: a transforma•‹o Ž constante; as perdas s‹o compensadas
por novos ganhos no sentido de se (re)estabelecer o equil’brio do meio; e todos
os componentes do ambiente (animais, plantas, solos, ‡guas, relevo, etc)
mantŽm entre si rela•›es de interdepend•ncia, onde a transforma•‹o de um
implica na transforma•‹o de todos. Ou seja, a natureza possui sua pr—pria
sustentabilidade que vem sendo constru’da e aperfei•oada ao longo dos v‡rios bilh›es
de anos de hist—ria do planeta Terra e do Universo.
O ser humano, que do ponto de vista da natureza, constitui mais um organismo
dentro da cadeia de seres vivos que se sustentam, n‹o mantŽm com a natureza uma
rela•‹o semelhante ˆ dos outros seres vivos. Como ele Ž dotado de intelig•ncia e de
poder de decis‹o sobre o que julga ser melhor ou pior para si, ele interfere nos ciclos
de transforma•‹o da natureza, quase sempre acelerando os processos de ganhos e de
perdas para atender ˆs suas necessidades.
Atualmente, diante dos crescentes problemas decorrentes da acelera•‹o dos
processos naturais, muitos s‹o os que preconizam formas de utiliza•‹o dos recursos
naturais que permitam o desenvolvimento sustent‡vel da humanidade. Por
desenvolvimento sustent‡vel entende-se como o processo criativo de transforma•‹o
do meio com ajuda de tŽcnicas ecologicamente prudentes, concebidas em fun•‹o
das potencialidades deste meio, impedindo o desperd’cio, e cuidando para que estas
sejam empregadas visando a satisfa•‹o das necessidades de todos os membros da
sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais.
Considerando-se que a agricultura Ž uma atividade antr—pica que depende
muito dos recursos naturais, Ž necess‡rio particularizar a no•‹o de desenvolvimento
agr’cola sustent‡vel.
No in’cio da dŽcada de 90, o Conselho da FAO (Food and
Agriculture Organization, organiza•‹o do Sistema das Na•›es
Unidas) adotou a seguinte defini•‹o de desenvolvimento agr’cola
sustent‡vel: ÒŽ o gerenciamento e conserva•‹o da base dos
recursos naturais e a orienta•‹o da mudan•a tecnol—gica e
institucional, de modo a assegurar a realiza•‹o e a satisfa•‹o
continuada das necessidades humanas para gera•›es presentes
e futuras. Esse desenvolvimento sustent‡vel (nos setores
agr’cola, florestal e pesqueiro) conserva terra, ‡gua, recursos
genŽticos vegetais e animais; Ž ambientalmente n‹o
degradante; tecnicamente apropriado; economicamente vi‡vel
e socialmente aceit‡vel.Ó
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3. Caracter’sticas dos recursos naturais na regi‹o do Cerrado brasileiro
A regi‹o do Cerrado brasileiro pode ser definida como um dom’nio de
solo/vegeta•‹o/clima formado por um mosaico de diferentes tipos de vegeta•‹o, os
quais refletem a diversidade de climas, de solos e de topografia existente nessa vasta
regi‹o1. ƒ o segundo maior bioma do Brasil e da AmŽrica do Sul, ocupando 22 % do
territ—rio nacional, o que equivale a cerca de 2 milh›es de km2; estende-se
predominantemente na regi‹o Centro-Oeste, onde ocupa o Planalto Central Brasileiro.
Encontramos vegeta•‹o de Cerrado nos Estados de S‹o Paulo, Minas Gerais, Goi‡s,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Maranh‹o, Piau’, Roraima e
Rond™nia, e no Distrito Federal2.
Uma caracter’stica marcante dos troncos e galhos mais grossos de ‡rvores e de
arbustos do Cerrado Ž seu aspecto tortuoso e torcido, freqŸentemente inclinado e atŽ
mesmo paralelo ao ch‹o. A casca dos troncos Ž usualmente grossa, corti•osa e as
folhas s‹o em geral largas, duras e tesas e crepitam quando dobradas. Nos Cerrados, a
biomassa subterr‰nea Ž maior do que a biomassa aŽrea e a densidade da vegeta•‹o varia
bastante. As ra’zes das plantas de Cerrado podem atingir profundidades superiores a
10 metros, na busca de ‡gua e de elementos minerais nutritivos. AlŽm disso, a
vegeta•‹o de Cerrado apresenta outras estratŽgias de adapta•‹o aos per’odos de seca,
como germina•‹o de sementes na Žpoca das chuvas e pronunciado crescimento
radicular nos primeiros est‡gios de desenvolvimento das plantas.
Em fun•‹o de condi•›es locais e da ocorr•ncia de fogo (natural ou provocado pelo
homem), a propor•‹o entre ‡rvores, arbustos e vegeta•‹o rasteira varia bastante.
Assim, pode-se diferenciar forma•›es de cerrad‹o, de Cerrado, de campo Cerrado, de
campo sujo e de campo limpo, conforme a diminui•‹o gradativa da quantidade e do
porte de espŽcies arb—reas. No entanto, se forem adotados critŽrios de fisionomia
(forma), como estrutura, forma de crescimento dominante, aspectos do ambiente
(principalmente solos) e de composi•‹o da flora, podem ser distinguidos onze tipos
fitofision™micos gerais3, que s‹o:
¨mata ciliar;
¨mata galeria;
forma•›es florestais
¨mata seca e
¨cerrad‹o;
¨Cerrado sentido restrito;
¨parque de Cerrado;
forma•›es sav‰nica
¨palmeiral e
¨vereda ;
¨campo sujo;
¨campo rupestre e
forma•›es campestres
¨campo limpo
11
Resende et al. (1995)
Eiten (1990)
Ribeiro & Walter (1998)
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2
3
No Cerrado, a paisagem Ž marcada pela presen•a de grandes chapadas e
encostas extensas de declive suave, em geral com inclina•›es menores que 3%. Nessas
‡reas predominam latossolos (46 % da ‡rea de Cerrado) e as areias quartzosas (15 %
da ‡rea). Esses solos s‹o, em geral, profundos a muito profundos, podendo atingir dez
ou mais metros de profundidade. S‹o bastante perme‡veis, pois a ‡gua circula
rapidamente para as camadas mais profundas devido ˆ porosidade elevada do solo.
Possuem baixos teores de elementos como c‡lcio, magnŽsio, pot‡ssio e f—sforo,
importantes para a nutri•‹o mineral das principais plantas cultivadas comercialmente.
Os latossolos e as areias quartzosas apresentam como principais limita•›es ˆ
agricultura comercial a baixa fertilidade e a alta satura•‹o de alum’nio solœvel. AlŽm
desses fatores, esses solos apresentam defici•ncia de ‡gua bastante elevada,
principalmente quando neles s‹o cultivadas culturas de sistema radicular superficial.
Como na regi‹o do Cerrado as chuvas se concentram em seis meses do ano, a
defici•ncia de ‡gua Ž acentuada.
As ‡reas de chapada s‹o entremeadas por trechos acidentados com solos muito
rasos (ˆs vezes com menos de um metro de profundidade), freqŸentemente
cascalhentos e muito encrostados. Esses solos, que ocupam 12 % da ‡rea de Cerrado,
pertencem aos grupos dos cambissolos e dos lit—licos. Eles n‹o apresentam aptid‹o
para agricultura pois t•m fatores muito limitantes como baixa fertilidade, baixa
disponibilidade de ‡gua para culturas e elevada suscetibilidade ˆ eros‹o.
Os 27 % restantes da ‡rea de abrang•ncia do Cerrado s‹o ocupados por solos
de textura, profundidade, porosidade e permeabilidade vari‡veis e que, de modo geral,
s‹o de baixa fertilidade. ƒ interessante notar, aqui, que cerca de 90 % das terras na
regi‹o do Cerrado s‹o de solos ditos distr—ficos, isto Ž, com teores baixos e
muito baixos de elementos nutritivos. Os solos de boa fertilidade encontram-se
geralmente relacionados com ‡reas de rochas m‡ficas (como basalto e gabro) ou
calc‡reas.
As duas esta•›es do ano
O clima na regi‹o do Cerrado Ž caracterizado pelo seu aspecto sazonal, com a
ocorr•ncia de duas esta•›es bem definidas: seca e œmida. Estudos de distribui•‹o de
chuvas nessa regi‹o4 indicam que nela ocorrem cinco zonas distintas quanto a oferta
pluviomŽtrica, cuja principal diferencia•‹o Ž a dura•‹o do per’odo seco que varia de
quatro a sete meses. Essas as cinco zonas s‹o:
I - ‡rea central dos Cerrados, com meses secos (menos de 60 mm de
precipita•‹o mensal) acontecendo de abril a setembro;
II - oeste dos Cerrados, com meses secos acontecendo de maio a setembro;
III - leste da regi‹o, com meses secos de maio a setembro mas com
precipita•›es menores do que a da ‡rea II em todos os meses;
IV - sul da regi‹o, com meses secos de abril a setembro mas com
precipita•›es menores do que a da ‡rea I em todos os meses; e
V - norte da regi‹o dos Cerrados, com meses secos de junho a novembro.
4
Castro et al. (1994)
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Em termos quantitativos, a precipita•‹o anual no Cerrado varia de 800 a 2.000
mm. Existe uma tend•ncia leste-oeste de aumento da precipita•‹o total anual5. No
centro sul do Par‡ e na regi‹o do Jequitinhonha, em Minas Gerais, s‹o observados os
menores valores de precipita•‹o. Ë medida que se avan•a nas dire•›es oeste e
noroeste, a precipita•‹o aumenta substancialmente, atingindo valores de 1.800 a 2.000
mm anuais. Assim, cerca de 56 % da ‡rea do Cerrado apresenta precipita•‹o anual
variando de 1.200 a 1.600 mm; em cerca de 10 % da ‡rea a precipita•‹o total anual Ž
inferior a 1.000 mm; e em quase 11 % da ‡rea ela Ž superior a 1.600 mm.
Riqueza Biol—gica
A regi‹o do Cerrado, por diversas raz›es, se caracteriza por uma grande
riqueza de recursos biol—gicos. V‡rios fatores contribuem para essa diversidade
marcada pela presen•a de cerca de 1/3 do conjunto (biota) dos diferentes seres animais
e vegetais brasileiros e 5 % da fauna e flora mundiais 6:
a-nela encontram-se trechos das tr•s maiores bacias hidrogr‡ficas da
AmŽrica do Sul (Amaz™nica, S‹o Francisco e Platina);
b- ocupa uma posi•‹o geogr‡fica central, compartilhando espŽcies com a
Mata Atl‰ntica, a Caatinga, a Floresta Amaz™nica e o Pantanal
Matogrossense, biomas com os quais mantŽm fronteiras;
c- encontra-se nos tr—picos, onde vivem cerca de dois ter•os das espŽcies
de organismos descritas7.
Trata-se portanto de um bioma que possui grande heterogeneidade biol—gica
com importantes diferen•as regionais.
AlŽm dessas caracter’sticas, alguns resultados obtidos pela pesquisa indicam
que a vegeta•‹o de Cerrados desempenha um papel muito importante do ponto de
vista da manuten•‹o do equil’brio das trocas clim‡ticas no ecossistema terrestre.
Estudos conduzidos na Reserva Ecol—gica das çguas Emendadas no Distrito Federal8
constataram que o Cerrado sentido restrito, em fun•‹o do balan•o anual entre a
atividade respirat—ria e de fotoss’ntese, absorve mais carbono do que emite. Estimase que nesse Cerrado a capacidade de armazenamento (seqŸestro de carbono) seja de
cerca de 2 t de Carbono/ ha ano, que vem a ser o dobro do armazenamento estimado
em estudo similar feito na floresta amaz™nica. Assim, se toda a ‡rea de Cerrado
do Brasil fosse coberta por um Cerrado semelhante ao estudado no trabalho em
quest‹o, a quantidade de carbono retirada da atmosfera seria de 400 milh›es de
toneladas por ano.
Outra importante contribui•‹o da pesquisa9,10 mostra que as folhas das
espŽcies nativas de Cerrados sentido restrito apresentam baixos teores de nutrientes
como pot‡ssio, c‡lcio e magnŽsio, indicando ser esta uma das estratŽgias da vegeta•‹o
5 Assad & Evangelista (1994)
6 Alho & Martins (1995)
7 Dias (1992)
8 Monteiro (1995)
9 Ribeiro (1985)
10 Araœjo e Haridassan (1988)
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natural para sobreviver em solos de baixa fertilidade. Algumas plantas, inclusive,
acumulam alum’nio em seus tecidos sem que isto cause impedimento ˆ absor•‹o, ao
transporte e ao metabolismo de outros nutrientes, como Ž o caso da grande maioria das
espŽcies cultivadas11.
No que concerne a adapta•‹o ˆs limita•›es de ‡gua, j‡ foi mencionado aqui a
efici•ncia do sistema radicular das plantas de Cerrado. Uma outra estratŽgia desse tipo
de vegeta•‹o Ž sua adapta•‹o ˆ sazonalidade. Estudos realizados em Cerrado sentido
restrito do Distrito Federal12 indicam que sua taxa de transpira•‹o (ou seja, perda de
‡gua) durante a esta•‹o chuvosa Ž de 2,6 mm/dia e se reduz a cerca de 1,5 mm/dia,
durante a esta•‹o seca. Por outro lado, coberturas vegetais de arroz, por exemplo,
possuem taxa de transpira•‹o mŽdia de 4,3 mm/dia; na soja, a mŽdia Ž de 5,4 mm/dia;
no girassol 5,6 mm/dia; e no eucalipto, 6,0 mm/dia. Isto significa que a substitui•‹o da
vegeta•‹o de Cerrado por ‡reas muito extensas cultivadas com plantas de valor
econ™mico, mas que utilizam mais ‡gua durante o ano, resultar‡ em algum tipo de
impacto na disponibilidade de ‡gua
Portanto, mudan•as abruptas na estrutura da vegeta•‹o de Cerrado
podem causar grandes impactos, acarretando empobrecimento biol—gico que se
manifesta na extin•‹o de espŽcies, na perda da capacidade produtiva dos solos,
na altera•‹o dos ciclos biogeoqu’micos, no aquecimento global e na
prolifera•‹o de espŽcies ex—ticas13.
Assim, n‹o seria bastante l—gico que o uso agr’cola das terras na ‡rea de
abrang•ncia do Cerrado brasileiro utilizasse modelos que se aproximem daqueles
adotados pela natureza, para aproveitar de modo mais eficiente as reservas de
nutrientes e de ‡gua que existem nos solos?
Atualmente, dos 2.040.000 km2 da ‡rea total de Cerrado, cerca de 470.000
km2 encontram-se ocupados por agricultura, sendo 100.000 km2 com culturas anuais,
350.000 km2 com pastagens cultivadas e 20.000 km2 com culturas perenes e
florestais14. A esses somam-se cerca de 900.000 km2 de ‡reas utilizadas como
pastagens naturais15 e 103.000 km2 considerados como ‡reas produtivas sem uso, isto
Ž, em descanso, em est‡gio avan•ado de degrada•‹o ou simplesmente abertas e n‹o
utilizadas16. Estima-se que apenas cerca de 7% da regi‹o do Cerrado mantŽm a
vegeta•‹o natural preservada17; ou seja, 93 % da vegeta•‹o de Cerrado j‡ foi submetida
a alguns tipo de uso, intensivo ou extensivo.
11
12
13
14
15
16
17
Haridassan (1996)
Miranda & Miranda (1996)
Klink (1996)
Embrapa-CPAC (1998)
Haridassan (1996)
Cunha et al. (1994)
Dias (1994)
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
4.Riscos decorrentes da utiliza•‹o inadequada dos recursos naturais dispon’veis
A partir dessas informa•›es preliminares, n‹o Ž dif’cil compreender os riscos
ambientais decorrentes da substitui•‹o da vegeta•‹o natural de Cerrado por plantas
que n‹o est‹o adaptadas ˆs caracter’sticas da regi‹o. Em primeiro lugar, deve-se
considerar a diversidade da flora e suas diferentes estratŽgias de adapta•‹o ˆs
limita•›es do ambiente, bem como sua inter-rela•‹o com os demais seres vivos
existentes nessa regi‹o. AtŽ o momento, j‡ foram identificadas 6.429 espŽcies de
plantas18, o que representa uma flora de grande riqueza.
Quando essa vegeta•‹o Ž substitu’da por uma œnica espŽcie de planta (afinal,
na agricultura comercial da regi‹o do Cerrado predomina a monocultura) ou por
algumas espŽcies (se considerarmos grandes extens›es), sejam elas plantas gran’feras
em cultura anual de ciclo curto (como soja, milho, feij‹o, arroz, etc), sejam elas
gram’neas para forma•‹o de pastagens ou eucalipto e pinus para forma•‹o de floresta
para produ•‹o de carv‹o ou celulose, o primeiro impacto Ž a perda da diversidade
da ‡rea. Nesse caso, altera-se n‹o apenas a diversidade de plantas, mas tambŽm
da fauna a ela associada. Essa fauna compreende animais como tatus, macacos,
lobos, capivaras, on•as, gamb‡s, tamandu‡s, entre muitos outros, como tambŽm
minhocas, abelhas, borboletas e diversas aves.
A composi•‹o dos microorganismos como fungos, bactŽrias e nemat—ides
tambŽm Ž alterada. Proliferam microorganismos nativos e ex—ticos, trazidos de outras
‡reas de agricultura. Em pouco tempo, passam a constituir pragas ou agentes de
doen•as em plantas cultivadas. Para combat•-los, aplicam-se inseticidas, bactericidas e
fungicidas, uma vez que, com a quebra da diversidade de espŽcies, os inimigos naturais
dessas pragas e doen•as s‹o eliminados.
Cabe salientar que, nesse caso, n‹o Ž apenas a ‡rea desmatada para cultivo
agr’cola que tem sua biodiversidade alterada. As ‡reas de vegeta•‹o nativa adjacentes
tambŽm podem ser afetadas, seja pela quebra de cadeias alimentares milenarmente
estabelecidas, seja pela influ•ncia de res’duos de agroqu’micos e de sedimentos
transportados superficialmente por ‡gua e por ventos. AlŽm disso, as ‡reas cont’nuas
dispon’veis para grandes mam’feros s‹o reduzidas, levando-os ˆ maior dificuldade de
sobreviv•ncia e, no limite, ˆ extin•‹o.
Como muitos dos solos da regi‹o de Cerrados s‹o ‡cidos e possuem baixos
teores de elementos nutritivos para as plantas ex—ticas de valor econ™mico, e como a
agricultura, para ser economicamente rent‡vel, precisa de produtividades que para
serem atingidas exigem concentra•›es elevadas desses mesmos elementos, s‹o
necess‡rios aportes de fertilizantes e de corretivos. Estes n‹o s‹o totalmente retidos
nas camadas superficiais do solo, onde se concentra a maior parte do sistema radicular
das espŽcies cultivadas, para posterior absor•‹o pelas plantas. Primeiro porque, como
os solos s‹o muito antigos (muito desgastados), os minerais neles existentes n‹o
possuem capacidade, em termos qu’micos, de reter esses insumos. E tambŽm porque,
como os solos s‹o em geral muito perme‡veis e as chuvas s‹o intensas e concentradas
em alguns meses do ano, ocorre uma movimenta•‹o de parte desses adubos e
corretivos.
18
Mendon•a et al (1998)
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Esses produtos circulam com relativa facilidade ao longo do volume de solo e
atingem as camadas mais profundas, indo acumular-se em ‡guas subterr‰neas,
alterando sua composi•‹o qu’mica. N‹o s— os adubos e corretivos circulam
rapidamente atravŽs dos solos. De um modo geral, todos os agroqu’micos tendem a se
movimentar para as camadas subsuperficiais, atŽ a sua degrada•‹o total, com ou sem
libera•‹o de metais t—xicos para animais e plantas.
Outro fator de risco da agricultura intensiva nos Cerrados Ž a eros‹o h’drica.
Em condi•›es naturais ocorre eros‹o h’drica em qualquer terreno onde a chuva atinge a
superf’cie do solo. Essa eros‹o consiste na desagrega•‹o do solo pelo impacto das
gotas de chuva, e seu posterior transporte pela a•‹o da ‡gua e da gravidade. Quanto
maior o grau de cobertura do solo, menor o poder de impacto das gotas de chuva. E
quanto maior a permeabilidade do solo, menor a quantidade de ‡gua que escoa na
superf’cie por a•‹o da for•a da gravidade.
Quando grandes ‡reas s‹o cultivadas, o trabalho de preparo da terra, de
plantio, de manuten•‹o de culturas e de colheita, torna-se tanto mais eficiente quanto
mais mecanizado for. A constante passagem de m‡quinas, em geral de porte grande e
pesadas, forma uma camada adensada a alguns cent’metros de profundidade (em torno
de 15 a 20 cm da superf’cie do solo). Essa camada adensada n‹o torna o solo
imperme‡vel ˆ passagem de ‡gua, de adubos e de defensivos agr’colas. No entanto,
quando ocorrem fortes chuvas (e elas s‹o muito comuns durante o per’odo de cultivo)
a ‡gua se infiltra no solo com menor velocidade e acaba se acumulando, podendo
escoar pela superf’cie e causar eros‹o acelerada.
A ‡gua que escoa pela superf’cie leva consigo n‹o apenas grandes quantidades
de solo, mas tambŽm parte dos adubos e agrot—xicos (que n‹o atravessaram a camada
superficial) e matŽria org‰nica. Resultados obtidos em estudos de eros‹o nos solos da
regi‹o do Cerrado19 indicam que anualmente s‹o perdidas grandes quantidades de solo
fŽrtil, conforme pode ser visto no quadro ˆ p‡g. 36, no Cap’tulo IV.
Toda essa terra erodida se deposita em ‡reas adjacentes que se encontram em
posi•›es mais baixas que as ‡reas cultivadas, inclusive em cursos dÕ‡gua, provocando
assoreamentos, e em outras ‡reas cultivadas, provocando preju’zos imediatos.
Um evento caracter’stico do clima da regi‹o do Cerrado Ž a freqŸente ocorr•ncia de
veranicos (per’odos sem chuva) durante a esta•‹o chuvosa. A forma•‹o da camada
adensada diminui o volume de solo explorado pelas ra’zes das plantas cultivadas,
reduzindo ainda mais sua capacidade de suportar os per’odos de veranico.
Acrescentem-se a esses impactos
a prolifera•‹o de formigas e de cupins, pela diminui•‹o dr‡stica dos
inimigos naturais desses insetos;
o aumento da concentra•‹o de terra formando latifœndios, devido aos
custos elevados para manuten•‹o de n’veis adequados de produtividade
das culturas;
a conseqŸente diminui•‹o do emprego de m‹o-de-obra rural com
aumento da concentra•‹o de popula•‹o de baixa renda e
profissionalmente desqualificada em grandes centros urbanos;
19
Dedececk et al. (1986)
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
o aumento das incid•ncias de queimadas, utilizadas como formas
baratas de limpeza de ‡reas provocando polui•‹o do ar e riscos de
inc•ndios em ‡reas naturais; e
os impactos no ciclo hidrol—gico devido ˆ ado•‹o de sistemas de
irriga•‹o, muitas vezes mal dimensionados e com capta•‹o de ‡guas em
nascentes, ao aumento no consumo de ‡gua pelas plantas cultivadas e ˆ
diminui•‹o da vaz‹o dos rios pelo assoreamento com sedimentos
erodidos.
O quadro visto apenas por esse ‰ngulo pode levar erroneamente a conclus‹o
que a agricultura Ž invi‡vel na regi‹o do Cerrado. No entanto, esse bioma t‹o rico e t‹o
vasto pode ser efetivamente utilizado, proporcionando melhor qualidade de vida
ˆqueles que saibam utiliz‡-lo sem depredar seus recursos naturais. ƒ preciso
aprender a conviver com as limita•›es e as potencialidades dos Cerrados para
aproveitar a sua riqueza.
5. Possibilidades de uso dos recursos naturais dispon’veis
Muitas s‹o as formas poss’veis de uso agr’cola dos Cerrados. Ali‡s, em se
tratando de um bioma com grande diversidade de paisagens, as inœmeras formas de uso
refletem essa heterogeneidade. Assim, na explora•‹o sustent‡vel da regi‹o dos
Cerrados n‹o tem sentido definir um padr‹o para toda essa vasta ‡rea. O objetivo do
presente texto, como j‡ ressaltado anteriormente, Ž de permitir uma ampla discuss‹o
sobre o aproveitamento das potencialidades econ™micas do Cerrado.
No Cap’tulo IV o leitor encontrar‡ informa•›es mais detalhadas das possibilidades
que existem e das experi•ncias em andamento acerca da utiliza•‹o econ™mica dos
produtos do Cerrado para a gera•‹o de renda.
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Cap’tulo II. Qualidade de Vida na Regi‹o Focalizada
1. Indicadores Sociais e Econ™micos
Os êndices de Desenvolvimento Humano, recentemente divulgados pelo
Programa das Na•›es Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), calculados pelo IPEA
e Funda•‹o Jo‹o Pinheiro para o ano de 1991, mostram que os munic’pios de Mato
Grosso, Goi‡s e Tocantins focalizados no presente estudo atingem no m‡ximo a
mŽdia brasileira. Observa-se, porŽm, que mais de 70% dos munic’pios encontram-se
em n’veis abaixo da mŽdia brasileira. ƒ, naturalmente, uma quest‹o extremamente
preocupante, mostrando a necessidade de se adotarem programas e a•›esÐ em diversas
‡reas Ð que elevem a qualidade de vida da popula•‹o regional.
Ao se analisar os componentes do IDH, percebe-se que esse quadro Ž
formado por uma situa•‹o ruim em todos eles, educa•‹o, saœde (longevidade) e renda.
ƒ interessante notar que em alguns dos munic’pios ao sul de Tocantins encontram-se
rendas mais elevadas, e mesmo assim eles n‹o conseguem sequer atingir o n’vel de .50
no IDH, tamanha Ž a defici•ncia quanto a educa•‹o e saœde . Em contraste, os
munic’pios ao sul de Goi‡s e do Mato Grosso (na ‡rea de influ•ncia considerada),
mesmo com um n’vel relativamemte mŽdio no indicador de renda conseguem alcan•ar a
faixa de n’vel mais alto do IDH para a regi‹o gra•as ˆ situa•‹o da saœde e educa•‹o.
A densidade populacional da regi‹o situa-se em torno de 4 habitantes por
quil™metro quadrado, muito baixa, resultado influenciado fortemente pelos munic’pios
de Mato Grosso (2,5h/km2) e Tocantins (3,8h/km2). A interpreta•‹o usual desse
indicador leva, geralmente, a conclus›es equivocadas e proposi•›es err™neas: esse
ÒvazioÓ populacional indicaria uma regi‹o Òa ser ocupadaÓ pelo homem, ser
ÒdesbravadaÓ.
Na realidade, pode-se perceber no Mapa de Varia•‹o do Rebanho Bovino, que
temos um determinado tipo de ocupa•‹o econ™mica da regi‹o, com a cria•‹o extensiva
de bovinos em praticamente todos os munic’pios, o que resulta em uma relativamente
baixa capacidade de gera•‹o de emprego e renda. Existe uma popula•‹o ocupada nessa
atividade. A altera•‹o da estrutura produtiva pode afetar tanto o emprego quanto a
empregabilidade (pelo sucateamento de seu conhecimento, sem que haja um
treinamento para novas atividades) dessas pessoas, especialmente se a pecu‡ria for
substitu’da pela agricultura ÒmodernaÓ. Esse mesmo mapa mostra a ocorr•ncia, entre
1980 e 1994, de um relativo crescimento/adensamento do rebanho bovino na regi‹o
Oeste do Estado de Goi‡s.
A ‡rea dedicada ˆ cria•‹o expandiu-se no Mato Grosso, em munic’pios que
apresentam redu•‹o de atŽ 50% na ‡rea plantada de arroz e pequena expans‹o no
plantio de soja, para o per’odo citado, conforme pode ser visualizado no mapa da
Varia•‹o da çrea Plantada de Arroz e Soja Ð 1980 a 1994. Esse mapa mostra, tambŽm,
uma forte substitui•‹o do arroz pela soja em munic’pios do Mato Grosso ao longo da
divisa com o Estado de Goi‡s, bem como em munic’pios no Sul deste Estado.
ƒ importante ressaltar, conforme apresenta esse œltimo mapa, que em 66% dos
munic’pios da regi‹o registraram-se redu•›es entre 50 e 100% da ‡rea plantada de
arroz, e 50% dos munic’pios apresentam pequeno incremento na ‡rea plantada com
soja, no referido per’odo.
Mapa IDH da Regi‹o
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Mapa componentes IDH da Regi‹o
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Mapa Bovinocultura
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Mapa Varia•‹o çrea Plantada Arroz/Soja
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
2.Popula•›es Ind’genas
A ‡rea focalizada vem constituindo-se, tambŽm, ao longo dos sŽculos, em
refœgio para as popula•›es nativas frente ao cont’nuo avan•o dos colonizadores
europeus, inicialmente, e da fronteira agr’cola da sociedade brasileira, na segunda
metade do presente sŽculo.
Em seu modo de vida, essas popula•›es necessitam de uma ampla ‡rea para
poderem se sustentar, o que vem se tornando cada vez mais dif’cil pelo avan•o da
fronteira agropecu‡ria na regi‹o, com fazendas ocupando o entorno das reservas
ind’genas.
Alguns povos e aldeias ind’genas existentes nos Estados do Mato Grosso,
Goi‡s e Tocantins s‹o listados no quadro seguinte, que tem como fonte a publica•‹o
do Instituto Socioambiental denominada ÒPovos Ind’genas no Brasil, 1991/1995Ó.
Essa listagem n‹o inclui todos os povos que vivem nesses estados e refere-se a uma
‡rea um pouco alŽm dos munic’pios inclu’dos nos mapas anteriores, mas que
entendemos sofreriam impactos com a implanta•‹o do projeto da hidrovia nos rios das
Mortes, Araguaia e Tocantins e seu consequente efeito na transforma•‹o da cobertura
vegetal em monocultivos comerciais, na piscosidade dos rios, nos len•—is fre‡ticos, etc.
As ‡reas referidas a seguir somam cerca de 7 milh›es de hectares identificados,
com 18.611 habitantes ind’genas. Somente o Parque do Xingœ representa quase 40%
da ‡rea total, abrigando 18% da popula•‹o considerada.
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Algumas Popula•›es Ind’genas de Goi‡s, Mato Grosso e Tocantins
1995
UF
MT
MT
MT
MT
Munic’pio/Ref.
no Mapa do ISA
Guarant‹ do
Norte/813
Altamira (PA)
S‹o Felix do
Araguaia
Sinop
Luciara
Paranatinga
Canarana/346
Luciara/284
GO
Sta. Terezinha
Luciara
Comodoro/302
Sta. Terezinha
Confresa
Porto Alegre do
Norte/724
Tocantin—polis
Itaguatins/17
Pium
Cristal‰ndia
Formoso do
Araguaia/25
Arauan‹/426
MT
Cocalinho/833
GO
Aruan‹/834
GO
Mina•u
Cavalcante/41
Pium/59
MT
TO
TO
TO
GO
Nova AmŽrica
Rubiataba/76
GO
Nova AmŽrica/77
TO
Tocantinia/105
TO
Goiatins
Itacaj‡/177
Luciara
MT
MT
Sta. Terezinha
Luciara
Comodoro
Povo/Terra Ind’gena
çrea/ha
488.000
N¼ de
Pessoas
-
Data
ref.
-
Panar‡
Aldeia Panar‡
Parque do Xingœ
2.642.003
3.331
1995
Karaj‡
Aldeia S‹o Domingos
Karaj‡/TupinajŽ
Aldeia TupinajŽ/Karaj‡
5.705
93
-
66.166
384
-
TupinajŽ
Aldeia Urubu Branco
157.000
-
-
ApinayŽ
141.904
718
1989
Av‡ Canoeiro
JvaŽ, Karaj‡
Parque Araguaia
1.395.000
2.249
1994
Karaj‡
Aldeia Aruan‹ I
Karaj‡
Aldeia Aruan‹ II
Karaj‡
Aldeia Aruan‹ III
Av‡ Canoeiro
Aldeia Av‡ Canoeiro
JavaŽ
Aldeia Boto Velho
Tapuia
Xavante
Cl Carret‹o I
Tapuia
Xavante
Cl Carret‹o II
Xerente
Aldeia Funil
Krah™
Aldeia Kraol‰ndia
Karaj‡
Aldeia S‹o Domingos
Karaj‡
TapirapŽ
Aldeia TapirapŽ/Karaj‡
11
50
1994
769
-
-
586
-
-
38.000
6
1995
/2
-
-
1.666
95
1995
77
-
-
15.703
190
1994
302.533
1.198
1989
5.705
93
1989
66.166
384
1994
-
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
UF
TO
Munic’pio/Ref.
no Mapa do ISA
Sta. Terezinha
Confresa Porto
Alegre do Norte
Aragua’na
TO
Tocant’nia
MT
GO/
MT
GO
S‹o Felix do
Araguaia
Aruan‹/GO
Cocalinho/MT
S‹o Miguel
MT
çgua Boa
MT
çgua Boa
MT
çgua Boa
MT
Paranatinga
MT
MT
PoxorŽu
Rondon—polis
Alto da Boa Vista
MT
Paranatinga
MT
Barra dos Gar•as
Gen. Gomes
Carneiro
çgua Boa
Campin—polis
Nova Xavantina
MT
MT
Povo/Terra Ind’gena
çrea/ha
157.000
N¼ de
Pessoas
-
Data
ref.
-
TapirapŽ
Aldeia Urubu Branco
Karaj‡ do Norte
Guarani MÕbya
Aldeia Xambio‡
Xerente
Rl Xerente
Karaj‡
Lago Grande
Karaj‡
Mata Cor‡
JavaŽ
Karaj‡
P. Lu’s Alves
Xavante
Rl Are›es
Xavante
Aldeia Are›es I
Xavante
Aldeia Are›es II
Bakairi
Aldeia Bakairi
Bororo
Aldeia Jarudore
Xavante
Aldeia Maraiwatsede
Xavante
Rl Marechal Rondon
Bororo
Rl Merure
3.265
176
1994
167.542
1.362
1994
/2
20
1996
/2
-
1996
/2
24
1996
218.515
688
1994
24.450
-
-
16.650
-
-
61.405
415
1989
4.706
0
/3
1988
-
168.000
-
-
98.500
353
1994
82.301
362
1994
Xavante
224.447
2.800
1994
Rl Parabubure
MT
Xavante
328.966
845
1994
Rl Pimentel Barbosa
MT
Gen. Gomes
Xavante
100.280
763
1994
Carneiro
Bororo
PoxorŽu
Aldeia Sangradouro/
Novo S. Joaquim
Volta Grande
MT
Nobres
Bakairi
35.471
155
1989
Aldeia Santana
MT
Barra do Gar•as
Xavante
188.478
1.655
1994
Rl S‹o Marcos
(Xavante)
MT
Rondon—polis
Bororo
9.785
202
1994
Aldeia Tadarimana
Fonte: Povos Ind’genas no Brasil, 1991/1995, Carlos Alberto Ricardo (ed), Instituto
Socioambiental, S‹o Paulo, 1996.
Notas: 1)GO= Goi‡s; MT= Mato Grosso; TO= Tocantins.
2) ‡reas ainda por serem identificadas;
3) os Bororo que viviam nessa ‡rea foram expulsos pelos invasores n‹o ind’genas, existindo
atualmente uma cidade dentro dessa aldeia/reserva, com milhares de moradores/invasores.
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Cap’tulo III- A Estrutura dos Transportes na çrea do Cerrado
1 - Introdu•‹o
O presente cap’tulo enfocar‡, de modo muito breve e sucinto, o processo
formador da malha dos modais de transporte que serve essa regi‹o brasileira. N‹o se
pretende historiar nem detalhar os passos da forma•‹o da trama de meios de
locomo•‹o de passageiros e cargas, nem sua distribui•‹o espacial na parcela territorial
ocupada pelos Cerrados no Brasil. Somente ser‹o mencionados os t—picos e fatores
hist—ricos, pol’ticos e socioecon™micos mais relevantes que levaram ˆ configura•‹o
atual da rede de movimenta•‹o de cargas.
O modelo de transporte rodovi‡rio adotado no Brasil nos œltimos 60 anos
mostra-se inadequado ˆ transposi•‹o de grandes dist‰ncias, reduzindo sobremaneira a
competitividade da regi‹o do Cerrado.
Para agravar esse fato, Ž comum que os transportadores
carreguem seus caminh›es com atŽ 45 toneladas de gr‹os, em
dire•‹o aos portos, tendo como destino final os mercados
externos, quando a carga n‹o deveria ultrapassar as 30 t. O
excesso de carga danifica intensamente as rodovias e lhes
diminui sensivelmente a vida œtil, elevando o custo social de
sua manuten•‹o ao mesmo tempo que aumenta os lucros
privados desses transportadores.
O Distrito Federal e o Estado de S‹o Paulo, bem como os Estados de Roraima
e Amap‡ n‹o ser‹o diretamente mencionados. Roraima e Amap‡ por n‹o se
encaixarem na ‡rea cont’nua do Cerrado. O Distrito Federal e S‹o Paulo tambŽm n‹o
ser‹o tratados, exceto quando estritamente necess‡rio para a compreens‹o do assunto,
por n‹o serem considerados territ—rios ainda diretamente destinados ˆ ocupa•‹o
econ™mica a ser ÒinduzidaÓ1 por melhorias diretas nos meios de transporte. TambŽm
est‹o exclu’das as manchas de Cerrado encontradas de maneira esparsa nos Estados de
Roraima, do Amazonas, Par‡ e Amap‡.
2 Ð A forma•‹o da rede de transportes na regi‹o dos Cerrados
A rede de transportes da ‡rea do Cerrado brasileiro teve in’cio com as
expedi•›es destinadas a garantir a ocupa•‹o do territ—rio por parte de Portugal.
TambŽm ocorreram penetra•›es mission‡rias para evangelizar os povos nativos e
entradas cuja finalidade era ou escravizar as popula•›es ind’genas ou encontrar ouro e
1
ƒ interessante observar, aqui, que a abertura de vias de penetra•‹o no interior do pa’s Ž sempre
associada ao ÒdesenvolvimentoÓ, o que nem sempre Ž verdadeiro;
gemas Ð o que era especialmente relevante na Žpoca do mercantilismo Ð ou, ainda,
ocupar o interior mediante a cria•‹o do gado bovino.
A an‡lise da evolu•‹o hist—rica da ocupa•‹o do territ—rio dos Cerrados mostra
que as rotas seguidas pelos exploradores, expedicion‡rios, evangelizadores e militares
se transformaram nos eixos do presente sistema dos transportes da regi‹o. A pr—pria
Ferronorte segue, em seu trecho inicial, inaugurado em 1998, uma das rotas pioneiras
de penetra•‹o e nela prosseguir‡ atŽ ˆ capital do Mato Grosso e atŽ Porto Velho, em
Rond™nia.
A interioriza•‹o da capital do Brasil muito contribuiu para o desenvolvimento,
no Cerrado central, de uma rede rodovi‡ria relativamente extensa, de alto significado
para os transportes regionais e interregionais. Essa malha, cujos principais troncos e
trechos est‹o hoje pavimentados, Ž importante para a economia do Pa’s e da regi‹o de
estudo, uma vez que, nesta œltima, n‹o existem malhas ferrovi‡ria e/ou hidrovi‡ria
propriamente ditas, mas t‹o s— trechos hidrovi‡rios e linhas ferrovi‡rias.
Com a constru•‹o da hidrelŽtrica de Tucuru’ foi inundado o leito da E.F.
Tocantins e essa ferrovia n‹o mais existe. Com a usina de Itaipu, inundou-se o leito da
E.F. Mate Laranjeira, da’ ocorrendo o conseqŸente abandono dessa ferrovia de liga•‹o
entre o mŽdio e o baixo Paran‡. Em ambos os casos criou-se um forte obst‡culo ao
aproveitamento desses rios para a navega•‹o cont’nua. No caso espec’fico do trecho
superior do rio Paran‡, o governo do Estado de S‹o Paulo programou a constru•‹o,
atravŽs de suas empresas de energia elŽtrica, de v‡rias usinas hidroelŽtricas com
eclusas. Assim, possibilitou a explora•‹o da hidrovia Tiet•-Paran‡. No entanto, a
navega•‹o p‡ra na Usina HidroelŽtrica de S‹o Sim‹o, no lado goiano do Rio Parana’ba,
uma vez que esse projeto limitou-se ao uso energŽtico da ‡gua.
3. A Situa•‹o Atual da Rede de Transportes na çrea dos Cerrados
O que se constata Ž que, tanto em termos de pa’s como em rela•‹o ˆ ‡rea dos
Cerrados centrais, n‹o ocorreu a cobertura territorial ampla nem atravŽs da navega•‹o
fluvial nem atravŽs das ferrovias, no per’odo anterior ˆ prefer•ncia pelo rodoviarismo.
Essa prefer•ncia Ž datada do per’odo presidencial de Washington Luiz, 1926-1930, e
toma corpo na dŽcada de 1940, no que se refere aos transportes terrestres no Brasil.
O rodoviarismo recebeu o novo impulso durante o per’odo presidencial de
Eurico Gaspar Dutra, 1946-1951. Consolidou-se com o Presidente Juscelino
Kubitschek, que governou de 1956 a 1961. Enquanto na Europa, na AmŽrica do Norte
e nos pa’ses desenvolvidos o ferroviarismo de penetra•‹o profunda, de interliga•‹o
interregional e de cobertura nacional precedeu a fase rodovi‡ria, em nosso pa’s e em
outros se deu o contr‡rio: a rodovia foi o modal que cobriu o territ—rio do pa’s.
As ferrovias de penetra•‹o, implantadas em nosso pa’s a partir do sŽculo
passado, foram abandonadas, sucateadas e perderam totalmente competitividade na
medida em que os governos apoiaram a expans‹o dos transportes rodovi‡rio, o que se
acentuou ˆ medida da implanta•‹o da indœstria automobil’stica. A implanta•‹o das
redes de transportes ferrovi‡ria e hidrovi‡ria nos pa’ses capitalistas avan•ados ocorreu
em uma Žpoca que os ve’culos rodovi‡rios praticamente n‹o existiam, ou seja, n‹o
eram op•‹o de transporte, e hoje as redes ferrovi‡ria e rodovi‡ria neles existentes se
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superp›em, permitindo a competi•‹o e a integra•‹o entre esses modais de transporte
terrestre, viabilizando sobremodo a intermodalidade.
Essa observa•‹o Ž importante porquanto dentro da vis‹o atual da teoria da
Economia dos Transportes, a minimiza•‹o e a competitividade interna e externa dos
fretes se tornam efetivas mediante o emprego da intermodalidade intensiva, quando
isso Ž poss’vel. Com a globaliza•‹o, com a abertura de fronteiras ao comŽrcio
internacional e com a inexor‡vel tend•ncia de crescimento da concorr•ncia entre
na•›es, o custo do frete se tornou um dos principais fatores da conquista e da
manuten•‹o de mercados de produtos prim‡rios, inclusive de mercados internos.
Quanto aos transportes por ‡guas internas, somente nos œltimos vinte anos Ž
que se prestou mais aten•‹o ˆ sua recupera•‹o e ˆ sua expans‹o. Mesmo ocorrendo
essa conscientiza•‹o, n‹o disp›e ainda o pa’s e nem a ‡rea dos Cerrados, de rotas
fluviais que facilitem a competitividade, no que concerne ao escoamento de gr‹os
produzidos na regi‹o dos Cerrados centrais.
De Porto Velho, em Rond™nia, parte a hidrovia do rio Madeira. Os comboios
de chatas descem o rio atŽ Itacoatiara, no Amazonas, e a’ ocorre o trasbordo para a
etapa de navega•‹o atŽ os portos europeus. Os ancoradouros de SantarŽm e BelŽm
n‹o est‹o devidamente equipados para o armazenamento e a baldea•‹o de gr‹os e
outros granŽis em alta escala. Uma hidrovia requer, como ocorre com qualquer meio de
transporte, constante manuten•‹o, em especial no que concerne ˆ limpeza do leito do
rio quanto a ‡rvores ca’das e bancos de areia, e ˆ manuten•‹o de canal suficientemente
largo e profundo para a livre navega•‹o dos comboios de chatas e empurradores. A
œnica conex‹o em Porto Velho Ž rodovi‡ria, o que encarece relativamente o frete e
diminui a competitividade, em especial em termos de comŽrcio internacional, da
produ•‹o dos Cerrados tribut‡rios dessa hidrovia.
A hidrovia Tiet•-Paran‡ j‡ funciona entre S‹o Sim‹o, cidade goiana fronteira ao
Tri‰ngulo Mineiro, na margem direita do Rio Parana’ba, desce pelo rio Paran‡ atŽ
Gua’ra, cidade paranaense fronteiri•a com o Paraguai. A hidrovia sobe ainda o rio
Tiet• atŽ ˆs proximidades de Santa Maria da Serra e de Dois C—rregos, no Estado de
S‹o Paulo.
No presente, o rio S‹o Francisco n‹o oferece perspectivas para a amplia•‹o da
sua ‡rea de influ•ncia transportadora, por cortar perpendicularmente a dire•‹o dos
fluxos de escoamento da produ•‹o do Cerrado do oeste do Estado da Bahia, dos
Estados de Goi‡s e Tocantins, e do noroeste de Minas Gerais. Por outro lado, a
barragem de Sobradinho, constru’da para alimentar a hidrelŽtrica do mesmo nome,
interrompeu a navega•‹o direta atŽ Juazeiro. Consequentemente, o escoamento da
produ•‹o da sub-regi‹o da ‡rea dos Cerrados, formada pelo oeste da Bahia e por
Goi‡s, se d‡ preponderantemente por via rodovi‡ria e, em escala reduzida, por estrada
de ferro, atravŽs da Ferrovia Centro-Atl‰ntica, para o porto de Tubar‹o, ES.
Para transportar a produ•‹o da ‡rea mais interiorizada Ð Tocantins, Goi‡s,
leste do Mato Grosso - do Cerrado central Ž que est‡ sendo proposta a constru•‹o da
hidrovia do Araguaia-Rio das Mortes-Tocantins. J‡ existe mesmo a Ahitar,
Administra•‹o da Hidrovia Tocantins-Araguaia, cuja meta reside em implantar essa via
naveg‡vel artificial.
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ð Þ INSERIR MAPA Bitolas
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Passando agora ao sistema ferrovi‡rio nacional, para depois enfocar a rede de
trilhos da regi‹o do Cerrado central, ressalte-se inicialmente um sŽrio entrave ˆ
circula•‹o econ™mica das cargas, n‹o s— daquelas originadas na ‡rea de enfoque como
tambŽm daquelas que lhe s‹o destinadas. Trata-se da multiplicidade das bitolas
ferrovi‡rias, fato que constitui obst‡culo para a livre circula•‹o de trens de liga•‹o
interregional e, em alguns casos, mesmo de liga•‹o inter e intra-estadual. A solu•‹o
para esse impedimento econ™mico e tŽcnico, n‹o apresenta perspectivas temporais de
viabiliza•‹o.
A bitola ferrovi‡ria consiste na dist‰ncia entre os trilhos de uma estrada de
ferro. A bitola mundialmente mais utilizada Ž a de 1,435 m. Esta, porŽm, Ž encontrada
no Brasil apenas na E.F. Amap‡. Esta ferrovia escoava, atŽ o esgotamento recente das
jazidas, o mangan•s dessa unidade federada. Atualmente n‹o h‡ tr‡fego de cargas nem
de passageiros que lhe cubra os custos operacionais. S‹o pouco menos de 200
quil™metros de linha fŽrrea. Por se tratar de ferrovia isolada, desconectada do restante
da rede brasileira de trilhos, sua bitola n‹o cria problema de interrup•‹o de tr‡fego de
trens.
Existe, tambŽm, a bitola de 1,60 m, ou bitola larga. De Santa FŽ do Sul sai a
Ferronorte, em bitola de 1,60 m. Atravessa o Rio Paran‡ com o trecho inaugurado em
1998. No presente, termina em Inoc•ncia, MS. Essa estrada de ferro dever‡
futuramente atingir Cuiab‡, Porto Velho e SantarŽm.
Como se v• no mapa abaixo, a bitola larga divide o sistema ferrovi‡rio em tr•s
partes economicamente estanques: uma a leste das linhas da MRS Log’stica, outra ao
norte de Belo Horizonte e ao sul do Estado de Minas Gerais, e a terceira a oeste da
cidade de S‹o Paulo.
Essas tr•s partes s‹o formadas pela rede de bitola de l m, ou bitola mŽtrica.
Das cercanias de Belo Horizonte sai a E.F. Vit—ria a Minas, da Cia. Vale do Rio Doce,
e chega a Vit—ria, ES, passando pelo Vale do A•o e por Governador Valadares. ƒ uma
das mais eficientes e mais bem mantidas ferrovias do mundo.
H‡, ainda, que se considerar um outro aspecto: a duplicidade das bitolas
ferrovi‡rias em todos os pontos de fronteira com outro pa’s, exclusive em Corumb‡.
A Bol’via Ž o œnico pa’s que pode trocar tr‡fego ferrovi‡rio com o Brasil sem
baldea•‹o de cargas de ou para outra bitola. Toda a restante rede de ferrovias que chega
ˆs cidades brasileiras fronteiri•as com a Argentina e o Uruguai tem a bitola
internacional de 1,435 m. O Paraguai tambŽm a utiliza, embora sua estrada de ferro
n‹o chegue ˆ fronteira com o Brasil. Portanto, a circula•‹o econ™mica internacional
por trilhos, nessa ‡rea do Mercosul, Ž onerada por custos decorrentes, tambŽm, da
multiplicidade das bitolas ferrovi‡rias em nosso pa’s.
Outro fato que deve ser destacado: nenhuma das ferrovias brasileiras
conseguiu, ap—s a privatiza•‹o, atingir as metas de capta•‹o de cargas, estabelecidas
nos respectivos contratos. V‡rios fatores intervieram para que tal ocorresse, entre os
quais destacam-se a desregulamenta•‹o do transporte de combust’veis l’quidos, com o
transporte rodovi‡rio captando a maior parte desse tipo de carga, antes cativa das
ferrovias e dos oleodutos, e os governos federal, estaduais e municipais foram
liberados da imposi•‹o anteriormente existente de receberem (ou remeterem) por via
fŽrrea, sempre que vi‡vel, suas mercadorias.
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Como pode ser observado, em decorr•ncia de fatores hist—ricos e pol’ticos de
diversas ordens, os servi•os de transporte de cargas por estradas de ferro s‹o
qualitativamente e financeiramente onerosos para seus usu‡rios. Por isso Ž que o
modal majorit‡rio quanto ao escoamento da produ•‹o e ao abastecimento Ž o
transporte rodovi‡rio, em que pesem as contra-indica•›es econ™micas.
Devido a esse fato, a rede de estradas de rodagem constitui o meio mais
importante para a movimenta•‹o das cargas que ou se originam na ‡rea dos Cerrados
ou a esta se destinam.
Quanto ˆ amplitude geogr‡fica do transporte rodovi‡rio pela ‡rea dos
Cerrados, veja o mapa na p‡gina seguinte. ƒ poss’vel verificar que a rede de estradas
asfaltadas, embora ainda insuficiente quanto ˆ extens‹o e ˆ cobertura do territ—rio dos
Cerrados, constitui a malha de maior interesse, no presente, para os transportes da
regi‹o. Sendo assim, n‹o Ž de se estranhar que caminh›es transportem a maior parte
das riquezas nela geradas e das que por ela circulam, muito embora, ao menos em
termos te—ricos, seja mais recomend‡vel a utiliza•‹o das ferrovias ou das vias fluviais.
Com rela•‹o a essa quest‹o, da prefer•ncia ÒirracionalÓ pelo transporte
rodovi‡rio a longa dist‰ncia, Ž interessante notar que v‡rios fatores, alŽm da
disponibilidade quase exclusiva de rodovias para a movimenta•‹o de cargas,
contribuem para essa escolha. Apenas a t’tulo de ilustra•‹o, sem pretender esgotar a
lista desses fatores, pode-se ver como dois deles acabam tornando essa escolha mais
ÒracionalÓ, dentro das circunst‰ncias. O primeiro Ž o menor volume unit‡rio a ser
transportado por caminh‹o, dando maior flexibilidade e permitindo que os pr—prios
produtores enviem suas cargas diretamente aos portos, sem passar por um terminal
que acumule volume suficiente para um carregamento ferrovi‡rio ou hidrovi‡rio. Esses
terminais multimodais, diga-se de passagem, s‹o praticamente inexistentes, ou pouco
significativos na regi‹o. A espera para o acœmulo de cargas gera um alto custo
financeiro em Žpocas de infla•‹o alta, situa•‹o muito comum em passado recente, e os
outros modais de transporte s‹o mais lentos, contribuindo tambŽm para o uso de
caminh›es, que proporcionam entrega e faturamento mais r‡pido.
O problema maior do transporte por rodovia na ‡rea dos Cerrados centrais
reside mais na manuten•‹o de sua rede, tanto dos trechos j‡ pavimentados como
daqueles que ainda n‹o receberam tal melhoramento, e menos na amplia•‹o da rede,
embora a expans‹o seja relevante, em termos locais. Especialmente nas esta•›es
chuvosas de 1995, 1996, 1997 e in’cio de 1998, longos e numerosos trajetos,
espalhados por toda a ‡rea dos Cerrados, apresentaram pŽssimas condi•›es de
tr‡fego.
Com rela•‹o ao transporte aŽreo, bastar‡ mencionar que, para o tr‡fego de
cargas, sua utiliza•‹o Ž limitada a produtos com maior valor unit‡rio, que possam
suportar fretes mais elevados. Esse meio n‹o serve para o transporte em alta escala de
produtos de baixo valor, como Ž o caso de gr‹os, o tipo de produ•‹o de maior interesse
para aqueles que n‹o conhecem o valor e o potencial da regi‹o do Cerrado, e nele
desejam implantar a monocultura. O aeroplano participa mais do tr‡fego de
passageiros e, mesmo assim, o transporte aŽreo pouco compete, dado seu alto custo,
com os ™nibus e ve’culos particulares apenas nas rotas que ligam as capitais e algumas
cidades mais relevantes da regi‹o entre si e com outras capitais e cidades do pa’s.
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Mapa Rodovi‡rio
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Enquanto a Uni‹o, Estados e Prefeituras apoiam o servi•o rodovi‡rio,
construindo as vias e pavimentando-as, e atŽ mesmo construindo e mantendo esta•›es
rodovi‡rias, as empresas ferrovi‡rias devem arcar com todos os custos de constru•‹o e
de manuten•‹o de todas as benfeitorias relacionadas com esse tipo de transporte. Por
conseguinte, o transporte rodovi‡rio Ž subsidiado indiretamente. O mesmo ocorre, de
maneira similar, com o transporte aerovi‡rio e aquavi‡rio, pois tambŽm s‹o
benefici‡rios de grandes economias indiretas.
4. Projetos, planos e perspectivas
O Rodoviarismo e as Ferrovias
N‹o faltaram, desde o final da guerra do Paraguai, projetos e planos cuja
inten•‹o consistia em quebrar o isolamento da regi‹o dos Cerrados e abr’-la ˆ inser•‹o
na economia brasileira e internacional.
Torna-se desnecess‡rio, no entanto, focalizar planos e projetos mais antigos.
Ser‡ suficiente sumariar as propostas oficiais mais interessantes para a ‡rea,
apresentadas desde o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, 1946-1951.
No per’odo do governo Dutra teve in’cio o prolongamento da E.F. Central do
Brasil a partir de Buritizeiro, pequena localidade fronteiri•a a Pirapora, no rio S‹o
Francisco. Pirapora era o ponto inicial da navega•‹o desse rio, conhecido como o rio
da integra•‹o nacional. O Presidente Dutra pretendia levar os trilhos atŽ BelŽm do
Par‡. Cortando o Cerrado do noroeste do Estado de Minas Gerais pelo vale dos rios
Paracatu e Preto, passaria por Una’. Desceria pelo vale do Rio Paran‹, passando, j‡ no
Estado de Goi‡s, pelas cidades de Formosa, Nova Roma, Paran‹, Peixe, Porto
Nacional e Pedro Afonso. Entrando no Maranh‹o, passaria por Carolina e Imperatriz.
No Par‡, ligar-se-ia ˆ E.F. Bragan•a e, por esta, chegaria ˆ capital BelŽm. Em Minas
Gerais, o leito foi terraplanado em longa extens‹o. Os trilhos nunca foram lan•ados e
as obras executadas se perderam.
Com o Presidente Juscelino Kubitschek definitivamente se consolidou a
preced•ncia do rodoviarismo, uma vez que 1) a rede ferrovi‡ria n‹o poderia ser
estendida com a rapidez necess‡ria a todos os recantos carentes de transportes; 2) o
governo federal, em virtude de ser o propriet‡rio da maior parte das estradas de ferro
de ent‹o, n‹o dispunha do capital necess‡rio para construir e equipar estradas de ferro;
3) os governos estaduais, que operavam algumas das estradas de ferro de propriedade
federal, eram ainda mais pobres, em termos de recursos financeiros, para construir e
equipar suas ferrovias, e j‡ pretendiam entreg‡-las ao governo federal; 4) era
amplamente admitida e reconhecida a inger•ncia pol’tica nas administra•›es
ferrovi‡rias, de modo que sempre, nos bastidores do setor pœblico e do ent‹o
MinistŽrio de Via•‹o, se tinha por certo que os servi•os seriam pouco confi‡veis e
pouco competitivos com o transporte rodovi‡rio de longa, mŽdia e, muito mais ainda,
de curta dist‰ncia; 5) por seu lado, para o transporte rodovi‡rio de cargas, bastaria ao
setor pœblico arcar com a constru•‹o das pistas de rodagem, enquanto o setor privado
colaboraria com a frota, com armazŽns e terminais, e com outras instala•›es e
benfeitorias, alŽm de pagar impostos sobre o licenciamento dos ve’culos; por œltimo,
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pode-se acrescentar o interesse do Governo Federal na cria•‹o/expans‹o do mercado
para a indœstria automobil’stica que iniciava sua implanta•‹o no pa’s, consolidando a
preval•ncia do transporte individual sobre o coletivo e do transporte rodovi‡rio de
cargas sobre os ferrovi‡rios ou hidrovi‡rios.
Os Corredores de Exporta•‹o
No in’cio da dŽcada de 1970, em virtude dos efeitos iniciais do per’odo
conhecido por milagre brasileiro, o Brasil passou a necessitar, com urg•ncia, de tornar
competitiva sua pauta de exporta•›es. Dessa necessidade nasceu o projeto dos
Corredores de Exporta•‹o, inclu’do no Plano Nacional de Desenvolvimento
1972/1974, dentro ao Programa Corredores de Transportes.
Os corredores de exporta•‹o seriam constitu’dos por rotas de escoamento de
grandes massas, principalmente gr‹os e outros granŽis, entre as ‡reas de produ•‹o e os
locais de destino dos produtos. Esses locais de destino eram os polos internos de
consumo intermedi‡rio e final, os polos internos de industrializa•‹o e os terminais
mar’timos de exporta•‹o. No caso dos corredores de exporta•‹o, o destino, em
territ—rio nacional, seriam os portos 1) de Rio Grande, RS; 2) de Paranagu‡, PR; 3) de
Santos, SP, e 4) de Vit—ria, ES. Ë regi‹o do Cerrado central interessava principalmente
os corredores de Santos e Vit—ria, e secundariamente o porto de Paranagu‡. Hoje,
entretanto, em virtude das tarifas e outros custos e entraves portu‡rios, o porto de
Paranagu‡ tem escoado por•‹o representativa da produ•‹o da ‡rea do Cerrado.
Por essa ocasi‹o, o Banco Mundial alertara as autoridades brasileiras para o
fato de que as ferrovias deveriam merecer tanta aten•‹o quanto as rodovias, dentro das
perspectivas da Žpoca e futura do desenvolvimento brasileiro e da pol’tica brasileira de
exporta•‹o de gr‹os em larga escala, que ent‹o tinha in’cio.
O Cerrado teria, pois, duas grandes portas de sa’da: Goi‡s, noroeste de Minas
e sudoeste da Bahia teriam primariamente o porto de Vit—ria e secundariamente o
porto de Santos. O corredor do Mato Grosso (incluindo o atual Estado do Mato
Grosso do Sul) teria, como terminal mar’timo, o porto de Santos. O sistema
ferrovi‡rio tribut‡rio desses portos seria complementado por uma vasta rede de
rodovias previstas no Prodoeste, e se propunham melhorias e asfaltamento das
rotas Itumbiara-Jata’-Cuiab‡-Porto Velho, Ara•atuba-Tr•s Lagoas-Campo GrandeCorumb‡, Ponta Por‹-Campo Grande-Cuiab‡ e, em futuro mais distante, a rota Santa
FŽ do Sul-Cuiab‡. O sistema rodovi‡rio recebeu, gradativamente, as melhorias
previstas e expans›es n‹o previstas. As ferrovias n‹o receberam a maior parte dos
melhoramentos no tra•ado, como as variantes Tr•s Lagoas-Campo Grande, MS,
Uruburetama-Campos Altos, MG, alŽm de v‡rios outros. TambŽm n‹o se recuperou,
como projetado, a via permanente. Como resultado, a ferrovia n‹o p™de competir com
o transporte rodovi‡rio em termos de dist‰ncia, tempo de viagem e de frete.
No Plano Nacional de Desenvolvimento 1972/1974 havia, portanto, a inten•‹o
expl’cita de se desenvolver para o comŽrcio exterior, alŽm das ‡reas tribut‡rias dos
portos de Rio Grande, de Paranagu‡, de Santos e de Vit—ria, o interior mais distante de
Santos e de Vit—ria, ou seja, a regi‹o do Cerrado central. No entanto, a recupera•‹o
das linhas fŽrreas de liga•‹o do Cerrado com esses portos n‹o foi executada, ficando
muito aquŽm do previsto no subplano ferrovi‡rio.
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A DŽcada de 1990 e as Ferrovias
Na dŽcada de 1990 voltou-se a focalizar a import‰ncia da ferrovia para o
desenvolvimento da regi‹o do Cerrado. Em fins de mar•o de 1993 o ministro dos
Transportes veio a Goi‡s para dar in’cio aos trabalhos de recupera•‹o do trecho
ferrovi‡rio de Leopoldo de Bulh›es a An‡polis, quase fora de uso em conseqŸ•ncia do
pŽssimo estado da linha fŽrrea. O Batalh‹o Ferrovi‡rio do ExŽrcito, sediado em
Araguari, MG, foi encarregado da obra. A press‹o pela recupera•‹o havia partido do
Conselho de Desenvolvimento do Corredor Centro-Leste. Ao longo do Corredor
Centro-Leste haveria uma seq٥ncia de silos com capacidade de cerca de 60.000
toneladas. A capacidade de transporte da ferrovia seria de 300.000 toneladas/ano. No
trecho Leopoldo de Bulh›es a An‡polis os comboios comportavam o m‡ximo de 6
vag›es: ap—s as obras, a capacidade subiu para 36 vag›es por trem.
Em 1993, para se transportar, por caminh‹o, uma tonelada de
soja de C‡ceres (MT), e coloc‡-la no porto de Vit—ria (ES), o
produtor gastava US$70. Em abril de 1995, o frete por via
ferrovi‡ria foi reduzido para US$27 ! As exporta•›es de gr‹os
atravŽs do porto capixaba aumentaram de 352.000 toneladas,
em 1992, para mais de 2 milh›es em 1994, sendo 1,1 milh‹o
de toneladas de soja e de farelo de soja. Os gr‹os eram
oriundos especialmente do Cerrado mineiro, goiano e,
parcialmente, do matogrossense. No entanto, pouco a pouco
caiu a qualidade do transporte devido ˆ m‡ situa•‹o tŽcnica e
qualitativa da linha fŽrrea de Belo Horizonte (MG), a Goi‡s e
ao Tri‰ngulo Mineiro.
Ainda em 1995 ocorreu um aumento do frete ferrovi‡rio, da ordem de 25 %.
Consequentemente, as exporta•›es cairam, em parte porque o transporte ferrovi‡rio
n‹o p™de substituir totalmente a rota rodovi‡ria. O problema do frete ferrovi‡rio
permanece relevante, portanto.
Em 1996, o porto de Tubar‹o, de propriedade da Cia. Vale do Rio Doce, junto
a Vit—ria (ES), recebeu tr•s novos ber•os de atraca•‹o, destinados prioritariamente a
cargas de terceiros, granŽis l’quidos e s—lidos, e fertilizantes.
A E.F. Vit—ria a Minas adquiriu da RFFSA o trecho de Nova Era em dire•‹o ˆ
capital mineira. Construiu nele uma variante entre Costa Lacerda e Capit‹o Eduardo, j‡
perto de Belo Horizonte e junto a Santa Luzia. Essa variante melhorou em muito as
condi•›es do tr‡fego tanto no sentido da exporta•‹o como de importa•‹o, favorecendo
bastante o transporte em dire•‹o ao porto de Vit—ria.
Ainda no tocante aos planos ferrovi‡rios, mencione-se a iniciativa da
Ferronorte. Em lugar de esperar pela conclus‹o de seus 398 quil™metros iniciais, em
1998 inaugurou o primeiro trecho, entre Santa FŽ do Sul, SP, e Inoc•ncia, MS. Trens
da Fepasa, chegar‹o ao terminal de Aparecida do Taboado, MS, para o carregamento
de soja. No futuro, a Ferronorte chegar‡ Cuiab‡ e a Porto Velho, cortando a ‡rea dos
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Cerrados centrais em sua dimens‹o maior. Uma outra linha da Ferronorte sair‡ de
Uberl‰ndia, no Tri‰ngulo Mineiro, passar‡ pelas imedia•›es de Itumbiara, GO, seguir‡
na dire•‹o de Rio Verde e Jata’, GO, e se entroncar‡ com o tronco de bitola larga que
parte de Santa FŽ do Sul, SP, e chegar‡ a Porto Velho. Das imedia•›es de Cuiab‡
dever‡ sair outra linha, desta vez para SantarŽm, PA. Como se v•, n‹o faltam projetos
de transporte para movimenta•‹o Ð com pre•os competitivos - de gr‹os produzidos na
‡rea do Cerrado central.
Os Cerrados do Estado do Tocantins e do sudoeste do Maranh‹o j‡ deveriam,
caso os planos ferrovi‡rios tivessem sido obedecidos quanto aos cronogramas, estar
conectados ao Porto da Madeira, terminal da E.F. Caraj‡s junto a S‹o Lu’s (MA),
atravŽs desta estrada de ferro e da Ferrovia Norte-Sul.
Da Norte-Sul est‡ conclu’do o trecho que vai de A•ail‰ndia a Imperatriz. O
tr‡fego Ž rarefeito, no entanto, devido ˆ falta de conex‹o ferrovi‡ria com o restante do
vale do Rio Tocantins.
Os Projetos das hidrovias do Paraguai e Araguaia-Tocantins
AlŽm da extens‹o da hidrovia Tiet•-Paran‡ atŽ Gua’ra, h‡ projetos para a
implanta•‹o de hidrovias industriais nos rios Paraguai e das Mortes, Araguaia e
Tocantins. No caso da hidrovia do rio Paraguai j‡ existem estudos indicando que seus
impactos ambientais, sociais e econ™micos poder‹o ser altamente negativos,
particularmente sobre o Pantanal matogrossense, com perigo de secar parte dessa
imensa reserva natural. Esse impacto ambiental se daria principalmente no Brasil e
Paraguai, com sŽrias repercuss›es econ™micas e sociais sobre as popula•›es
tradicionais e ind’genas dos dois pa’ses.
ƒ importante lembrar, aqui, que o leito do rio Paraguai Ž de curso livre, ou seja,
n‹o apresenta qualquer obst‡culo ˆ navega•‹o e, desse modo, tem sido utilizado para
transporte de carga e passageiros ao longo dos œltimos sŽculos. Sua capacidade de
carga, no trecho mais restrito, de C‡ceres (MT) a Corumb‡ (MS), tem sido
aproveitada em apenas 5%, n‹o se justificando economicamente as obras propostas
para ampliar sua capacidade. O projeto ora em discuss‹o pretende transformar o rio
em uma hidrovia industrial, aprofundando seu leito e ampliando a dimens‹o das
embarca•›es utilizadas.
Quanto ˆ hidrovia rio das Mortes, Araguaia e Tocantins, os impactos
previstos s‹o ainda maiores, em rela•‹o ao projeto do rio Paraguai. Os cursos desses
rios apresentam obst‡culos naturais ˆ navega•‹o, que precisar‹o ser removidos.
Existem, tambŽm, obst‡culos artificiais introduzidos pelo homem, como a barragem de
Tucuru’, exigindo a constru•‹o de uma enorme eclusa para transposi•‹o de barcos,
com um custo or•ado da ordem de US$ 400 milh›es. AlŽm disso, a altura de ‡gua
dispon’vel no rio Araguaia chega, em alguns pontos, a apenas 40 cm, em Žpoca de
estiagem. O assoreamento do canal seria constante e exigiria opera•‹o diuturna e cara
de dragagem da areia. As praias do Araguaia tenderiam a desaparecer, em grande
extens‹o.
Como esse rio n‹o disp›e de volume de ‡gua para viabilizar um canal com alta
capacidade de tr‡fego de comboios de barca•as, segundo a previs‹o da AHITAR,
Administra•‹o da Hidrovia Tocantins Ð Araguaia constante no seu primeiro
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EIA/RIMA (que n‹o foi aprovado pelo IBAMA), dever‹o ser constru’das 11 eclusas.
Seria necess‡rio construir, tambŽm, a dispendiosa eclusa de Tucuru’. Precisar-se-ia
construir um ponto de transbordo de cargas para a E.F. Caraj‡s, pois o porto de BelŽm
n‹o comporta grandes navios graneleiros, e os gr‹os deveriam ser enviados para o
transporte mar’timo na Ponta da Madeira, nas proximidades de S‹o Lu’s. Dever-seiam transferir aldeias ind’genas e algumas de suas reservas seriam parcialmente
inundadas. Cidades deveriam ser transferidas...
5. Conclus›es
O transporte b‡sico de cargas na regi‹o focalizada ainda Ž o rodovi‡rio, em que
pesem o custo do frete, a relativa baixa capacidade de movimenta•‹o de cargas, a
insuficiente cobertura territorial das vias asfaltadas e a degrada•‹o da manuten•‹o das
pistas de rolamento.
Existem, hoje, v‡rias alternativas de transporte de mercadorias. A decis‹o de
como compor a rede necess‡ria com um mosaico de modais, que a torne a mais
eficiente poss’vel, depende de uma ampla discuss‹o que defina como deve ser o
aproveitamento econ™mico da regi‹o. Para cada op•‹o adotada haver‡ uma composi•‹o
de modais mais adequados. Dessa forma, a discuss‹o e decis‹o acerca da quest‹o de
transporte de cargas na regi‹o do Cerrado central depende, em alto grau, de uma prŽvia
formula•‹o e ado•‹o de um Plano de Desenvolvimento Regional definido em fun•‹o
dos interesses da popula•‹o da regi‹o, levando em conta critŽrios como a
sustentabilidade social e ambiental das atividades produtivas.
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Cap’tulo IV - Alternativas de Atividades Econ™micas Sustent‡veis com Base
Rural
Nos Cerrados, as necessidades de sobreviv•ncia e desenvolvimento de
pequenos e mŽdios produtores rurais, das popula•›es tradicionais e ind’genas,
dificilmente podem ser atendidas com um sistema œnico de produ•‹o, seja ele o
extrativismo, cultivo de gr‹os, pecu‡ria, sistemas florestais, o turismo rural ou
qualquer outra atividade isolada. Da mesma forma, a sustentabilidade de grandes
empreendimentos depende da diversifica•‹o e de melhoramentos constantes nos
sistemas produtivos: cultivos anuais e cont’nuos determinam, com o passar dos anos,
significativas quedas de produtividade.
A integra•‹o de atividades agr’colas, pecu‡rias, florestais e extrativistas,
sistema praticado tradicionalmente na maioria das regi›es rurais do pa’s pelos
pequenos e mŽdios propriet‡rios, permite distribuir as atividades durante todo o ano,
aproveitando-se diferentes cultivos e cria•›es, de acordo com os recursos locais e o
potencial de trabalho das unidades produtivas. O aprimoramento desses sistemas
depende, sempre, de investimentos na capacita•‹o do produtor e de agilidade na
pesquisa e informa•‹o agropecu‡ria.
Nas pr—ximas se•›es ser‹o fornecidas informa•›es resumidas de espŽcies
nativas cujos potenciais produtivos est‹o sendo explorados, em escala local, na
pesquisa, produ•‹o, comŽrcio e/ou consumo. Os sistemas de produ•‹o variam, hoje,
para cada localidade ou regi‹o, quase sempre entre o extrativismo predat—rio e a
monocultura intensiva. Apresentamos, tambŽm, uma pequena rela•‹o de pr‡ticas
agr’colas consagradas na melhoria e manuten•‹o do potencial produtivo no Cerrado,
cujos resultados efetivos s‹o importantes em qualquer sistema de uso dos solos da
regi‹o.
O potencial produtivo dos recursos naturais s— pode ser pesquisado em escala
local, tornando necess‡ria a realiza•‹o de discuss›es microrregionais sobre
desenvolvimento rural. Foram consultados v‡rios tŽcnicos de entidades pœblicas e
privadas, resultados de estudos e pesquisas, informa•›es da m’dia agr’cola e outras
fontes, para identificar e selecionar os resultados mais interessantes, descritos a seguir.
A divulga•‹o dessas informa•›es tem o objetivo de introduzir o leitor nos variados
temas relacionados ao desenvolvimento rural na bacia do Araguaia-Tocantins. A
experi•ncia pessoal das pessoas envolvidas nessas discuss›es, e a consulta mais
aprofundada a novas fontes de informa•‹o, s‹o os principais instrumentos a serem
utilizados na avalia•‹o do potencial local de utiliza•‹o das espŽcies nativas e de
sistemas de produ•‹o adaptados ao Cerrado.
1. Introdu•‹o
Apresenta-se, a seguir, um panorama preliminar das op•›es regionais para o
desenvolvimento rural sustent‡vel, a partir de algumas tecnologias dispon’veis e de
experi•ncias existentes nos Cerrados brasileiros, do ponto de vista do seu potencial de
utiliza•‹o na bacia do Araguaia-Tocantins. Entretanto, qualquer generaliza•‹o para os
Cerrados deve ser feita com muita cautela, pois existem 11 tipos distintos de
Cerrados, como mostrado no Cap’tulo I do presente documento.
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Cada tipo de Cerrado est‡ associado a caracter’sticas pr—prias de ‡gua e solo,
resultando em fauna, flora e paisagem distintas, o que torna extremamente importante
a realiza•‹o de zoneamentos agr’colas, ecol—gicos e econ™micos e, consequentemente,
o planejamento para o desenvolvimento regional. Com essas ressalvas, assume-se o
risco das generaliza•›es necess‡rias sobre os Cerrados dessa regi‹o. Mas todo esfor•o
de planejamento deve ser concentrado no reconhecimento dos recursos naturais em
n’vel de microrregi›es.
A cobertura vegetal natural na bacia do Araguaia-Tocantins Ž composta
basicamente por Cerrado t’pico e campos Cerrados, e a ocorr•ncia de matas de galeria
domina em torno de 10% da regi‹o. As diferentes florestas (cerrad‹o, mata seca e
outras) t•m sido erradicadas pela explora•‹o madeireira, pelo carvoejamento e pela
fronteira agropecu‡ria. O uso da terra Ž concentrado na pecu‡ria extensiva e nas
culturas de arroz, milho, feij‹o e soja, as quais contam com tecnologia, assist•ncia
tŽcnica e linhas de crŽdito dispon’veis em quase toda a regi‹o. Atualmente, cerca de
42% da produ•‹o de soja, 32% da produ•‹o de milho e 40% do rebanho bovino
nacionais se concentram na regi‹o do Cerrado.
A disponibilidade de luz, ‡gua e nutrientes s‹o fatores determinante do
crescimento da vegeta•‹o, tanto nas matas naturais como nos agrossistemas. No
Cerrado, temos luz em abund‰ncia e, na Žpoca das chuvas, ‡gua suficiente para a
implanta•‹o dos mais variados cultivos. Por outro lado, a reservas de ‡gua no subsolo
(len•ol fre‡tico) e na superf’cie (nascentes, rios e lagoas) representam alternativas para
cultivos perenes e culturas irrigadas. Deve-se ressaltar, porŽm, que em v‡rias
macrorregi›es essas reservas j‡ est‹o comprometidas devido ao excesso de uso para as
atividades humanas e pela falta de prote•‹o dos recursos h’dricos.
O fator limitante mais importante ˆ diversifica•‹o ou ˆ intensifica•‹o das
atividades agr’colas na regi‹o Ž a estrutura dos solos, tanto por sua baixa fertilidade
mineral como pelo seu alto risco de eros‹o. Quanto ˆ fertilidade, os solos
predominantes na regi‹o s‹o fortemente ‡cidos (o que inibe o crescimento das plantas)
e com altos de teores de alum’nio (que Ž t—xico ˆs plantas comercialmente cultivadas),
apresentando ainda baixos teores de f—sforo, pot‡ssio, c‡lcio, magnŽsio, enxofre e de
micronutrientes. Os baixos n’veis de matŽria org‰nica destes solos tambŽm determinam
baixos teores de nitrog•nio.
As taxas de eros‹o natural s‹o em grande parte respons‡veis, junto com a
ocorr•ncia das queimadas, pela baixa fertilidade desses solos, devido a milh›es de anos
de eros‹o dos nutrientes sob chuvas abundantes e altas temperaturas. Esses processos
erosivos naturais est‹o sendo intensificados pela acelerada retirada da vegeta•‹o e pela
falta de prote•‹o do solo e da ‡gua, como resultado da ocupa•‹o mal planejada da
fronteira agr’cola, da utiliza•‹o de sistemas de produ•‹o n‹o adaptados ˆ regi‹o, pela
explora•‹o predat—ria dos recursos minerais e tambŽm das consequ•ncias do
crescimento urbano e industrial n‹o planejado. A intensifica•‹o da eros‹o causa a
perda de nutrientes, a perda de camadas de solo, o aparecimento de vo•orocas e o
assoreamento dos rios. Este processo come•a quando as primeiras chuvas, ap—s a
esta•‹o seca, caem sobre o solo seco, sem cobertura vegetal e endurecido, o que
provoca um grande escoamento superficial da ‡gua. Esta se concentra em canais
naturais do relevo ou ao longo de estradas, e seu escoamento provoca o desabamento
do solo nos pontos mais fr‡geis (as vo•orocas) e o acœmulo dos sedimentos (terra,
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nutrientes, agroqu’micos e etc) nos rios e lagoas. Em latossolos com 5% de
declividade, s‹o encontradas as seguintes taxas de eros‹o:
Eros‹o de Solos no Cerrado
Uso do Solo
Eros‹o Anual,em t/ha
Milho
29
Soja, plantio convencional
9
Soja, plantio direto
5
Pastagem
0,1
Solo Descoberto
50
Fonte: Dedececk et al (1986)
O uso cont’nuo dessas terras, do ponto de vista agr’cola, est‡ condicionado,
portanto, ao manejo correto do solo, o que envolve a corre•‹o da fertilidade, o controle
da eros‹o, aumento da ciclagem dos minerais e matŽria org‰nica, aumento da
diversidade de organismos melhoradores das caracter’sticas de solo (alguns
microorganismos, insetos e outros artr—podes, plantas), a prote•‹o de nascentes e
reservas nativas, alŽm de v‡rias outras tŽcnicas que se costumam chamar, no conjunto,
de Òboas pr‡ticas agr’colasÓ. O manejo correto do solo n‹o se limita a implantar estas
boas tŽcnicas ap—s a ocupa•‹o do Cerrado, mas sim no planejamento antecipado da
ocupa•‹o.
Entretanto, o conceito de sustentabilidade das atividades rurais n‹o se limita ˆ
utiliza•‹o de boas pr‡ticas e tecnologias. A atividade agr’cola deve ter continuidade no
plano econ™mico, ambiental e social, caso contr‡rio os sistemas de produ•‹o n‹o se
sustentam com o tempo. Podemos exemplificar o conceito de sustentabilidade
estudando, por exemplo, as grandes ‡reas cultivadas com soja. Sob a —tica da social e
econ™mica, da sociedade como um todo, a produ•‹o de gr‹os (soja e milho, em
especial), em grandes propriedades e com alta tecnifica•‹o, resulta, entre outros
aspectos, em: baixa capacidade de gera•‹o de emprego; os empregos criados s‹o de
baixa qualifica•‹o e remunera•‹o; baixa participa•‹o da renda do trabalho na renda
gerada e maior concentra•‹o de renda; viabilidade econ™mica somente para grandes
‡reas e com cultivos altamente tecnificados; expuls‹o da pequeno produtor rural;
aparecimento de problemas de fertilidade e fitossanit‡rios com os respectivos custos
de controle, entre outras consequ•ncias diretas e indiretas.
Apesar das restri•›es existentes, o Cerrado transformou-se rapidamente na
nova fronteira agr’cola do pa’s e, em poucas dŽcadas, em uma das maiores regi›es
produtoras de gr‹os. Entretanto, os sistemas de produ•‹o intensivos adaptados de
outras regi›es, especialmente os que promovem as grandes monoculturas, t•m
provocado graves consequ•ncias econ™micas, ambientais e sociais, como a deteriora•‹o
dos solos, eros‹o, destrui•‹o de cursos de ‡gua, seca, extin•‹o das plantas nativas com
potencial econ™mico ou valor medicinal, destrui•‹o de paisagens naturais, extin•‹o de
animais nativos, contamina•‹o por agrot—xicos e outros agroqu’micos, custos
adicionais de manuten•‹o de obras de engenharia de grande porte, e uma sŽrie de
consequ•ncias sociais nas ‡reas de saœde, habita•‹o, saneamento, migra•‹o e •xodo
rural.
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De que forma, ent‹o, poderemos definir qual a melhor maneira de utilizar o
Cerrado ao longo do tempo? A variedade das respostas est‡ em fun•‹o da variedade
dos recursos naturais que se encontram em cada tipo de Cerrado.
O Òzoneamento agroecol—gicoÓ vem sendo utilizado mais recentemente pelo
governo federal no planejamento de pol’ticas agr’colas. Ele acrescenta ao zoneamento
agr’cola uma sŽrie de fatores ecol—gicos e novas metodologias de elabora•‹o dos seus
estudos. Entre estas e outras experi•ncias de planejamento regional, os resultados
obtidos nas dŽcadas de 70 e 80 com os projetos de microbacias hidrogr‡ficas merecem
destaque de produtores, tŽcnicos e pol’ticos, tendo registrado o grande mŽrito de
realizar o planejamento do desenvolvimento rural ao n’vel da regi‹o de influ•ncia de
um pequeno rio. Desta maneira, n‹o somente Ž mais f‡cil realizar o zoneamento
agr’cola e ambiental, devido ˆ diminui•‹o da ‡rea de abrang•ncia dos estudos, como se
torna poss’vel a efetiva participa•‹o da sociedade (produtores, tŽcnicos, pol’ticos,
empres‡rios, professores, trabalhadores rurais e urbanos, etc) no planejamento local,
resultando em maior adequa•‹o e credibilidade social para os projetos de
desenvolvimento.
O desenvolvimento das regi›es do Cerrado, sustent‡vel nos planos econ™mico,
ambiental e social, deve basear-se, portanto, em dois princ’pios fundamentais:
conhecimento dos recursos naturais existentes em uma localidade ou microrregi‹o
e planejamento estratŽgico com a participa•‹o efetiva da sociedade. A aplica•‹o
destes dois princ’pios no Cerrado brasileiro enfrenta, entretanto, limita•›es: n‹o temos
conhecimentos aprofundados sobre a maioria destes ecossistemas, nem temos a
tradi•‹o da participa•‹o da popula•‹o nos planejamentos regionais. Essas dificuldades,
no entanto, n‹o s‹o insuper‡veis: na medida em que a popula•‹o seja convocada, e
participe efetivamente do processo de planejamento e tomada de decis›es, ela poder‡
contribuir com seu conhecimento espec’fico de cada regi‹o, ou micro-regi‹o, e seu
ecossistema.
Grande variedade de plantas nativas
As fam’lias de plantas predominantes no Cerrado s‹o as gram’neas, as
leguminosas e as orqu’deas. Somente o Distrito Federal tem 233 espŽcies identificadas
de orqu’deas, dentre quase 500 espŽcies nativas do Cerrado. Cerca de 80 espŽcies
nativas fornecem frutos, sementes ou palmitos saborosos e nutritivos ao homem,
outras 20 fornecem corti•a, dezenas de espŽcies produzem —leos e resinas para v‡rias
aplica•›es, mais de 100 espŽcies s‹o consideradas medicinais (algumas comercialmente
utilizadas pela industria farmac•utica), outras 200 espŽcies de plantas t•m
caracter’sticas ornamentais. As principais espŽcies de valor madeireiro, como a aroeira,
perobas, copa’ba, jatob‡s, gon•alo-alves, jacarand‡ e o landim, est‹o desaparecendo da
regi‹o, muitas vezes se transformando em lenha e carv‹o. Existem mais de 500
espŽcies de abelhas na regi‹o, cerca de 20 delas s‹o consideradas produtoras de mel,
junto a mais de 200 espŽcies de plantas com potencial na produ•‹o de mel pela abelha
europa.
A CEASA de Goi‰nia registrou, em 1988, a comercializa•‹o de 780 toneladas
de frutos de pequi e 850 toneladas de palmito de gueroba. As variedades silvestres de
caju, mandioca, abacaxi, caqui, goiaba e amendoim, entre muitas outras, podem ser
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aproveitadas no melhoramento das variedades cultivadas em todo o pa’s, por exemplo
no aumento na resist•ncia a pragas e doen•as, podendo colaborar na diminui•‹o do uso
de agrot—xicos.
Percorrendo as cidades do Centro-Oeste, suas feiras populares e comŽrcios
locais, encontram-se centenas de produtos nativos oferecidos na forma de p‹es e
bolos, doces, licores, conservas, uma sŽrie diversificada de produtos naturais ou
beneficiados, que formam base para uma economia informal tradicional na regi‹o. A
lista das espŽcies conhecidas de animais e vegetais com potencial de aproveitamento
econ™mico Ž enorme, mas faltam estudos que, em alguns casos, caracterizem sua
utilidade direta e, em para a grande maioria, estabele•am formas de manejo visando
escalas de produ•‹o comerciais.
O fato Ž que estamos desmatando ‡reas de cerrad›es e matas para implantar
culturas como soja e arroz. N‹o seria mais l—gico utilizar para fins florestais as ‡reas
onde as ‡rvores de Cerrado crescem melhor? Quais as vantagens de desmatamento das
florestas nativas para culturas de gr‹os, em vez de utilizar as ‡reas de Cerrado t’pico?
Seria mais l—gico o aproveitamento dos solos do Cerrado utilizando um modelo que
reproduza a natureza. Isso significa que devemos utilizar um conjunto de atividades
agr’colas que envolva ‡rvores, arbustos, gram’neas e leguminosas rasteiras para
aproveitar de uma maneira uniforme e eficiente as reservas de nutrientes e de ‡gua que
existem no solo. As espŽcies com maior potencial de aproveitamento desses recursos
naturais s‹o as nativas que, sendo capazes de se desenvolver na presen•a de alum’nio e
acidez do solo, e resistentes ˆ seca, t•m grande potencial de responder
econ™micamente a pr‡ticas b‡sicas de manejo agroflorestal, como aduba•‹o, capina,
prote•‹o contra o fogo, consorcia•‹o, irriga•‹o e outras.
As culturas de gr‹os nas regi›es de Cerrado exigem grandes ‡reas e alto
investimento de capital para trazer retorno econ™mico. Ou seja, Ž neg—cio para poucas
pessoas que disponham de capital, crŽdito e terras. Como resultado, temos extensas
‡reas de monocultivos, intensamente mecanizadas, com grande consumo de
fertilizantes e agrot—xicos, que acabam provocando a quase total elimina•‹o das
espŽcies animais e vegetais nativas nas ‡reas cultivadas.
Diante desta riqueza desconhecida, v‡rias iniciativas t•m sido desenvolvidas,
principalmente na œltima dŽcada, com o objetivo de explorar estes recursos nativos do
Cerrado. Centros de pesquisa, ligados a universidades ou a empresas pœblicas, t•m
estudados o potencial de aproveitamento de plantas e animais. Empresas ligadas ao
setor farmac•utico e aliment’cio t•m fortalecido o comŽrcio de alguns produtos.
Empreendimentos voltados ˆ cria•‹o, em cativeiro, de animais da regi‹o foram
implementados e pequenas empresas t•m se especializado no mercado regional de
alimentos. Organiza•›es n‹o-governamentais e governamentais t•m investido em
projetos comunit‡rios de car‡ter inovador na explora•‹o sustent‡vel destes recursos.
As dificuldades apontadas s‹o muitas, especialmente quanto ˆ falta de
pol’ticas pœblicas que priorizem o aproveitamento destes recursos, nas ‡reas de
pesquisa b‡sica, desenvolvimento de tecnologia, assist•ncia tŽcnica, linhas de crŽdito,
pol’ticas agr’colas e agr‡rias, infra-estrutura de beneficiamento-transportecomercializa•‹o, etc. Sob esse aspecto, o apoio pœblico e pol’tico Ž fundamental, pois
sem ele o Cerrado n‹o teria se transformado no celeiro de gr‹os do pa’s em apenas 20
anos .
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Cerrado e gera•‹o de renda
O aproveitamento dos recursos naturais e da voca•‹o rural da regi‹o da bacia
Araguaia-Tocantins, permite que o setor rural possa se beneficiar do valor existente na
Natureza, tornando comercializ‡veis v‡rios produtos regionais, atendendo a variados
mercados potenciais como, por exemplo: frutas e frutos naturais ou beneficiados;
madeiras e produtos madeireiros; insumos para a indœstria qu’mica e de tecnologia;
carne, couro e subprodutos animais silvestres; novos animais e plantas domŽsticos;
mel, pr—polis e outros produtos ap’colas de v‡rias qualidades; pasta de pequi, bebidas
energŽticas sabor perinha, doce de araticum, licor de cagaita, pomada de malva-docampo. Um setor de turismo regional pode ser desenvolvido, integrando a pesca
amadora, o agroturismo e o ecoturismo. E outras possibilidades que, promovendo o
desenvolvimento regional e a eleva•‹o do n’vel econ™mico e social dos produtores,
consigam reduzir os impactos ambientais, sociais e econ™micos da ocupa•‹o com
monocultivos de gr‹os, cana-de-a•œcar, eucaliptos e bovinocultura, atualmente
existente.
O fortalecimento do uso econ™mico dos Cerrados com espŽcies nativas e
manejo sustentado pode criar novos produtos alimentares e indœstriais e atender a
demandas variadas de consumo. A comercializa•‹o de g•neros aliment’cios deve
focalizar, inicialmente, os mercados locais e regionais, com melhores condi•›es de
absorver pequenas produ•›es de origem conhecida e de qualidade inovadora - por
exemplo, o recŽm desenvolvido Òpequi em p—Ó (obtido da polpa desidratada e
pulverizada, solœvel em ‡gua), para consolidar-se inicialmente no mercado do CentroOeste, antes de sair em busca de outros mercados. Esta estratŽgia permitiria aos
produtores obterem, atravŽs do acœmulo de experi•ncia, condi•›es de qualidade,
quantidade e const‰ncia exigidos pela agroindœstria: por exemplo, o fornecimento de
pequi n‹o Ž problema em certas regi›es, mas as condi•›es de colheita, classifica•‹o,
transporte e armazenamento s‹o, ainda, prec‡rias entre os produtores e intermedi‡rios.
2.Sobre a Atividade Agropecu‡ria Regional
Planejamento por aptid‹o agr’cola
O planejamento de ocupa•‹o dos solos tem por princ’pio que o potencial de
uso de cada ‡rea dispon’vel Ž limitado no espa•o e no tempo, e deve ser mantido e
mesmo melhorado para permitir a perpetua•‹o dos sistemas de produ•‹o aplicados. O
uso sustent‡vel deve manter e melhorar as qualidades produtivas do solo, da ‡gua, da
paisagem e das espŽcies presentes no ecossistema, bem como das condi•›es de
trabalho e investimentos. A superexplora•‹o destes recursos tende a intensificar a
depend•ncia de insumos externos e de grande infra-estrutura nos cultivos, bem como a
ocorr•ncia de eros‹o, de pragas e doen•as, aumento de custos de produ•‹o, falta de
‡gua, escassez de recursos tradicionais para alimenta•‹o e comercializa•‹o, etc.
V‡rias classes de usos de solo podem ser definidas no planejamento da
ocupa•‹o de uma propriedade ou microrregi‹o, dependendo dos recursos locais e do
valor dos produtos, como por exemplo:
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a.reserva florestal: a escolha das ‡reas para a reserva florestal deve observar
uma regra b‡sica: quanto mais rica a ‡rea, melhor para sua fun•‹o de reserva
legal. Antigamente recomendava-se que as terras consideradas improdutivas, isto Ž,
que necessitam para sua conserva•‹o de pr‡ticas tŽcnica e economicamente pouco
vi‡veis, fossem indicadas com restri•‹o para pastagem ou silvicultura e, em casos mais
desfavor‡veis, para a preserva•‹o da flora e da fauna. Como resultado, v‡rias empresas
florestais e grandes propriet‡rios escolheram, para cumprir com o C—digo Florestal, as
piores ‡reas agr’colas, como barrancos, grotas, solos rochosos, ‡reas degradadas ou
aquelas mais fr‡geis quanto a eros‹o. Recentemente, porŽm, grandes empresas de
reflorestamento tem buscado preservar ‡reas mais ricas em diversidade de espŽcies e
de melhores condi•›es de solo e ‡gua, para dar sustenta•‹o a suas florestas
homog•neas.
b.reserva extrativista: vegetal, florestal, animal, apicultura, pesca, produtos
para artesanato, indœstria civil, qu’mica, farmac•utica, etc.
c.reserva energŽtica: florestas mistas de eucalipto, mogno, angico, landim,
etc.
d.pecu‡ria leiteira: leite, carne, esterco, reprodutores e matrizes. As
tecnologias de forma•‹o de capineiras, de produ•‹o de feno e silo, e de bancos de
leguminosas s‹o importantes para a viabilidade de todos os empreendimentos de
pecu‡ria.
e.pecu‡ria de pequenos animais: porcos, aves, animais silvestres: cria,
recria, reprodutores e matrizes.
f.fruticultura tropical: cons—rcios e sistemas agroflorestais, com orienta•‹o
para agroindustrializa•‹o.
g.produ•‹o de gr‹os e forragens: sistemas integrados de cons—rcio e rota•‹o
entre culturas convencionais, alternativas e nativas.
h.constru•›es, ‡reas habitadas, prote•‹o de solo e ‡gua: constru•‹o das
estradas, conten•‹o de ‡gua ao longo das cercas e vias, bacias de capta•‹o, arboriza•‹o,
quebra-ventos, saneamento b‡sico de cria•›es e habita•›es, hortas, pomares e jardins
domŽsticos, etc.
Pr‡ticas Agr’colas:
a.preparo do solo: nas ‡reas de Cerrado todos os cultivos devem ser feitos em
n’vel e com terraceamento, sofrendo corre•‹o de fertilidade atravŽs de calagem
(aplica•‹o e incorpora•‹o de, geralmente, 2 a 4 ton./ha de calc‡rio) e buscando manter
uma cobertura (viva ou morta) sobre o solo atravŽs da rota•‹o, sucess‹o ou
consorcia•‹o de culturas. A mecaniza•‹o Ž favorecida pelo relevo plano ou pouco
ondulado dos planaltos.
A mecaniza•‹o incorreta e excessiva, como a pr‡tica j‡ demonstrou, traz
consequ•ncias como altos custos de investimento e manuten•‹o de maquin‡rio,
forma•‹o de camada compactada que impermeabiliza o solo, perda da boa estrutura
f’sica do solo, aumento das taxas de eros‹o (eros‹o de solo e de nutrientes,
assoreamento e contamina•‹o de rios e nascentes). Isso resulta em custos adicionais
com obras de engenharia (canais, escoadouros, caixas de coleta, barreiros e bacias de
capta•‹o, drenos, prote•‹o de nascentes e leitos de rios, controle de vo•orocas, etc).
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Por outro lado, todas as pr‡ticas de conserva•‹o de solo e ‡gua elevam a
produtividade, reduzem os riscos de perda futura de produtividade, gerando maior
estabilidade dos recursos f’sicos e dos investimentos em infra-estrutura. Mas nem
sempre tŽcnicas de cultivo m’nimo de solo e manuten•‹o de cobertura resultam, por si
s—, em melhoramento cont’nuo do solo. Por exemplo, nos v‡rios sistemas de plantio
direto os ’ndices de mecaniza•‹o n‹o s‹o muito diferentes dos aplicados ao cultivo
convencional, ocorrendo problemas com forma•‹o de pŽ-de-grade (camada compactada
em subsuperf’cie) e com a ocorr•ncia de pragas e doen•as que, favorecidas pelas
freqŸentes ara•›es de solo, se adaptam bem ao cultivo m’nimo.
Pr‡ticas de Prote•‹o do Solo
A partir da an‡lise de aptid‹o agr’cola das terras, recomenda-se
convencionalmente tr•s conjuntos de pr‡ticas agr’colas para o
preparo do solo, de acordo com a necessidade de pr‡ticas mais ou
menos intensivas de prote•‹o do solo de cada ‡rea:
1) medidas simples, consideradas padr‹o para terras
agricult‡veis: cultivo m’nimo (desmatamento e ara•‹o), rota•‹o de
culturas, culturas em faixas (cada cultivo ocupa uma faixa de 20 a 50
metros de largura), cultivo em contorno (acompanhando a paisagem,
em n’vel), pastoreio controlado (lota•‹o planejada do nœmero de
animais por ‡rea);
2) medidas intensivas, aplicadas a declividades entre 6 e 12%:
terra•os de base larga, cord›es vegetados sobre terra•os de base
estreita (2 a 10 m de largura, distanciados entre 100 a 150 m um do
outro), terra•os com canais largos e diques coletores de ‡gua, obras
de prote•‹o de estradas e escoamento de ‡gua;
3) medidas muito intensivas e complexas, aplicadas a declives
entre 12 e 20%: terra•os em n’vel, terra•os em patamar (obras de
corte e aterro), banquetas individuais, interceptadores de ‡gua
(obst‡culos) e controle de vo•orocas, todos exigindo orienta•‹o e
manuten•‹o por projetos tŽcnicos. Obras em ‡reas com declividade
maior que 20% s‹o tecnicamente e economicamente invi‡veis para o
produtor rural, mas s‹o frequentemente usadas na constru•‹o de
estradas, ferrovias, pontes, viadutos, represas, obras de conten•‹o
de encostas, etc.
b.controle integrado de pragas: o Cerrado Ž ber•o de um sem nœmero de
organismos que competem com o homem por alimentos vegetais e animais, e que s‹o
considerados praga quando causam preju’zos de diversas ordens. Por exemplo, temos
as grandes infesta•›es de gafanhotos (Rammathocerus schistocercoides e outros), que
costumam ressurgir em intervalos de 10 ou mais anos, cujo potencial de devasta•‹o de
‡reas nativas e cultivadas j‡ foi fartamente documentado. As formigas saœvas e
quenquŽns (g•neros Atta e Acromyrmex) tem alto poder reprodutivo e podem infestar
extensas ‡reas cultivadas, com popula•›es de centenas de col™nias por hectare em
‡reas mal manejadas. Os cupins de mont’culo (principalmente dos g•neros Cornitermes
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e Syntermes) infestam pastos e ‡reas agr’colas mal manejadas ou degradadas, podendo
ocupar mais de 10% da ‡rea œtil com seus ninhos de terra quando infesta•›es chegam a
1.000 col™nias por hectare. As moscas das frutas (principalmente dos g•neros
Anastephra e Ceratitis), que s‹o consideradas pragas de centenas de cultivos em todo o
mundo, atacam v‡rias frutas nativas e diversas culturas no Cerrado, exigindo
programas de preven•‹o e controle oficiais em v‡rias partes do Brasil.
Em uma regi‹o onde existe total car•ncia de alimento verde durante grande
parte do tempo, as atividades agr’colas propiciam uma grande oferta de alimento e
alternativas de adapta•‹o a v‡rios competidores da regi‹o. N‹o Ž raro, por exemplo,
que o surgimento de bandos de capivaras, antas ou p‡ssaros (por exemplo pombos,
periquitos, p‡ssaros pretos, gar•as, aves migrat—rias), em pequenas ‡reas, causem
danos de atŽ 100% em pouqu’ssimos dias (o Sistema Nacional de CrŽdito Rural prev•
acidentes naturais desta ordem).
O aumento da infesta•‹o de insetos-praga, bem como de doen•as de plantas e
de ervas invasoras, sempre acontece junto ˆ ocupa•‹o intensiva de grandes espa•os
naturais, muitas vezes exigindo medidas de controle direto para equilibrar
artificialmente a situa•‹o, atŽ que ocorra uma nova din‰mica no agroecossistema
modificado que desfavore•a o aumento incontrolado das pragas.
As seguintes medidas preventivas devem ser adotadas e refor•adas em toda a
regi‹o, consoante as orienta•›es oficiais locais: a escolha de variedades resistentes a
pragas e doen•as, a rota•‹o e consorcia•‹o de culturas, manuten•‹o de faixas de
vegeta•‹o nativa entre as culturas, uso m’nimo de agrot—xicos e de agentes de controle
biol—gico. A aplica•‹o de boas pr‡ticas agr’colas (e maior controle de qualidade dos
sistemas de produ•‹o) na coleta de sementes, cultivo de mudas, fertiliza•‹o e preparo
adequado do solo, plantios em rota•‹o ou consorcia•‹o, irriga•‹o, colheita e
armazenamento, e demais tratos culturais, s‹o de grande import‰ncia na preven•‹o e
controle das principais pragas, bem como resultam em maior vigor e produtividade dos
cultivos. As boas tŽcnicas de manipula•‹o durante e ap—s a colheita, bem como na
comercializa•‹o, s‹o importantes tambŽm para a vida œtil dos g•neros alimentares e na
preven•‹o de pragas e doen•as p—s-colheita.
Consorcia•›es e rota•›es :
V‡rios sistemas de rota•‹o e consorcia•‹o s‹o utilizados e recomendados para
a regi‹o, com maior •nfase tŽcnica para as culturas de soja, milho, arroz, feij‹o, trigo,
algod‹o, sorgo, outras gran’feras e forrageiras, bem como na implanta•‹o de cultivos
perenes. O Centro-Oeste frequentemente produz duas safras de ver‹o, em sistemas de
sequeiro, alcan•ando boas mŽdias de produtividade regionais, em sistemas intensivos e
semi-intensivos.
Para sistemas irrigados ou de sequeiro s‹o recomendadas, em geral, duas
culturas principais em sequ•ncia (ao menos uma delas deve ser de ciclo curto, ou
precoce), podendo ser seguido de um terceiro plantio para cobertura e/ou
forrageamento, ambos proporcionando no m‡ximo tr•s safras por ano. O sistema de
plantio direto de gr‹os e forragens, que exige cobertura morta na semeadura, se
desenvolve com muitas indica•›es de sucesso para ambos os casos, sistemas irrigados
ou n‹o. Nesse caso, a rota•‹o Ž aplicada com maior rigor para o aproveitamento de
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nutrientes, matŽria org‰nica e controle de pragas. S‹o empregados v‡rios sistemas de
consorcia•‹o e rota•‹o, entre eles dos seguintes tipos b‡sicos:
a.adensamento de espŽcies de interesse: o aprimoramento de tŽcnicas de
controle da pr‡tica do fogo, da capina e poda seletivas, plantios de sementes a lan•o
(simples ou em coquetel de espŽcies), semeaduras usando as cria•›es animais como
vetores de dispers‹o, controle do pastoreio (pois o pastoreio Ž seletivo e seu excesso
pode provocar a perda das espŽcies mais palat‡veis), adensamento controlado pelo
plantio de mudas, entre outras tŽcnicas simples, permitem enriquecer o potencial
produtivo de ‡reas manejadas extensivamente para fins comerciais (pastagens,
medicinais, frutas, florestas e reservas). Servem, tambŽm, ao enriquecimento ou
recupera•‹o de ambientes, bem como no manejo integrado de pragas e pr‡ticas de
conserva•‹o de solo e ‡gua.
O manejo de faixas de vegeta•‹o nativa entre as de cultivo (por exemplo, com
dimens›es entre 2 e 20 m de largura e distanciadas 50 a 200 m umas das outras),
permite o adensamento produtivo, onde merecem especial aten•‹o as frut’feras e as
plantas com floradas abundantes, com possibilidade de manejo de abrigos para abelhas
e predadores naturais de pragas agr’colas, como passarinhos, vespas, marimbondos,
aranhas e formigas - ‡reas nativas devem ser sempre manejadas com observa•›es
freqŸentes e peri—dicas, pois resultados pouco animadores ser‹o obtidos se ocorrer
explos‹o populacional de cobras, ratos, moscas, mosquitos, pragas agr’colas e outros
bichos Òinc™modosÓ, o que pode acontecer quando a ‡rea n‹o Ž bem cuidada.
b.sistemas simples: v‡rios sistemas s‹o priorizados regionalmente: as
cooperativas de produtores s‹o importantes agentes de divulga•‹o de calend‡rios
agr’colas e tecnologias dispon’veis. Por exemplo, sistemas de plantio consorciado de
gr‹o com gr‹o (o tradicional milho e feij‹o, arroz seguido de soja), sucess‹o arroz-sojapastagem, gr‹os com aduba•‹o verde (milho/soja e guandu/milheto/sorgo), mandioca
entre as culturas; sistemas intensivos de rota•‹o como nas sucess›es trigo-cevadagirassol, soja/feij‹o-milho-sorgo/milheto, com manejo de cobertura morta e produ•‹o
de forragens. Pastagens nativas e cultivadas podem ser melhoradas com bancos de
prote’na (leucena no ver‹o, estilosantes no inverno) e consorcia•‹o (Calopogonium,
Stylosanthes, Galactia), melhorando de 2 a 4 vezes o teor de prote’na e a produ•‹o de
matŽria seca, em curto tempo e com custos aceit‡veis.
Maiores esfor•os na implementa•‹o do preparo do solo e manejo das culturas
podem elevar as possibilidades de sucess‹o e rota•‹o entre gran’feras. Demandas reais
da agroindœstria podem ser supridas com sistemas alternativos de cultivo anuais e
bianuais. A conserva•‹o de faixas de vegeta•‹o nativa no meio dos campos plantados
devem ser encorajadas como cons—rcios permanentes. Os resultados do plantio direto
em ‡reas de Cerrado tem sido muito positivos, estimulando a dissemina•‹o de tŽcnicas
de cultivo m’nimo do solo, com vantagens na produtividade e prote•‹o do solo. A
consorcia•‹o e rota•‹o de culturas em pequenas ‡reas favorece o cultivo m’nimo do
solo e o uso de tra•‹o animal.
c.sistemas complexos: sistemas com os mais variados princ’pios
(silvopastoris, agrossilvipastoris, sistemas agroflorestais) integram culturas
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anuais/bianuais com ‡rvores e arbustos, buscando produtos de valor para
comercializa•‹o ou para uso na propriedade (pecu‡ria, indœstria caseira, uso
domŽstico). S‹o recomendados para o manejo integrado de ‡reas mœltiplas, com
lavouras, pastos/rebanhos, ‡rvores, reservas e outras. O cultivo intensivo em alŽias
(por exemplo, a leucena entre faixas de centeio/aveia no inverno e milho/feij‹o no
ver‹o) Ž pr‡tico, produtivo e œtil na recupera•‹o de produtividade. Cons—rcios de
mandioca, arroz, feij‹o, amendoim, soja e forrageiras s‹o utilizados nos primeiros anos
de plantio de florestas de pinus e eucaliptos, de seringueira, planta•›es de cafŽ e
fruteiras tropicais (maracuj‡, graviola, mam‹o), de gueroba, etc, como forma de obter
retorno econ™mico nos primeiros anos dos empreendimentos de retorno a mŽdio e
longo prazos. Manejos intensivos s‹o alcan•ados como resultado a mŽdio prazo de
aduba•‹o peri—dica, reciclagem mineral refor•ada, incorpora•‹o de matŽria verde,
melhoramento das caracter’sticas f’sicas, qu’micas e biol—gicas do solo, prote•‹o do
solo e preven•‹o de eros‹o.
d.sistemas agroflorestais (SAFÕs): os cons—rcios tempor‡rios e permanentes
com mœltiplos usos s‹o a base dos sistemas agroflorestais, de produ•‹o intensiva,
semi-intensiva ou extensiva, que t•m alguma proje•‹o em regi›es da Amaz™nia e Mata
Atl‰ntica. Em virtude de espŽcies florestais e outras culturas perenes apresentarem
longo per’odo para colheita (madeira ou frutos), bem como pelo crescimento inicial
lento em rela•‹o a culturas anuais/bianuais, os SAFÕs estabelecem estratŽgias para a
conserva•‹o do solo e o uso mœltiplo da ‡rea para longos per’odos. Os SAFÕs resultam
na implanta•‹o de culturas perenes em cons—rcio permanentes, com espŽcies
madeireiras, frut’feras, mel’feras, produtoras de l‡tex, resinas e/ou ess•ncias florestais.
Poucas experi•ncias desse tipo existem na regi‹o Centro-Oeste, mas a pesquisa
e a extens‹o agr’colas t•m dado import‰ncia a cons—rcios tempor‡rios e permanentes e,
em poucos casos, desenvolvido tecnologia para a produ•‹o agroflorestal.
3. Flora: Potencial n‹o Madeireiro das Plantas do Cerrado
Gr‹os, TubŽrculos e Outros
Aqui s‹o descritas espŽcies nativas e ex—ticas dispon’veis para serem
utilizadas em consorciamentos agr’colas, agroflorestais, silvopastoris e pequenas
lavouras.
a. gr‹os tropicais: assim como para milho, arroz, soja e trigo, a pesquisa
agropecu‡ria e a extens‹o rural divulgam as tŽcnicas de cultivo para variadas culturas
regionais, entre elas o amendoim (Arachis spp, existem 48 espŽcies de amendoim nativas
do Brasil, sendo 19 s— dos Cerrados), feij‹o caupi (Vigna spp), gergelim (Sesamum
indicum), guandu (Cajanus cajan e Cajanus indica), pimenta-do-reino (Piper nigrum), urucum
(Bixa orellana). Novas culturas est‹o sendo desenvolvidas para a regi‹o, visando
ampliar o leque de rota•‹o e sucess‹o: por exemplo, a pesquisa obteve bons resultados
com o cultivo da quinoa (Chenopodium quinoa) e do amarantus (Amaranthus spp), ambas
nativas da AmŽrica do Sul, cuja introdu•‹o pode gerar alternativas econ™micas para
produ•‹o de gr‹os, forragem e aduba•‹o verde.
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A mamona (Ricinus communis) Ž uma espŽcie muito importante no cen‡rio
internacional, tendo enorme potencial como produtora de —leos de aproveitamento
industrial, produzindo matŽria-prima para mais de 400 produtos diferentes. Existe
interesse da indœstria qu’mica nacional e internacional na retomada e expans‹o da
cultura, que j‡ foi cultivada na Bahia e outros estados nordestinos (variedades semiperenes) e no Sul-Sudeste (variedades de porte an‹o e mŽdio, com ciclo anual de
plantio).
O Brasil era o maior produtor mundial deste gr‹o atŽ 1982. Atualmente, 90%
do —leo Ž exportado e seus mais variados produtos s‹o importados, embutidos em
lubrificantes, —leos de freio para avi›es, —leos de corte, couro artificial, velas, ceras,
cosmŽticos, resinas para cabos telef™nicos, combust’vel ou aditivo para motores e atŽ
no papel-carbono. Esfor•os de pesquisa geraram variedades dispon’veis para quase
todo o Brasil, com atŽ 50% de teor de —leo e produtividades de mais de 2 toneladas
por hectare (enquanto a mŽdia nacional Ž de 700 kg/ha), ’ndices alcan•ados somente em
monocultivos adensados, mecanizados, em solos fŽrteis e profundos, irrigados ou n‹o,
com poda e capina, iniciando colheita com 90 dias. Nestes cultivos j‡ se encontram
problemas de pragas e doen•as que n‹o eram registradas anteriormente, cuja tŽcnica de
controle recomendada atŽ o momento Ž o arranquio das plantas atacadas ou o uso de
agrot—xicos. Existem recomenda•›es para o Nordeste e Sudeste para o plantio da
mamona em linhas duplas intercaladas com fileiras de feij‹o, amendoim, sorgo, milho
ou arroz, entretanto pouca experi•ncia existe em condi•›es de Cerrado.
O girassol (Helianthus annus) Ž uma planta origin‡ria da AmŽrica do Norte, que
vem sendo adaptada ˆ regi‹o do Cerrado com excelentes testes de produtividade
realizados em GO, TO, DF, MG, MT e PI, alcan•ando atŽ 2 t/ha em quase todos
esses estados com tratos culturais intensivos e controle qu’mico de pragas, doen•as e
plantas invasoras. Esta cultura forma uma op•‹o de rota•‹o e sucess‹o de culturas nas
regi›es produtoras de gr‹os, com boa resist•ncia ˆ seca, ao frio e ao calor. Das
sementes extra’-se o —leo de alto valor nutritivo (atŽ 400 kg de —leo por tonelada de
gr‹o), gerando ainda como subproduto a torta de girassol (atŽ 350 kg por t de gr‹o)
com teores de atŽ 50% de prote’na bruta, de grande valor na alimenta•‹o animal; a
silagem de girassol vem sendo experimentada com sucesso no Cerrado (produtividade
de 10.000-20.000 kg de massa verde por hectare). Cada hectare de girassol pode
suportar atŽ 2 colmŽias de abelha-europa (Appis mel’fera), produzindo mel de excelente
qualidade e garantindo a poliniza•‹o das sementes da cultura.
b. tubŽrculos e outros : a pesquisa agropecu‡ria e a extens‹o rural divulgam as
tŽcnicas de cultivo para variadas culturas regionais, como: a•afr‹o (Curcuma longa),
araruta (Maranta arundinacea), batata-doce (Ipommea batatas), car‡s (Dioscorea alata e
Discorea cayennensis), ervilha (Pisum sativum), inhames (Xanthosoma spp), lentilha (Lens spp),
mandioca (Manihot esculenta) e taiobas (Colocasia esculenta), entre outras.
Pastagens e forragens:
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a. gram’neas, leguminosas e outras forragens: alfafa-do-campo ou
estilosantes (Stylosanthes spp), amarelinho (Tecoma stans), amoreira (Maclura tinctoria),
araticum (Annona spp), aroeira (Myracrodruon urundeuva), arrozinho (Leersia hexandra),
aveia-do-Cerrado (Tristachya leiostachya), baru (Dipteryx alata), cagaita (Eugenia dysenterica),
calopog™nio (Calopogonium mucunoides), canela-de-ema (Vellozoia flavicans), capim-branco
(Paspalum eriathum), capim-de-capivara (Hymenachne amplexicaules), capim-flechinha
(Echinolaena inflexa), capim-ouro (Axonopus spp), cardeal (Camptosema spp), carrapichos
(Desmodium spp), carrapichinho (Aeschynomene spp), castela (Panicum repens), centrosema
(Centrosema spp), engorda-boi (Teramnus uncinatum), feij‹o-bravo (Rhynchosia spp), florbranca (Andropogon selloanus), forquilha (Paspalum notatum), grama-do-carandazal
(Panicum laxum), jatob‡ (Hymenaea spp), jenipapo-bravo (Tocoyena formosa), laranjeira
(Styrase ferruginum), leucena (Leucaena leucocephala), lobeira (Solanum lycopersum), mamacadela (Brosimum gaudichaudii), marmelada (Alibertia spp), mimoso (Axonopus purpusii),
murici (Byrsonima spp), pangola (Digitaria decumbens), rabo-de-burro (Andropogon bicornis),
rabo-de-lobo (Andropogon hypogynus), saca-rolhas (Helicteres macropetala), sucupira
(Pterodon spp), unha-de-vaca (Bauhinia bongardii) e zornia (Zornia virgata e Z. latifolia),
entre muitos outros.
O bambu taquari (Actinocladum verticillarum) Ž usado frequentemente como
forragem para equinos e bovinos, principalmente na Žpoca seca. ƒ uma planta
adaptada ao fogo, rebrotando tambŽm intensamente ap—s o corte, exibindo atŽ 12% de
prote’na bruta. Adaptada a solos pobres e terrenos rochosos, pode ser aproveitada na
produ•‹o de forragem em touceiras.
Frutas Nativas
A Òfruticultura tropicalÓ (abacaxi, abacate, acerola, banana, caju, c’tricos,
goiaba, mam‹o, manga, maracuj‡, pinha, etc) muitas vezes Ž adotada em sistemas de
monocultura como alternativa ˆ soja e ao arroz. A produ•‹o de frutas tropicais tem
grande potencial de incremento com o uso de espŽcies nativas, especialmente em
sistemas consorciados e mistos. As frutas do Cerrado s‹o consumidas ao natural e na
forma de sorvetes, sucos, doces, licores, vinhos, farinhas para p‹es e bolos, vinagres,
frutas-passa e os mais variados usos e aplica•›es na alimenta•‹o e na medicina natural.
A maioria das espŽcies nativas estudadas t•m se revelado adaptadas aos solos pobres
t’picos do Cerrado, frondosas e com boas produtividades, possuindo grande potencial
de resposta a tŽcnicas b‡sicas de manejo agr’cola como sele•‹o de variedades, manejo
de viveiros, aduba•‹o, irriga•‹o e poda, entre outras. A coleta extrativista Ž comum
para comercializa•‹o de caju, caj‡, bacuri, murici, ara•‡, mangaba, bacaba e pequi, bem
como para a maioria das palmeiras.
Os cultivos - em larga escala - da maioria destas fruteiras n‹o s‹o ainda
recomendados devido ao pouco conhecimento sobre a genŽtica, produtividade, tŽcnicas
de cultivo, crescimento e desenvolvimento. Entre outros aspectos, Ž importante
salientar que o manejo intensivo de frut’feras nativas deve ser feito com todos os
cuidados em rela•‹o a pragas e doen•as. Grande aten•‹o deve ser dada ˆs moscas das
frutas (especialmente dos g•neros Anastephra e Ceratitis), que s‹o importantes pragas de
v‡rias culturas em todo o mundo. Dezenas de plantas nativas s‹o hospedeiras naturais
destes insetos-praga, tendo sido relatadas seis espŽcies de moscas associadas ˆ cagaita
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em Goi‡s. Por outro lado, a exist•ncia j‡ comprovada de inimigos naturais das moscas
na regi‹o interessa a todo o setor agr’cola brasileiro e internacional, como componentes
de novos mŽtodos integrados de controle da praga. V‡rias fruteiras s‹o associadas a
danos frequentes por outros insetos, especialmente brocas (de fruto, semente e caule),
percevejos e lagartas, entre elas ara•azeiro, araticunzeiro, cajuzeiro, goiabeira,
gravioleira, jatobazeiro, jenipapeiro, a mama-cadela e a marmeleira.
Resultados consolidados em termos de pesquisa agr’cola com a domestica•‹o
de espŽcies frut’feras requerem ao menos 12 a 15 anos para serem obtidos, o que tem
diminu’do o interesse dos pesquisadores, apesar do grande nœmero de espŽcies com
potencial econ™mico. Um problema da organiza•‹o de informa•›es no aproveitamento
das frutas nativas Ž a grande quantidade de nomes populares e cient’ficos para plantas
do mesmo grupo, em parte devido ˆ grande variedade de espŽcies. Por exemplo, as seis
espŽcies de murici t•m ao menos uma dœzia de nomes de uso popular, entre eles o
murici, murici-de-ema, murici-do-Cerrado, murici-da-mata, murici-orelha-de-burro,
murici-dÕanta, muricizinho, murici-vermelho, murici-rasteiro e v‡rios outros. Isso n‹o
impede, entretanto, que se tome cacha•a com murici em toda a regi‹o Centro-Oeste,
sem que seja inquirido qual das espŽcies Ž utilizada em cada regi‹o. Pouca ou nenhuma
refer•ncia Ž encontrada, nas refer•ncias bibliogr‡ficas, especificamente sobre a bacia do
Araguaia-Tocantins, devido ˆ pequena atua•‹o de centros de pesquisa sobre os
recursos nativos do Cerrado e sobre a ecologia dessa regi‹o. As informa•›es
apresentadas nessa se•‹o se concentram, desta forma, no conhecimento das fruteiras
de GO, MT, DF e MG.
a. pequi (Caryocar brasiliense): uma das espŽcies s’mbolo do Cerrado, apreciada
pelo valor nutritivo do fruto, Ž aproveitada em pratos t’picos, bebidas e conservas,
bem como pelo seu valor medicinal, tendo import‰ncia na economia local como
complemento de renda de agricultores durante a curta esta•‹o de frutifica•‹o. A ‡rvore
Ž ornamental, sua madeira dura e resistente, a polpa do fruto e as sementes s‹o
aproveitadas na alimenta•‹o e na prepara•‹o do licor, —leos comest’veis e lubrificantes,
sab‹o e outros produtos na indœstria de cosmŽticos. AlŽm disso, a planta Ž medicinal,
tinturial, e pr—pria para a produ•‹o de mel.
O fornecimento do pequi para o mercado regional tem exigido, recentemente,
grandes deslocamentos da coleta na regi‹o, inclusive com produtos vindo da Bahia e
MG para abastecer Goi‡s. Alguns estudos apontam perdas de 50% ap—s a colheita
devido a defici•ncias na classifica•‹o, transporte e armazenamento dos frutos. A
CEASA-GO registrou 780 toneladas de frutos comercializados na safra de 1988, a
CEASA-MG registrou 177 t comercializadas na safra 96/97, para um consumo anual
estimado em 4.000 t em Belo Horizonte para o mesmo per’odo.
O pequizeiro ocorre em Cerrado, cerrad‹o e mata calc‡ria, porte de 6 a 8 m,
frutifica de outubro a mar•o, frutos de 100 a 300 g, 500 a 2.000 frutos por planta. O
pequi tem grande potencial de aproveitamento econ™mico, sendo cultivado
tradicionalmente por mudas coletadas em campo, pelo plantio de sementes e, mais
recentemente, com disponibilidade de tŽcnicas de enxertia. O pequi-arbustivo (Caryocar
coriaceum) Ž menos conhecido e de distribui•‹o mais localizada, porŽm com as mesmas
utiliza•›es do pequi normal.
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b. maracuj‡ (Passiflora spp): Ž nativo do Brasil, de onde se espalhou para
outros pa’ses. Dentre um grupo de 200 espŽcies brasileiras, que incluem v‡rias plantas
de caracter’sticas ornamentais, s‹o cultivados os maracuj‡s amarelo, roxo e doce,
espŽcies trepadeiras que se desenvolvem bem em solos leves e profundos, n‹o sujeitos
a encharcamento e com bastante insola•‹o.
As diferentes variedades que existem permitem que a cultura se desenvolva em
quase todo o Brasil, geralmente produzindo dois picos de frutifica•‹o por ano,
permitindo a comercializa•‹o de frutos no pa’s durante a maior parte do ano. A
primeira colheita ocorre um ano ap—s plantio, geralmente com ciclo de produ•‹o de 3 a
4 anos (algumas espŽcies silvestres produzem por atŽ 10 anos). Ocorrem no cerrad‹o,
mata de galeria e mata calc‡ria, frutificando de outubro a mar•o, frutos de 100 a 300 g,
30 a 80 frutos por planta.
O fruto e as sementes tem valor nutritivo e medicinal, sendo o ch‡ das folhas
usado pelo seu conhecido efeito calmante. Das folhas e frutos Ž extra’da a
passiflorina, uma subst‰ncia com emprego na indœstria farmac•utica. O fruto tem
boas qualidades para industrializa•‹o da polpa, e seu subprodutos podem ser
aproveitados na alimenta•‹o de cria•›es. A planta Ž pr—pria para a produ•‹o de mel.
Seu cultivo intensivo inclui sele•‹o de variedades, aduba•‹o, irriga•‹o, mecaniza•‹o. O
manejo incorreto de qualquer destas vari‡veis acarreta na necessidade de tratos
fitossanit‡rios intensos, devido ˆ ocorr•ncia de viroses, doen•as fœngicas e algumas
pragas, principalmente lagartas, percevejos e formigas cortadeiras. Outro fator
importante Ž a presen•a permanente dos polinizadores naturais, as abelhas
mamangava, pois as floradas s‹o cont’nuas e as flores duram menos de dois dias - em
regi›es com alto uso de agrot—xicos pode ser necess‡rio realizar poliniza•‹o manual
das flores, sendo conhecidas algumas pr‡ticas de introdu•‹o peri—dica e manejo destas
polinizadoras nas planta•›es.
c. Baru, cumaru, cumbaru (Dipteryx alata): Ž nativa do Planalto Central,
ocorrendo nas matas calc‡rias e solos mais fŽrteis do Cerrado, amea•ada de extin•‹o
pela extra•‹o das madeiras e ocupa•‹o agr’cola do Cerrado. ƒ uma leguminosa arb—rea,
com atŽ 25 m de altura e 10 m de di‰metro da copa. Sua madeira Ž altamente resistente
a fungos e cupins, sendo usada em constru•›es rurais e na indœstria da constru•‹o
civil, naval, ferrovias e obras hidr‡ulicas. A fruta carnosa e a am•ndoa s‹o utilizadas na
alimenta•‹o humana, na forma de doces e gelŽias, e muito apreciadas por cria•›es e
animais domŽsticos, na sua complementa•‹o alimentar, com um teor de prote’nas de
cerca de 38%. A am•ndoa Ž rica em prote’nas e —leos, adocicada e arom‡tica, sendo
consumida ao natural ou tostada como o amendoim ou castanha-de-cajœ. O —leo Ž
aromatizante e tem utilidade medicinal.
Seu plantio Ž simples, o ’ndice de germina•‹o das sementes Ž de 90% e a ‡rvore
responde bem ˆ aplica•‹o de calc‡rio e aduba•‹o, iniciando a produ•‹o de frutos de
quatro a seis anos e atingindo o ponto de corte para madeira a partir de 10 anos.
Frutifica de julho a agosto, frutos de 20 a 40 g, 1.000 a 3.000 frutos por planta.
Existem pesquisas sobre aduba•‹o, plantio homog•neo do baru e produ•‹o de mudas
por estaquia e enxertia (visando antecipar a produ•‹o de frutas), mas s‹o verificados
problemas com doen•as, como a podrid‹o-das-ra’zes (causada pelo fungo
Cylindrocladium clavatum) em condi•›es de adensamento, excesso de irriga•‹o e
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sombreamento (viveiro e campo). N‹o existe muita experi•ncia em cons—rcios, apesar
do potencial dos seus mœltiplos usos em pastagens ou em sistemas mistos e
agroflorestais.
d. Jenipapo (Genipa americana): o jenipapo Ž nativo do Cerrado, cultivado em
quintais nas regi›es rurais de todo o continente, no Cerrado preferindo solos fŽrteis e
œmidos, cerrad‹o e mata calc‡ria, tendo o caule ereto e porte de atŽ 15 m. A fruta Ž
carnosa, arom‡tica e com propriedades medicinais, utilizada como alimento e na
fabrica•‹o de bebidas, medicamentos e tinturas (por exemplo pode ser usada na
tatuagem perene). ƒ muito apreciada por cotias, capivaras, antas, araras, papagaios,
tucanos e v‡rios outros animais silvestres, podendo se constituir em fonte
complementar de alimenta•‹o. O licor de jenipapo Ž muito popular no Centro-Oeste,
produzido em pequenas indœstrias ou em casa, ao lado de doces, compotas e sucos.
Frutifica de setembro a dezembro, frutos de 100 a 180 g, 400 a 1.000 frutos por
planta. A madeira Ž muito utilizada nas constru•›es rurais, em carro•as e embarca•›es,
cabos de ferramentas e trabalhos de marcenaria. A germina•‹o das sementes Ž em torno
de 25%, com a produ•‹o de frutas a partir de quatro a cinco anos (a enxertia antecipa a
produ•‹o em um a dois anos).
Veja, no Anexo I, ap—s o Cap’tulo V, uma lista com mais 28 espŽcies de frutas
do Cerrado.
Palmeiras
No Brasil, a chamada Zona dos Cocais abrange extensas regi›es, do Norte e
Nordeste em dire•‹o ao Centro, caracteriza-se pelos baba•uais, carnaubais e buritizais,
com v‡rias outras espŽcies ocorrendo a Oeste, Leste e Sul. As palmeiras s‹o sin™nimo
de abrigo, alimento e matŽria prima para o conforto. O Brasil Ž o maior produtor,
consumidor e exportador de palmito do mundo, que Ž colhido de mais de 30 espŽcies
nativas (especialmente do g•nero Euterpe). O vinho Ž produzido com frutos, caules ou
seivas, o —leo Ž extra’do de polpa e am•ndoas. As polpas podem ser desidratadas ou
congeladas, produzindo tambŽm farinha para p‹es, bolos, pa•ocas, doces e sorvetes
regionais. S‹o fonte, tambŽm, de v‡rios produtos para a indœstria qu’mica,
farmac•utica e aliment’cia. Suas folhas s‹o aproveitadas na cobertura de constru•›es,
na fabrica•‹o de chapŽus, leques, esteiras, peneiras, cestos, vassouras, sacolas, cordas,
redes, rolhas de garrafas, brinquedos e outros produtos.
A palmeira s’mbolo do Cerrado Ž o buriti (Mauritia vinifera), que ocorre em todo
o Brasil Central e em S‹o Paulo, Cear‡ e Par‡. A diversidade das palmeiras Ž muito
grande: por exemplo, um grande nœmero de espŽcies comp›em o grupo dos buritis,
ocorrendo em todo o Cerrado, na regi‹o Amaz™nica, no Peru, na Venezuela e nas
Guianas, entre elas o buriti-bravo (Mauritia armata), buriti-do-brejo (Mauritia flexuosa),
buriti-mirim (Mauritia pumila), buritirana (Mauritia aculeata) e o buritizinho (Mauritia
martiana). Grandes popula•›es de palmeiras, de qualquer espŽcie, oferecem bom
potencial para aproveitamento de v‡rios produtos de valor, inclusive no melhoramento
da paisagem. A produ•‹o de mudas em viveiros Ž relativamente simples para a maioria
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das espŽcies, o que pode ser œtil para enriquecimento ou recupera•‹o de ‡reas
abandonadas e pastagens degradadas. Mas pouca informa•‹o Ž dispon’vel sobre o
potencial econ™mico do manejo e aproveitamento de reservas naturais de palmeiras.
Um grande nœmero de espŽcies tem potencial econ™mico, algumas das quais s‹o
destacadas abaixo:
a. buriti, moriti (Mauritia vin’fera e Mauritia flexuosa): os buritizais ocorrem
geralmente em grupos extensos seguindo a linha da ‡gua em mata de galeria, veredas e
v‡rzeas no Cerrado, onde milhares de plantas de atŽ 30 m de altura dominam v‡rios
quil™metros cont’nuos de paisagem. Uma das ‡rvores s’mbolo do Cerrado, Ž de enorme
import‰ncia na cultura e economia regional. O pr—prio nome cient’fico da planta (M.
vin’fera) destaca as qualidades do vinho muito apreciado no meio rural da regi‹o. A
polpa Ž consumida ao natural e na forma de doces, sucos, gelŽias, bem com na
produ•‹o de —leo e produ•‹o de sab‹o. TŽcnicas de prote•‹o de solo e ‡gua e de
controle do fogo s‹o importantes nas pr‡ticas de adensamento e re-introdu•‹o, visto a
boa prolifera•‹o por sementes. Frutos de 40 a 50 g, 2.000 a 6.000 frutos por planta,
frutifica de outubro a mar•o.
b. gueroba, coco-guariroba, guariroba e palmito-amargoso (Ciagrus
existem plantios comerciais no Sudoeste de Goi‡s, adensados e
monoculturais, com mais de 200 produtores voltados para a agroindœstria de palmitos,
mas o extrativismo Ž mais representativo da produ•‹o para o consumo regional (a
CEASA-Goi‰nia registrou a comercializa•‹o de 950 toneladas de palmito em 1995).
N‹o Ž planta exigente em rela•‹o ao solo, d‡-se bem em solos leves e profundos,
fŽrteis, ocorrendo em mata calc‡ria, nos estados da BA, MG, GO, TO, MG e SP, com
porte de 6 a 20 m; a planta Ž cortada com 3 a 4 anos para a retirada do palmito; as
matrizes e produtoras de flores e frutos podem atingir atŽ 20 m de altura, frutos de 30
g, 200 a 2.000 frutos por planta, frutificando de setembro a janeiro. A polpa Ž
consumida ao natural, a am•ndoa Ž consumida ao natural ou na forma de doces, o
palmito Ž consumido em pratos regionais; a planta Ž oleaginosa.
oler‡cea):
c. baba•u (Attalea speciosa e Orbygnia phalerata): a coleta e o beneficiamento do
coco do baba•u Ž uma atividade tradicional nos baba•uais, que predominam nas zonas
de transi•‹o da Floresta Amaz™nica com as ‡reas de Cerrado (Maranh‹o e Tocantins)
e caatinga. Ocorre em matas calc‡rias, porte de 6 a 8 m, frutos de 90 a 500 g, 200 a
2.000 frutos por planta, frutificando de outubro a janeiro, sendo muito agressiva como
invasora de pastagens e ‡reas degradadas. O principal produto de valor comercial Ž o
—leo da am•ndoa. Os restantes 94% em peso do coco n‹o t•m muito valor comercial,
apesar das v‡rias possibilidades de uso econ™mico dos frutos, como a torta
(subproduto da prensagem das am•ndoas) na alimenta•‹o animal, as cascas dos cocos
para lenha domŽstica, o fruto (mesocarpo) para alimenta•‹o (mingaus, cremes, doces,
etc) e medicina natural. A obten•‹o de —leo de melhor qualidade pode permitir
expans‹o do mercado para a indœstria de cosmŽticos e aliment’cia. Uma escala j‡ usada
na classifica•‹o do nœmero de plantas por hectare, em pastagens, Ž a seguinte: rala
(<50 palmeiras/ha), mŽdia (50-100 palmeiras/ha) e densa (>100 palmeiras/ha). Outras
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palmeiras do g•nero Attalea tambŽm s‹o importantes, como o coco-catulŽ (Attalea
ex’gua), indai‡ (Attalea geraensis) e bacuri (Attalea phalerata), entre outras.
d. macaœba, bocaiœva (Acroconia aculeata e Acroconia sclerocarpa): ocorre em
mata calc‡ria e cerrad‹o, com porte de 8 a 10 m. Frutifica de mar•o a junho, com frutos
de 30 a 50 g, 240 a 1.200 frutos por planta. A polpa Ž consumida ao natural e na
forma de doces e gelŽias, a am•ndoa Ž consumida ao natural e na forma de doces; a
planta Ž mel’fera e oleaginosa.
Flores
A extra•‹o de flores do Cerrado constitui um mercado informal tradicional na
regi‹o do Centro-Oeste, especialmente com os arranjos de flores secas do planalto.
Entretanto, o pr—prio extrativismo indiscriminado tem causado o desaparecimento das
espŽcies utilizadas em v‡rias regi›es, principalmente em torno do DF, o que Ž
agravado pela recente expans‹o urbana e agr’cola na regi‹o. Os coletores realizam a
extra•‹o em ‡reas abertas e em fazendas, tanto em ‡reas de Cerrado t’pico como em
campos œmidos, muitas vezes pagando aos propriet‡rios para receberem permiss‹o
para a coleta. O desenvolvimento destas atividades, atravŽs da prote•‹o e manejo
sustent‡vel das ‡reas de extrativismo, interessa aos extratores e artes‹os pelo potencial
de gera•‹o de ocupa•‹o e renda, com possibilidade de cria•‹o de novos produtos para
o setor de floricultura e paisagismo. As orqu’deas e bromŽlias representam outros
grupos de grande potencial de aproveitamento e de alto valor comercial.
a. flores do planalto: os arranjos conhecidos como Òflores do planaltoÓ s‹o
tradicionalmente comercializados em Bras’lia e alguns pontos tur’sticos do CentroOeste, como a Chapada dos Veadeiros, em Goi‡s, e cidades mineiras como
Diamantina. Um pequeno volume de produtos segue tambŽm para S‹o Paulo. Em
geral, s‹o utilizadas flores e folhas desidratadas e/ou coradas, ˆs vezes envolvendo
outras tŽcnicas caseiras de tratamentos desenvolvidas pelos artes‹os. A coleta do
material, realizada pelos pr—prios artes‹os ou por coletores informais, se expandiu na
œltima dŽcada a v‡rias regi›es do DF, GO e MG, acarretando maiores custos para a
atividade e, por outro lado, na inclus‹o de novas plantas nos arranjos em substitui•‹o
ˆs plantas mais raras. A Associa•‹o dos Pequenos Extrativistas de Flores do Cerrado
da Chapada dos Veadeiros (ASFLO) tem buscado incentivar a conserva•‹o dos
campos œmidos da regi‹o, principal ecossistema de extrativismo das suas atividades.
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Algumas das espŽcies de flores para arranjos mais usadas em GO, DF e MG
a•oita-cavalo (Luehea spp), algod‹o-bravo (Cochlospermum regium), amarelinha (Peixotoa
spp), amendoim (Platypodium elegans), borboleta (Banisteriopsis spp), capim-barbicha
(Eragrostis acuminata), capim-lua (Paspalum spp), capim-ouro (Axonopus spp), capim-rabode-burro (Andropogon spp), capim-raposa (Aristida spp), capit‹o (Termitalia spp), carne-devaca (Roupala montana), caroba (Jacaranda spp), coqueirinho (Diplotemium campestre e
Syagrus flexuosa), corda-de-viola (Merremia spp), cravo-do-campo (Vernonia spp), folhadura (Roupala spp), gritadeira (Palicourea rigida), ip• (Tabebuia spp), jacarand‡ (Machaerium
spp), lixeira (Curatella americana), lixeirinha (Davilla spp), macaœba (Acroconia aculeata),
macela-do-campo (Achyrocline satureoides), margarida (Dasyphyllum sprengelianum), painado-campo (Pseudobombax longiflorum), papo-de-peru (Aristolochia esperanzae), pau-detucano (Vochysia spp), pau-santo (Kiebmeyera coriacea), pau-terra (Qualea spp), pereiro
(Aspidosperma dasycarpum), saca-rolha (Helicteris spp), sempre-vivas (Paepalanthus spp,
Syngonathus spp, Alternathera spp), tingui-de-‡rvore (Magonia spp), vinh‡tico (Platymenia
reticulata) e viuvinha (Lippia lupulina), entre outras.
b. orqu’deas e bromŽlias: s‹o conhecidas cerca de 490 espŽcies nativas de
orqu’deas nos Cerrados, das quais em torno de 60% s‹o terrestres e os 40% restantes
ep’fetas (crescimento sobre ‡rvores), estas œltimas com espŽcies de alto potencial para
explora•‹o comercial. A explora•‹o de orqu’deas atingiu um grande sucesso na regi‹o
de Piracanjuba, em Goi‡s, onde sua feira anual tem merecido destaque nacional e
internacional. Um projeto muito interessante est‡ se desenvolvendo com apoio
pœblico nesta regi‹o: contando com uma unidade de produ•‹o de mudas, est‡ sendo
iniciado o plantio piloto de orqu’deas em dois hectares de mata recuperada, em
parceria com pequenos produtores. As mudas s‹o amarradas nos galhos das ‡rvores,
sendo colhidas para comercializa•‹o ap—s um ano e meio. O sistema b‡sico de
produ•‹o proposto, com baixos custos, Ž simples: em 1 ha de mata do Cerrado s‹o
utilizadas 400 ‡rvores, cada qual com 4 orqu’deas implantadas, produzindo 1.600
orqu’deas em um ano de cultivo. Estimando-se um valor mŽdio de R$ 15,00 para cada
orqu’dea, ter’amos uma renda total bruta anual de R$ 24.000,00, correspondendo ao
valor de venda de 8 safras de 1 ha de feij‹o mecanizado (3.000 kg de feij‹o por hectare
por safra, cota•‹o de R$ 1,00/kg em julho/98).
A ess•ncia de baunilha Ž extra’da de uma orqu’dea, do g•nero Vanilla, com
grande potencial para agroindœstria; alguns g•neros de grande ocorr•ncia s‹o:
Bulbophyllum, Cleites, Cyrtopodium, Encyclia, Epistephium, Galeandra, Epidendrum, Habenaria,
Koellensteinia, Lanium, Stenorrynchus, entre outros. As bromŽlias, da mesma fam’lia do
anan‡s, gravat‡ e do abacaxi, t•m recebido especial aten•‹o de floricultores e
paisagistas h‡ muitos sŽculos, representando um mercado especializado. Seu potencial
de aproveitamento pode ser comparado ao das orqu’deas, mas as poucas experi•ncias
de cultivo s‹o restritas ˆs cole•›es particulares e de institutos de bot‰nica. O cultivo
em escala comercial das bromŽlias, assim como o das orqu’deas, permite agrega•‹o de
valor com o artesanato (implantes em tocos de pau e outras pe•as) e gera produtos de
grande interesse para bancos de germoplasma e pesquisa cient’fica. O cultivo de
bromŽlias exige cuidados contra a prolifera•‹o de mosquitos transmissores de doen•as
humanas.
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Produtos para agroindœstria
A indœstria utiliza como matŽrias primas plantas com as seguintes
caracter’sticas:
a) medicinais;
b) produtoras de l‡tex e resina; e
c) condimentares, arom‡ticas, corantes e tinturiais.
a. plantas medicinais: a vegeta•‹o do Cerrado abriga uma grande riqueza de
plantas de uso medicinal, empregadas na medicina natural, cujo conhecimento se
encontra disperso nas feiras populares, farm‡cias de manipula•‹o, raizeiros, mateiros e
pessoas detentoras de conhecimentos tradicionais. Em geral, os coletores s‹o pessoas
leigas no assunto, que pegam as flores ou as plantas sem se preocupar com sua
regenera•‹o ou futuro do local de coleta. O desmatamento do Cerrado tem, tambŽm,
diminuido a diversidade e a ocorr•ncia de muitas plantas utilizadas na saœde popular.
Por fim, cabe ressaltar a falta de conhecimentos cient’ficos b‡sicos para a maioria das
espŽcies de uso medicinal do Cerrado, o que limita a defini•‹o de tŽcnicas de manejo,
cultivo e processamento adequados.
De qualquer forma, encontramos na literatura cient’fica um grande nœmero de
espŽcies de valor medicinal reconhecido, com potencial de uso nas mais variadas
necessidades humanas, como nos tratamentos de anemia, artrite, asma, bronquite,
c‰ncer, cora•‹o, derrame, diabete, diarrŽia, desinteria, dismenorrŽia, doen•as
oft‡lmicas, epilepsia, eripsela, espasmos, febre, f’gado, garganta, gripe, herpes,
hipertens‹o, mal de parkinson, pulm‹o, reumatismo, s’filis e outras doen•as venŽreas,
œlcera, verruga, vitiligo. S‹o indicadas tambŽm como t™nicos e estimulantes,
cicatrizantes, expectorantes, depurativos, abortivos, calmantes, diurŽticos,
antipirŽticos, bactericidas, verm’fugos, adstringentes, emolientes e ÒpratudoÓ o mais.
No quadro, a seguir, s‹o listados os nomes comuns e cient’ficos de dezenas de
espŽcies medicinais do Cerrado, sendo omitidas as respectivas indica•›es de uso
devido aos objetivos restritos deste documento.
b. produtoras de l‡tex e resina: poss’veis plantas nativas com potencial
como produtoras de l‡tex e resina s‹o angico (Anadenanthera spp), capit‹o-do-campo
(Terminalia spp), corticeira (Connarus suberosus), figueira ou gameleira (Ficus sp), gomeira
(Vochysia thyrsoidea), jatob‡ (Hymenaea stignocarpa), jo‹o-de-leite ou tiborna (Himatanthus
obovatus), laranjinha-do-Cerrado (Styrax ferrugineus e Styrax camporum), leiteiro (Sapium
obovatum), mangaba (Hacornia speciosa), pau-doce (Vochysia thyrsoidea) e pinda’ba (Xylopia
sericea). A seringueira (Hevea brasilienses) Ž nativa da regi‹o Amaz™nica e sua aptid‹o
para MT e MS Ž indicada nas diretrizes tŽcnicas do PRODECER/1996, tendo sido
testadas inœmeras variedades comerciais em todo o Centro-Oeste. Ela tem grande
potencial para sistemas mistos, mas o mercado Ž relativamente inst‡vel, a perceber a
situa•‹o da produ•‹o dos seringais da Amaz™nia e de outras regi›es do mundo.
c. condimentares, arom‡ticas, corantes e tinturiais: algod‹o-do-campo
(Cochlospermum regium), amendoim (Arachis hipogaea), amoreira (Maclura tinctoria), anileiro
(Indigofera spp), araticum (Annona spp), barbatim‹o (Stryphnodendrum adstringens), baunilha
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(Vanilla chamissonis e Vanilla planifolia), cabe•a-de-negro (Erythroxylum suberosum), cajus
(Anacardium spp), cambar‡-branco (Lantana brasiliensis), canela (Crypocaria aschersoniana),
capa-rosa-do-campo (Neea theifera), chapadinha (Acosmium dasycarpum), corticeira
(Connarus suberosus), cufia ou sete-sangrias (Cuphea spp), fruto-de-papagaio (Aegiphiloa
lhotzkiana), gon•alo-alves (Astronium fraxinifolium), mama-cadela (Brosimum gaudichaudii),
mandioc‹o (Didymopanax vinosum), marmelada (Alibertia spp), marmeleiro-do-campo
(Maprouna brasiliensis), mercœrio-do-campo (Erythroxylum spp), murici (Byrsonia spp), paumarfim (Agonandra brasilienses), pau-santo (Kielmeyera coriacea), pau-terra (Qualea
grandiflora), pequi (Caryocar brasiliense e Caryocar coriaceum), pimenta-de-macaco (Xylopia
aromatica), quina-do-Cerrado (Strychnos pseudoquina) e tinteiro (Arrabidea brachypoda),
entre outras.
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Plantas do Cerrado com Conhecido Uso Medicinal
a•oita-cavalo (Luehea divaricata e Luehea pamiculata), alecrim-do-campo
(Heterothalamus brunioides ou Lippia spp), alfazema-de-caboclo (Aloisa grat’ssima),
algod‹o-do-campo (Cochlospermum regium), amendoim-do-campo (Platupodium
elegans), anan‡s (Ananas microstachys), angelim (Andira vermifuga), angelim-rasteiro
(Andira hœmilis), araruta-do-campo (Connarus suberosus), ariri (Diplothemium
campestre), assa-peixe (Vernonia ferrug’nea), arnica (Lychinophora ericoides), aroeira
(Myracrodruon
urundeuva),
b‡lsamo
(Myroxylum
peruiferum),
barbatim‹o
(Stryphnodendrum adstringens), bate-caixa (Calvertia convallariodora), boca-de-sapo
(Dejanira nervosa), bolsa-de-pastor (Zeyhera montana), bostinha-de-arara (Miconia
albicans), buti‡ (Butia eriospatha ou Butia capitata), cabe•a-de-negro (Anono purpurea),
caju (Anacardium humile), camar‡ (Camarea affinis), canel‹o (Ocotea spixiana),
canforeira (Croton antisyphiliticus), capeba (Piper regnelli), capim-branco (Andropogon
selowanus), capim-flechinha (Echinolaena inflexa), cara’ba (Tabebuia cara’ba),
carobinha (Jacarand‡ brasiliana e Jacaranda caroba), caroba-verde (Cybistax
antisyphilitica), carqueja (Baccharis trimera), catuaba ou vergalesa (Anemopaegma
arvensis), chapada (Sweetia dasycarpa), cip—-prata (Banisteria argyrophylla), congonhade-caixeta (Symplocos lanceolata), copa’ba ou pau-dÕ—leo (Copaifera langsdorfii), cravodo-campo (Rechsteineria spicata), cuia-do-brejo (Styrax camporum), douradinha
(Palicourea rigida e Smilax cicioides), douradinha-do-campo (Waltheria communis),
embaœba (Cecropia peltata e Cecropia cyrtostacya), espelina (Cayaponia espelina),
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), falsa-abutua (Cissampelos ovalifolia), faveira
(Dimorphandra mollis), fedegoso (Cassia lycocarpum ou Senna rugosa), hortel‹-docampo (Hyptis cana), poaia-do-Cerrado (Borreira suaveolens), imbiru•u (Pseudobombax
longiflorum), ip•-amarelo (Tabebuia serratifolia e Tabebuia ochracea), jacarand‡-doCerrado (Machaerium acutifolium e Machaerium opacum), jacarŽ (Qualea dichotoma),
jalapa-do-campo (Mandevilla ilustris), japecanga (Smilax brasiliensis ou Smilax
capestris),
ju‡-de-queimadas
(Solanum
balbisu),
ju‡-vermelho
(Solanum
aculeat’ssimum), landim (Calophyllum brasiliense), lixeira (Curatella americana),
lixinha (Davilla rugosa e Davilla elliptica), lobeira (Solanum lycocarpum), macela
(Achyrocline
saturoides), malva-do-campo
(Hyptis spp),
maminha-de-porca
(Zanthoxylum rhoifolium), mandapu•a (Mouriri pusa), mandioquinha ou mandioc‹o
(Didymopanax macrocarpum), margarida-do-campo (Calea hispia), marmelinho-docampo (Alibertia sessilis), mercœrio-do-campo (Erythroxylum suberosum e Erythroxylum
tortuosum), mil-homens (Aristolochia arcuata e Aristolochia esperanzae), mutamba
(Guazuma ulmifolia), orelha-de-nego (Enterolobium schamburgaku), orqu’deas
(Cyrtopodium spp), pacari (Lafoensia pacari), paina-do-campo (Eriotheca gracilipede),
papo-de-peru (Aristolochia esperanzae), paratudo ou pra-tudo (Gomphrena officiallis),
pata-de-vaca (Bauhinia nitida), pau-santo (Kielmeyera coriacea), pau-terra (Qualea
grandiflora, Qualea multiflora e Qualea parviflora), pŽ-de-perdiz (Croton goyazense),
peroba-do-campo (Aspidosperma tomentosum), perobinha-do-campo (Sweetia elegans),
pimenta-de-macaco (Xylopia grandiflora), quina-do-campo (Strychnos pseudoquina),
raiz-de-perdiz (Croton perdiceps), roxinha (Arrabidae brachypoda), saca-rolha
(Helicteres sacarolha), salva-de-maraj— (Huptis crenata), samambaia (Pteridium
aquilinum), sucupira-preta (Bowdichia virgilioides), sucupira-branca (Pterodon
polygalaeflorus e Pterodon pubescens), tiborna (Himatanthus obovatus), tingui
(Magonia pubescens), tucum-rasteiro (Astrocaryum campestre), turan‹ (Vitex
multinervis), unha-de-vaca (Bauhinia bongardii), vassourinha (Baccharis rufescens),
velame (Macrosiphomia velame), verbena-do-Cerrado (Lippia lupulina) e xarope
(Marsyphiantes montana).
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Viveirismo
S‹o crescentes as expectativas do mercado de mudas nativas com uso na
fruticultura, paisagismo, reflorestamento, recupera•‹o ambiental, sistemas
agroflorestais, enriquecimento ou reintegra•‹o de ‡reas abandonadas, destacando-se
sua utilidade na implanta•‹o de parques, pra•as, rodovias, aterros, de reservas
ap’colas, piscicultura, extrativismo, banco de germoplasmas, melhoramento de
pastagens naturais ou cultivadas - tanto para bovinocultura como para animais
silvestres. A pesquisa agropecu‡ria e a extens‹o rural estimulam a ado•‹o de tŽcnicas
de cultivo de mudas para variadas culturas de import‰ncia regional, ressaltando-se que
a atividade de viveirismo deve seguir regulamenta•‹o espec’fica.
Alternativa de uso mœltiplo para pequenos reflorestamentos: o bambu
Existem mais de 40 g•neros e 1.300 espŽcies de bambu no mundo, divididas em
dois grandes grupos: os que formam touceiras, onde predominam espŽcies tropicais, e
os alastrantes, que se espalham depressa e resistem melhor ao frio. O Brasil tem cerca
de 150 espŽcies nativas. Os entusiastas do uso de bambu, em todo o mundo, o
consideram como Òa madeira do sŽculo XXIÓ, sendo uma alternativa de grande
impacto ˆ derrubada de matas nativas para madeiras de v‡rios usos. O bambu
apresenta caracter’sticas de leveza e resist•ncia, crescimento r‡pido e durabilidade,
rigidez e maleabilidade, beleza e rusticidade, as quais s‹o fortalecidas pelo manejo dos
plantios e tratamento ap—s colheita.
No Brasil, entretanto, o bambu n‹o conseguiu destaque no plano econ™mico,
tendo sido mais utilizado em ornamenta•‹o, prote•‹o de encostas e quebra-ventos.
Isto pode ser explicado em parte pela abund‰ncia de outras plantas madeireiras mas,
tambŽm, pela predomin‰ncia de tr•s espŽcies pouco œteis como recurso madeireiro. O
bambu verde Bambusa vulgaris, Bambusa vittata e Bambusa tuldoides, veio com os imigrantes
portugueses logo no in’cio da coloniza•‹o (tem potencial de uso para celulose,
alimenta•‹o e para carv‹o). Posteriormente, os imigrantes japoneses e orientais
introduziram as espŽcies alastrantes Phyllostachys spp, para uso ornamental, artesanal e
aliment’cio, e o bambu-gigante Dendrocalamus giganteus, como recurso madeireiro de
mœltiplos usos e alimentar, ambos cultivados no pa’s. Uma espŽcie nativa chamada de
taboca-gigante, Dendrocalamus sp., tem grande potencial de cultivo e aproveitamento na
regi‹o, bem como o g•nero Guadoa, nativo da Amaz™nia e Cerrado, com potencial
madeireiro. Com express‹o local na produ•‹o de polpa celul—sica podem ser
encontrados os g•neros Arundinaria, Chusques, Merostachys e as espŽcies brasileiras de
Phyllostachys e Bambusa.
O cultivo do bambu Ž relativamente simples, envolvendo a escolha da
variedade e do local para plantio, a produ•‹o de mudas (v‡rias tŽcnicas dispon’veis),
plantio em covas adubadas, podas e desbaste, colheitas constantes a partir dos
primeiros anos de instala•‹o. Os principais produtos s‹o as pr—prias mudas, o broto
para alimenta•‹o, celulose para papel (tem mercado para fabrica•‹o de embalagens em
papel ÒkraftÓ) e matŽria-prima para artesanato e constru•›es. O bambu taquari Ž
usado como forragem no Centro-Oeste, sendo bem adaptado e œtil no aproveitamento
de solos pobres, rochosos e mesmo erodidos. S‹o poucas f‡bricas e empresas que
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consumem bambu como matŽria prima para fabricar varas-de-pescar, artesanatos,
broto-de-bambu com destino alimentar, fibras, celulose, m—veis, etc. Para uso na
constru•‹o civil, o bambu deve ser colhido na idade e Žpoca certas, e tratado
imediatamente ap—s o corte. Os tratamentos s‹o relativamente simples e baratos,
permitindo ao produtor agregar valor ao produto final e oferecer madeira com
durabilidade de pelo menos 10 a 15 anos.
V‡rios projetos, em todas as regi›es do pa’s, envolvem a populariza•‹o do
cultivo e uso do bambu para o desenvolvimento de tecnologia e sua aplica•‹o em larga
escala na constru•‹o civil. ƒ interessante incluir essa alternativa nos curr’culos de
escolas tŽcnicas e faculdades que tratam de materiais construtivos, visando
desenvolver essa alternativa e capacitar tŽcnicos de arquitetura, engenharias e
agronomia no uso do bambu.
4 - Fauna: EspŽcies Silvestres com Adapta•‹o para Cria•‹o
Algumas iniciativas de cria•‹o de espŽcies silvestres s‹o conhecidas na regi‹o
do Centro-Oeste, principalmente com sistemas semi-intensivos em pequenas ‡reas de
reservas naturais do Cerrado, aproveitando-se de espŽcies com bom potencial
zootŽcnico. Os zool—gicos e centros de pesquisa, recep•‹o e triagem de animais
silvestres dependem de tŽcnicas de cria•‹o em cativeiro para manejar os animais.
Registram-se, tambŽm, esfor•os de definir ra•›es para as diferentes espŽcies, o que
pode valorizar seu potencial de cria•‹o em cativeiro. Existem regulamenta•›es
espec’ficas para o aproveitamento de animais silvestres (IBAMA, Portaria 132/88),
que exigem o acompanhamento tŽcnico por parte de profissional de agronomia,
veterin‡ria, zootecnia ou biologia. O controle destas atividades pode ocorrer com
procedimentos de marca•‹o dos espŽcimes cultivados e a fiscaliza•‹o do mercado, o
que pode contribuir para a diminui•‹o da ca•a e da preserva•‹o dos estoques naturais e
suas paisagens.
A cria•‹o de animais tem grande potencial de integra•‹o com o ecoturismo, seja
como atra•‹o educativa ou na forma de produtos t’picos para comercializa•‹o local.
As op•›es de cria•‹o (em cativeiro, semi-cativeiro ou extensivas) inplicam em
diferentes necessidades de gastos com estrutura, equipamentos, pessoal qualificado,
ra•‹o e complementos, maiores ˆ medida que se aumenta a lota•‹o dos animais por
‡rea. Em alguns locais eles s‹o animais raros e seus estoques naturais devem ser
protegidos, ressaltando-se que a soltura de animais jovens pode colaborar com a
preserva•‹o dessas espŽcies.
Herb’voros
Os produtos da capivara, anta, queixada e cateto, bem como das emas, t•m
bom potencial de crescimento nos mercados regional e nacional. A tecnologia b‡sica de
produ•‹o Ž conhecida: a alimenta•‹o Ž composta basicamente de capim, cana,
mandioca, ab—bora, frutas e complementos variados (minerais, vitam’nicos e ra•‹o ˆ
base de milho, periodicamente com doses de verm’fugo) e pode ser oferecida em
cochos. Suas carnes s‹o valorizadas pelas qualidades culin‡rias, os altos teores de
prote’na e os baixos teores de calorias e gordura (carnes de boi e frango t•m maiores
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quantidades de calorias e gorduras). Os veados s‹o muito apreciados como produto de
ca•a, mas sendo raros e muito protegidos seu mercado n‹o Ž conhecido.
a. capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris): o maior dos roedores brasileiros, a
capivara habita banhados e ‡reas pr—ximas a ‡gua. Com grande potencial zootŽcnico,
possui elevada prefer•ncia por gram’neas na sua alimenta•‹o, digerida por rumina•‹o.
As instala•›es para a cria•‹o intensiva exigem investimento de capital e de m‹o-deobra mais qualificada, enquanto que a cria•‹o semi-intensiva depende de maior ‡rea
para manejo. Vivem em bandos de dezenas de indiv’duos, as f•meas produzem atŽ seis
a oito filhotes por ano, criados por atŽ 1 a 2 anos atŽ o peso de abate de 40 kg. A
alimenta•‹o (atŽ 4 kg por dia) Ž constitu’da basicamente de capim, frutos, ra’zes e
plantas aqu‡ticas, a maior exig•ncia dos animais Ž ‡gua. Ra•›es e complementos
diversos podem ser oferecidos em cochos, nos pastos. Sua ‡rea de cria•‹o pode incluir
pomares e florestas.
N‹o h‡ mercado estruturado para seus produtos, obtidos tradicionalmente pela
ca•a: o consumo de carne Ž apreciado em todo o Centro-Oeste, o couro Ž aproveitado
em cortumes - que exigem de quantidades m’nimas de fornecimento para realizar o
beneficiamento - e os p•los s‹o utilizados na fabrica•‹o de pincŽis. Pasto nativo inclui:
rabo-de-burro (Andropogon bicornis), rabo-de-lobo (Andropogon hypogynus), flor-branca
(Andropogon selloanus), mimoso (Axonopus purpusii), pangola (Digitaria decumbens), capimde-capivara (Hymenachne amplexicaules), arrozinho (Leersia hexandra), grama-do-carandazal
(Panicum laxum), castela (Panicum repens) e forquilha (Paspalum notatum).
b. catetos (Tayassu tacaju) e queixadas (Tayassu pecari): esses dois Òporcos
do matoÓ de pequeno porte n‹o s‹o da mesma fam’lia dos porcos domŽsticos e javalis,
apesar de apresentarem h‡bitos de vida semelhantes e as mesmas boas qualidades de
carnes para consumo. Se adaptam ao manejo em grandes grupos dispersos em matas
nativas e ambientes de florestas, diminuindo a necessidade de desmatamento ou de
manuten•‹o de pastagens. Produzem , entre 1 e 3 filhotes por ano, criados atŽ o peso
de abate entre 15 a 40 kg.
c. paca (Agouti paca): com 40 a 60 cm, a paca Ž um dos nossos maiores
roedores, visitante e invasora de planta•›es de milho, cana, hortali•as, etc. PorŽm,
devido ao seu baixo consumo alimentar (um adulto de atŽ 10 kg deve comer menos de
1 kg por dia), h‡bitos solit‡rios (n‹o forma bandos) e baixa prolificidade (uma ou duas
crias por ano) n‹o causam grandes preju’zos. Provavelmente toda a carne consumida Ž
fruto de ca•a noturna, amadora ou profissional, cujo mercado oferece oportunidades
para produ•‹o comercial. Estima-se que a oferta de carne de criadouros particulares
resultaria na diminui•‹o da atividade de ca•a ilegal. TŽcnicas de cria•‹o em semicativeiro est‹o dispon’veis em todos os zool—gicos do Brasil, alimentando-as com
ab—bora, mandioca, banana, batata-doce, milho, amendoim e mesmo ra•›es para outros
herb’voros. Uma grande dificuldade Ž reter os animais nos viveiros: a paca Ž excelente
escavadora. Um sistema de produ•‹o semi-intensiva, com alimentos produzidos no
local (ra’zes, folhas, frutas e sementes), enriquecendo e manejando popula•›es
limitadas, pode ser uma alternativa para ser aplicada com poucos recursos.
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d. veados (Mazana spp e Ozotocerus bezoarticus) e emas (Rhea americana): estes
dois animais s‹o observados juntos nas mesmas ‡reas dos Cerrados, com grande
potencial de aproveitamento integrado em pastagens naturais e cultivadas. Maiores
possibilidades de aproveitamento das emas devem ser oferecidos com o
desenvolvimento de mŽtodos de incuba•‹o (s‹o 20 a 30 ovos por ninhada) e de
alimenta•‹o, como j‡ Ž feito com a avestruz (Struthio camelus) no Brasil (GO, SP e MT)
e em outros pa’ses.
Aqu‡ticos
a. peixes: a cria•‹o em tanques e pequenas represas ou o manejo de
estoques naturais de peixes (lagoas, lagos, represas e rios) representa importante fonte
de renda em algumas regi›es. Apesar da riqueza das espŽcies nativas, muito interesse
tem sido dado na cria•‹o de espŽcies ex—ticas, especialmente da regi‹o Amaz™nica,
gra•as ao desenvolvimento de tŽcnicas de manejo intensivo. Um exemplo recente Ž a
cria•‹o dos pequenos lambaris, uma atividade que tem encontrado muita receptividade
de criadores no pa’s, com mercado expandindo-se para alevinos, matrizes, carne e iscas
para pescarias; os lambaris pertencem a tr•s principais grupos, dos g•neros
Hemigrammus, Moenkhausia e Astianax, com manejo intensivo f‡cil e de baixo custo.
b. tartarugas (quel™nios de ‡gua doce): o interesse na preserva•‹o e
aproveitamento econ™mico de tartarugas nativas resultou no funcionamento de 12
criadouros na regi‹o do Araguaia, atendendo ˆ legisla•‹o espec’fica e com
acompanhamento tŽcnico. Com •nfase na tartaruga (Podocnemis expansa) e no tracaj‡
(Podocnemis unicili), mŽtodos de manejo intensivo est‹o sendo desenvolvidos com o
objetivo de obten•‹o do peso de abate de 1,5 kg em 2 a 3 anos. Os mercados regional,
nacional e internacional estimulam estes empreendimentos, com pre•o para o
consumidor de atŽ R$ 18,00/kg em julho/98.
c. jacarŽs (Caiamam crocodilus): a cria•‹o de jacarŽs em cativeiro foi
implementada em escala piloto em alguns poucos empreendimentos no Pantanal
Matogrossense, em Goi‡s e Tocantins, como oportunidade de aproveitamento de
terras inund‡veis e manejo de grandes ‡reas tidas como improdutivas. Entretanto,
somente algumas destas experi•ncias continuam operando, e uma das causas
apontadas para o fracasso de algumas delas Ž a especializa•‹o brasileira para o
mercado internacional de peles, que Ž muito inst‡vel e sofre forte concorr•ncia de
outros produtores (o jacarŽ Alligator sp dos EUA), tendo sido dada pouca •nfase na
produ•‹o de carne ou outros subprodutos (dentes, —leos, fel e outros). Os cuidados
come•am na coleta, onde cada produtor pode explorar atŽ 300 ninhos, recolhendo atŽ
80% dos ovos encontrados (s‹o encontrados em torno de 25 ovos por ninho), dos
quais tem de retornar ˆ natureza 10 em cada 100 jacarezinhos de 6 meses de idade. O
sistema de cria•‹o mais difundido Ž intensivo, os ovos v‹o para a chocadeira, os
jacarezinhos s‹o transferidos e criados em tanques aqu‡ticos em galp›es ou barrac›es,
o abate com menos de dois anos, com 80 cm de comprimento. Os alimentos s‹o
baseados em prote’na animal, utilizando-se produtos de pouco valor obtidos em
abatedouros, como miœdos e v’sceras, complementada com suplementos minerais e
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vitam’nicos. A alimenta•‹o, a densidade de animais por tanque, o acompanhamento
tŽcnico e outros cuidados na cria•‹o s‹o importantes para a preven•‹o e tratamento
natural de doen•as como laringite, faringite, diarrŽias, doen•as de pele e outras. O
manejo semi-intensivo de popula•›es locais pode ser alternativa de renda para ‡reas
inund‡veis, mas deve ser muito bem realizada e fiscalizada para que evitar confus‹o
com a atua•‹o ilegal dos coureiros.
Insetos
a. abelhas : o potencial ap’cola do Cerrado tem sido explorado somente a
partir da dŽcada de 80, Žpoca muito recente quando comparada com a apicultura
tradicional nas regi›es Sul e NE. Em regi›es de Cerrado com excelentes floradas, a
produtividade de mel de abelha europa (Appis mel’fera), deve atingir ao menos de 50 a
100 kg por colmŽia por ano. S‹o mais de 200 espŽcies espŽcies de plantas de interesse
ap’cola, que se somam ˆs floradas dos cultivos agr’colas, formando dois picos de
produ•‹o que se concentram no in’cio da seca, em abril, e principalmente no in’cio da
Žpoca das chuvas, em setembro-outubro. Isso permite boas condi•›es para apicultura
fixa e, potencialmente, para a migrat—ria, principalmente agora que o mel de floradas
silvestres Ž mais valorizado (algumas floradas de Cerrado produzem mel de colora•‹o
mais escura que o de eucaliptos, laranja e outros tipos mais comuns, implicando em
resist•ncia inicial de novos mercados). Plantas importantes para pasto ap’cola s‹o:
alfafa-do-campo (Stylosanthes spp), ara•‡s (Psidium spp), assa-peixe (Vernonia polyanthes),
cagaita (Eugenia dysenterica), canela-sassafr‡s (Nectandra lanceolata), cajus (Annacardium
spp), carne-de-vaca (Roupala montana), copa’ba (Copaifera langsdorfii), gabirobas
(Campomanesia spp), guatambu (Aspidosperma macrocarpon), ing‡s (Ing‡ spp), jatob‡s
(Hymenaea spp), macaœba (Acroconia spp), mangaba (Hancornia speciosa), paineira (Eryotheca
pubescens), pequis (Caryocar spp), peroba (Aspidosperma tomentosum), pinha-do-brejo
(Talauma ovata), saca-rolha (Helicteres sacarrolha) e sucupiras (Pterodon spp).
As abelhas nativas dos Cerrados s‹o respons‡veis pela poliniza•‹o de 60-80%
das plantas de Cerrado. Entre elas, destacam-se as mamangavas (Bombus spp e Xilocopa
spp, entre outras), abelhas solit‡rias respons‡veis pela produ•‹o de maracuj‡s e v‡rios
outros frutos. As abelhas nativas t•m sido exploradas de forma predat—ria por
coletores ou ÒmeleirosÓ, que geralmente matam as col™nias para colheita do mel e cera,
diminuindo, consequentemente, as popula•›es nativas. As abelhas mel’feras nativas,
quase todas sem ferr‹o e com popula•›es pouco numerosas de oper‡rias, s‹o
representadas por umas 20 espŽcies dos g•neros Trigona e Melipona. A abelha jata’
(Trigona jaty e Tetragonisca angustula) Ž uma das mais famosas entre os apreciadores de
mel, pelo seu sabor, aroma e outras qualidades nutricionais, mas produzem pouco, em
torno de 1 kg de mel por comŽia/ ano; a abelha uru•u (Melipona ruviventre) Ž mais
produtiva que a jata’, cada colmŽia com produ•‹o de atŽ 5 a 10 kg de mel por ano. A
jata’ habita quintais urbanos, ch‡caras, fazendas e matas, s‹o relativamente f‡ceis de
capturar e de manejar em api‡rios domŽsticos e comerciais. Um sistema simples de
manejo foi recentemente desenvolvido em S‹o Paulo, constitu’do de um novo modelo
de caixa vertical com dimens›es m‡ximas de 20 cm de largura e 30 cm de comprimento,
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adaptado para colmŽias caseiras, penduradas em ‡rvores ou varandas. Existem, ainda,
outros modelos para cria•‹o em maior escala.
ƒ importante mencionar a exist•ncia de vespas mel’feras do g•nero Polybia,
chamadas de enxœ ou enxu’, das quais n‹o se conhece muita coisa a respeito.
5. Turismo Rural (Agroturismo, Ecoturismo e Pesca)
Nas œltimas dŽcadas, tem havido maior interesse da sociedade urbana pela
cultura rural e por ambientes naturais, seja como lazer, educa•‹o, terapia, esporte ou
simples resgate de ra’zes familiares. No Centro-Oeste, a dist‰ncia do litoral favoreceu
um grande interesse pelas suas belezas naturais. Os turistas frequentadores das
paisagens naturais, entre elas o Pantanal, Chapada dos Guimar‹es, Chapada dos
Veadeiros, nascentes da bacia Amaz™nica, Parques Nacionais, cavernas e grutas, ‡guas
termais, praticantes de alpinismo, observadores e pesquisadores de plantas e animais,
entre tantas atividades afins, promovem o chamado ecoturismo, que pode incentivar o
consumo de produtos locais. Uma especializa•‹o deste setor Ž representada pela pesca
amadora e esportiva, com forte tradi•‹o em v‡rias bacias da regi‹o, especialmente no
rio Araguaia, onde gera ciclos curtos de atividades econ™micas nestes locais. O nœmero
de pesqueiros artificiais tambŽm cresce em toda a regi‹o Centro-Oeste.
Na ‡rea do agroturismo existem v‡rias iniciativas espec’ficas em todo o Brasil,
geralmente de pequena escala, onde as fazendas se organizam para receber pequenos
grupos de visitantes em torno das suas atividades rotineiras (como ordenhar cria•›es,
produzir iogurte e queijos, processar o cafŽ a ser servido, colheita de hortali•as,
passeio de cavalo, etc), ou atendendo programas de grupos prŽ-formados, como os
participantes de cursos e reuni›es, alunos de escolas prim‡rias e universidades
acompanhados dos professores, grupos com acompanhamento terap•utico, e outras
muitas possibilidades.
De qualquer modo, esses tr•s setores - agroturismo, ecoturismo e pesca
esportiva - se relacionam fortemente, todos aproveitam uma mesma rede de pequenos
estabelecimentos, como pousadas, hotŽis, campings, restaurantes, incluindo infraestrutura de estradas e respectivos postos de servi•o e conex›es.
A valoriza•‹o da tradi•‹o agr’cola e dos produtos regionais, sempre que foi
praticada, gera fluxos de turismo. Temos como exemplos os festivais de vinho no Sul,
as exposi•›es agropecu‡rias regionais, as vaquejadas no interior, as festas do milho em
MG, da pamonha em GO, as bananas e bananadas da Serra-do-Mar, as comemora•›es
de outras colheitas e concursos de qualidade e outros eventos prestigiados pelos
produtores, imprensa e pœblico. O crescimento do turismo interno e externo aumenta a
receptividade para produtos t’picos, de qualidade, oferecidos para o cafŽ-da-manh‹,
sobremesas, pratos t’picos ou como produtos de longa durabilidade para os turistas
em tr‰nsito. As atividades agr’colas devem garantir seu pr—prio retorno econ™mico e
manuten•‹o: o agroturismo agrega valor aos produtos da agricultura, gera renda e
ocupa•‹o, mas dificilmente tem condi•›es de se tornar atividade principal de uma
propriedade rural.
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CAPêTULO V Ð Recomenda•›es
Apresenta-se, a seguir, algumas recomenda•›es de medidas necess‡rias para a
explora•‹o de atividades econ™micas na ‡rea rural da regi‹o focalizada. Podem ser
utilizadas, especialmente, com o objetivo de apresentar alternativas vi‡veis ˆ
monotonia das grandes ‡reas com monoculturas de gr‹os e evitar a perda de
biodiversidade:
· Estimular o aproveitamento de espŽcies nativas da regi‹o por meio da
implanta•‹o de sistemas adaptados de produ•‹o e da regulamenta•‹o e controle do
extrativismo, para evitar a dilapida•‹o dos recursos naturais;
· Cerca de 80 espŽcies nativas de Cerrado s‹o usadas na alimenta•‹o na forma de
frutos, sementes e palmitos. As fruteiras nativas do Cerrado, tais como araticum,
jatob‡, pequ’, mangaba, cagaita, e buriti constituem fontes importantes de fibras,
prote’nas, vitaminas, minerais, ‡cidos graxos saturados e insaturados presentes em
polpas e sementes2. Possuem enraizamento profundo, o que permite um
aproveitamento mais eficiente da ‡gua e dos minerais do solo. N‹o dependem de
sistemas de manejo apoiado no revolvimento intensivo do solo. Oferecem prote•‹o ao
solo contra impactos de gotas de chuva e contra formas aceleradas de eros‹o h’drica e
e—lica. Permitem consorciamento com outras culturas, favorecendo o melhor
aproveitamento da terra. Podem ser exploradas sem forte altera•‹o da biodiversidade.
V‡rias plantas podem ser utilizadas como condimento (pimenta-de-macaco e canelabatalha, por exemplo), outras s‹o aromatizantes (como a baunilha, cujo produto
comercializado no pa’s Ž quase todo importado, e o arcassu, cujas ra’zes d‹o ao leite
cheiro e sabor compar‡veis ao chocolate) e corantes (como o a•afr‹o-do-Cerrado).
Sementes, folhas e entre-casca de plantas dos g•neros Chorisia, Eriotheca,
Pseudobombax, Mauritia, Attalea, Xylopia, Luehea e Guazuma fornecem fibras para a
produ•‹o de tecidos, de cordas, de redes, de chapŽus, de almofadas, etc. Mais de cem
espŽcies de plantas de Cerrado t•m valor medicinal. Cerca de vinte espŽcies de
plantas, como o pau-santo, a mama-de-porca, a cervejinha, o tamboril-do-Cerrado e a
fruta-de-papagaio, formam corti•a em quantidades economicamente aproveit‡veis.
Outras s‹o produtoras de —leos e gorduras, como o baba•u, a macaœba e o pequi. O
jatob‡, o breu e a laranjinha-do-campo s‹o produtoras de resinas extra’veis do tronco.
A Vochysia sp, o angico-vermelho, e a aroeira s‹o produtoras de gomas. O b‡lsamo
pode ser extra’do de plantas como o b‡lsamo, a cabreœva, a copa’ba e o pau-dÕ—leo.
Plantas como o leiteiro, a mangabeira e algumas espŽcies de Ficus s‹o produtoras de
l‡tex.
· Estimular o aproveitamento racional dos recursos faun’sticos
· V‡rias espŽcies nativas do Cerrado, como jacarŽs, teiœ, capivaras, emas, tatus,
tamandu‡s, t•m potencial econ™mico pelo aproveitamento de peles, de penas e de
carne. ƒ necess‡rio definir estratŽgias de manejo dessas espŽcies e combater a ca•a
predat—ria. Algumas experi•ncias bem sucedidas t•m sido feitas, contribuindo para
obten•‹o de ganhos significativos, em particular na exporta•‹o de carnes e de peles .
2
Almeida (1998)
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· Estimular a ado•‹o de sistemas de uso da terra que minimizem o revolvimento do
solo, estimule o enraizamento profundo, utilize plantas geneticamente adaptadas ˆs
limita•›es da regi‹o e favore•a o consorciamento de plantas
· Estimular a ado•‹o de tŽcnicas de controle biol—gico de pragas, utilizando-se
inimigos naturais e plantas companheiras.
· Estimular o uso de solos conforme a aptid‹o agr’cola das terras e com ado•‹o de
sistemas de manejo diversificados, com rota•‹o de culturas, com uso de
consorciamentos e com verticaliza•‹o da produ•‹o agregando-se valor aos produtos
agr’colas com a implementa•‹o de agroindœstrias de pequeno e mŽdio porte.
· Estimular a implanta•‹o de sistemas de produ•‹o de peixes regionais adaptados
ˆs potencialidades do meio e regularizar a pesca regional
· Proteger os recursos h’dricos da regi‹o (rios, c—rregos, ribeir›es e cursos dÕ‡gua
tempor‡rios), impedindo o desmatamento de ‡reas ribeirinhas e de nascentes,
controlando a instala•‹o e o uso de bombas de capta•‹o de ‡gua, adotando-se medidas
de conserva•‹o do solo que minimizem a polui•‹o de ‡guas superficiais e subterr‰neas
e o assoreamento de cursos dÕ‡gua.
· Estimular o envolvimento de diferentes segmentos da sociedade na divulga•‹o das
potencialidades dos recursos naturais do Cerrado e das diferentes estratŽgias de
explora•‹o racional.
· Estimular a agricultura com base na m‹o-de-obra familiar incrementando os
estudos visando a defini•‹o de pr‡ticas agr’colas adaptadas ao meio e ˆ cultura local.
· Estabelecer programas em escala municipal, estadual e regional visando a
recupera•‹o de ‡reas degradadas, inclusive de ‡reas de pastagens em diferentes est‡gios
de degrada•‹o, estimulando a ado•‹o de pr‡ticas de integra•‹o pecu‡ria - lavoura.
· Estimular a ado•‹o de fertilizantes e corretivos de baixa solubilidade e de culturas
de ciclo longo ou perenes, mais compat’veis com as limita•›es da regi‹o que culturas
anuais de ciclo curto.
· Estimular programas municipais, estaduais e regionais de controle de queimadas e
incrementar os trabalhos de assist•ncia tŽcnica visando a minimiza•‹o do emprego do
fogo em ‡reas de Cerrado.
· Estimular o ecoturismo na regi‹o como forma de valoriza•‹o dos recursos
naturais existentes, contribuindo para sua preserva•‹o e para a gera•‹o de empregos.
· Estimular a implanta•‹o do agroturismo como forma de valoriza•‹o das
manifesta•›es culturais da regi‹o.
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Anexo: Lista de 28 outras espŽcies de frutas do Cerrado:
Anan‡s, abacaxi-do-Cerrado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Ananas ananassoides
ocorre em Cerrado, cerrad‹o e mata de galeria, porte herb‡ceo e
formando touceiras
frutos de 300 a 800 g, 1 fruto por planta, 2 a 4 frutos por touceira, de
outubro a mar•o a partir do 1¼-2¼ ano
a polpa Ž consumida ao natural ou na forma de doces e sucos
Ara•‡, ara•‡-boi
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Psidium firmum e Psidium ara•a
ocorre em Cerrado e cerrad‹o, porte arbustivo de atŽ 1,5 m
frutos de 5 a 15 g, 30 a 80 frutos por planta, de outubro a dezembro
a polpa Ž consumida ao natural ou na forma de doces e gelŽias, a planta
Ž medicinal
Araticum, marolo, pinha do Cerrado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Annona crassiflora e Annona coriacea
ocorre em Cerrado e cerrad‹o e campo sujo, porte arb—reo de 6-8 m
frutos de 0,5 a 4,5 kg, 30 a 200 frutos por planta, de janeiro a mar•o a
partir do 3¼ ou 4¼ ano
a polpa Ž consumida ao natural ou na forma de sorvetes, sucos, gelŽias,
doces, licores, vinagres, recheios de bolos e bombons, a planta Ž
medicinal e corticeira
Bacupari, bacopari
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Salacia campestris e Salacia crassiflora
ocorre em Cerrado, cerrad‹o e campo sujo, porte arbustivo de 2 a 4 m
frutos de 30a 80 g, 10 a 80 frutos por planta, de setembro a dezembro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de sucos
Banana-de-papagaio, banha-de-galinha, pacov‡-de-macaco
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Swatzia langsdorfii e Swatzia cordiopetala
ocorre em mata calc‡ria e mata de galeria, porte arb—reo de 6 a 8 m
frutos de 60 a 100g, 40 a 220 frutos por planta, de agosto a outubro
a polpa Ž consumida ao natural
Cagaita
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Eugenia dysenterica
ocorre em Cerrado, cerrad‹o e campo sujo, porte arb—reo de 6 a 10 m
frutos de 15 a 20g, 500 a 2.000 frutos por planta, de setembro a
dezembro (floresce e frutifica em menos de 1 m•s)
a polpa Ž consumida ao natural ou na forma de sorvetes, sucos, gelŽias e
licores, a planta Ž mel’fera, medicinal e corticeira
Caju, Caju-de-‡rvore do Cerrado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Anacardium othonianum
ocorre em Cerrado e cerrad‹o, porte arb—reo de 3 a 6 m
frutos de 5 a 10 g, 200 a 600 frutos por planta, de setembro a outubro, a
partir do 2¼ ou 3¼ ano
a polpa Ž consumida ao natural ou na forma de suco, licores e doces, a
castanha Ž consumida torrada, a planta Ž tinturial
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Caju’, cajuzinho, caju-rasteiro
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Anacardium humile e Anacardium nanum
ocorre em Cerrado, cerrad‹o, campo sujo e campo limpo, porte herb‡ceo
e arbustivo
10 a 30 frutos por planta, de agosto a dezembro, a partir do 2¼ ou 3¼ ano
A polpa Ž consumida ao natural ou na forma de suco, licores e doces
gelŽias, passas, a castanha Ž consumida torrada, a planta Ž mel’fera,
produz vinho e aguardente, —leo da casca para indœstria qu’mica e —leo
da am•ndoa para culin‡ria
Curriola, gr‹o-de-galo, massaranduba, fruta-de-veado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Pouteria ramiflora e Pouteria torta
ocorre em Cerrado e cerrad‹o, porte arb—reo de 4 a 6 m
frutos de 30 a 50 g, 200 a 800 frutos por planta, de setembro a mar•o
a polpa Ž consumida ao natural
Fruto-de-tatu
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Chrysophyllum soboliferum
ocorre em Cerrado e campo sujo, porte herb‡ceo
frutos de 20 a 30 g, 3 a 15 frutos por planta, de novembro a janeiro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de sucos
Gabiroba, guavira
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Compomanesia cambessedeana, C. camposseana e C. coerula
ocorre em Cerrado, cerrad‹o e campo sujo, porte arbustivo de 60-80 cm
frutos de 1 a 3 g, 30 a 50 frutos por planta, de setembro a novembro, a
partir do 1¼ ou 2¼ ano
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de doces e gelŽias, a planta Ž
mel’fera e medicinal
Gravat‡, caraguat‡
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Bromelia balansae
ocorre em Cerrado e cerrad‹o, porte herb‡ceo
frutos de 5 a 15 g, 80 a 120 frutos por planta, de outubro a mar•o
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de doces
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
Ing‡ spp
ocorre em mata de galeria, cerrad‹o e mata calc‡ria, porte arb—reo de 6 m
frutos de 10 a 30 g, 500 a 1.000 frutos por planta, de novembro a
janeiro
consumo ao natural, a planta Ž medicinal e mel’fera
Ing‡
aproveitamento:
Jaracati‡, mam‹o-de-‡rvore, mam‹o-de-veado, mam‹o-nativo
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Jaracatia heptaphylla
ocorre em mata calc‡ria, porte arb—reo de 6 a 8 m
frutos de 80 a 120 g, 400 a 800 frutos por planta, de janeiro a mar•o
consumo ao natural e na forma de gelŽias
Jatob‡-do-Cerrado, juta’, jata’
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
Hymenaea stignocarpa
ocorre em Cerrado e cerrad‹o, porte arb—reo de 4 a 6 m
frutos de 20 a 60 g, 100 a 400 frutos por planta, de setembro a
novembro
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
aproveitamento:
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de gelŽias, vinho, licor e
farinha para bolo, p‹es e mingaus, a planta Ž madeireira e medicinal
Jatob‡-da-mata
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Hymenaea stilbocarpa
ocorre em cerrad‹o e mata calc‡ria, porte arb—rea de 8 a 10 m
frutos de 100 a 200 g, 500 a 2.000 frutos por planta, de setembro a
novembro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de gelŽias, licor e farinha para
bolo, p‹es e mingaus, a planta Ž medicinal
Lobeira, fruta-de-lobo
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Solanum lycocarpum
ocorre em Cerrado, cerrad‹o e campo sujo, porte arb—reo de 3 a 4 m
frutos de 400 a 900 g, 40 a 100 frutos por planta, de julho a janeiro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de gelŽias, a planta Ž
medicinal
Mama-cadela, algod‹ozinho, irer•
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Brosimum gaudichaudii
ocorre em Cerrado e cerrad‹o, porte arbustivo-arb—reo de atŽ 4 a 5 m
frutos de 2 a 3 g, 30 a 400 frutos por planta, de setembro a novembro
a polpa Ž consumida ao natural, a planta Ž medicinal
Mam‹ozinho-do-mato, mam‹o-do-Cerrado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Carica glandulosa
ocorre em mata calc‡ria e mata de galeria, porte herb‡ceo-arbustivo de 1
a2m
frutos de 30 a 50 g, 30 a 50 frutos por planta, de dezembro a mar•o
a polpa Ž consumida ao natural
Mangaba
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Hancornia speciosa
ocorre em Cerrado e cerrad‹o (inclusive em solos pedregosos), porte
arb—reo de 4 a 7 m
frutos de 30 a 250 g, 100 a 400 frutos por planta, de agosto a janeiro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de doces, sucos, sorvetes, a
planta Ž medicinal, mel’fera e produtora de l‡tex com aplica•‹o
industrial
Marmelada-nativa, marmelada, marmelada-de-bezerro
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Alibertia edulis
ocorre em Cerrado e cerrad‹o, porte arb—reo com 3 a 4 m
frutos de 10 a 30 g, 30 a 200 frutos por planta, de setembro a
novembro, a partir do 1¼ ano
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de doces e gelŽias, a semente
torrada e mo’da Ž usada como substituto ao p—-de-cafŽ
Murici
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
Byrsonima verbascifolia (o grupo inclui tambŽm as espŽcies B.
crassifolia, B. basiloba, B. crassa, B. coccolobifolia e B. intermedia,
com v‡rios nomes populares associados a cada um)
ocorre em Cerrado e cerrad‹o (inclusive em solos pedregosos), porte
arb—reo de 3 a 4 m
frutos de 1 a 4 g, 100 a 500 frutos por planta, de novembro a mar•o
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
aproveitamento:
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de doces, suco, licor e
gelŽias, a planta Ž medicinal, mel’fera e tinturial
P•ra-do-Cerrado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Eugenia klostzchiana
ocorre em Cerrado, cerrad‹o e campo sujo, porte arbustivo de 0,8 a 1 m
frutos de 60 a 90 g, 4 a 12 frutos por planta, de outubro a dezembro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de sucos e gelŽias
Perinha, uvais-do-Cerrado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Eugenia lutescens
ocorre em Cerrado, cerrad‹o e campo sujo, porte arbustivo de 0,8 a 1 m,
formando touceiras muito produtivas
frutos de 15 a 30 g, 6 a 20 frutos por planta, de setembro a novembro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de sucos e gelŽias
Pitanga-vermelha
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Eugenia calycina
ocorre em Cerrado e campo sujo, porte herb‡ceo
frutos de 4 a 7 g, 8 a 20 frutos por planta, de setembro a dezembro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de sucos e gelŽias
Pitanga-roxa
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Eugenia uniflora
ocorre em mata de galeria e mata calc‡ria, porte arb—reo de 4 a 6 m
frutos de 4 a 6 g, 300 a 1.000 frutos por planta, de agosto as novembro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de sucos e gelŽias
Pitomba-do-Cerrado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Eugenia lushnathiana e Talisia esculenta
ocorre em mata calc‡ria e cerrad‹o, porte arb—reo com 6 a 8 m
frutos de 7 a 9 g, 1.000 a 2.000 frutos por planta, de outubro a janeiro
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de sucos
Uva-do-Cerrado
nome cient’fico:
caracter’sticas da planta:
colheita dos frutos:
aproveitamento:
Vitex spp
ocorre em mata calc‡ria, cerrad‹o e mata de galeria (inclusive em solos
pedregosos), trepadeira
frutos de 8 a 10 g, 400 a 800 frutos por planta, de janeiro a mar•o
a polpa Ž consumida ao natural e na forma de gelŽias
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
A- Bibliografia Geral:
Alho, C.J.R. & Martins, E. de S. ,1995 (editores). De gr‹o em gr‹o o Cerrado perde
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Pesquisa Agropecu‡ria dos Cerrados. p. 89-166.
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
B - Bibliografia por çreas Tem‡ticas
conteœdo
A.1. Sistemas de Produ•‹o e Manejo de Solos no Cerrado
A.2. Manejo de Pragas e Doen•as
A.3. Fauna e Flora, Aspectos Gerais
A.4. Fauna: EspŽcies Silvestres com Aptid‹o para Cria•‹o
A.5. Flora: Potencial n‹o Madeireiro das Plantas dos Cerrados
A.6. Flora: Gr‹os, TubŽrculos e Outros
A.7. Flora: Pastagens: Gram’neas, Forrageiras e Outras
A.8. Flora: Frutas Nativas
A.9. Flora: Palmeiras
A.10. Flora: Flores
A.11. Flora: Agroindustrializa•‹o
A.12. Flora: Bambu
Anexo 1.
SISTEMAS DE PRODU‚ÌO E MANEJO DE SOLOS NO CERRADO
Affin, O.A.D., Zinn, Y.L., 1996. Sustentabilidade dos sistemas nos Cerrados. In: SIMPîSIO SOBRE O CERRADO, 8. Planaltina :
EMBRAPA/CPAC, Anais, p.28-32
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199ðbo v80/94.zipØØØðU‰@ðtŠðzð e@‡_ðaZIP
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In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE CIæNCIA DO SOLO, 13. çguas de Lind—ia : USP/SNLCS/SBCS/CEA/SBM, Anais,
p.118-121
Anexo 2.
Manejo de Pragas e Doen•as
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Anjos, J.R.N., Marinho, V.L.A., 1997. Infec•‹o natural de Arachis pintoi por um potyvirus no Brasil Central. In: Relat—rio TŽcnico
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: EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 5p.
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Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.202-203
Junqueira, N.T.V., et al., 1997. Controle integrado de podrid‹o de ra’zes de gravioleira causada por Cylindrocladium clavatum no
Distrito Federal. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.203-204
Junqueira, N.T.V., et al., 1997. Cylindrocladium spp associados a podrid‹o de ra’zes de mudas de fruteiras nativas dos Cerrados e
ex—ticas. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.200-201
Junqueira, N.T.V., et al., 1997. Doen•as da gravioleira (Annona muricata) nos Cerrados da regi‹o Centro-Oeste e Minas Gerais. In:
Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.202
Junqueira, N.T.V., et al., 1997. Doen•as da seringueira nas regi›es do ecossistema Cerrados. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC
1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.209
Junqueira, N.T.V., et al., 1997. Utiliza•‹o do biribazeiro (Rollinea mucosa) como porta-enxerto de gravioleira visando ao controle
da podrid‹o de ra’zes e da broca-do-coleto. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.177
Lasca, D.H.C., et al., 1997. Manejo Integrado de pragas do amendoim: instru•›es ˆ rede. Campinas : CATI, Manual, 74, 6p.
Oliveira, M.A.S., Alves, R.T., Genœ, P.J.C., 1992. Flutua•‹o populacional de moscas-das-frutas (Diptera : Tephritidae) em citrus no
Distrito Federal. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 2p.
Oliveira, M.A.S., Alves, R.T., Genu, P.J.C., 1994. Flutua•‹o populacional de moscas-das-frutas (Diptera : Tephritidae) em citrus no
Distrito Federal. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.242-243
Oliveira, M.A.S., Junqueira, N.T.V., 1997. Ocorr•ncia da broca-de-coleto (Heilipus catagraphus) em gravioleira no Distrito
Federal. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.189-190
Oliveira, M.A.S., et al., 1992. Pragas da gravioleira no Cerrado. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Documentos, 41, 11p.
Santos, M.F., Faiad, M.G.R., Ribeiro, W.R.C., 1996. Avalia•‹o da patogenicidade de Cylindrocladium clavatum em pl‰ntulas de baru
(Dipteryx alata). In: SIMPîSIO SOBRE O CERRADO, 8. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Anais, p.213-215
Sharma, R.D., Am‡bile, R.F., 1994. Nemat—ides associados ao girassol (Helianthus annus) nos Cerrados do Distrito Federal.
Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 2p.
Veloso, V.R.S., Almeida, L.G., Silva, M.F., 1994. Levantamento de insetos associados ao araticunzeiro (Annona crassiflora) no
Cerrado goiano. In: REUNIÌO ESPECIAL DA SBPC, 1. Uberl‰ndia : UFU/SBPC, Anais, p.6
Veloso, V.R.S., Silva, M.F., Almeida, L.G., 1994. Levantamento de insetos associados ao jatob‡ (Hymenea sp.) no Cerrado goiano.
In: REUNIÌO ESPECIAL DA SBPC, 1. Uberl‰ndia : UFU/SBPC, Anais, p.8
Veloso, V.R.S., et al., 199?. Plantas nativas hospedeiras de moscas-das-frutas (Diptera : Tephritidae) nos Cerrados de Goi‡s.
Goi‰nia : UFGO/Escola de Agronomia, 1p.
Anexo 3.
FAUNA E FLORA, ASPECTOS GERAIS
Ed. Globo, 1989-1998. Revista Globo Rural. Abelha jata’ (out./92, jun./97, mar.97), a•afr‹o (dez./94), aduba•‹o verde (mar./90),
araruta (set./96), bambu (jan./89, mar./91, nov./97, jul./98), baru (set./95), baunilha (mar./96), bromŽlias (maio/93), buriti (maio/92),
capivaras (fev./92, jun./92), catetos e queixadas (ago./98), ervas medicinais (nov./93), ervas medicinais (nov./95), frutas do Cerrado
(mar./92), girassol (dez./96), guandu (set./96), gueroba (set./92, fev./96), jacarŽ (mar./93), jatob‡ (nov./96), jenipapo (jan./98),
lambari (ago./97), mamona (maio/91), maracuj‡ (mar./93), microbacias hidrogr‡ficas (jul./93), paca (maio/89), pimenta-do-reino
(abr./95), reserva florestal (nov./93), samambaias (maio/90), turismo rural (nov./97, jan./98).
Lima, B.C., 1977. Frutos, mam’feros, repteis, peixes, aves e abelhas mel’feras do Centro-Sul de Goi‡s: uma tentativa de
sistematiza•‹o dos recursos de subsist•ncia. Goi‰nia : Universidade Cat—lica de Goi‡s, 71p.
Munhoz, C.B.R. (coord.), et al., 1994. Regi‹o de Alto Para’so de Goi‡s: um estudo para promover o estabelecimento de uma ‡rea
de reserva extrativista. Bras’lia : IBAMA, ?p.
Salvador Monteiro & Leonel Kaz (coords.), 1993. Cerrado, v‡rios aspectos. 256p.
Sano, S.M., Almeida, S.P. (eds.), 1998. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, 556p.
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Anexo 4.
FAUNA: ESPƒCIES SILVESTRES COM ADAPTA‚ÌO PARA CRIA‚ÌO
Alho, C.J.R., 1986. Cria•‹o e manejo de capivaras em pequenas propriedades rurais. Bras’lia : EMBRAPA/DDT, Documentos, 13,
48p.
Deutsch, L., Puglia, L.R., 1989. Os animais silvestres: prote•‹o, doen•as e manejo. S‹o Paulo : Ed. Globo, ?p.
Faria Mucci, G.M., Melo, M.A., 1996. Abelhas e plantas por elas utilizadas como fontes alimentares em um ecossistema de campo
rupestre na regi‹o de Lavras Novas, Ouro Preto - MG, Brasil. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 3. Bras’lia : UnB,
Resumos, p.364
Max, J.C.M., et al., 1993. O uso de gram’neas na alimenta•‹o de capivaras (Hydrocaeris hydrocaeris, L.) em cativeiro. In:
CONGRESSO FLORESTAL PANAMERICANO, 1. Curitiba : SBS/SBEF, Anais, vol. 2, p.70-74
Mendes, B.V. (coord.), et al., 1989. Cartilha do criador de emas. Mossor— : ESAM/FGD, 29p.
Povoa, C.P., Brandeburgo, M.A.M., 1994. Estudo de comportamento de abelhas jata’ (Tetragonisca angustula) de col™nias diferentes
coletando em uma mesma fonte de alimento. In: REUNIÌO ESPECIAL DA SBPC, 1. Uberl‰ndia : UFU/SBPC, Anais, p.73
Rodrigues, F.H.G., Monteiro F¼, 1996. Rela•‹o comensal’stica entre veados campeiros e emas. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA
DO BRASIL, 3. Bras’lia : UnB, Resumos, p.186-187
Silveira, L., et al., 1996. Distribui•‹o espacial e densidades de ema (Rhea americana) no Parque Nacional das Emas, Goi‡s. In:
CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 3. Bras’lia : UnB, Resumos, p.225
Anexo 5.
FLORA: Potencial N‹o-Madeireiro das Plantas do Cerrado
Almeida, S.P., 1998. Cerrado: plantas nativas de import‰ncia econ™mica. In: Cerrado: Ambiente e Flora, Sano, S.M., Almeida, S.P.
(eds.), Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.197-199
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EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 4p.
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SIMPîSIO SOBRE O CERRADO, 8. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Anais, p.10-14
Ribeiro, J.F., et al., 1994. EspŽcies arb—reas de usos mœltiplos da regi‹o do Cerrado: caracteriza•‹o bot‰nica, uso potencial e
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Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1982/1985, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.64-66
Sawyer, D.R., van der Ree, M., Pires, M.O., 1998. Comercializa•‹o de espŽcies vegetais nativas do Cerrado. Relat—rio de Pesquisa,
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Silva, J.C.S., 1995. Proposta para utiliza•‹o da flora nativa dos Cerrados para fins econ™micos. In: SIMPîSIO SOBRE O
CERRADO, 7. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Anais, p. 25-34
Universidade Federal de Goi‡s, 1995. Projeto de domestica•‹o de plantas do Cerrado e sua incorpora•‹o a sistemas produtivos
regionais. Goi‰nia : UFGO/Programa Regional Integrado de Pesquisa e Extens‹o, 91p.
Melo, J.T., 1991. Aroeira: caracter’sticas e aspectos silviculturais. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Documentos, 10p.
Anexo 6.
Flora: Gr‹os, TubŽrculos e Outros
Am‡bile, R.F., Fonseca, C.E.L., Farias Neto, A.L., 1994. Avalia•‹o de gen—tipos de girassol (Helianthus annus) na regi‹o dos
Cerrados do Distrito Federal. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 3p.
Andrade, R.P., et al., 1997. Avalia•‹o e sele•‹o de cultivares de Arachis spp. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995,
Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.234-236
Bevit—ri, R., Antal, J.B., 1995. ƒpoca de semeadura do girassol no estado de Goi‡s. Goi‰nia : EMBRAPA/CNPAF, Comunicado
TŽcnico, 31, 13p.
Castro, C.B., et al., 1994. A cultura do urucum. Bras’lia : EMBRAPA/SPI, Cole•‹o Plantar, 20, 61p.
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Chaves, L.H.G., 1985. Nutri•‹o e aduba•‹o de tubŽrculos. Campinas : Fund. Cargill, 97p.
EMBRAPA/CENARGEN, 1986. Bibliografia do urucum (Bixa orellana). Bras’lia : EMBRAPA/DDT, 61p.
EMBRAPA/CPAC, 199?. Quinoa e Amaranto: alternativas para a forma•‹o de palhada e produ•‹o de gr‹os nos Cerrados. Bras’lia
: EMBRAPA/CPAC. Fold.
EMBRAPA/CPAC, 1996. A cultura do girassol. Bras’lia : EMBRAPA/CPAC, Circular TŽcnica, 13. 38p.
Farias Neto, A.L., Fonseca, C.E.L., 1991. Avalia•‹o de variedades de gergelim (Sesamum indicum L.) na regi‹o dos Cerrados do
Distrito Federal. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 6p.
Farias Neto, A.L., Am‡bile, R.F., Fonseca, C.E.L., 1997. Avalia•‹o de variedades de gergelim (Sesamum indicum L.) na regi‹o dos
Cerrados do Distrito Federal. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.154-156
Farias Neto, A.L., Am‡bile, R.F., Fonseca, C.E.L., 1997. Avalia•‹o de gen—tipos de girassol (Helianthus annus L.) na regi‹o dos
Cerrados do Distrito Federal. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.153-154
Fonseca, C.E.L., 1991. Avalia•‹o de variedades de mamona (Ricinus communis L.) na regi‹o dos Cerrados do Distrito Federal.
Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 4p.
Freitas F¼, J. et al., 1994. Avalia•‹o e recomenda•‹o de cultivares de mandioca para a regi‹o dos Cerrados. In: Relat—rio TŽcnico
Anual do CPAC 1987/1990, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.11-115
Hernani, L.C., Henn, R., 1995. Canola. EMBRAPA/CPAO, Fol., 4p. (tiragem 5.000 ex.)
Kato, O.R., et al., 1991. Efeito da rela•‹o esterco/terri•o no desenvolvimento de mudas de urucuzeiro. BelŽm : EMBRAPA/CPATU,
15p.
Peres, J.R.R., Suhet, A.R., 1985. Inocula•‹o do feij‹o com Rhizobium phaseoli em solos de v‡rzeas dos Cerrados. Planaltina :
EMBRAPA/CPAC, Comunicado TŽcnico, 4p.
Peres, J.R.R., et al., 1994. Sele•‹o de estirpes de Rhizobium phaseoli adaptadas ˆs condi•›es de Cerrado. In: Relat—rio TŽcnico Anual
do CPAC 1987/1990, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.209-212
Perim, S., Costa, I.R.S., 1991. Variedades de mandioca mansa, resistentes ˆ bacteriose, para a regi‹o geo-econ™mica de Bras’lia.
Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Comunicado TŽcnico, 4p.
Ramos, J.E.L., 1991. Urucuzeiro. Porto Velho : EMATER-RO, 16p.
Santos, J.N., et al., 1983. A cultura do inhame. Belo Horizonte : EMATER-MG, 28p.
Spehar, C.R., Santos, R.L.B., 1996. Potencial para produ•‹o de quinoa (Chenopodium quinoa) nos Cerrados. In: SIMPîSIO SOBRE O
CERRADO, 8. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Anais, p.290-292
Spehar, C.R., Santos, R.L.B., 1997. Estudos iniciais para a adapta•‹o de quinoa (Chenopodium quinoa WILDD.) aos Cerrados. In:
Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.172
Valls, J.F.M., Silva, G.P., 1996. Caracter’sticas fitogeogr‡ficas das espŽcies brasileiras do g•nero Arachis (Leguminosae). In:
Congresso Nacional de Bot‰nic a, 47. Nova Friburgo : SBB, Resumos, p.312
Vargas, M.A.T., et al., 1993. Inocula•‹o de sementes de soja com Bradyrhizobium japonicum. Planaltina : EMBRAPA/CPAC,
Comunicado TŽcnico, 4p.
Anexo 7.
Flora: Pastagens: Gram’neas, Forrageiras e Outras
Almeida, S.P., Silva, J.A., Zoby, J.L.F., 1987. Identifica•‹o e indica•‹o das espŽcies forrageiras de ‡reas de pastagem nativa dos
Cerrados. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1982/1985, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.66-68
Almeida, S.P., Zoby, J.L.F., Kornelius, E., Silva, J.A., 1985. Estudos em pastagens nativas nos Cerrados. Planaltina :
EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 18a, 2p.
Almeida, S.P., et al., 1987. Fenologia das espŽcies de gram’neas de ‡rea de pastagem nativa da regi‹o dos Cerrados. In: Relat—rio
TŽcnico Anual do CPAC 1982/1985, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.70-71
Andrade, R.P., 1993. Produ•‹o de sementes de Stylosanthes guianensis cv. Bandeirantes. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Comunicado
TŽcnico, 4p.
Andrade, R.P., Leite, G.G., 1988. Pastagens na regi‹o dos Cerrados. Belo Horizonte : EPAMIG, Informe Agropecu‡rio, v.13,
n.153/154, p.26-39
Andrade, R.P., Thomas, D., Grof, B., 1987. Avalia•‹o agron™mica sob pastejo de Centrosema brasilianum CPAC1428 e de h’bridos
de centrosema. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1982/1985, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.373-374
Barcellos, A.O., et al., 1997. Avalia•‹o agron™mica sob pastagens consorciadas na regi‹o dos Cerrados. In: Relat—rio TŽcnico Anual
do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.240-242
Brand‹o, M., 1992. Plantas forrageiras do Cerrado. Belo Horizonte : EPAMIG, Informe Agropecu‡rio, v.16, n.173, p.36-39
Carvalho, M.M., et al., 1994. Desenvolvimento de pastagens na zona fisiogr‡fica Campos das Vertentes, MG. Coronel Pacheco :
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Sousa, F.B., et al., 1987. Banco ativo de germoplasma de forrageiras para a regi‹o dos Cerrados. In: Relat—rio TŽcnico Anual do
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Thomas, D., Andrade, R.P., 1987. Avalia•‹o agron™mica sob pastejo de introdu•›es de Stylosanthes macrocephala, Zornia
brasiliense, Centrosema macrocarpum. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1982/1985, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.374-379
Thomas, D., Andrade, R.P., Grof, B., 1987. Avalia•‹o agron™mica sob pastejo de introdu•‹o de Stylosanthes guianensis ÒtardioÓ
(Bandeirante e CPAC 337), e de Panicum maximum CPAC 344. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1982/1985, Planaltina :
EMBRAPA/CPAC, p.371-373
Vargas, M.A.T., et al., 1993. Fixa•‹o biol—gica do nitrog•nio em centrosema em solos de Cerrado. Planaltina : EMBRAPA/CPAC,
Boletim de Pesquisa, 14p.
Vargas, M.A.T., et al., 1994. Sele•‹o de estirpes de Bradyrhizobium sp para centrosema em solos de Cerrado. In: Relat—rio TŽcnico
Anual do CPAC 1987/1990, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.221-225
Zoby, J.L.F., Kornelius, E., 1994. Sistema integrado de utiliza•‹o de pastagem nativa de Cerrados sob diferentes cargas,
complementada com banco de prote’na na recria de f•meas. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1987/1990, Planaltina :
EMBRAPA/CPAC, p.297-300
Zoby, J.L.F., Barcellos, J.M., Kornelius, E., 1994. Banco de prote’na de estilosantes e kudzu como complemento de pastagem
cultivada na seca. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1987/1990, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.295-296
Zoby, J.L.F., Kornelius, E., Saueressig, M.G., 1990. Banco de prote’na de leucena e estilosantes. Planaltina : CPAC, Comunicado
TŽcnico, 54, 6p.
Zoby, J.L.F., Kornelius, E., Saueressig, M.G., 1991. Banco de prote’na de leucena (na chuva) e estilosantes (na seca) como
complemento de pastagem nativa na recria de f•meas azebuzadas. In: Relat—rio TŽcnico Anual do CPAC 1985/1987, Planaltina :
EMBRAPA/CPAC, p.254-257
Anexo 8.
Flora: Frutas Nativas
Almeida, S.P., Silva, J.A., 1994. Piqui e buriti: import‰ncia alimentar para a produ•‹o dos Cerrados. Planaltina : EMBRAPA/CPAC,
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Almeida, S.P., Silva, J.A., 1997. Avalia•‹o f’sico-qu’mica e processamento de frutas nativas do Cerrado. In: Relat—rio TŽcnico Anual
do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.44-45
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Carvalho, G.C., et al., 199?. Determina•›es f’sicas em frutos e sementes de baru (Dipteryx alata VOG), cajuzinho (Anacardium
othonianum RIZZ.) e pequi (Caryocar brasiliense CAMB.) visando melhoramento genŽtico. Goi‰nia : UFGO/Escola de Agronomia.
Chaves, L.J., et al., 1994. Avalia•‹o de prog•nies de araticunzeiro (Annona crassiflora Mart.). In: REUNIÌO ESPECIAL DA SBPC,
1. Uberl‰ndia : UFU/SBPC, Anais, p.7
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Felipe, A.F.C.L., et al., 199?. Avalia•‹o da distribui•‹o geogr‡fica ecol—gica de frut’feras nativas dos Cerrados na regi‹o sudeste do
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Oliveira, G.C., et al., 1997. Caracteriza•‹o qu’mica de solos e de folhas de p•ra-do-Cerrado (Eug•nia klotzchiana Berg), associado
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Silva, G.B., Naves, R.V., 1988. Influ•ncia do clima e do solo sobre a distribui•‹o de frut’feras nativas nos Cerrados do estado de
Goi‡s. Goi‰nia : UFGO/Escola de Agronomia, Relat—rio de Pesquisa, 11p.
Silva, G.B., et al., 1997. Avalia•‹o da influ•ncia do clima e do solo sobre a distribui•‹o de frut’feras nativas nos Cerrados do estado
de Goi‡s. Projeto FINEP/CNPq/UFGO, In: CONGRESSO BRASILEIRO DE INICIA‚ÌO CIENTêFICA DE CIæNCIAS AGRçRIAS.
Goi‰nia : UFGO, 1p.
Silva, G.B., et al., 1997. Avalia•‹o da influ•ncia do clima e do solo sobre a distribui•‹o de frut’feras nativas nos Cerrados do estado
de Goi‡s. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE INICIA‚ÌO CIENTêFICA DE CIæNCIAS AGRçRIAS. Goi‰nia : UFGO/Escola de
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
Agronomia.
Silva, J.A., Fonseca, C.E.L., 1991. Propaga•‹o vegetativa do pequizeiro: enxertia em garfagem lateral e no topo. Planaltina :
EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 6p.
Silva, J.A., et al., 1992. Coleta de sementes, produ•‹o de mudas e plantio de espŽcies frut’feras nativas dos Cerrados: informa•›es
explorat—rias. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Documentos, 44, 23p.
Silva, J.A., et al., 1994. Frutas nativas dos Cerrados. Bras’lia : EMBRAPA/CPAC/SPI, 166p.
Silva, J.A., et al., 1997. Comportamento de espŽcies nativas do Cerrado em condi•›es de cultivo experimental. In: Relat—rio
TŽcnico Anual do CPAC 1991/1995, Planaltina : EMBRAPA/CPAC, p.45-46
Souza, E.R.B.., et al., 1994. Efeito de per’odos e condi•›es de armazenamento de sementes sobre a germina•‹o de pl‰ntulas de
cagaita (Eugenia dysenterica DC.). In: REUNIÌO ESPECIAL DA SBPC, 1. Uberl‰ndia : UFU/SBPC, Anais, p.8
Vieira, M.H.P., Irber, M.V., 1996. Emerg•ncia e taxa de germina•‹o em Annona coriacea. In: CONGRESSO NACIONAL DE
BOTåNICA, 47. Nova Friburgo : SBB, Resumos, p.460
Anexo 9.
Flora: Palmeiras
Bohrer, C.B.A., Oliveira F¼, L.C., Quintela, E.P., 1993. O manejo dos recursos naturais e a produ•‹o de coco de baba•u (Orbignya
phalerata Mart.) na regi‹o de Santa In•s - MA. In: CONGRESSO FLORESTAL PANAMERICANO, 1. Curitiba : SBS/SBEF, Anais,
vol. 2, p.452-454
Lorenzi, H., 1996. Palmeiras no Brasil: nativas e ex—ticas. Nova Odessa : Ed. Plantarum. 132p.
Silva, J.A., Ribeiro, J.F., Albino, J.C., 1986. Germina•‹o de sementes de buriti: escarificar pode ser a solu•‹o. Planaltina :
EMBRAPA/CPAC, Pesquisa em Andamento, 6p.
Teixeira, C.P., Paiva, J.C.A., Fraga, P.A., 1996. Potencial s—cio-econ™mico da cultura da pupunha como alternativa para os
Cerrados. In: SIMPîSIO SOBRE O CERRADO, 8. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Anais, p.159-161
Anexo 10.
Flora: Flores
Abril Cultural, 1977. Samambaias, avencas, orqu’deas e antœrios. S‹o Paulo : Ed. Abril, 75p.
Brand‹o, M., Laca-Buendia, J.P., 1991. Folhas, flores, frutos e sementes do Cerrado e sua utiliza•‹o em arranjos ornamentais.
Belo Horizonte : EPAMIG, Informe Agropecu‡rio, v.15, n.168, p.21-28
Oliveira, R.S., et al., 1996. Influ•ncia do fogo na flora•‹o de espŽcies de Orchidaceae em Cerrado. In: CONGRESSO DE
ECOLOGIA DO BRASIL, 3. Bras’lia : UnB, Resumos, p.467-468
Salles, A.E.H., Lima, I.V., 1990. Orquid‡rio regional dos Cerrados. Bras’lia : Jardim Bot‰nico de Bras’lia, 45p.
Anexo 11.
Flora: Agroindustrializa•‹o
Almeida, S.P., 1996. Potencial da flora ap’cola do Cerrado. In: CONGRESSO. BRASILEIRO DE APICULTURA, 11. Teresina : SBA,
p.187-191
Barreto, R.F. (coord.), 1996. RemŽdios caseiros. Bras’lia : EMATER-DF, 52p.
Brand‹o, M., 1992. Plantas produtoras de tanino nos Cerrados mineiros. Belo Horizonte : EPAMIG, Informe Agropecu‡rio, v.16,
n.173, p.33-35
Brasil, MinistŽrio da Indœstria e ComŽrcio, 1985. A produ•‹o de combust’veis l’quidos a partir de —leos vegetais. Bras’lia :
MIC/Secretaria de Tecnologia Industrial, 364p.
Coelho, M.F.B., 1996. Estudo da germina•‹o de sementes de plantas medicinais do Cerrado de Mato Grosso. In: CONGRESSO DE
ECOLOGIA DO BRASIL, 3. Bras’lia : UnB, Resumos, p.15-16
Coelho, M.F.B., et al., 1996. Conserva•‹o de sementes de plantas medicinais do Cerrado de Mato Grosso. In: CONGRESSO DE
ECOLOGIA DO BRASIL, 3. Bras’lia : UnB, Resumos, p.16
Gavilanes, M.L., Brand‹o, M., 1992. Frutos, folhas e ra’zes de plantas do Cerrado, suas propriedades medicinais, tendo como
ve’culo a cacha•a. Belo Horizonte : EPAMIG, Informe Agropecu‡rio, v.16, n.173, p.40-44
Laca-Buendia, J.P., 1992. Plantas produtoras de fibras o Cerrado. Belo Horizonte : EPAMIG, Informe Agropecu‡rio, v.16, n.173,
p.18-20
Macedo, J.F., 1992. As plantas oleaginosas do Cerrado de Minas Gerais. Belo Horizonte : EPAMIG, Informe Agropecu‡rio, v.16,
n.173, p.21-27
Silva F¼, P.V., 1992. Plantas do Cerrado produtoras de matŽria tintorial. Belo Horizonte : EPAMIG, Informe Agropecu‡rio, v.16,
n.173, p.28-32
Vieira, R.F., Martins, M.V.M., 1996. Estudos etnobot‰nicos de espŽcies medicinais de uso popular no Cerrado. In: SIMPîSIO SOBRE
O CERRADO, 8. Planaltina : EMBRAPA/CPAC, Anais, p.169-171
Anexo 12.
Flora: Bambu
Azzini, A., Salgado, A.L.B., 1992. Avalia•‹o quantitativa do material fibroso e vazios em colmos de bambu. S‹o Paulo : O Papel,
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
v.53, n.7, p.49-52
Brito, J.O., Tomazello F¼, M., Salgado, A.L.B., 1987. Produ•‹o e caracteriza•‹o do carv‹o vegetal de espŽcies e variedades de
bambu. Piracicaba : IPEF, n.36, p.13-17
Coelho, E.F., Concei•‹o, M.A.F., 1990. Recomenda•›es para instala•‹o de drenos de bambu e drenos livres. Para’ba :
EMBRAPA/CNPAI, Circular TŽcnica, 2. 28p.
Ferreira, V.L.P., 1986. Avalia•‹o do broto de espŽcies de bambu na alimenta•‹o humana. S‹o Paulo : Colet‰nea do ITAL, v. 16, n.1,
p.23-36
Filgueiras, A.P., Pereira, B.A.S, 1984. O taquari, bambu forrageiro do Cerrado. Pesquisa Agropecu‡ria Brasileira, v.19, n.8, p.10531055
Filgueiras, T.S., 1988. Bambus nativos do Distrito Federal, Brasil (Gramineae : Bambusoideae). Revista Brasileira de Bot‰nica, v.11,
n.1/2, p. 47-66
Fund. Pr—-Cerrado, 1988. Constru•›es ecol—gicas: bambu. Goi‰nia : FPC, Cerrad‹o, ano I, n.3, 1998, p.6-7
Gomide, J.L., 1982. Potencialidades tecnol—gicas da produ•‹o de celulose kraft de bambu. S‹o Paulo : Silvicultura, v.7, n.23, p.57
Oliveira, E.L., 1996. Manual de sistema de irriga•‹o subsuperficial utilizando tubos e gotejadores de bambu - uma solu•‹o de baixo
custo. Bras’lia : ABEAS, 38p.
Penna, J.E., 1980. Tratamento preservativo de Bambusa tuldoides Munro para ser utilizado na indœstria de m—veis. Curitiba : UFPR,
Tese de Mestrado, 89p.
Santos, R.L., 1997. Bambu: uma planta multiuso. Campinas : CATI/IAC, CATI Responde, 21, 2p.
Funda•‹o Centro Brasileiro de Refer•ncia e Apoio Cultural Ð CEBRAC
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