1 Mobilização neural no tratamento da cervicobraquialgia por compressão do nervo radial: Revisão bibliográfica Idalício Costa1 [email protected] Dayane Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em Traumato-Ortopedia com ênfase em terapia manual – Faculdade Ávila Resumo Este trabalho tem por objetivo de mostrar os benefícios da mobilização neural como tratamento das cervicobraquilgias por compressão de nervo radial. A coluna cervical tem anatomia e fisiologia totalmente diversas da coluna lombar e dorsal. Ela possui três funções: (1) provê suporte e estabilidade à cabeça; (2) suas superfícies articulares dão mobilidade à cabeça e (3) abriga e conduz a medula espinhal e artéria vertebral. A cervicobraquialgia caracteriza-se por dor na região cervical com irradiação para o membro superior, onde a causa dela é por compressão de uma ou várias raízes nervosas, e poderá ser unilateral ou bilateral. A Mobilização Neural visa minimizar e ou anular a dor causada por uma disfunção em um nervo periférico. É comum na apresentação clínica da disfunção de nervos periféricos a dor em Membros Superiores e Inferiores. Essa dor pode ser descrita de diferentes formas: “formigamento”, “choque”, “dormência”, diminuição de sensibilidade, “queimação”; sendo descrita sempre no trajeto do nervo periférico envolvido. Verificando assim os benefícios da mobilização neural como tratamento das cervicobraquilgias por compressão de nervo radial. E através de uma revisão bibliográfica teve-se como objetivos identificar os tratamentos para a cervicobraquialgia, esclarecer sobre a mobilização neural e mostrar os benefícios que a mobilização neural pode proporcionar na reabilitação da cervicobraquialgia. Palavras-chave: Coluna Cervical; Cervicobraquialgia; Mobilização Neural; Nervo Radial; Tratamento Fisioterapêutico. 1. Introdução A coluna vertebral é composta por 33 vértebras, sendo 24 móveis e 09 imóveis, e em seu interior existe um canal por onde passa a medula espinhal ou nervosa. O esqueleto axial é constituído junto com a coluna vertebral, a cabeça, o esterno e as costelas. As vértebras são divididas em cervicais, torácicas, lombares e sacrococcígeas, e entre elas estão localizados os discos intervertebrais, que são estruturas em forma de anel, constituídas por tecido cartilaginoso e elástico cuja função é evitar o atrito entre uma vértebra e outra, amortecer o impacto e permitir maior mobilidade entre as vértebras. Além disso, possui nervos músculos, ligamentos e a medula. A região cervical apresenta intensa mobilidade o que condiciona fadiga e degeneração de estruturas regionais ricamente inervadas. Essas disfunções da degeneração do disco intervertebral, fenômeno decorrente do avanço da idade ou de traumatismos é que reduzem a capacidade amortecedora discal e causa sobrecarga do corpo vertebral e facetas articulares. Como conseqüência, instalam-se osteófitos reacionais ou hérnias discais. Estas anormalidades podem resultar em compressão da medula espinhal ou das raízes nervosas, caracterizando dores na cervical, ombros e membros superiores, assim como alterações sensitivas e ou 1 2 Fisioterapeuta, Pós-graduando em Traumato-Ortopedia com ênfase em Terapia Manual. Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia de Ensino Superior e Mestrando em Bioética e Direito em Saúde. 2 motoras nos dermátomos correspondentes, caracterizando assim a cervicobraquialgia. A técnica fisioterapêutica mobilização neural também conhecida por neurodinâmica é, essencialmente, a aplicação clínica da mecânica e da fisiologia do sistema nervoso e como elas se relacionam entre si e são integradas à função do músculo esquelético. Esse método parte do princípio que comprometimentos da fisiologia e da mecânica do sistema nervoso (movimento, elasticidade, condução, fluxo axoplasmático) podem levar à disfunções do sistema nervoso ou em estruturas musculoesqueléticas por ele inervadas, e que o restabelecimento de sua biomecânica e fisiologia adequada, por meio do movimento e/ou tensão, permite a recuperação da extensibilidade e da funcionalidade normal desse sistema e das estruturas comprometidas (VÉRAS et al, 2011). A mobilização neural vem sendo utilizada 1800, sendo progressivamente aperfeiçoada tanto na teoria quanto na Pratica (MONNERAT, 2010). No final do século passado a técnica era utilizada de forma cirúrgica e os alongamentos feitos de forma empírica, sem embasamento cientifico. Somente há algumas décadas começou-se a identificar patologias ortopédicas e reumatologicas que envolviam o Sistema Nervoso Periférico direta ou indiretamente. Notouse então que a maioria delas realmente provinham da agressão ao SNP, reproduzindo os sintomas da enfermidade. Nesse momento surgiram estudos que deram uma quantidade maior de informações sobre o sistema nervoso, fornecendo subsidio para o aparecimento da mobilização neural (SCHMIDT, 2005). Este estudo se justifica pelo fato de que a cervicobraquialgia é um sintoma relativamente comum na população em certa etapa da vida, levando a um alto risco de afastamento desta população por períodos longos ou mesmo uma invalidez permanente de uma população economicamente ativa, proporcionando também um alto custo para a saúde pública brasileira. São realizados diversos tipos de tratmentos fisioterapêuticos com intuito de aliviar a dor. E notou-se que essa técnica tem bastante influência na coluna vertebral com isso ajudando no alívio das dores. Foi realizada esta revisão bibliográfica para que haja uma maior informação dessa técnica utilizada por fisioterapeutas e para que sirva de modelo na utilização de outros estudos relacionados ao mesmo assunto. Este estudo teve como intuito de demonstrar a eficácia da técnica de mobilização neural no tratamento do quadro álgico e aumento da mobilidade articular em pacientes com cervicobraquialgia. Tendo como objetivo geral identificar os benefícios da mobilização neurl no tratamento da cervicobraquialgia por compressão do nervo radial. E teve como objetivos específicos identificar os tratamentos para a cervicobraquialgia, esclarecer sobre a técnica de mobilização neural, e mostrar os benefícios que a mobilização neural pode proporcionar no tratamento de cervicobraquialgia. E com isso fazer com que a mobilização neural seja utilizado como mais uma alternativa de tratamento fisioterapêutico nas disfunções da coluna vertebral, mais precisamente na cervicobraquialgia. 2. Fundamentação Teórica 2.1. Anatomia da Coluna Vertebral A coluna vertebral estende-se do crânio até o sacro sendo responsável por dois quintos do peso corporal total sendo composta por tecido conjuntivo e pelas vértebras, mais a pelve e o cóccix, constituindo, junto com a cabeça, esterno e costelas, o esqueleto axial (SOBOTTA, 2000). A coluna vertebral consiste em 33 vértebras (24 são móveis), sendo: 07 cervicais, 12 torácicas, 05 lombares, 05 sacrais e 04 coccígeas; no adulto as vértebras sacrais unem-se no osso sacro e as vértebras coccígeas formam o cóccix. O interesse e a curiosidade sobre a coluna vertebral sempre fora despertado devido à sua mobilidade funcional e as suas funções 3 “aparentemente antagônicas”. Ward um contemporâneo de Darwin, considerava a coluna vertebral [como] “uma extraordinária peça de um mecanismo; suficientemente forte para suportar pesos altíssimos, porém flexível e elástica;... compacta, para ser leve, porém capaz de suportar..., choques, distensões e contorções de considerável violência: essa coluna... executa funções aparentemente incompatíveis” (ALVARENGA, 2007). Sob o plano funcional, a coluna vertebral se configura como uma estrutura dotada de elasticidade, capaz de garantir, em oposição à gravidade, seja a posição ereta, seja o equilíbrio de forças e resistências necessárias à locomoção e a qualquer outra forma de atividade cinética final. Os dois requisitos mecânicos fundamentais da coluna vertebral são: a rigidez (a eficiente estática antigravitacional) e a flexibilidade (a possibilidade de uma grande amplitude de movimentos) (TRIBASTONE, 2001). Apesar de ser uma estrutura complexa, a coluna vertebral serve de suporte ao tronco e à cabeça; apresenta grande flexibilidade e é capaz de produzir movimentos do tronco em três planos além de conferir proteção à medula espinhal. Sua estabilidade e resistência são reforçadas, intrinsecamente, por ligamentos e discos intervertebrais e, extrinsecamente, pelos grupos musculares (MOREIRA e RUSSO, 2005). As vértebras compõem-se pelas seguintes estruturas: corpo, pedículos, lâmina e apófises. O corpo vertebral encontra-se na porção anterior em relação ao eixo corporal. O corpo vertebral, nesta posição, suporta as forças de carga e pressão e é composto por uma estrutura óssea esponjosa, apresentando uma placa cartilaginosa na sua porção superior e inferior. Varia de altura e de diâmetro conforme o segmento vertebral onde se localiza. Os corpos das vértebras cervicais têm menor diâmetro e altura, sendo a porção mais alta da coluna na posição ortostática (MONTENEGRO, 2008). A coluna cervical tem anatomia e fisiologia totalmente diversas da coluna lombar e dorsal. As necessidades funcionais são diferentes e, uma vez mais, são elas que determinam a anatomia e a fisiologia (BIENFAIT, 2000). “A coluna cervical possui três funções: (1) provê suporte e estabilidade à cabeça; (2) suas superfícies articulares dão mobilidade à cabeça e (3) abriga e conduz a medula espinhal e artéria vertebral” (HOPPENFELD, 1999). O corpo da vértebra com o seu platô superior tem duas proeminências planas transversalmente de cada lado, os processos unciformes, ou úncus, entre os que se encaixam as faces articulares correspondentes ao platô inferior da vértebra superior. Também se pode observar a superfície da borda anterior do platô superior. Em conjunto, o platô superior é côncavo transversalmente e convexo de diante para trás e, através do disco intervertebral, se articula com o platô inferior da vértebra suprajacente. Este conjunto articular em forma de uma sela de montar a cavalo permite, principalmente, movimentos de flexão-extensão; os movimentos laterais estão limitados pela presença dos processos unciformes que “conduzem” os deslocamentos ânteroposteriores; na parte posterior da face lateral do corpo vertebral se implantam, por um lado, os pedículos vertebrais, ponto de origem do arco posterior e, por outro, a raiz anterior da apófise transversa. As apófises transversas cervicais se caracterizam pela sua forma e orientação: escavadas como se fosse um sulco de concavidade superior, se dirigem para frente e para fora, num plano que forma um ângulo de 60º com o plano sagital; além do mais, elas são levemente oblíquas para baixo, formando uma inclinação de 15º. A extremidade póstero-interna do sulco começa no forame intervertebral; a sua extremidade antero-lateral é flanqueada por dois tubérculos, o anterior e o posterior, nos quais se inserem os músculos escalenos. Quanto ao seu fundo, ele é perfurado pelo forame intervertebral pelo qual ascende à artéria vertebral. O nervo cervical, após sair do canal vertebral pelo forame intervertebral, passa pelo sulco da apófise transversa, de modo que cruza perpendicularmente a artéria vertebral para desembocar entre os dois tubérculos da apófise transversa (KAPANDJI, 2000). As vértebras cervicais podem girar aproximadamente 90 graus, fletir lateralmente 47 graus para cada lado, fletir 40 graus e estender-se 24 graus. (HAMILL e KNUTZEN, 1999). 4 As apófises articulares estão situadas para trás e para fora do corpo da vértebra ao qual estão unidas pelos pedículos; elas suportam as faces articulares, que se articulam com as faces inferiores da vértebra suprajacente. O arco posterior completa-se com as lâminas; deste modo, o arco posterior está constituído sucessivamente pelos pedículos, as apófises articulares, as lâminas e a apófise espinhosa; O forame intervertebral é limitado abaixo pelo pedículo, para dentro pelo corpo vertebral e o processo unciforme e, por fora, pela apófise articular (KAPANDJI, 2000). Cada vértebra cervical típica (C3 a C7) tem características específicas. A largura anterior é maior que a posterior. Entre essas duas vértebras adjacentes, caudalmente a partir de C2, são encontrados discos intervertebrais. Esses discos, são mais largos anteriormente do que posteriormente. Cada disco é composto de um ânulo e de um núcleo. Cada disco apresenta uma estrutura interna, o núcleo pulposo, agora simplesmente chamado de núcleo. (CAILLET,2003). A amplitude total de flexão é de aproximadamente 45° e de extensão é de 60°, dos quais 50° ocorrem na parte superior da coluna cervical (CORRIGAN; MAITLAND, 2000). a amplitude total de inclinação lateral pode ser de aproximadamente 45° (KAPANDJI, 2000). A rotação ocorre nas articulações atlantoaxiais e cervicais inferiores, a amplitude total é de aproximadamente 80° para qualquer um dos lados, dos quais cerca de 25° ocorrem na parte superior da coluna cervical (CORRIGAN; MAITLAND, 2000). As últimas cinco vértebras cervicais se diferenciam do resto das vértebras da coluna por possuírem apófises unciformes, as quais se articulam entre si por meio das articulações uncovertebrais (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). Entre as patologias mais frequentes encontradas na região cervical, encontramos a cervicalgia mecânica e a neuralgia cervicobraquial ou cervicobraquialgia (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). A coluna cervical é uma parte da coluna vertebral de grande mobilidade, onde devido a esta mobilidade ela sofra um processo degenerativo geralmente precoce, que afetará tanto a articulação intersomáticas, interapofisárias e uncovertebrais como o disco (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). O disco intervertebral, por sua vez, é um dos principais fatores responsáveis pela flexibilidade e elasticidade da coluna lombar. É formado por uma camada externa fibrosa concêntrica, o anel ou ânulo fibroso, combinada delicadamente com uma parte cartilaginosa central, o núcleo pulposo. A sustentação e estabilização do núcleo pulposo são realizadas por duas placas cartilagíneas, remanescentes da cartilagem de crescimento do corpo vertebral. Além de fornecer sustentação para a postura ereta e proteção para as estruturas nervosas, esta unidade motora permite também a mobilização do tronco. O núcleo pulposo ao lado das curvaturas da coluna vertebral tem a função de amortecedor de choques e comportamento hidrostático. Tais estruturas podem ter seus fenômenos degenerativos acelerados em função do tipo de ocupação profissional, embora os achados resultantes do envelhecimento da unidade motora incluam a osteoporose, a doença degenerativa discal associada à idade, a reação osteofitária, os espessamentos ligamentares, as alterações das articulações interfacetárias e o encurtamento e insuficiência muscular (ANTÔNIO, 2002). Santos e Silva (2003) acreditam que o disco intervertebral é o componente principal para a estabilidade segmentária, e também a estrutura principal de suporte de carga. É uma estrutura hidrodinâmica elástica, interposta a duas vértebras adjacentes. As nutrições do disco (anel e núcleo) se dão por embebição: os vasos sanguíneos aproximam-se, mas não penetram na placa externa, nem no disco. A embebição é assegurada pela compressão e relaxamento intermitentes. 5 2.2. Cervicobraquialgia O sistema nervoso periférico e central são geralmente lesionados por compressão pelas estruturas adjacentes ou estiramento. Quando há compressão, a deformação mecânica e a isquemia levam à perda das propriedades mecânicas e funcionais das fibras nervosas devido a vários mecanismos: obstrução local do movimento, inflamação e fibrosamento, proteção reflexa muscular local, excesso de tensão ao longo de um trajeto da fibra, além de outros mecanismos ainda não compreendidos. Como consequência, estruturas músculo-esqueléticas podem estar comprometidas numa disfunção de origem neural (MARINZECK; PHTY, 2007). As compressões acontecem por estenoses nos canais de conjugação, sejam determinadas por saliências do anel fibroso, hérnias discais ou osteófitos, exercem ação sobre as raízes, pois elas são fixas nos canais de conjugação, de modo que pequenas estenoses reduzem seu “espaço vertebral” (HEBERT, 2003). A dor na coluna cervical, com ou sem irradiação para o membro superior e outras estruturas, tem uma prevalência alta na população (entre 28% e 34% das pessoas com mais de 25 anos). (GROBER et al., 2000). A cervicobraquialgia caracteriza-se por dor na região cervical com irradiação para o membro superior, onde a causa dela é por compressão de uma ou várias raízes nervosas, e poderá ser unilateral ou bilateral (TAUBE, 2002). A cervicobraquialgia é uma doença que acomete a região cervical e é acompanhada por uma irradiação por todo o membro superior, podendo acarretar perda de força, ormigamento e outros. A cervicalgia se caracteriza pela dor ao nível da coluna cervical alta. Quando a dor nessa região se irradia para o ombro, braço e mão passa a se denominar cervicobraquialgia, admitindo-se que o plexo braquial formado das terminações C2 a C8 tenha sido alterado. Esta patologia atualmente tem sido de grande incidência e atinge tanto aos jovens, aos adultos e aos idosos (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). A degeneração do disco deve-se ao fato de que a coluna cervical possuir maior amplitude de movimento do que as colunas lombar e dorsal (CORRIGAN; MAITLAND, 2000). A cervicobraquialgia se caracteriza por dor na região cervical (pescoço), irradiada para os membros superiores, causando alteração de sensibilidade, queimação, formigamentos, e até diminuição da força muscular nos membros superiores, nas regiões dos ombros, braços, antebraços e mãos, podendo ser uni ou bilateral, provocada por compressão das raízes nervosas, mais comuns, entre as 4ª e 5ª vértebras cervicais, 5ª e 6ª vértebras cervicais (GERARD, 2004). O nervo radial é formado pelas raízes de C1-T1. O seu trajeto pelo braço contorna o úmero numa goteira espiral entre as cabeças medial e lateral do tríceps e envia ramos para o braquioradial, extensor radial longo do carpo, e quase sempre, para o braquial. Quando passa sobre a abeça do rádio bifurca-se em um ramo superfcial que inverva a pele da região dorsal do punho e da mão, a face extensora do polegar até a falange distal, a pele da falange proximal do index e metade central do terceiro dedo (LIANZA, 2001). Frequentemente, o quadro clínico das cervicobraquialgias é unilateral, sendo que a dor iniciase na região cervical baixa e irradia-se para o membro superior, com topografia radicular usualmente associada a parestesias de um ou mais dedos. Muitos tratamentos manuais têm sido propostos, dentre eles, a mobilização neural, que é uma técnica que procura restaurar o movimento e a elasticidade do sistema nervoso, promovendo o retorno das funções normais (BUTLER, 2003). Frente às consequências que as disfunções neurais provindas da cervicobraquialgia podem gerar ao indivíduo, busca-se recuperar a função mecânica quanto fisiológica do sistema nervoso, restaurando comprimento e mobilidade do mesmo, e as disfunções em estruturas musculoesqueléticas que recebem sua inervação, e segundo Marinzeck e Phty (2007) e Santos 6 (2004) isto é possível através da técnica de mobilização neural, a qual trata-se de movimentos passivos impostos ao tecido neural. Segundo Butler (2003), a mobilização do sistema nervoso é aplicada para sinais e sintomas cujas origens podem ter comprometimento biomecânico ou uma reação inflamatória. 2.2.1 Tratamentos A fisioterapia é uma especialidade da ortopedia, a qual vem crescendo muito e está passando por uma grande revolução. Esta é uma parte da ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais. A terapia manual é uma área da fisioterapia que vem conquistando espaço devido ao seu sucesso. A terapia manual, portanto consiste na aplicação de técnicas com as mãos, sobre o corpo do paciente, com o objetivo de promover o retorno à função normal de seus pacientes (ESCOLA DE TERAPIA MANUAL E POSTURAL, 2004). 2.3. Mobilização Neural Para que haja movimento os músculos têm que ser capazes de encurtar e alongar com resistência mínima em todas as amplitudes de movimento, essa contração depende, além dos impulsos motores pelo sistema nervoso, de três fatores, (a) elasticidade e completa extensibilidade dos músculos, (b) amplitude completa das articulações e (c) um sistema nervoso livremente móvel e extensível. O Sistema Nervoso, tanto central como periférico, compreende em um só sistema, considerado contínuo como tecido, eletricamente e quimicamente. Portanto, qualquer alteração ocorrida em uma parte dele ocasionará repercussões em todo o sistema. Não cabe ao sistema nervoso somente conduzir impulsos através de grandes amplitudes e complexidades de movimento, mas também adaptar-se mecanicamente a esses movimentos retraindo e alongando-se, podendo até mesmo limitar essas amplitudes em certas combinações de movimentos (BUTLER, 2003). O tecido conjuntivo do Sistema Nervoso protege os componentes neurais de modo a assegurar que os impulsos sejam transmitidos ao mesmo tempo em que o ser humano assume as mais diversas posturas com amplitudes, por vezes, extremas. Este tecido protege ainda os axônios das forças compressivas. Graças aos mecanismos de desenvolvimento de tensão dentro do SN e o seu movimento em relação as suas interfaces é permitido a ele, mover-se acompanhando os movimentos do corpo (BESSA, 2004). A tensão neural adversa é definida por Butler como uma série de “respostas mecânicas e fisiológicas anormais das estruturas do sistema nervoso quando suas amplitudes normais de movimento e capacidade de alongamento são testadas”. Quando comparado aos outros tratamentos para desordens neuromusculares, os testes de tensão neural são relativamente novos, pois começaram a ser reconhecidos como terapia somente a partir de 1970 (SCHACKLOCK, 2005). O teste Neurodinâmico, ou teste de tensão neural é também denominado teste de estiramento neural. São seqüências de movimentos, realizados para avaliar a mecânica e a fi siologia de uma parte do sistema nervoso. Considera-se o teste positivo quando houver diminuição da amplitude de movimento ou quando sintomas dolorosos e de alongamento profundo forem reproduzidos, quando a resposta no lado envolvido variar unilateralmente entre respostas normais, e quando houver diferenciação estrutural de uma fonte neurogênica. Sabe-se que nem todos os sintomas provocados pelos testes podem ser considerados patológicos, como o tecido neural também é inervado, o seu estiramento pode causar dor, sendo, portanto, necessário que se conheça tais respostas e as diferenças entre indivíduos sintomáticos e assintomáticos (BESSA, 2004; MAHMUD et al., 2006). 7 O tratamento da tensão adversa, através da mobilização neural, é feito partindo da posição tolerada pelo paciente estabelecida durante o teste. Realizam-se, ao final da amplitude, oscilações lentas e consecutivas da extremidade envolvida por aproximadamente um minuto, permitindo ao paciente um descanso de três minutos, podendo se repetir a aplicação por mais duas vezes (BUTLER, 2003). Os testes neurodinâmicos são divididos em testes para membros inferiores, tronco e membros superiores, sendo que em cada teste pode-se isolar um nervo, como nos três testes para membros superiores, ou mesmo colocar sob tensão toda a cadeia nervosa como, por exemplo, no slump test ou teste de inclinação anterior (BUTLER, 2003). Para membros superiores existem três testes que isolam o nervo mediano, ulnar ou radial, avaliando restrições nestes nervos e estabelecendo a posição para o tratamento. O teste mais explorado pelas pesquisas científicas é o ULNT 1, Upper Limb Neurodinamical Test, que avalia as restrições do nervo mediano. Este engloba os movimentos passivos de depressão da cintura escapular, abdução do ombro em aproximadamente 110º, rotação externa de ombro, supinação do antebraço, extensão de punho e dedos seguindo com extensão de cotovelo. Esses movimentos são realizados consecutivamente sem deixar que o segmento anterior retorne à origem. Depois de mantida essa posição, orienta-se ao paciente que realize ativamente uma inclinação lateral cervical para o lado oposto. Nesta posição, caso confirmada a positividade do teste, é que se aplica a mobilização neural, realizando-se oscilações com flexão e extensão de punho. Isso pode ser aplicado no membro superior hemiplégico ou hemiparético a fim de manter a mobilidade e extensibilidade dos nervos, evitando que comprometimentos motores, como a espasticidade, alterem a neurodinâmica nervosa o que ocasionaria outros distúrbios como disfunções tróficas e inflamação no tecido alvo do nervo (DVIES, 1998). Para membros inferiores também são usados testes isolados, sendo que se pode tensionar ainda toda a cadeia nervosa escolhendo o Slump Test ou o teste da elevação da perna estendida, SLR. O SLR é realizado com o paciente em decúbito dorsal, posiciona-se a coluna cervical em flexão mantida, e então eleva o membro inferior de enfoque em flexão de quadril até o limite de tolerância do indivíduo. Pode-se aplicar a mobilização nesta posição abrangendo nervo ciático, tendo tencionado toda a cadeia nervosa a nível medular ou ainda isolar nervos tibial ou fi bular incluindo posições de inversão ou eversão do pé (MAKOFSKY, 2006). A aplicação dos testes neurodinâmicos é contra-indicada relativamente em casos de afecções irritativas, infl amação, sinais medulares, malignidade, compressão de raízes nervosas, neuropatia periférica e síndrome da dor regional periférica (MAKOFSKY, 2006). Pode-se dividir a mobilização neural em quatro categorias, (a) direta, na qual os nervos periféricos e/ou a medula espinhal são colocados em tensão por movimentos oscilatórios ou brevemente mantidos, través das articulações que compõem o trajeto nervoso; (b) indireta, em que os movimentos oscilatórios são aplicados às estruturas adjacentes ao tecido nervoso comprometido; (c) tensionante, mobiliza-se simplesmente aumentando e diminuindo a tensão no trato neural e (d) deslizante, em que se mobiliza o trato neural sem provocar o aumento da tensão (BUTLER, 2003). A Mobilização Neural visa minimizar e ou anular a dor causada por uma disfunção em um nervo periférico. É comum na apresentação clínica da disfunção de nervos periféricos a dor em Membros Superiores e Inferiores. Essa dor pode ser descrita de diferentes formas: “formigamento”, “choque”, “dormência”, diminuição de sensibilidade, “queimação”; sendo descrita sempre no trajeto do nervo periférico envolvido. O tratamento com mobilização neural tem como objetivo tirar a dor e o desconforto do paciente, agindo sobre a causa da dor, seja ela por inflamação ou por compressão do nervo 8 periférico, assim como restabelecer o fluxo sanguíneo intraneural, possibilitar o bom deslizamento do nervo dentro do canal neural, melhorar a condução do nervo. Atua na raiz e no trajeto nervoso liberando-o de qualquer bloqueio (compressão ou aderência) e desta forma eliminando a dor localizada e/ou irradiada como, por exemplo, lombociatalgias e cervicobraquialgias. Também aplicado em LER / DORT e de forma preventiva em possíveis casos de disfunções de ordem neurogênica. Como recurso terapêutico da mobilização neural, procura restaurar o movimento elástico ao sistema nervoso, promovendo o retorno as funções normais. A mobilização do sistema nervoso, visa devolver a mobilidade do sistema nervoso. Deste modo a continuidade do sistema assegura sua capacidade em se mover ou de ser influenciado por estruturas circundantes (BUTLER, 2003). O objetivo desta técnica é melhorar a neurodinâmica, restabelecendo a homeostasia dos tecidos afetados nas síndromes compressivas (CERQUEIRA et. al., 2003). A mobilização neural tem se mostrado de grande valia no tratamento das desordens musculoesqueléticas, restaurando a mobilidade do sistema nervoso periférico (SNP) nos segmentos corporais afetados e diminuindo o quadro álgico do paciente. Poucos estudos esclarecem a influência da mobilidade do SNP na flexibilidade, sendo esta a proposta do estudo, verificando a relação entre a mobilização do nervo mediano através do ULTT (TESTE DE RAÍZES NERVOSAS) e a amplitude de movimento. A técnica de mobilização neural é realizada através de movimentos oscilatórios ou brevemente mantidos direcionados aos nervos periféricos e/ou medula espinal (MARINZECK, 2007). A mobilização neural tem por objetivo restaurar a mobilidade natural do sistema nervoso como método alternativo e eficaz para a cura de diversas patologias musculoesqueléticas, possibilitando o funcionamento normal. De acordo com Butler (2003) o sistema nervoso é contínuo e a falta de mobilidade neural em algum segmento corporal transmite-se por todo o sistema e causa limitação em diferentes articulações e movimentos. Portanto, os efeitos da mobilização neural são o alívio de sintomas, resolução de patologias específicas do SNP e maneira mais geral a facilitação do movimento. Segundo Butler (2003), a mobilização do sistema nervoso aplica-se para sintomas originários de um comprometimento biomecânico (patomecânica) ou uma reação inflamatória (fisiopatologia). Observado que os movimentos em uma parte do corpo podem ser transmitidos para outro local através de movimentos ou tensões, a mobilização do sistema nervoso procura restaurar seu movimento e elasticidade. Promove assim o retorno de suas funções normais, já que o comprometimento do sistema nervoso pode resultar em outras disfunções nele próprio ou em estruturas músculo-esqueléticas que recebem sua inervação (SANTOS, 2004) A mobilização é definida como uma técnica de movimentos passivos de uma forma em que o paciente tenha em todo o tempo o controle sobre os movimentos (CORRIGAN; MAITLAND, 2000). Mesmo com o sistema nervoso alongado ou relaxado, estático ou dinâmico, os seres humanos são capazes de movimentos amplamente especializados (BUTLER, 2003). 3. Metodologia Trata-se de um estudo qualitativo bibliográfico com objetivo de apresentar os estudos e as diferentes correntes teóricas já desenvolvidas pelos estudiosos relacionados ao tema (ZANELLA, 2009). Contribuindo para o processo de síntese e análise dos resultados e discussões de vários estudos, criando assim um corpo de literatura compreensível. O levantamento bibliográfico propriamente dito foi realizado em bases de dados em saúde, através dos sites Bireme (Biblioteca Virtual em Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online), MEDLINE (U. S. National Library of Medicine), PubMed (National Library of Medicine edo National Institutes of Health); Science Direct; PEDro (Physiotherapy Evidence 9 Database); LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Como estratégia de pesquisa utilizou-se os mesmos descritores em todos os bancos de dados. Utilizando as palavras-chave como coluna cervical, cervicobraquialgia, mobilização neural, nervo radial e tratamentos fisioterapêutico. Foi também efetuado, um levantamento manual de capítulos texto de livros e periódicos nas bibliotecas das universidades localizadas na cidade de Boa Vista – Roraima. Os livros, periódicos e artigos científicos foram adotados a partir do ano de 1999 progredindo até o ano 2011 e que estivessem relacionadas ao tema. 4. Resultados e Discussão A análise dos resultados do trabalho de Gasparoto e Figueiredo Neto (2007) mostra que a mobilização neural pode ser uma técnica útil para o tratamento da cervicobraquialgia, uma vez que melhorou o quadro álgico da paciente. O sujeito deste estudo apresentava os sintais clínicos de cervicobraquialgia. A epicondilite medial com espessamento do tendão flexor evidenciado na ressonância magnética há nove anos pode ser resultado de uma disfunção somática, uma vez que ao ser realizado os testes de tensão neural, apresentou-se resultados positivos e, ao final do tratamento, obteve-se resultados expressivos com o ganho de 20º na flexão do punho, melhora na função global e melhora significativa na dor sendo utilizado somente a mobilização neural. Disfunção somática é a debilitação ou alteração da função dos componentes relacionados ao sistema somático (estrutura do corpo); da estrutura esquelética, artrodial e miofascial e de elementos vasculares, linfáticos e neurais inter-relacionados (GREENMAN, 2001). O sistema nervoso periférico e central são geralmente lesionados por compressão pelas estruturas adjacentes ou estiramento. Quando há compressão, a deformação mecânica e a isquemia levam à perda das propriedades mecânicas e funcionais das fibras nervosas devido a vários mecanismos: obstrução local do movimento, inflamação e fibrosamento, proteção reflexa muscular local, excesso de tensão ao longo de um trajeto da fibra, além de outros mecanismos ainda não compreendidos (MARINZECK, 2007). Uma lesão local em um nervo afeta todo o nervo, provavelmente pela diminuição do fluxo axoplasmático. O nervo fica susceptível a lesões em outros locais, fenômeno esse conhecido como double crush (MARINZECK, 2007). Portanto, uma lesão nervosa implica em alterações de suas propriedades mecânicas e fisiológicas que por sua vez, sustentam ou agravam a lesão. Tais lesões podem resultar em disfunção nas estruturas que recebem sua inervação. Como conseqüência, estruturas músculoesqueléticas podem estar comprometidas numa disfunção de origem neural (MARINZECK, 2007). Em estudo realizado com 26 pacientes com idades entre 21 e 72 anos foi utilizado a mobilização neural e foram obtidos melhoras significativas no quadro álgico (JABERZADEH et al., 2005) e também em 20 pacientes apresentando cervicobraquialgia, foi feita a mobilização neural e se obteve melhoras significativas (COPPIETERS et al., 2003). Estudo em paciente do sexo feminino, 42 anos, com sintomas de cervicobraquialgia, apresentou dor no pescoço e ombro e parestesia envolvendo 4º e 5º dedos. Ao ser tratada com técnicas de mobilização neural apresentou melhoras significativas já na 3ª sessão e no final do tratamento a paciente apresentou melhora significativa (BRISMÉE, PHELPS e SINZER, 2005). Outro estudo com paciente do sexo feminino de 44 anos, com queixa de cervicobraquialgia no lado esquerdo, ao ser tratada com mobilização articular em região de C5 e C6 apresentou grande melhora na função e no quadro álgico logo no primeiro mês de tratamento (COWELL e PHILLIPS, 2002). Um estudo com 220 indivíduos que apresentavam diagnóstico de cervicobraquialgia foram divididos em 2 grupos (controle e manipulado). O grupo que foi manipulado apresentou significativas melhoras no quadro álgico (ALLISON, NAGY e HALL, 2002). Nos estudos apresentados acima, onde se utilizou a mobilização neural, mobilização articular e manipulação verificou-se que os mesmos corroboram com os 10 resultados deste trabalho. Em todos os estudos e neste também, foi obtido melhoras no quadro álgico. Alem disso, houve ganho de 20º na flexão de punho e melhora da função global, tendo expressado melhora no seu dia a dia. É interessante lembrar também que a paciente na época em que apresentou os sintomas, era estudante universitária e utilizava com freqüência o computador o que pode ser postulado como uma das causas obtidas no laudo da ressonância magnética que apresentou epicondilite medial. Durante a avaliação inicial e no decorrer do tratamento foi sugerido para a paciente realização de exames atuais. Porém até a conclusão deste estudo, a paciente não os realizou. No estudo de Przyvara e Rezende (2008) teve uma amostra composta por 10 pacientes, sendo sete do sexo feminino (70%) e três do sexo masculino (30%), com idade média de 49,5 anos. Todos os pacientes selecionados para a amostra foram inclusos na pesquisa, não ocorrendo desistências ou exclusão pelos pesquisadores. Pode-se observar que através da mobilização neural do nervo mediano e radial teve-se aumento significativo das amplitudes de movimento da coluna cervical, ao nível de 5%, entre o início e o final do tratamento. Nos movimento rotacional e de inclinação lateral da coluna cervical foram realizados as médias bilaterais para melhor tabulação dos dados. Fazendo uma comparação, entre o início e o final do tratamento, das amplitudes de movimento do membro superior sintomático, notando-se diferença significativa ao nível de 5% entre a primeira e a décima avaliação. Em relação à dor presente no início e no final do tratamento, nota-se diferença significativa, ao nível de 5%, entre a primeira e a décima avaliação, sendo que 100% do pacientes chegaram ao décimo atendimento com 0 de dor na EVA. Butler (2003) afirma que através da mobilização neural consegue-se garantir o funcionamento adequado do sistema nervoso, pois esta técnica leva à manutenção do transporte axonal, o qual é dependente do fluxo sangüíneo constante. O mesmo autor ainda afirma que vários estudos buscam comprovar a influência da mobilização neural sobre o sistema nervoso, garantindo melhora do fluxo sanguíneo, axoplasmático, com o objetivo de então devolver suas capacidades fisiológicas e funcionais. Cita que os criadores do teste de tensão neural acreditam que os movimentos corpóreos não só produzem aumento da tensão, mas também são capazes de mover o nervo com relação a seus tecidos vizinhos. Através disso, o presente estudo teve como objetivo verificar se a técnica de mobilização neural do nervo mediano e radial é efetiva no tratamento da cervicobraquialgia de origem cervical, o que pode-se comprovar a partir dos resultados obtidos, onde o nível de dor teve redução significativa, e as amplitudes de movimento tanto da coluna cervical, quanto do membro superior sintomático sofreram aumento significativo. Segundo Butler (2003), Marinzeck (2007) e Beleski (2004) isso só é possível devido ao sistema nervoso ser considerado como único e contínuo, o que vem sendo considerado por Butler desde 1991. Marinzeck (2007) afirma que o sistema nervoso contém propriedades elásticas capazes de se alongar e encurtar conforme as tensões impostas a ele. Estudo como de Beleski8, comprova a presença de tensão neural nos testes de tensão neural do nervo mediano e radial em pacientes com cervicobraquialgias, o que passa a justificar a teoria criada pelos criadores da técnica de tensão neural. Marinzeck (2007) justifica a redução do quadro álgico, relatando que a mobilização neural procura restaurar o movimento e elasticidade ao sistema nervoso, o que promove o retorno as suas funções normais. Portanto, a técnica parte do princípio que se houver um comprometimento da mecânica/fisiologia do sistema nervoso (movimento, elasticidade, condução, fluxo axoplasmático) isso pode resultar em outras disfunções no próprio Sistema Nervoso ou em estruturas músculo-esqueléticas que recebem sua inervação. O restabelecimento de sua biomecânica/fisiologia (neurodinâmica) adequada através do movimento e/ou tensão permite recuperar a função normal do Sistema Nervoso assim como das estruturas comprometidas. Esse restabelecimento se dá através de movimentos oscilatórios e/ou brevemente mantidos direcionados aos nervos periféricos e/ou medula. 11 5. Conclusão Após análise dos estudos sugere-se que a técnica de mobilização neural como um importante meio auxiliar no tratamento da cervicobraquialgia. Através da mobilização neural os nervos periféricos são colocados em tensão e movimentos oscilatórios são aplicados às estruturas adjacentes ao tecido neural comprometido, produzindo efeitos benéficos nas estruturas músculo-esqueléticas que recebem a inervação do Sistema Nervoso Central, restaurando assim a sua função normal. Pois ela restaura o movimento, a elasticidade, a flexibilidde e a mobilidade promovendo assim melhoras na sintomatologia. Estes efeitos tonam-se ainda mais importantes nos casos onde ocorre uma compressão das raízes nervosas, caracterizando dores na região cervical, ombros e membros superiores, assim como alterações sensitivas ou motoras, pois com o uso da mobilização neural promove-se um restabelecimento adequado da neurodinâmica, permitindo recuperar as funções das estruturas comprometidas. É de fundamental importância o diagnóstico da patologia, as suas causas, sinais e sintomas e o nível de comprometimento das raízes nervosas. A eficácia da técnica de mobilização neural está relacionada a uma avaliação criteriosa do paciente, antes da sua aplicação, que corretamente aplicada traz excelentes resultados. Apesar das poucas evidências clínicas, a mobilização neural mostra-se como uma técnica inovadora, que num futuro próximo poderá servir como complementação do processo da reabilitação de portadores de cervicobrquialgia. No entanto, os autores sugerem que novos estudos sejam realizados, de preferências do tipo ensaios clínicos randomizados, pois o número de pesquisas científicas é reduzido, para que possam explicar os benefícios e limitações, especialmente sobre os efeitos desta técnica que a cada dia está sendo mais utilizada nos diversos âmbitos da fisioterapia. Referências ALVARENGA, A. 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