lista de recuperação

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LISTA DE RECUPERAÇÃO
Questão 01)
Há anos, quando se anunciou que haveria um "Rock in Rio 2", jovens começaram a circular pela cidade usando camisetas com o
símbolo do "Rock in Rio 1" e uma frase dizendo: "I was". Ou seja: "Eu era". Perguntei-me: por que "Eu era"? No começo, escapoume a relação entre a imagem e a inscrição. Claro que, depois de árduo exercício intelectual, deduzi que a camiseta queria dizer "Eu
fui" ou "Eu estava lá" (no "Rock in Rio 1"), caso em que o correto em inglês seria "I went" ou "I was there". (...) E viva o verbo tó bé.
(CASTRO, Ruy. Folha de São Paulo, 03/09/2011)
A afirmativa que melhor resume a ideia central do autor no artigo é
a)
b)
c)
d)
e)
O uso abusivo de estrangeirismos deve ser combatido porque favorece a decadência da língua portuguesa.
Os empréstimos linguísticos representam um fenômeno legítimo e enriquecedor da dinâmica do português.
A incorporação de neologismos e anglicismos torna o uso da língua criativo e versátil.
Os anglicismos estão longe de ser inofensivos, pois podem prejudicar o nosso próprio idioma.
Estrangeirismos, usados como manifestações de status, podem representar uma armadilha para quem não os domina.
Gab: E
Para responder às questões 02 e 03, leia o texto a seguir.
TEXTO 1
"Bullying': prática de espancar e humilhar os alunos mais fracos revela crise da escola.
(...) A prática de espancar e humilhar os mais fracos da escola, freqüente desde que inventaram a lousa e
as carteiras, virou febre, com direito a nome próprio, pesquisa sociológica e mesmo videogames que a simulam,
para entretenimento e treino de seus adeptos nas horas vagas: é o "bullying". A revista "Época" desta semana
cita um levantamento feito em cinco países. Na Espanha, 13% dos alunos já foram insultados pelos colegas e
3,5% já apanharam.
No Brasil, talvez devido à ausência de touradas, os números são bem maiores: 33% já sofreram humilhações e
20% foram agredidos fisicamente.(...)
Marcelo Coelho,
, 15 de novembro de 2006.
TEXTO 2
Tortas na cara e ovos na cabeça.
Do fascismo de Estado, a maior parte do mundo está livre. Meu medo são as formas privadas
Falei recentemente do fenômeno do "bullying" nas escolas; houve quem considerasse evitável o uso do
termo estrangeiro. Mas os equivalentes em nossa língua ("zoar", por exemplo) parecem-me ainda um pouco
neutros para designar a rotina de humilhações e violências de que são vítimas os alunos mais frágeis ou
esquisitos em tantos colégios por aí.(...)
Marcelo Coelho,
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, 06 de dezembro de 2006.
LISTA DE RECUPERAÇÃO
QUESTÃO 02
No texto II, ao defender a necessidade da incorporação do termo "bullying" ao vocabulário da língua portuguesa, Marcelo Coelho
defende que:
a) Um empréstimo linguístico empobrece o idioma.
b) Um neologismo tem mais valor que um termo antigo.
c) Um empréstimo linguístico significa a subserviência cultural de um povo.
d) Um neologismo justifica-se quando não há um vocábulo de mesmo valor semântico no idioma.
e) Um empréstimo linguístico incorpora-se de forma justa ao idioma quando não há neste um termo de sentido
equivalente.
Gabarito: E
03. No texto 2, ao defender a necessidade da incorporação do termo "bullying" ao vocabulário da língua portuguesa, Marcelo
Coelho defende que um
A) empréstimo lingüístico empobrece o idioma.
B) neologismo tem mais valor que um termo antigo.
C) empréstimo lingüístico significa a subserviência cultural de um povo.
D) neologismo justifica-se quando não há um vocábulo de mesmo valor semântico no idioma.
E) empréstimo lingüístico incorpora-se de forma justa ao idioma quando não há neste um termo de sentido equivalente.
GABARITO: D
Leia o texto abaixo:
Chega de faz-de-conta: criança é prioridade
Fafá, 11 anos, devia estar brincando de casinha, de roda, de amarelinha. Devia estar terminando o dever de casa,
conversando com as amiguinhas. Devia estar vendo nuvens e imaginando nelas um castelo, um rosto, um urso e tudo o que a
imaginação infantil é capaz de fazer ver. Devia estar recebendo em sua face corada um beijo de boa noite dos pais. Mas o passado
ficou imperfeito. E o dever-ser se transformou em um tempo verbal lamentável, o futuro inalcançável, o deveria-ser-mas-não-é.
Fafá não estava brincando, não estava estudando, não estava recebendo amor de seus pais. Não estava sendo tratada como
criança. Fafá estava sendo usada como objeto sexual. Seus pais, em vez de lhe desejarem boa noite, cobravam, no fim do dia, os
trocados recebidos pela intimidade infantil raptada.
Dedé tem 13 anos e devia estar fazendo molequices, jogando bola, subindo em árvores. Devia estar na escola, devia estar
andando de bicicleta. Mas, assim como Fafá, Dedé também é vítima da imperfeição pretérita. Devia estar, mas não está. Em vez
disso, é explorado pelo tráfico de drogas. Faz papelotes de maconha e espera ser promovido a "gerente da boca". Sabe, porém,
que a chance maior é a de ser preso ou morrer antes de que isso aconteça. Não tem medo do destino, já que lhe tiraram tudo inclusive
sua
dignidade.
Fafá e Dedé são vítimas de duas das piores formas de exploração do trabalho infantil, conforme a Convenção 182 da
Organização Internacional do Trabalho -a exploração sexual comercial e a utilização de crianças na produção e tráfico de drogas.
Infelizmente, existem milhares de Fafás e de Dedés entregues aos próprios destinos, em afronta ao artigo 227 da Constituição
Federal, que diz ser dever de todos -da família, da sociedade e do Estado- proteger crianças e adolescentes.
Então, como transformar esse passado imperfeito em um presente mais-que-perfeito? Em primeiro lugar, a óbvia
constatação de que somente com investimentos pesados em educação se pode romper o ciclo da pobreza. Infelizmente, também
a educação sofre dessa doença gramatical -o futuro que parece inalcançável. Entra governo, sai governo... e a educação continua
em segundo plano. (...)
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Maurício Correia de Mello, 38, procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região (Distrito Federal e
Tocantins), é vice-coordenador nacional de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente.
04.
a)
b)
c)
d)
e)
O texto acima explora no 1º parágrafo um erro gramatical como recurso de construção. Trata-se do(a)
Desnecessária locução verbal “fazer ver”, que poderia ser substituída por “verá”.
Gerundismo observável em construções como “não estava sendo tratada como criança”.
Uso do pretérito imperfeito no lugar do futuro do pretérito em “devia estar”.
Ausência do sujeito em orações como “devia estar brincando”.
Erro gramatical de grafia na expressão “dever-ser”.
GAB.: C
05. O texto cria um jogo de sentidos a partir da reflexão sobre a realidade das crianças apresentadas. Esse jogo resulta na
comparação entre um tempo verbal do passado e a realidade desejada para Fafá e Dedé:
a) o pretérito imperfeito do subjuntivo e a realidade de criminalidade.
b) o pretérito mais-que-perfeito do indicativo e a realidade de exploração.
c) o pretérito perfeito do indicativo e a realidade idealizada.
d) o pretérito imperfeito do indicativo e a infância recuperada.
e) o pretérito perfeito do subjuntivo e a infância explorada.
GAB.: C
RICARDO FREIRE
Subjuntivo à paulista
Em São Paulo, a exemplo de certas leis, o subjuntivo tradicional nunca "pegou". Falar "que
eu traga", "que eu venha" ou "que a gente faça" é ainda mais raro do que proferir uma frase
com todos os devidos plurais.
Você sabe que está em São Paulo quando ouve um "quer que eu venho?", ou um "quer que
eu trago?", ou ainda um "quer que joga fora?". Sem distinção de classe, religião ou fator de
proteção solar: você ouve o subjuntivo paulista tanto da boca do seu porteiro quanto da
boca do seu chefe.
(...)
Lançando mão da antropologia, da sociologia e de sofisticados conceitos de semiótica,
pode-se entender o real significado e as verdadeiras intenções escondidas por trás das
frases: (a) quer que eu jogue fora?; (b) quer que eu jogo fora?; e (c) quer que joga fora?
Quer que eu jogue fora? Sim, de vez em quando o paulista escorrega e acaba usando o
subjuntivo de maneira correta. Em alguns casos isso é fruto apenas de boa educação; em
outros, de um esforço hercúleo para falar certo. Mas, na maior parte das vezes, o uso
correto do presente do subjuntivo indica apenas indiferença. "Quer que eu jogue fora?" é
uma pergunta que demonstra que a ação de jogar fora é mecânica, feita em nome da
eficiência. A relação entre os interlocutores é fria, talvez estritamente profissional. Na
seqüência do diálogo, o outro vai dizer "toma" - jamais "tó!".
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Quer que eu jogo fora? O uso do subjuntivo paulista na primeira pessoa denota grande
intimidade entre os interlocutores, e um autêntico desejo de executar a ação proposta.
Alguém que pergunte "quer que eu jogo fora?" está sinceramente interessado em jogar
aquilo fora. Eu diria inclusive que esta pessoa vai jogar aquilo fora com o maior entusiasmo
e um grande prazer. Outros exemplos onde isso fica mais claro: "quer que eu saio mais
cedo?", "quer que eu peço mais uma?", "quer que eu mudo de canal?".
Quer que joga fora? Cuidado. Quando o subjuntivo paulista é usado na terceira pessoa, é
sinal de má vontade, desprezo e até mesmo indignação. Se a pessoa diz "quer que joga
fora?", com certeza se acha muito superior à tarefa de jogar qualquer coisa fora. Ou seja:
já está pensando em alguém para jogar aquilo fora por ela. A pessoa que diz "quer que
chama um táxi?" jamais vai pegar o telefone e ligar para o radiotáxi - ela vai é pedir para a
secretária da secretária da secretária. Se você prestar atenção, "quer que limpa a sua
mesa?" demora muito mais do que "quer que eu limpo a sua mesa?", porque no primeiro
caso o serviço evidentemente vai ser repassado a outro departamento. Olho vivo:
subjuntivo paulista na terceira pessoa é terceirização na certa.(...)
(FREIRE, Ricardo. The Best of Xongas. São Paulo: Mandarim, 2001. P. 30-32.)
06. O autor do texto, Ricardo Freire, nos leva a interessantes reflexões sobre o chamado “subjuntivo paulista”. Esse “modo” é
construído com um erro gramatical, ainda que tenha uma intenção semântica clara. Esses elementos são:
a) verbo no subjuntivo indicando ideia de certeza.
b) verbo no imperativo indicando ideia de hipótese.
c) verbo no indicativo indicando ideia de certeza.
d) verbo no indicativo indicando ideia de incerteza.
e) verbo no subjuntivo indicando ideia de ordem.
GAB.: C
Leia o texto abaixo:
Para você estar passando adiante Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar
deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da
comunicação moderna, o futuro do gerúndio. Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar
enviando pela internet.
O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa
estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela costuma estar falando deve
estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando. (...)
(FREIRE, Ricardo. As cem melhores crônicas brasileiras. São Paulo: Objetiva, 2010)
a)
07. Assinale a alternativa na qual o autor emprega a mesma estratégia discursiva usada por Ricardo Freire na defesa de seu
ponto de vista sobre o gerundismo.
“Do chefão ao Office-boy escuta-se o vou estar providenciando, vamos estar mandando, vão estar telefonando. Viu? O intruso é
usurpador. Quer indicar futuro. Esquece que a nossa língua tem duas formas pra falar no porvir. Uma: o futuro simples (mandarei,
mandarás, mandará). A outra: o composto (vou mandar, vais mandar, vai mandar). O gerundismo pertence ao time do empurracom-a-barriga. Finge que faz. Mas embroma.” (SQUARISI, Dad. www.brasiliaemdia.com.br)
b) “Nas redações de vestibulandos, o problema com o gerundismo é mais profundo. Vai além de clichês ou modismos, (...) e afeta os
mecanismos estruturais da língua. A maior parte das falhas ocorre quando o gerúndio aparece depois de uma ou mais orações,
"pendurado" no fim da frase. Isso torna ambígua a identificação do sujeito e compromete a coerência do enunciado.” (Chico Viana,
Revista Língua Portuguesa)
c)
“Todos os defensores da língua pura estão criticando uma locução verbal supostamente nova que apareceu e se espalhou. Confesso
que não a ouvia, ou não me dava conta de que existia, até que tive minha atenção chamada para ela pelos guardiões da língua que
imaginam que tudo aquilo de que não gostam ou for novo – o que vier antes – é necessariamente ruim. Penso o contrário. Se não
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gostam, deve ser interessante. Se acham que não serve para nada, alguma serventia deve ter.” (Sírio Possenti,
http://vaiencarar.wordpress.com/ 2010/07/27/possenti-em-defesa-do-gerundio/)
d)
(Disponivel em http://educacao.uol.com.br/album/tiras)
e)
A TRADICAO NOS TROPICOS
Luis de Camões, o grande poeta português, e uma
operadora de telemarketing: por que será que em “Os
Lusíadas” o poeta disse “cantando espalharei por toda
parte”, e não “a cantar espalharei por toda parte”? Os
operadores de telemarketing sabem a razão: o gerúndio
do Brasil é a forma clássica da língua; modernismo é o
jeito de falar dos portugueses.
(Disponível em http://veja.abril.com.br/311007/p_104.shtml)
GAB.: D
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A língua, em sua infinitude, em sua heterogeneidade e em seu constante processo de mudança, é, no fundo, incontornável. Isto é,
não dispomos de meios para cercá-la, para riscar um traço a seu redor, para desenhar uma linha que a contenha.
Claro, a nossa cultura linguística tradicional tem enormes dificuldades para conviver com essas características da língua. Diante do
infinito, do heterogêneo e do sempre mutante, muitas pessoas clamam por regras categóricas.
Surgem, então, aqueles que se arrogam o direito de ditar tais regras. Como não há um papa ou um supremo tribunal federal
linguístico, alguns se acham no direito de assumir o papel de autoridade: inventam regras e proibições, condenam usos normais e
ficam execrando e humilhando os falantes. E, pior, nunca admitem contestação.
Infelizmente, esse autoritarismo gramatical, essas atitudes autocráticas têm grande prestígio na nossa sociedade, em especial entre
alguns dos nossos intelectuais. No entanto, um dos efeitos desse autoritarismo linguístico tem sido justamente bloquear o amplo
acesso social a um bom domínio da língua. Inibe e constrange. De um lado, porque instaura uma insegurança nos falantes. De
outro, porque se aproxima dos fatos da língua sempre de modo fragmentário (arrolam picuinhas sobre picuinhas – alguns chegam
até a ultrapassar a casa do milhar), sem nunca oferecer uma perspectiva de conjunto da nossa realidade linguística, em particular
da norma culta/comum/standard.
Se não dispomos de uma autoridade suprema em matéria de língua, como podemos dirimir dúvidas ou arbitrar polêmicas? Não
temos alternativa, a não ser observar criteriosa e sistematicamente os usos. No caso da norma culta/comum/standard, os bons
dicionários e as boas gramáticas devem registrar e consolidar os usos observados. Não cabe a eles criar regras, mas – observando
os usos – cabe a eles descrever e consolidar os fatos dessa norma.
FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira.
Desatando alguns nós. São Paulo: Parábola,
2008, p.104-105. Adaptado.
08. A análise de algumas formas verbais utilizadas no texto nos permite afirmar corretamente que:
a)
o trecho destacado em: “não dispomos de meios (...) para desenhar uma linha que a contenha.” poderia estar no imperfeito do
subjuntivo; neste caso, a forma verbal correta seria ‘que a contesse’.
b) por meio da forma verbal destacada no trecho: “os bons dicionários e as boas gramáticas devem registrar e consolidar os usos
observados” o autor faz uma recomendação.
c) no trecho: “No entanto, um dos efeitos desse autoritarismo linguístico tem sido justamente bloquear o amplo acesso social a um
bom domínio da língua.”, a forma verbal destacada indica voz passiva.
d) a forma verbal utilizada no trecho: “Se não dispomos de uma autoridade suprema em matéria de língua, (...)” indica possibilidade
futura.
e) no trecho: “Surgem, então, aqueles que se arrogam o direito de ditar tais regras.”, a opção pelo presente do indicativo revela que
o autor está supondo que um fato poderia ocorrer.
GAB.: B
09. o texto de Carlos Aberto Faraco promove reflexões parecidas com as de Marcos Bagno no livro “O preconceito lingüístico”.
Pode-se dizer que ambos os autores defendem como causa desse problema:
a) a ideia de que a norma padrão é superior às variedades populares.
b) o ensino competente da gramática normativa no Brasil.
c) a importância da oralidade em detrimento da escrita.
d) o preconceito histórico contra os portugueses.
e) a dependência cultural à língua inglesa.
GAB.: A
Futebol repetitivo
Um locutor esportivo deveria acrescentar informações ao público ao narrar uma partida. Em vez disso, porém, eles mais parecem
aquele tio que senta no sofá com a cerveja e se exalta ao comentar o jogo. Haja coração - e paciência!
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Olha a entrada dura por trás
Não dá para levar a sério alguém que saca frases de tamanho duplo sentido para descrever um lance
Cuidado com a enfiada pelo meio
Tá vendo? Esse é outro exemplar do jargão com sentido duvidoso presente no mundo futebolístico
Pra dentro deles, Denílson
O pobre atleta não tem nem como se defender desse incentivo que mais parece chacota adolescente
Tá com cheiro de gol
A bola mal saiu do campo de defesa e já começam as previsões. Assim, os embates terminariam em 20 a 20
Olha o ladrão!
Não basta chamar o adversário de bandido; ainda tem de avisar como se o jogador estivesse ouvindo
Foi pênalti, não foi?
Eles têm o poder do replay, mas ainda querem o aval do comentarista ao lado para julgar simples tropeços
O juiz tá mal-intencionado
Dizem muito isso nos jogos da Seleção. Gozado como nunca é culpa dos nossos pernas-de-pau, só do árbitro
Aí não, aí não!
Basta a bola ameaçar seguir na direção da rede brasileira, o desespero toma conta. Parece ou não aquele tio?
É a família brasileira em campo
Tem apenas uma mulher em meio a 70 marmanjos, mas o locutor supõe que a tal é mãe de alguém
Enfrentaremos a altitude de La Paz
Os ares da capital boliviana são uma entidade capaz de definir o placar. Tudo vira culpa da famosa 'altitude de La Paz'
Revista Época, ed. 321, 05 jul., 2004.
10. Gêneros textuais são marcados por peculiaridades no campo da linguagem. Assim como a narração de um jogo de futebol é
marcada por jargões, o gênero textual acima, metalinguístico, se vale de recursos de construção. Como resultado da sua
intencionalidade discursiva, pode-se depreender que:
a)
Todas as frases são cheias de teor sexual, com pretensão de explorar humor.
b)
O texto é monofônico, visto que, embora faça uso de outras vozes, o autor do texto é um só.
c)
O autor do texto mostra ter preconceito linguístico, visto que defende que locutores de futebol deveriam se comunicar sempre em
norma culta.
d)
Dentre as estratégias usadas para argumentar, o autor do texto se vale da ironia e do eufemismo para analisar os clichês
futebolísticos.
e)
Pode-se notar nas frases em negrito que iniciam cada comentário do autor o uso de expressões que marcam o léxico de um locutor
de futebol.
GAB.: E
11. O tipo de variedade linguística que se analisa no texto, própria de uma determinada categoria profissional, pode ser
classificada como:
a) variação lingüística sociocultural.
b) variação lingüística regional.
c) variação lingüística histórica.
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d) falha lingüística.
e) prejudicial ao sentido.
GAB.: A
“Os falantes de uma língua adquirem natural e gradativamente o conhecimento necessário para usar a língua da comunidade
a que pertencem, cuja estrutura já tem, predeterminados convencionalmente, os signos lingüísticos e as possibilidades de
combinação entre eles, o que permite a comunicação. Á soma dos conhecimentos lingüísticos de uma língua chamamos gramática
natural.”
A gramática natural não deve ser confundida com as gramáticas que tentam, de forma sintetizada, registrar, descrever
e/ou prescrever os fenômenos gramaticais. Do mesmo modo, não se deve confundir o conjunto de regras utilizadas pela gramática
normativa”.
(NICOLA, José de. Gramática: Palavra, Frase e Texto. Editora Scipione, p. 15, 2005)
Considerando as definições de gramática natural e normativa acima, leia o texto abaixo para responder à questão seguinte:
Jogos reúnem 600 índios de 16 etnias no sul do Pará
Após cinco dias de competição, cerca de 600 índios, de 16 etnias, participam
nesta quarta-feira da festa de encerramento da terceira edição dos Jogos Indígenas do
Pará, evento organizado pelo líder indígena Marcos Terena em Conceição do Araguaia
(1.100 Km de Belém). Em uma arena montada à margem do rio Araguaia, os atletas
indígenas disputaram provas de natação, arco e flecha, arremesso de lanças,
canoagem, cabo de guerra, corrida e futebol.
Uma das atrações deste ano, os índios Matis, que participaram pela primeira
vez da competição, demonstraram suas habilidades com a zarabatana e suas técnicas
de caça. Os Matis são famosos por suas lendas e tradições ligados à figura mítica da
onça pintada. Habitantes de uma porção pouco visitada da floresta amazônica no
Estado do Amazonas, ao norte do rio Solimões e próximo à divisa com o Peru, os
representantes desta tribo (que mal falam o português) viajaram sete dias de avião,
barco e ônibus para participar da festa.
(Portal UOL, acessado em 27/08/06)
12. De acordo com o texto acima, os índios Matis “mal falam o português”. Comparando essa expressão a “falar mal o português”,
pode-se dizer que
a)
“falar mal o português” é uma referência correta aos índios Matis, que fazem uso da língua portuguesa mas não conhecem a sua
norma culta.
b) “mal falar o português” é uma referência ao povo brasileiro, que não tem condições de usar o seu próprio idioma.
c)
“mal falar o português” é uma referência aos índios Matis, que fazem uso da língua portuguesa porque sua língua é inferior.
d) “falar mal o português” é uma referência ao povo brasileiro, que domina a norma culta mas nem sempre faz uso dela.
e)
“mal falar o português” é uma referência aos índios Matis, cuja língua mãe é outra, de sua própria cultura.
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GAB. E
Revista Veja. 17 abr., 2009.
13. O título de um texto pode fazer mais que anunciar o fato a ser relatado ou assunto a ser desenvolvido. A frase que inicia a
notícia
A) Representa a voz do jornalista, que fala como as operadoras de telemarketing.
B) Representa a voz das operadoras de telemarketing, que desejam falar com o jornalista.
C) Está correta gramaticalmente, já que o gerúndio é legítimo em qualquer situação comunicativa.
D) Ilustra um erro gramatical cometido por algumas operadoras de telemarketing: o gerundismo.
E)
Estabelece um diálogo com o leitor, de modo que as reticências podem ser substituídas pela expressão “com você, leitor”.
GAB.: D
Leia o desfecho do conto Livro dos homens, de Ronaldo Correia de Brito.
Bateria palmas na porta da casa, sustentando o cavalo pelas rédeas. As pessoas da família nem perceberiam a sua presença.
Recusaria o convite para entrar e se proteger do sol quente. Também agradeceria o copo d'água, oferecido pelo homem que se
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apressava em vestir a camisa, mal acordado do sono. Vinha de passagem agradecer o que o compadre fizera por ele. Sim, partia
agora, não temia o sol. No abraço, quando o puxasse para junto do seu corpo, sacaria o punhal e atravessaria o seu peito, tantas
vezes quantas fossem necessárias para cumprir o que estava escrito.
BRITO, Ronaldo Correia de. Livro dos homens. São Paulo: Cosac Naify, 2005. p. 173.
14. O conto Livro dos homens, da obra homônima de Ronaldo Correia de Brito, apresenta uma especificidade no modo de
elaboração de seu desfecho. Tendo em vista o exposto, pode-se dizer que um determinado tempo verbal produz no trecho um
efeito de fato dependente de outro e/ou de hipótese. Que tempo verbal é esse? Retire ao menos um exemplo dele no texto. (valor:
1,0 ponto)
FUTURO DO PRETÉRITO (QUALQUER UM DOS VERBOS EM NEGRITO NO TEXTO). Se o aluno acertar metade da questão, 0,5.
Leia o texto baixo:
QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três.
E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo ou jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível,
ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando
crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser.
Esquecer.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
15. A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais
que têm origem na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros.
a)
Que verbo é o principal responsável por apresentar essas inquietações e em que tempo e modo aparece predominantemente
flexionado?(valor: 1,0 ponto)
SER. FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO OU PRESENTE DO INDICATIVO (basta citar um dos dois tempos). 0,5 ponto para a
identificação do verbo, mais 0,5 para o tempo.
b) O autor se mostra seguro ou inseguro diante das exigências da sociedade? Justifique.(valor: 0,5 ponto)
INSEGURO, PORQUE NÃO TEM RESPOSTAS PARA SUAS INQUIETAÇÕES, PERGUNTAS, DÚVIDAS...
Ai! Se sêsse!...
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
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Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!
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Zé da Luz
16. O texto acima, de autoria de Zé da Luz, poeta, das terras nordestinas, falecido em 12 de fevereiro de 1965, é um claro
exemplo de como o escritor pode tomar emprestada a voz do povo.
a)
Dentre outros erros gramaticais, há dois bastante notáveis que se repetem nos dois primeiros versos. Quais são?(valor: 1,0 ponto)
Flexão verbal, concordância entre pronome e verbo, de conjugação verbal... (qualquer uma dessas 3 respostas)
Se o aluno apenas reproduzir os versos, ganha 0,5
b) Reescreva os versos adequando-os à norma culta.(valor: 1,0 ponto)
Se um dia nós nos gostássemos e Se um dia nós nos quiséssemos. (se o aluno deixar de acentuar o verbo ou cometer qualquer
erro gramatical, tirar 0,1)
Leia o texto abaixo para analisar as tiras seguintes:
O QUE DIZEM OS LINGUISTAS
O imperativo na língua falada
A formação do imperativo funciona só na escrita [...]. Na fala temos um imperativo, mas é muito diferente. Primeiro, usamos
a forma corre mesmo quando chamamos o interlocutor de você: corre, menino, senão você chega atrasado. Depois, o negativo se
forma apenas acrescentando não, sem mudança na forma do verbo: não corre, menino, que você vai cair. E a forma corre é usada
tanto para o singular quanto para o plural: corre, meus filho(s). [...]
É importante observar como a língua falada tem regras tão complexas e tão estritas quanto as da língua escrita; apenas, são
diferentes.
Mário A. Perini. A língua do Brasil amanhã e outros mistérios. São Paulo: Parábola, 2004. p. 58-60.
17. O linguista Mario A. Perini promove reflexões em torno do uso do verbo no modo imperativo na oralidade. Em cada tira,
há uma frase que ilustra esse pensamento.
a)
Identifique-as. (valor: 0,5 ponto)
“QUANDO EU DISSER “VAI”, VOCÊ ATACA” e “AGORA FICA DE GUARDA SE APARECER LADRÃO FAZ O QUE APRENDEU.”
Se o aluno retirar do primeiro quadrinho apenas “VAI”, é meio certo.
b) Reescreva cada frase adequando-as à língua padrão.(valor: 1,0 ponto)
“QUANDO EU DISSER “VÁ”, VOCÊ ATACA” ou “QUANDO EU DISSER VAI, TU ATACAS”.
AGORA FIQUE DE GUARDA E SE APARECER LADRÃO FAÇA O QUE APRENDEU
Ou
AGORA FICA DE GUARDA E SE APARECER LADRÃO FAZ O QUE APRENDESTE
Leia o texto abaixo para responder às questões seguintes:
(Atualidades Vestibular + Enem, Guia do Estudante, Editora Abril, 2.o semestre 2012)
18. O texto acima trata de Millôr Fernandes, um dos maiores intelectuais brasileiros do último século. No subtítulo, há um
verbo cuja forma do particípio irregular pode deixar dúvidas no leitor, caso este não esteja informado sobre a causa da morte do
humorista.
a)
Identifique essa forma verbal.(valor: 0,5 ponto)
“MORTO”
b) Por que essa forma verbal pode provocar ambiguidade?(valor: 0,5 ponto)
PORQUE PODE SER IDENTIFICADA COMO PARTICÍPIO DO VERBO “MORRER’ OU DE “MATAR”
c)
Crie duas frases, explicitando em cada uma delas os sentidos dessa forma verbal, usando o particípio regular.(valor: 0,5 ponto)
O homem já tinha morrido quando a PM chegou (morrer)
O bandido já tinha matado o homem quando a PM chegou (matar)
Disponível em:
http://3.bp.blogspot.com/_Ys_N2VCWEUU/TEh4qhRaI7I/AAAAAAAAAHk/0-555XlgybA/s1600/verbo+prenderx.jpg
19. Dentre outros sentidos, o tempo presente pode expressar uma ação que está ocorrendo no momento da fala ou uma ação
habitual.
a)
Qual desses casos se aplica ao verbo da charge? (valor: 0,5 ponto)
AÇÃO HABITUAL
b)
O efeito de sentido do tempo verbal e da troca de verbos é fundamental para o estabelecimento do humor e da intenção
crítica da charge. Explique. (valor: 0,5 ponto)
A INTENÇÃO DO CHARGISTA É PROMOVER REFLEXÕES SOBRE UM PROBLEMA DA JUSTIÇA BRASILEIRA: MESMO QUE A POLÍCIA
SEJA EFICIENTE EM SUA FUNÇÃO DE PRENDER CRIMINOSOS, AS BRECHAS DA LEI PERMITEM SUA SOLTURA.
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois Dragões da independência
cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte, ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua,
todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez, Paulo não só ficou sem sobremesa como
foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pala chácara de Siá Elpídia e queriam formar
um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a
cabeça:
__Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.
Disponível em:http://imaginarioaleatorio.blogspot.com/2010/12/incapacidade-de-ser-verdadeiro.html
20. A trama do conto “A incapacidade de ser verdadeiro” gira em torno de Paulo, um rapaz com fama de mentiroso, que chegou
a ser examinado por um médico para descobrir, de fato, de qual mal ele padecia. O médico, após examiná-lo, conclui que não
havia nada a fazer, pois era mesmo um caso de poesia.
Observe os verbos empregados no texto.
a) Em que tempo foi empregado o verbo em destaque na passagem abaixo e qual o seu sentido no contexto?(valor: 0,5 ponto)
Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois Dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO. INDICA UMA AÇÃO NO PASSADO ANTERIOR A OUTRA TAMBÉM NO PASSADO.
b) Explique o efeito de sentido estabelecido pelo emprego pretérito perfeito e imperfeito no texto.(valor: 1,0 ponto)
O PRETÉRITO PERFEITO INDICA AÇÕES CONCLUÍDASNO PASSADO NA NARRATIVA, AO PASSO QUE O IMPERFEITO DENOTA
AÇÕES HABITUAIS NO PASSADO, EM ESPECIAL A DE MENTIR.
21. A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes. O uso de uma língua varia de época para época, de
região para região, de classe social para classe social, e assim por diante. Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja
uniforme. Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua.
Nesse sentido, pode-se dizer que há, dentre outros, os seguintes tipos de variação:
(1)
variação social
(2)
variação regional
(3) registro formal
(4)
registro informal
Classifique as frases a seguir em um desses tipos de variação:
a)
Eu queria ver ele, porque ele queria me ver. Então o que me marcou, na minha vida aí, foi isso aí. Esse aí marcou muito.
(4) registro informal
b)
Dirijo-me a V. Sa. para solicitar auxílio-doença nos termos da lei.
(3) registro formal
C) Bah, tchê! O que é isso?
(2)
variação regional
Situação 1: o Reitor de uma Universidade fala à comunidade acadêmica.
Frase: Os professores e os demais servidores hão de convir que a escolha dos dirigentes da Universidade deve ser feita com todo
cuidado e sem açodamento.
Situação 2: um microempresário fala aos funcionários de limpeza de sua fábrica.
Frase: Esta fábrica é uma das líderes em registro on line, servindo a mais de 10000 clientes de um pool de empresas de economia
mista.
Situação 3: um médico fala a um grupo de mães indígenas.
Frase: Há dois tipos básicos de depressão: a exógena e a endógena. A primeira, causada por uma grande desilusão; a segunda,
sem causa externa definida.
22. Sabendo-se que variedades linguísticas se dão naturalmente por questões históricas, geográficas ou socioculturais e que estas
últimas ocorrem também como forma de construção da identidade social do falante, analise:
a) Por que nas situações 2 e 3 o falante, mesmo fazendo uso da língua padrão (ou norma culta da língua portuguesa),
provavelmente não se comunica bem.
Porque, dada a falta de bom-senso, os falantes utilizam um registro muito formal para a situação, em especial considerando-se
a simplicidade dos interlocutores.
b)
O que é certo ou errado no uso da língua portuguesa.
Diferentemente de leituras preconceituosas, que confundem a Língua com a Gramática Normativa, usar uma linguagem mais
coloquial não é errado, mas simplesmente diferente do padrão culto. Em muitas situações, isso é uma virtude, não um
problema.
23.
“— Neste lugar, disse o mineiro apontando para o pomar, todos os dias se juntam tamanhos bandos de graúnas, que é um
barulho dos meus pecados. Nocência gosta muito disso e vem sempre coser debaixo do arvoredo.”
(valor:1,0 ponto)
Nesta passagem, há duas palavras, de mesma classificação gramatical, empregadas pelo locutor para indicar a proximidade
ou distância do elemento a que se referem.
a)
Cite essas palavras e identifique sua classificação gramatical.
“Neste” e “disso”: pronomes demonstrativos.
b) Transcreva o trecho em que uma dessas palavras se refere a uma informação presente no próprio texto.
“disso” se refere à informação expressa na frase anterior.
Leia o texto abaixo:
Metamorfose Ambulante
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
eu sou um ator...
É chato chegar a um objetivo num instante
Eu quero viver nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
eu sou um ator...
Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha velha velha velha opinião
[formada sobre tudo...
Do que ter aquela velha velha opinião formada sobre tudo...
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...
(Raul Seixas, Os grandes sucessos de Raul Seixas)
24.
No verso de número 12, o autor utiliza dois pronomes (“te” e “lhe”) para se referir ao interlocutor. Que tipo de pronomes
são esses? (valor:1,0 ponto)
Pronomes oblíquos átonos.
25.
Considerando que, no verso de número 12, Raul Seixas, adotando o uso popular, empregou os pronomes te e lhe para referirse a uma mesma pessoa, apresente duas alternativas que teria o poeta para escrever esse verso segundo a norma culta. (valor:1,0
ponto)
Se hoje eu te odeio amanhã te tenho amor
Se hoje eu a odeio amanhã lhe tenho amor
Vingança
Eu gostei tanto,
Tanto quando me contaram
Que lhe encontraram
Bebendo, chorando
Na mesa de um bar.
E que quando os amigos do peito
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz,
Não lhe deixou falar.
Eu gostei tanto,
Tanto quando me contaram
Que tive mesmo de fazer esforço
P’ra ninguém notar.
O remorso talvez seja a causa
Do seu desespero
Ela deve estar bem consciente
Do que praticou,
Me fazer passar tanta vergonha
Com um companheiro
E a vergonha
É a herança maior que meu pai me deixou;
Mas, enquanto houver voz no meu peito
Eu não quero mais nada
De p’ra todos os santos vingança,
Vingança clamar,
Ela há de rolar qual as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
P’ra poder descansar.
(Lupicínio Rodrigues. Vingança. 1951.)
Olhos nos Olhos
Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando
me pego cantando
Sem mais nem porquê
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você
Quando talvez precisar de mim
‘Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
olhos nos olhos, quero ver o que você diz
quero ver como suporta me ver tão feliz.
(Chico Buarque. Letra e música. 1989.)
(Glauco. Casal Neuras. Folha de S.Paulo, 05.06.2005.)
26.
Em ambas as letras o eu-lírico se refere à ex-companheira (letra de Lupicínio) e ao ex-companheiro
(letra de Chico), sendo diferente, porém, a forma gramatical de fazerem essa referência. Examine
atentamente o emprego dos pronomes pessoais e de tratamento nas duas letras e, a seguir,
a)
b)
determine a forma de tratamento pela qual a personagem feminina faz referência ao excompanheiro na letra de Chico Buarque; (valor:1,0 ponto)
Pronome de tratamento “VOCÊ”
considerando que em versões mais recentes da letra de Vingança alguns editores,
provavelmente influenciados pelo emprego de “lhe” na primeira estrofe, substituem na
segunda estrofe “ela” por “você”, justifique a razão dessa troca. (valor:1,0 ponto)
Sendo um pronome de terceira pessoa gramatical, “LHE” pode se referir tanto ao interlocutor (“VOCÊ”)
quanto ao referente de quem se fala (“ELA”).
A DIFERENÇA ENTRE TU E VOCÊ
O diretor-geral está preocupado com um executivo que, após trabalhar sem folga, passa a ausentar-se
muito. Chama um detetive.
- Siga o Lopes, durante uma semana – disse.
Após cumprir o que lhe fora pedido, o detetive informa:
- Lopes sai normalmente ao meio dia, pega o seu carro, vai à sua casa almoçar, beija a sua mulher ... e
regressa ao trabalho.
- Ah, bom. Não há nada de mal nisso.
O detetive observa o diretor com olhar fixo e comenta:
- Desculpe. Posso tratá-lo por tu?
- Sim, claro – responde o diretor.
- Bom. Lopes sai ao meio-dia, pega o teu carro, vai a tua casa almoçar, beija a tua mulher ... e regressa ao
trabalho.
27.
Os textos humorísticos constantemente trabalham com elementos gramaticais (sintáticos ou
morfológicos, por exemplo) que são construídos de modo a produzirem efeitos de sentido não esperados
pelo leitor, resultando daí a sua comicidade. Nesse sentido, analise a piada acima e responda:
a)
Por que o detetive faz a modificação do VOCÊ pelo TU? (valor:1,0 ponto)
PARA DEIXAR CLARO QUE SE REFERE AO INTERLOCUTOR O TEMPO TODO.
b)
Que efeitos de sentido são ocasionados por essa modificação? (valor:1,0 ponto)
O FIM DA AMBIGUIDADE E A REVELAÇÃO DE QUE O CHEFE É TRAÍDO.
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