UFU - Julho/2010 Leia o texto abaixo e responda as questões F que se seguem. I L — “Jessica Lovejoy: Você é mau, Bar t O Simpson. S — Bart Simpson: Não, não sou! Na verdade ... O — Jessica Lovejoy: É sim. Você é mau ... e F eu gosto disso. I — Bart Simpson: Sou mau até os ossos, A gatinha!” Será que, do ponto de vista nietzschiano, não estamos admirando o personagem er rado? Será que Lisa Simpson é par te do que Nietzsche chama de cansaço do mundo, decadência, moralidade do escravo, ressentimento? Claro, é divertido ser mau, mas pode haver algo de saudável e vital, ou filosoficamente impor tante nisso? Seria Bart Simpson, afinal de contas, o ideal nietzschiano? CONARD, M.; IRWIN, W. E SOBLE, A. OS SIMPSONS E A FILOSOFIA. APUD CHALLTA, G. VIVENDO A FILOSOFIA. SÃO PAULO: ÁTICA, 2006, P. 335. Com base no texto acima, responda as perguntas que se seguem: A) Quais são as características da moral do escravo na concepção de Nietzsche? B) Quais são as características da moral do senhor na concepção de Nietzsche? C) A partir do texto acima, o personagem Bart Simpson pode ser considerado um personagem nietzschiano? Justifique sua resposta com base em seus conhecimentos acerca da filosofia de Nietzsche. RESOLUÇÃO: A) Na moral dos escravos temos a "moral de rebanho", caracterizada pelo ódio dos impotentes, pelo ressentimento contra os fortes e ambiciosos. Os que vivem essa moral entendem que o bom é o fraco e o resignado, o pobre, humilde e necessitado. Eles crêem num mundo superior, que torna a Terra algo inferior e imperfeito, da qual se aspira distância. B) Na moral dos senhores temos a valorização da força, da saúde, da ambição, da criatividade, do amor à vida. Os senhores são aqueles marcados pelo atrevimento, vivenciando a contradição, querendo a luta. Os que vivem essa moral entendem que o bom é quem extravasa a própria força, é quem não hesita em pôr-se à prova, enfrentar o perigo, ser autônomo, afirmar sua vontade de poder ou potência. É o triunfo da personalidade e da vida afirmativa. C) Sim. O garoto Bart Simpsom encarna muito bem a crítica nietzschiniana ao homem comum, o que vive a moral tradicional, aquela moral (sobretudo a moral cristã) de fracos, decadentes e ressentidos. Ele zomba das tradições comuns e vive a contradição e o atrevimento de chocar os outros com sua rebeldia, sua malícia e sua paixão de viver o diferente, o inabitual e por muitos o considerado proibido pelas convenções impostas. A maudade de Bart é, na verdade, a rebeldia, o desejo de poder, a vontade de potência de quem aceita o perigo, busca o diferente e enfrenta o "lugar comum". Assim, Bart aproxima-se da moral do senhor descrita por Nietzsche e da idéia de "super-homem", como o que supera a si mesmo, rompe barreiras e reafirma sua força, o seu eu.