UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA Luis Cesar Branquinho Estudo da encapsulação de nanopartículas magnéticas em nanoporos de alumina Goiânia 2010 Luis Cesar Branquinho Estudo da encapsulação de nanopartículas magnéticas em nanoporos de alumina Dissertação apresentada ao Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Física Orientador: Prof. Dr. Andris Figueiroa Bakuzis Goiânia 2010 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GPT/BC/UFG Branquinho, Luis Cesar. Estudo da encapsulação de nanopartículas magnéticas B821e em nanoporos de alumina [manuscrito] / Luis Cesar Branquinho. – 2010. 181 f. Orientador: Prof. Dr. Andris Figueiroa Bakuzis. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto de Física, 2010. Bibliografia. Inclui lista de figuras e tabelas. 1. Nanopartículas magnéticas. 2. Nanofios. 3. Alumina anódica. 4. Ressonância ferromagnética. I. Título. CDU: 537.635:620.3 Agradecimentos Nestes dois anos, no processo de evolução do meu trabalho de mestrado e da minha maturidade moral e intelectual, muitas pessoas tiveram grande importância e contribuição. É arriscado tentar citar todas elas, contudo correrei esse risco, e peço perdão aqueles que porventura eu esquecer. Primeiramente agradeço a Deus pela dádiva da inteligência, me dando capacidade de raciocínio e oportunidade de compreender a natureza física e humana. Física pelo trabalho ao qual me dedico. E humana, pela convivência com meus colegas, amigos, permitindo que eu compreenda, inclusive, a mim mesmo. Agradeço a todos meus familiares, em particular, meus pais que sempre me deram apoio. Meus irmãos que me acompanharam por toda minha vida, sempre acrescentando e me auxiliando. Enfim, todos os meus parentes, com quem tive a graça de conviver. Agradeço a minha namorada pelo carinho, por fazer meus dias muito mais agradáveis, por me auxiliar a me tornar uma pessoa melhor, por tornar minha vida mais alegre e colorida. Ao meu orientador, Prof. Dr. Andris Figueiroa Bakuzis, pela paciência, por ter acreditado em mim, pelo incentivo e dedicação que me auxiliaram para a minha formação como físico. Ao Prof. Dr. Kleber R. Pirota, da Universidade de Campinas, por ter nos fornecido as amostras de alumina, essenciais para a realização deste trabalho. À Prof. Dra. Patrícia P. C. Sartoratto, do Instituto de Química da UFG, por ter nos fornecido os fluidos magnéticos, e ao seu aluno Thiago de Melo Lima por ter sintetizado estes fluidos. Ao Prof. Dr. Leandro Socolovsky, pela amizade e por nos fornecer imagens de microscopia eletrônica de uma de nossas amostras. Ao Prof. Dr. Fernando Pelegrini, por ter disponibilizado o Laboratório de Ressonância Magnética Eletrônica. Aos amigos Marcus Carrião, pela ajuda com as simulações, ao Anderson, pela ajuda com os ajustes, ao Marcos e Márcio, por me ajudarem com as medidas de RME e a Laylla, por me acompanhar com as medidas de AFM. Aos professores do Instituto de Física da UFG, por todos os anos em que convivemos juntos e pela importância que tiveram em minha formação profissional. À todos os meus colegas do Instituto de Física, por fazerem destes anos de estudo menos desgastantes, com as piadas de corredor e o bom humor com que sempre encaramos as dificuldades. À todos os meus amigos, que fazem parte da minha vida e têm um lugar especial no meu coração. À todos meus amigos, irmãos, da CETAF, por tanto me auxiliarem, por me acompanharem nos momentos difíceis, por acrescentarem tanto em minha vida. À todos meus amigos da Fraternidade Espírita, por entrarem em minha vida. Resumo Neste trabalho investigamos o encapsulamento de nanopartículas de magnetita (Fe3O4) em nanoporos de alumina anódica utilizando as técnicas de Microscopia de Força Atômica (AFM), Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM) e Ressonância Magnética Eletrônica (RME). Utilizamos três fluidos magnéticos com nanopartículas de diâmetros diferentes dispersas em solução fisiológica. As nanopartículas foram sintetizadas pelo método da coprecipitação e foram caracterizadas por difração de raios-x, de onde confirmamos sua estrutura cristalina e obtivemos o diâmetro. A relação de Scherrer forneceu os seguintes diâmetros: DRX=10,1nm, DRX=12,3nm e DRX=13,8nm. As membranas de alumina foram preparadas pelo método da anodização de um filme de alumínio puro, gerando nanoporos em um arranjo hexagonal, sendo a espessura da alumina de 4µm com distância entre poros centro a centro de 105nm e amostras contendo diâmetros de nanoporos de 35nm ou 80nm. O método de encapsulamento das nanopartículas consistiu em depositar uma gota do fluido magnético sobre a alumina, que penetra nos nanoporos por capilaridade, carreando as nanopartículas. Imagens de AFM mostraram que obtivemos sucesso no encapsulamento das nanopartículas em alumina somente nas amostras com nanoporos de 80nm. Uma comparação entre as curvas de magnetização da amostra com nanopartículas de DRX=13,8nm em nanoporos de 80nm, encapsuladas uma vez e duas vezes, mostrou um acréscimo de 48% no número de nanopartículas encapsuladas do primeiro para o segundo processo de encapsulamento. Além disso, diferentemente de todas as outras amostras estudadas, os dados de RME para alumina com nanoporos de 80 nm e nanopartículas com diâmetro de 13,8 nm, após o primeiro processo de encapsulamento, apresentaram magnetização perpendicular ao plano da membrana de alumina. O espectro de RME foi ajustado por duas gaussianas, uma i representando uma componente com magnetização paralela e outra perpendicular. Imagens de AFM sugerem, na nossa amostra, que resíduos na superfície são responsáveis pela componente paralela. A análise dos dados do campo de ressonância para a componente perpendicular foram ajustados considerando termos de simetria uniaxial e cúbica para a densidade de energia. Na contribução uniaxial foi explicitado o termo devido à interação dipolar magnética, entre nanopartículas formando uma cadeia linear, o termo magnetostático, devido à autoorganização das nanoestruturas, e um magnetoelástico, proveniente do stress gerado pelo empacotamento das nanopartículas, cuja origem foi atribuída à interação dipolar entre as nanoestruturas formando a cadeia. A análise teórica permitiu, ainda, concluir que o tamanho médio das cadeias lineares formadas no interior dos nanoporos corresponde a 6,0 nanopartículas, podendo variar entre 4 e 11. Essas cadeias podem existir não somente em nanoporos diferentes, mas também no interior de um mesmo nanoporo. Por fim, após aquecermos a membrana de alumina, a 300°C por 1 hora, que continha nanopartículas com DRX=10,1nm e a dissolvermos em uma solução aquosa de NaOH, obtivemos imagens de AFM dos nanofios. Uma distribuição de tamanho construída a partir das imagens e ajustada por uma lognormal nos forneceu um diâmetro modal para os nanofios de 25,8 ± 0, 4nm e uma dispersidade de 0,30 ± 0, 02nm . ii Abstract In this work we investigated the encapsulation of magnetite nanoparticles into the nanopores of anodic alumina membranes using atomic force microscopy (AFM), vibrating sample magnetometer (VSM) and electron magnetic resonance (EMR). Three biocompatible magnetic fluids, with different nanoparticle diameters, stably dispersed in water at physiological conditions, were used. The nanoparticles were obtained through the coprecipitation method and characterized by X-ray diffraction, from which we obtained the nanoparticle size and confirmed the crystal structure. The Scherrer´s relation revealed a nanoparticle diameter of 10.1nm, 12.3nm and 13.8nm. The alumina membrane were prepared through anodization process. The nanopores were arranged on a hexagonal lattice with an alumina thickness of 4 µm, a distance between pores (center to center) of 105 nm, and samples containing nanopores with diameter of 35 nm or 80 nm. The method of encapsulation of nanoparticles consisted of depositing a drop of magnetic fluid into the surface of alumina. The fluid enters the nanopores through capillarity carrying the nanoparticles into it. AFM images prove that we had success in encapsulating nanoparticles only for the alumina samples with nanopores with a size of 80 nm. Magnetization data of the alumina sample containing nanoparticles with a diameter of 13.8 nm encapsulated into nanopores of 80 nm, revealed an increase, with respect to the first procedure of encapsulation, of 48 % of the nanoparticles internalized into the nanopore after the second process of encapsulation. Further, different from all the samples investigated, EMR data for the alumina containing nanopores of 80 nm and nanoparticles of 13.8 nm, after the first procedure of encapsulation, had shown perpendicular magnetization with respect to the alumina surface. The EMR spetra were curve fitted using two Gaussian lines, one representing the iii nanoparticles with magnetization parallel to the surface and the other perpendicular. AFM images suggest, in our sample, that residues on the alumina surface are responsible for the parallel component. The magnetic resonance field data, for the perpendicular contribution, were analyzed taking into account in the energy density terms with uniaxial and cubic symmetry. The uniaxial energy contribution had a term due to magnetic dipolar interaction, between nanoparticles forming a linear chain, a magnetostatic term, due to the nanostructures self-organization, and also a magnetoelastic contribution, which came from the stress generated by the packing of nanoparticles, whose origin were related to the dipolar interaction between nanoparticles forming the linear chain. Indeed, the theoretical analysis allowed us to conclude that the mean size of the chain could vary from 4 to 9.5 nanoparticles. Finally, after heating the alumina, at 300°C for one hour, which contained nanoparticles with a size of 10.1 nm, and dissolving it in NaOH aqueous solution, AFM data were obtained. The AFM images confirmed the existence of nanowires. The diameter distribution, obtained from the AFM images, were curve fitted with a lognormal distribution revealing a modal diameter for the nanowires of 25,8 ± 0, 4nm and diameter dispersity of 0,30 ± 0, 02nm . iv Sumário Lista de Figuras viii Lista de Tabelas xviii Introdução 1 Capítulo 1 - Sistemas nanoestruturados 4 1.1 Fluidos Magnéticos ......................................................................................................... 4 1.1.1 Fluidos Magnéticos Surfactados............................................................................... 7 1.1.2 Fluidos Magnéticos Iônicos ...................................................................................... 8 1.2 Matriz Nanoporosa de Alumina ...................................................................................... 8 1.3 Nanofios ........................................................................................................................ 11 Capítulo 2 - Propriedades Magnéticas 15 2.1 Paramagnetismo ............................................................................................................ 17 2.2 Superparamagnetismo ................................................................................................... 20 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo ....................................... 24 2.4 Sistemas Monodomínio ................................................................................................. 33 2.5 Ferritas ........................................................................................................................... 37 2.6 Energia Livre Magnética ............................................................................................... 38 2.6.1 Energia de Troca..................................................................................................... 39 2.6.2 Energia Magnetostática .......................................................................................... 39 2.6.3 Energia Magnetocristalina ...................................................................................... 41 2.6.4 Energia Magnetoelástica ........................................................................................ 43 v Capítulo 3 - Técnicas Experimentais 44 3.1 Difração de Raios-x (método do pó) ............................................................................. 44 3.2 Microscopia de Força Atômica (AFM) ......................................................................... 46 3.2.1 Modo Contato ......................................................................................................... 50 3.2.2 Modo Não-Contato ................................................................................................. 51 3.2.3 Modo Contato Intermitente (Tapping Mode) ......................................................... 55 3.2.4 Criação das Imagens ............................................................................................... 55 3.2.5 Convolução de Ponta .............................................................................................. 56 3.3 Ressonância Magnética Eletrônica ................................................................................ 56 3.3.1 Dinâmica da Magnetização .................................................................................... 60 3.4 Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM) ................................................................ 63 Capítulo 4 - Resultados Experimentais e Discussões 66 4.1 Caracterização das Nanopartículas por Difração de Raios-x ........................................ 67 4.2 Caracterização por AFM ............................................................................................... 69 4.2.1 Alumina .................................................................................................................. 69 4.2.2 Nanopartículas ........................................................................................................ 73 4.3 Metodologia de Encapsulamento .................................................................................. 78 4.4 Dados de magnetometria ............................................................................................... 87 4.4.1 Nanopartículas ........................................................................................................ 87 4.4.2 Nanopartículas Encapsuladas em Alumina ............................................................ 91 4.5 Dados de Ressonância Magnética Eletrônica ................................................................ 92 4.5.1 Nanopartículas com DRX=10,1nm .......................................................................... 94 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm ........................................................... 94 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm ......................................................... 102 4.5.1.2.1 Encapsulando Pela Segunda Vez............................................................ 105 4.5.2 Nanopartículas com DRX=12,3nm ........................................................................ 106 4.5.2.1 Em Alumina com Nanoporos de 80nm ......................................................... 107 vi 4.5.3 Nanopartículas com DRX=13,8nm ........................................................................ 108 4.5.3.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm ......................................................... 108 4.5.3.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm ......................................................... 109 4.5.3.2.1 Encapsulando Pela Segunda Vez............................................................ 133 4.5.4 Síntese dos resultados ........................................................................................... 134 4.6 Fabricação de Nanofios ............................................................................................... 136 4.6.1 Dados de AFM ..................................................................................................... 136 Capítulo 5 - Conclusões e Perspectivas 141 5.1 Conclusões ................................................................................................................... 141 5.2 Perspectivas ................................................................................................................. 143 Apêndice A 144 Apêndice B 148 Bibliografia 155 vii Lista de Figuras Figura 1. 1: Representação das partículas magnéticas dispersas em solvente (a) apolar, com uma camada de surfactante, e polar (b) com dupla camada. As setas simbolizam a direção do momento magnético das partículas............................................................................................. 7 Figura 1. 2: Representação de um fluido iônico pH>7. O meio básico ocasiona uma distribuição de cargas negativas na superfície das nanopartículas que, por conseqüência, atrai contra-íons da solução formando a dupla camada elétrica. As setas simbolizam o momento magnético. .................................................................................................................................. 8 Figura 1. 3: Processo de surgimento dos nanoporos durante o processo de anodização do alumínio puro.............................................................................................................................. 9 Figura 1. 4: Diagrama esquemático mostrando a estrutura da alumina porosa do tipo colméia. . .................................................................................................................................................. 10 Figura 1. 5: Imagens obtidas com um microscópio eletrônico de varredura mostrando membranas de AAO com diferentes distâncias interporos....................................................... 10 Figura 1. 6: Nanofios de níquel crescido por eletrodeposição no interior de nanoporos de alumina. As colunas de níquel possuem diâmetro de 30nm e comprimento de 700nm. .......... 12 Figura 1. 7: Bacteriófago M13. (a) Ilustração esquemática do processo de nucleação, ordenamento e sinterização das nanopartículas sobre o bacteriófago. (b) Simetria do bacteriófago M13, que favorece a síntese dos nanofios. ......................................................... 13 Figura 1. 8: Nanofios de ZnS e CdS obtidos utilizando o vírus M13 como template. ............ 13 Figura 1. 9: Imagem de TEM do estado intermediário da transição nanopartículas-nanofio para nanopartículas com 5,4nm. .............................................................................................. 14 viii Figura 1. 10: Imagens de TEM de nanofios de CdTe fabricados com nanopartículas de (A) 3,4nm e (B) 4.1nm de diâmetro. A barra da legenda possui 100nm. Imagens de AFM de nanofios de CdTe fabricados com nanopartículas de (C) 3,4nm, (D) 5,4nm, (E) 2,5nm e (F) 4,1nm de diâmetro. . ................................................................................................................. 14 Figura 2. 1: Solução gráfica do sistema de Eqs. (2.43) e (2.44). As linhas retas são representações da equação (2.43) para as temperaturas T0 , T1 , T2 , T3 e T4 . As temperaturas T1 , T2 , T3 e T4 estão abaixo de TC , e nestes casos o sistema possui duas soluções. Para temperaturas acima de TC , como T0 , há apenas a solução trivial ( x ' = 0, µ Jz T = 0 ). ....................................... 26 Figura 2. 2: Curva de magnetização inicial (OABC) e curva de magnetização, ou laço de histerese (CDEFGC). A curva BD’E’ é obtida se reduzimos H antes da saturação, correspondente ao ponto C. ...................................................................................................... 28 Figura 2. 3: Diagrama ilustrando as situações que configuram um ordenamento ferromagnético, antiferromagnético e ferrimagnético. ............................................................. 29 Figura 2. 4: Representação esquemática da dependência da magnetização com a temperatura de sub-redes opostas em um material antiferromagnético........................................................ 33 Figura 2. 5: (a) material ferromagnético com dois domínios magnéticos orientados antiparalelamente. (b) estrutura da parede de Bloch que separa dois domínios. (c) visualização dos domínios de um ferromagneto. .......................................................................................... 34 Figura 2. 6: Gráfico esquemático da variação da coercividade com o diâmetro da partícula. . 35 Figura 2. 7: Gráfico da dependência da energia de anisotropia uniaxial com o ângulo entre a magnetização e o eixo de anisotropia na ausência de campo magnético externo. ................... 36 Figura 2. 8: (a) Célula unitária de uma estrutura espinélio. (b) Célula unitária de um espinélio direta expandida para facilitar a visualização. .......................................................................... 38 Figura 2. 9: (a) Interação representativa dos dipolos de um ferromagneto. (b) Pólos livres do material ferromagnético representado em (a). .......................................................................... 39 Figura 2. 10: Elipsóide com a magnetização formando um ângulo θ com o eixo de simetria. .................................................................................................................................................. 40 ix Figura 2. 11: Dependência da magnetização com o campo magnético H aplicado em diferentes direções cristalográficas, para cristais de Fe e Ni. A direção de fácil magnetização é 100 para Fe e 111 para Ni.................................................................................................. 42 Figura 2. 12: Sistema de eixos evidenciando os ângulos usados para determinar os cossenos diretores da magnetização. ....................................................................................................... 42 Figura 3. 1: Ilustração da diferença de caminho do feixe de raios-x incidente sobre um cristal.........................................................................................................................................45 Figura 3. 2: Cristal pulverizado ilustrando os múltiplos espalhamentos dos feixes de raios-x pelos planos cristalográficos..................................................................................................... 45 Figura 3. 3: Princípios básicos do AFM. ................................................................................. 47 Figura 3. 4: (a) Esquema do arranjo cilíndrico dos piezoelétricos que compõem o scanner, permitindo o movimento nas direções x-y-z. (b) Diagrama esquemático do movimento do scanner durante uma varredura. ................................................................................................ 48 Figura 3. 5: Esquema da varredura realizada pelo scanner para a obtenção da imagem.......... 49 Figura 3. 6: Imagem do equipamento de Microscopia de Força Atômica da UFG. ................. 49 Figura 3. 7: Força interatômica em função da distância entre ponta e amostra. ...................... 50 Figura 3. 8: Esquema de um AFM operando no modo contato................................................ 51 Figura 3. 9: Esquema da variação da amplitude (a) e fase (b) da oscilação do cantilever quando a ponta está interagindo com a amostra. ..................................................................... 54 Figura 3. 10: Ilustração comparativa entre as varreduras em uma amostra com uma gota de água na superfície, feitas no modo contato e não-contato. ...................................................... 55 Figura 3. 11: Desenho ilustrando o efeito da convolução de ponta.......................................... 56 Figura 3. 12: Magnetização precessionando em torno de H0. .................................................. 57 Figura 3. 13: Ilustração esquemática de montagem utilizada em ressonância ferromagnética, adaptado da referência. ............................................................................................................ 58 Figura 3. 14: Espectrômetro de Ressonância Magnética Eletrônica (Bruker ESP-300) – IFUFG. ......................................................................................................................................... 59 x Figura 3. 15: Componentes do campo efetivo em um sistema de coordenadas esféricas. ....... 61 Figura 3. 16: Diagrama do magnetômetro de amostra vibrante. ............................................. 64 Figura 3. 17: Arranjos de bobinas de detecção usadas no Magnetômetro de Amostra Vibrante. .................................................................................................................................................. 64 Figura 3. 18: VSM EV7 System – IF-UFG. ............................................................................. 65 Figura 4. 1: Difratograma de raios-x de nanopartículas de magnetita com cobertura de fosfato de DRX=10,1nm. ....................................................................................................................... 68 Figura 4. 2: Difratograma de raios-x de nanopartículas de magnetita com cobertura de citrato de DRX=13,8nm. ....................................................................................................................... 68 Figura 4. 3: Difratograma de raios-x de nanopartículas de magnetita com cobertura de citrato de DRX=12,3nm. ....................................................................................................................... 69 Figura 4. 4: Imagem de AFM de topografia da superfície de uma alumina anódica com poros de 80nm obtida no modo não-contato. (a) perspectiva plana. (b) perspectiva 3D. .................. 71 Figura 4. 5: Imagem de AFM de topografia da superfície de uma alumina anódica com poros de 35nm obtida no modo contato. (a) perspectiva plana. (b) perspectiva 3D. ......................... 72 Figura 4. 6: Imagem de AFM da superfície de um substrato de mica. (a) Imagem de amplitude. (b) Imagem de topografia. ...................................................................................... 74 Figura 4. 7: Imagens de nanopartículas de magnetita com cobertura de fosfato obtidas pelo modo contato-intermitente. (a) Imagem de amplitude. (b) Perspectiva 3D da imagem (a). (c) Imagem de fase. ........................................................................................................................ 75 Figura 4. 8: Distribuição de tamanhos das nanopartículas de magnetita com cobertura de fosfato obtidas por AFM. ......................................................................................................... 76 Figura 4. 9: Imagem HRTEM de uma nanopartícula de magnetita.......................................... 77 Figura 4. 10: Distribuição de tamanhos das nanopartículas de magnetita obtidas por HRTEM. .................................................................................................................................................. 77 Figura 4. 11: Imagens de amplitude de AFM das nanopartículas de magnetita (a) com DRX=13,8nm e (b) com DRX=12,3nm. ...................................................................................... 78 xi Figura 4. 12: Diagrama esquemático mostrando as etapas do processo de crescimento de nanofios a partir de nanopartículas de magnetita. (a) membrana de alumina anodica. (b) fluido sobre a membrana com algumas nanopartículas encapsuladas. (c) gota já seca. (d) alumina limpa do excesso de nanopartículas, contendo agora somente as nanopartículas encapsuladas. (e) depois de aquecida, onde as nanopartículas deram lugar aos nanofios. (f) após dissolver a alumina em solução aquosa de NaOH restaram os nanofios na solução. ................................. 80 Figura 4. 13: Imagem de topografia de uma membrana de alumina com poros de 80nm obtida por AFM no modo não-contato evidenciando o encapsulamento de nanopartículas magnéticas (NPMs) com DRX=13,8nm. ...................................................................................................... 81 Figura 4. 14: Perspectiva 3D da imagem na Figura 4.13. ........................................................ 82 Figura 4. 15: Imagem de topografia de uma membrana de alumina com poros de 80nm obtida por AFM no modo contato evidenciando o encapsulamento de nanopartículas magnéticas (NPMs) com DRX=10,1nm. ...................................................................................................... 83 Figura 4. 16: Perspectiva 3D da imagem na Figura 4.15. ........................................................ 84 Figura 4. 17: Imagens de topografia da superfície da alumina com poros de 35nm contendo nanopartículas com DRX=12,3nm em sua superfície, obtidas pelo AFM no modo não-contato. .................................................................................................................................................. 85 Figura 4. 18: Imagens de topografia de uma região da alumina com poros de 80nm contendo nanopartículas com DRX=13,8nm em sua superfície, obtidas pelo AFM no modo não-contato. .................................................................................................................................................. 86 Figura 4. 19: Curvas de momento magnético em função do campo aplicado para (a) fluido com nanopartículas com DRX=10,1nm (b) pó com nanopartículas com DRX=10,1nm (c) fluido com nanopartículas com DRX=12,3nm (d) pó com nanopartículas com DRX=12,3nm (e) fluido com nanopartículas com DRX=13,8nm (f) pó com nanopartículas com DRX=13,8nm. ............ 89 Figura 4. 20: Curvas do momento magnético da alumina com nanoporos de 80nm com nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas. Comparação entre o sinal da amostra após realizar o processo de encapsulamento das nanopartículas uma vez e após realizar o processo pela segunda vez. ...................................................................................................................... 91 Figura 4. 21: (a) Gaussiana evidenciando os parâmetros que a define como campo central H R (campo de ressonância), largura de linha ∆H que é a largura da gaussiana a meia altura, e área da curva A . (b) Derivada da gaussiana (espectro dado pelo equipamento de RME). .............. 93 xii Figura 4. 22: Comparação entre espectro obtido somente com alumina com poros de 35nm e espectro obtido com alumina com poros de 35nm mais nanopartículas de magnetita com DRX=13,8nm após limpar a superfície da membrana de alumina............................................. 93 Figura 4. 23: Desenho esquemático (a) da membrana de alumina e o ângulo de referência entre a normal ao plano da membrana e o campo magnético aplicado e (b) do mesmo ângulo tendo como referência o comprimento do nanoporo, direção cuja cadeia de nanopartículas se encontrará caso sejam encapsuladas. ........................................................................................ 94 Figura 4. 24: Primeira derivada da intensidade de absorção em função do campo magnético externo aplicado, com o campo paralelo a direção do comprimento dos nanoporos da alumina. Comparação entre espectro da alumina de 35nm com excesso de nanopartículas com DRX=10,1nm na superfície (amostra suja) e após limpar o excesso. ........................................ 95 Figura 4. 25: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina de 35nm antes de limpar a superfície (amostra suja), para vários ângulos ............................................. 96 Figura 4. 26: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 35nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos após depositar o fluido, com a superfície ainda suja (excesso de nanopartículas), onde a linha sólida funciona como guia para os olhos. .................................................................................................................... 96 Figura 4. 27: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina de 35nm após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, para vários ângulos. .................................................................................................................. 97 Figura 4. 28: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos................... 97 Figura 4. 29: Sistema de coordenadas esféricas evidenciando os ângulos da magnetização e do campo externo aplicado. ........................................................................................................... 98 Figura 4. 30: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em comparação com a simulação teórica. ............................................................ 100 Figura 4. 31: Comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo (a) para vários valores de K1 e (b) para vários valores do fator g.......................................... 101 xiii Figura 4. 32: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos................. 102 Figura 4. 33: (a) Gráfico do campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos. A linha sólida em vermelho é a simulação teórica. (b) Nanopartículas com DRX=10,1nm encapsuladas em nanoporos com 80nm............................................................ 104 Figura 4. 34: Comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo para vários valores de K 2 . ...................................................................................................... 105 Figura 4. 35: Gráfico do campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina pela segunda vez e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a linha sólida em vermelho é a simulação teórica. ...................................... 106 Figura 4. 36: Gráfico do campo de ressonância de nanopartículas de DRX=12,3nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a linha sólida em vermelho é a simulação teórica. ............................................................................. 107 Figura 4. 37: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina de 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, para vários ângulos. .............................................................................................. 108 Figura 4. 38: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm em alumina com 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos................. 109 Figura 4. 39: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina de 80nm antes de limpar a superfície (amostra suja), para vários ângulos. .......................................... 110 Figura 4. 40: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, para vários ângulos. .............................................................................................. 110 Figura 4. 41: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina sem limpar o excesso de nanopartículas da xiv superfície (amostra suja) e depois de limpa, onde a linha sólida funciona como guia para os olhos. ...................................................................................................................................... 111 Figura 4. 42: Sistema de coordenadas esféricas evidenciando os ângulos do momento magnético de uma nanopartícula e do campo externo aplicado. ............................................ 112 Figura 4. 43: (a) Cadeia de nanopartículas magnéticas com momento magnético m a uma distância centro a centro r uma das outras. (b) Momentos de dipolos puntuais no centro de cada nanoparticula magnética................................................................................................. 112 Figura 4. 44: Desenho ilustrando a consideração de que uma cadeia de nanopartículas pode ser enxergada como um elipsóide no termo de energia magnetostática. ................................ 116 Figura 4. 45: Elipsóide de revolução. ..................................................................................... 116 Figura 4. 46: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas em nanoporos de alumina com 80nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos após limpar o excesso de nanopartículas da superfície, onde a linha sólida em vermelho representa a simulação teórica. ............................................................................... 118 Figura 4. 47: Comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo (a) para vários valores de Q e (b) para vários valores do fator g........................................... 119 Figura 4. 48: Curva teórica da diferença entre máximo e mínimo do campo de ressonância em função do tamanho da cadeia de nanopartículas para os parâmetros do gráfico da Figura 4.46. ................................................................................................................................................ 120 Figura 4. 49: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas em nanoporos de alumina com 80nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos após limpar o excesso de nanopartículas da superfície. A simulação foi feita utilizando uma densidade de energia com contribuição magnetostática e uma contribuição com simetria cúbica. ............................................................................................................... 121 Figura 4. 50: Comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo para vários valores de K 2 . ...................................................................................................... 122 Figura 4. 51: Espectro de ressonância de nanopartículas de magnetita com DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 35nm para os ângulos de (a) 0° e (b) 30°. .................................. 123 Figura 4. 52: Espectro de ressonância de nanopartículas de magnetita com DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 35nm para os ângulos de (a) 60° e (b) 90°. ................................ 124 xv Figura 4. 53: Espectro de ressonância de nanopartículas de magnetita de DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 80nm para o ângulo de (a) 0° e (b) 30°, evidenciando as componentes do espectro. ....................................................................................................... 126 Figura 4. 54: Espectro de ressonância de nanopartículas de magnetita de DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 80nm para o ângulo de (a) 60° e (b) 90°, evidenciando as componentes do espectro. ....................................................................................................... 127 Figura 4. 55: (a) Ajuste dos espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, para vários valores de ângulo. (b) Contribuição de nanopartículas encapsuladas, obtidas dos ajustes dos espectros da amostra de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 80nm. ...................................................... 128 Figura 4. 56: Campo de ressonância da componente devido à nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas em nanoporos de alumina com 80nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a curva sólida em vermelho representa a simulação teórica. .................................................................................................................................... 129 Figura 4. 57: Desenho esquemático de duas partículas em contato com os momentos magnéticos na configuração “head-to-tail”. ........................................................................... 130 Figura 4. 58: Campo de ressonância da componente devido à nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas em nanoporos de alumina com 80nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a curva sólida em vermelho representa a simulação teórica, considerando o termo de energia magnetielástica. .................................................... 132 Figura 4. 59: Curva teórica da diferença entre máximo e mínimo do campo de ressonância em função do tamanho da cadeia de nanopartículas para os parâmetros do gráfico da Figura 4.58, destacados os valores para a diferença considerando a barra de erro. .................................... 132 Figura 4. 60: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina sem limpar o excesso de nanopartículas da superfície (amostra suja) e depois de limpa, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a linha sólida funciona como guia para os olhos................... 133 Figura 4. 61: Imagen de AFM do sinal de fase obtido no modo não-contato mostrando nanofios sintetizados em alumina com poros de 80nm depositados sobre a mica. ................ 137 xvi Figura 4. 62: Imagen de AFM do sinal de fase obtido no modo não-contato mostrando nanofios sintetizados em alumina com poros de 80nm depositados sobre a mica. ................ 137 Figura 4. 63: Imagens de AFM do sinal de fase obtido no modo não-contato mostrando nanofios sintetizados em alumina com poros de 80nm depositados sobre a mica. ................ 138 Figura 4. 64: Distribuição de tamanhos de nanofios da amostra de nanopartículas com DRX=10,1 em alumina de 80nm obtidas pelo AFM................................................................ 139 Figura 4. 65: Desenho esquemático ilustrando 4 cadeias de nanopartículas com DRX= 10,1nm em um possível arranjo no interior de um nanoporo de alumina com 80nm. ........................ 139 Figura A. 1: Parâmetros geométricos para a interação entre uma esfera de raio R1 e um átomo em P . ..................................................................................................................................... 145 Figura A. 2: Parâmetros geométricos para a interação entre duas esferas. ............................ 146 Figura B. 1: Geometria da partícula com os respectivos ângulos para a magnetização e para o campo magnétco aplicado. ..................................................................................................... 149 Figura B. 2: Curva de magnetização de uma partícula monodomínio com eixo de anisotropia uniaxial para o caso em que o campo magnético é aplicado na direção do eixo de anisotropia. ................................................................................................................................................ 151 Figura B. 3: Curva de magnetização de uma partícula monodomínio com eixo de anisotropia uniaxial para o caso em que o campo magnético é aplicado perpendicular ao eixo de anisotropia. ............................................................................................................................. 153 Figura B. 4: Curvas de magnetização de uma partícula monodomínio com eixo de anisotropia uniaxial para alguns ângulos entre o campo magnético externo e o eixo de anisotropia uniaxial. .................................................................................................................................. 154 xvii Lista de Tabelas Tabela 2. 1: Diâmetro crítico para uma partícula apresentar caráter de monodomínio magnético. ................................................................................................................................ 35 Tabela 4. 1: Valores da magnetização de cada nanopartícula em emu / g e em emu / cm3 ..... 88 Tabela 4. 2: Valores das constantes de anisotropia de todas as amostras. ............................. 134 Tabela 4. 3: Posição da magnetização na ausência de campo magnético externo em relação ao plano da alumina. .................................................................................................................... 135 xviii Introdução Materiais com estruturas de dimensões nanométricas, os chamados materiais nanoestruturados, vêm se destacando, nos últimos anos, como tema em muitas pesquisas nas diversas áreas da ciência e tecnologia. Ao ramo da ciência que estuda as propriedades desses novos materiais foi atribuído o nome de nanociência, e o ramo que estuda o desenvolvimento e aplicação de dispositivos chama-se nanotecnologia [1]. O interesse por estes materiais é devido ao fato que a redução de uma ou mais de suas dimensões para escala nanométrica altera suas propriedades. As significativas mudanças no comportamento dessas propriedades são geralmente devido a fatores como efeito de quantização espacial (confinamento quântico) e efeitos de superfície que se tornam evidentes pela alta razão entre o número de átomos na superfície por aqueles no volume. Atualmente, tem-se o controle de síntese e preparação de vários dispositivos nanoestruturados, desde filmes finos e multicamadas (estruturas 2D) [2], nanofios, nanobastões, nanotubos (estruturas 1D) [3-4], nanopartículas e pontos quânticos (estruturas 0D) [5], até estruturas mais complexas, como por exemplo as originadas através de nanotecnologia de DNA [6]. Esta dissertação está dividida da seguinte forma; O Capítulo 1 faz um breve resumo sobre os materiais nanoestruturados que foram utilizados neste trabalho, que são os fluidos magnéticos, as membranas de alumina anódica e os nanofios, focando em suas definições, alguns métodos de preparação e síntese e aplicações. O Capítulo 2 apresenta uma revisão teórica das propriedades magnéticas dos materiais magnéticos, onde são abordadas as propriedades paragmagnéticas, superparamagnéticas, ferromagnéticas, ferrimagnéticas e antiferromagnéticas, a fim de situar nosso sistema nesse contexto. As nanopartículas magnéticas utilizadas neste trabalho são 1 1 Introdução 2 ferrimagnéticas e podem estar num regime superparamagnético. Além disso acrescentamos uma breve subseção que discute o comportamento da coercividade dos ferro/ferrimagnetos em função do tamanho. O Capítulo 3 apresenta as técnicas experimentais utilizadas na investigação do sistema proposto neste trabalho, que é o estudo das propriedades de nanopartículas magnéticas encapsuladas em nanoporos de alumina anódica, com o objetivo de, a partir desse sistema, obtermos nanofios. Foram 4 técnicas experimentais: Difração de Raios-x, Microscopia de Força Atômica (AFM), Ressonância Magnética Eletrônica (RME) e Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM). Este Capítulo apresenta conceitos básicos necessários para o entendimento das técnicas, desde uma pequena introdução histórica, até o desenvolvimento dos cálculos matemáticos, quando necessários. O Capítulo 4 apresenta nossos resultados experimentais que foram organizados na seguinte sequência: 1. Caracterização das nanopartículas com Difração de Raios-x, definindo a estrutura cristalina e o diâmetro das nanopartículas. 2. Caracterização da alumina e das nanopartículas por AFM, onde evidenciamos o arranjo hexagonal dos nanoporos na alumina e confirmamos o diâmetro desses nanoporos, e comparamos a distribuição de diâmetros das nanopartículas de um dos fluidos obtida pelas imagens de AFM com a distribuição de diâmetros das nanopartículas do mesmo fluido obtidas por imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão de Alta Resolução (HRTEM), para comprovarmos o efeito de convolução de ponta nas imagens de AFM. Por AFM também, obtivemos a confirmação do encapsulamento das nanopartículas no interior dos nanoporos da alumina. 3. Por meio da técnica de magnetometria obtivemos os valores da magnetização de saturação das nanopartículas. 4. Utilizando a técnica de RME obtivemos o comportamento da dependência angular do campo de ressonância para cada amostra. Fizemos uma simulação teórica desses gráficos utilizando a densidade de energia do nosso sistema. O comportamento do campo de ressonância em função do ângulo informa sobre os tipos de anisotropia magnética do sistema, se é anisotropia uniaxial, cúbica, etc., e quais suas origens, se é magnetoelástica, magnetocristalina, etc., nos permitindo concluir se houve ou não 1 Introdução 3 encapsulamento das nanopartículas no interior dos nanoporos, e possivelmente nos permite determinar qual o arranjo espacial formado pelas nanopartículas no interior dos nanoporos. 5. Ainda por meio de AFM, obtivemos imagens de nanofios obtidos de uma de nossas amostras, juntamente com a distribuição de diâmetros dos nanofios obtidas através dessas imagens de AFM. Finalmente, no Capítulo 5 apresentamos as conclusões e perspectivas futuras deste trabalho. Capítulo 1 Sistemas nanoestruturados 1.1 Fluidos Magnéticos Uma categoria de materiais que vem ganhando importante destaque nas últimas décadas são os fluidos magnéticos (FM). O fluido magnético é uma suspensão coloidal de nanopartículas magnéticas em um meio carreador, que pode ser um fluido polar, como água, ou apolar, como hidrocarbonetos e óleos. As nanopartículas magnéticas são compostas, muitas vezes, de ferritas (Ex.: magnetita (Fe3O4), maghemita (γ-Fe2O3), etc). Essas nanopartículas apresentam estrutura cristalina do tipo espinélio e na maior parte delas são monodomínios magnéticos. Os fluidos magnéticos foram desenvolvidos na década de 60 por Solomon S. Papell na Agência Espacial Norte Americana (NASA). Foi concebido inicialmente como um fluido propulsor para foguetes espaciais, onde um campo magnético seria o responsável por deslocar o fluido na ausência de aceleração gravitacional [7]. Papell preparou o fluido através da técnica de moagem, onde se emprega um pó micrométrico de um metal ou de um óxido metálico que é reduzido a dimensões nanométricas por meio da moagem na presença de um agente químico. Esta é uma técnica demorada e pouco eficiente comparada com as técnicas de síntese de nanopartículas empregadas atualmente. Dentre algumas delas destacam-se: • Método de coprecipitação por hidrólise em meio aquoso: é utilizado principalmente para a preparação de nanopartículas de óxidos de ferro. Este método consiste na 4 1.1 Fluidos Magnéticos • 5 coprecipitação dos íons metálicos em soluções aquosas através de reações de hidrólise alcalina, seguida de condensação e, em alguns casos, polimerização [8]. • Micela reversa: Micelas reversas são estruturas, em geral esféricas, formadas por um agregado de moléculas surfactantes, dispersos em um líquido, com água em seu interior. Esses sistemas podem ser empregados para a síntese de nanopartículas fazendo-se o uso das micelas como nanoreatores. Pode-se empregar as mesmas reações utilizadas para coprecipitação em meio aquoso [9]. • Método de decomposição de compostos de coordenação: A preparação de fluido magnético utilizando este método consiste na síntese de nanopartículas a partir da decomposição de compostos como Fe(CO)5 e Co2(CO)8 em solventes orgânicos, na presença de um surfactante e de um polímero, em atmosfera inerte [10]. A dispersão das nanopartículas em um solvente permite a formação de um fluido macroscopicamente homogêneo. A estabilidade coloidal deste fluido magnético está relacionada com interações do tipo nanopartícula-nanopartícula e da nanopartícula com moléculas ou íons do líquido dispersante. A agitação térmica do líquido carreador deve ser suficiente para evitar a precipitação das nanopartículas pela ação da força gravitacional, devido elas terem um tamanho reduzido e uma massa muito pequena. Todavia, as interações de Van der Waals e a atração magnética entre as nanopartículas tendem a aglomerá-las, provocando a sedimentação e desestabilizando, assim, o colóide. Um recurso disponível para controlar essas interações é a utilização de uma camada de cobertura na superfície das nanopartículas. Essa camada de cobertura pode ser composta por moléculas adsorvidas na superfície da nanopartícula, que gerará uma força de repulsão denominada estérica ou de contato, ou pode ser uma camada iônica, que gera uma força de repulsão eletrostática entre as nanopartículas. Os termos de energia que descrevem essas interações são: 1. Interação de Van der Waals (cálculos no Apêndice A) [11] UVdW = − A 2R2 2R2 C 2 − (2 R)2 + + ln 2 , 6 C − (2 R)2 C 2 C2 (1.1) onde C é a distância centro a centro entre as nanopartículas e R é o ráio médio das nanopartículas. A é o coeficiente de Hamaker, dado por 1.1 Fluidos Magnéticos ε −ε 3 A = K BT p s ε p + εs 4 6 2 3hν c ( n 2p − ns2 ) , + 2 2 2 3 16 2 ( n p + ns ) onde K B é a constante de Boltzman, T (1.2) a temperatura e ε p , ε s , h,ν c , n p e ns são, respectivamente, a constante dielétrica da partícula, a constante dielétrica do solvente, a constante de Plank, a frequência característica de absorção de radiação eletromagnética pelo material, o índice de refração da partícula e o índice de refração do solvente. 2. Interação dipolar magnética U dm = µ0 mi ⋅ m j − 3 ( mi ⋅ rˆ ) ( m j ⋅ rˆ ) , 3 4π r ( ) (1.3) 3 onde m = (π 6) M s D é o momento magnético de uma nanopartícula ( M s é a magnetização de saturação). 3. Repulsão estérica U re π D 2G l + 2 1 + t l = ln 2 − − , kT t 2 1+ l 2 t (1.4) para x ≤ 2δ e zero para x > 2δ ( δ é a espessura da camada de cobertura). Na equação, l = 2x D e t = 2δ D . G é um parâmetro denominado “grafting”, que descreve a densidade superficial de moléculas adsorvidas na superfície da nanopartícula [12]. 4. Repulsão eletrostática −κ D ( r − D ) U el D2 2 eψ 0 e , tanh =4 kT LB r 4kT (1.5) sendo e, κ D , ψ 0 , respectivamente, a carga do contra-íon da dupla camada elétrica, o inverso do raio de Debye e o potencial de Stern (ou potencial zeta) que é o potencial na superfície da partícula [13], e LB = e2 , 4πε kT sendo ε a permissividade elétrica do meio. (1.6) 1.1.2 Fluidos Magnéticos Surfactados 7 1.1.1 Fluidos Magnéticos Surfactados Quando um tipo de molécula que apresenta um grupo polar e um grupo apolar (nas suas extremidades) é adsorvido na superfície da nanopartícula, revestindo-a, esta passa a ser dita surfactada e a molécula é o surfactante. Um surfactante é definido como uma molécula capaz de reduzir a tensão superficial de soluções aquosas. A camada surfactante gera uma repulsão entre as nanopartículas denominada repulsão estérica ou de contato (vide Eq. (1.4)). Nanopartículas com uma única camada surfactante geralmente são dispersas em líquidos apolares. Já para solventes polares, como a água, é necessária uma dupla camada surfactante, de tal forma que o segmento polar da molécula surfactante esteja orientado para o solvente (vide Figura 1.1). Em nanopartículas com dupla camada surfactante observa-se também uma repulsão de origem eletrostática, devido à presença de uma densidade de carga superficial. (a) (b) Figura 1. 1: Representação das partículas magnéticas dispersas em solvente (a) apolar, com uma camada de surfactante, e polar (b) com dupla camada. As setas simbolizam a direção do momento magnético das partículas. 1.1.2 Fluidos Magnéticos Iônicos 8 1.1.2 Fluidos Magnéticos Iônicos Em alguns fluidos magnéticos as nanopartículas apresentam uma camada de íons em sua superfície, que atraem outros íons de sinal contrário na própria solução, formando uma segunda camada de contra-íons (vide Figura 1.2). Estas nanopartículas são dispersas em um fluido polar. Neste caso, a estabilidade é obtida devido à repulsão eletrostática entre as nanopartículas (vide Eq. (1.5)). Figura 1. 2: Representação de um fluido iônico pH>7. O meio básico ocasiona uma distribuição de cargas negativas na superfície das nanopartículas que, por conseqüência, atrai contra-íons da solução formando a dupla camada elétrica. As setas simbolizam o momento magnético. 1.2 Matriz Nanoporosa de Alumina A alumina é um óxido de alumínio (Al2O3) que quando preparado por um processo de anodização, envolvendo a oxidação de um filme de alumínio puro (grau de pureza de 99,999%) em um eletrólito apropriado, geram membranas porosas, que são comumentes conhecidas na literatura como óxido de alumina anódica (AAO – Anodic Aluminum Oxide). A alumina porosa crescida através da anodização do alumínio puro tem sido estudada há mais de 50 anos [14]. 1.2 Matriz Nanoporosa de Alumina 9 Anodização é um processo de oxidação eletrolítica, onde, devido a uma diferença de potencial, os íons O2- ou OH- fornecidos por um ácido impregnam o ânodo, que é constituído do material que se deseja oxidar. Em um filme de alumínio puro, durante este processo forças de tensão superficial favorecem o surgimento de envaginações na superfície da membrana, gerando os nanoporos (Figuras 1.3 e 1.4). Durante o processo de preparação da membrana de AAO pode-se manter um controle preciso sobre a distribuição, comprimento e diâmetro dos poros [15]. Encontramos na literatura nanoporos em alumina variando entre 30nm a 420nm. [16–19] Parâmetros de anodização como voltagem, corrente, temperatura do banho eletrolítico, tempo de anodização e composição do eletrólito correspondem aos ajustes durante a preparação da membrana para se obter a desejada distribuição e diâmetro de nanoporos, enquanto o comprimento dos poros depende somente do tempo de anodização. A Figura 1.5 mostra imagens de algumas membranas com distâncias interporos de 60, 95 e 420 nm, respectivamente [20]. Figura 1. 3: Processo de surgimento dos nanoporos durante o processo de anodização do alumínio puro [17] 1.2 Matriz Nanoporosa de Alumina 10 Figura 1. 4: Diagrama esquemático mostrando a estrutura da alumina porosa do tipo colméia [17]. Figura 1. 5: Imagens obtidas com um microscópio eletrônico de varredura mostrando membranas de AAO com diferentes distâncias interporos [20]. 1.3 Nanofios 11 As membranas de AAO têm atraído muito a atenção devido à possibilidade de crescer nanoestruturas no seu interior em um arranjo auto-organizado, como nanofios ou nanotubos [17,21-24], aproveitando o arranjo hexagonal da alumina anódica. As membranas de AAO têm chamado a atenção também para a possibilidade de sua utilização em gravação magnética de alta densidade, onde nanofios magnéticos funcionarão como bits perpendiculares ao plano do filme já que a forma do nanofio, em princípio, favorece o alinhamento da magnetização nesta direção [25]. Um arranjo hexagonal de nanoporos, por exemplo, com distância interporos de 50 nm permitiria uma densidade de gravação de 300Gbits/in2 [26]. 1.3 Nanofios Desde a descoberta dos nanotubos de carbono por Iijima [4], em 1991, houve um crescente interesse na síntese de estruturas unidimensionais. Este interesse é motivado pelas propriedades físicas singulares que estas estruturas apresentam e pelas possíveis aplicações em dispositivos tecnológicos. Os nanofios são estruturas cujas duas de suas dimensões foram reduzidas a escala nanométrica. Eles se destacam não somente por suas propriedades de transporte como também por suas fascinantes propriedades magnéticas, ópticas, termelétricas, que permitem que os nanofios sejam utilizados nas mais variadas aplicações como por exemplo, na gravação magnética de alta densidade [26], via templates de alumina anódica, na construção de sensores químicos e biológicos [27–29], como blocos de construção em computação e portas lógicas [30], na construção de células solares mais eficientes [31], como revestimento em implantes de titânio [32], na construção de nanogeradores piezoelétricos [33], na construção de nanolasers [34], etc. O interesse pelos nanofios impulsionou o desenvolvimento de várias técnicas de síntese e crescimento. Dentre algumas destacam-se a eletrodeposição via membrana de alumina anódica [22-26], que é uma das técnicas mais utilizadas. Outra técnica que permite um arranjo organizado dos nanofios é a nanolitografia por feixe de elétrons, que utiliza um SPM (Scanning Probe Microscope) para a construção dos nanofios, mas esta técnica tem a desvantagem de ser muito demorada e de alto custo para que seja viável uma produção em 1.3 Nanofios 12 grande escala. De fato a facilidade de se obter um sistema altamente organizado de nanofios via matrizes nanoporosas (ex.: alumina) torna a técnica de eletrodeposição extremamente atraente. A Figura 1.6 mostra nanofios de Ni obtidos desta forma [26]. Figura 1. 6: Nanofios de níquel crescido por eletrodeposição no interior de nanoporos de alumina. As colunas de níquel possuem diâmetro de 30nm e comprimento de 700nm [26]. Uma outra técnica de crescimento de nanofios que vem se destacando recentemente é a utilização de vírus bacteriófago como template [35]. Bacteriófago é um pequeno vírus que infecta apenas bactérias. A técnica de crescimento de nanofios utiliza um vírus bacteriófago denominado M13, aonde os nanofios são crescidos ao longo de sua superfície. A Figura 1.7(a) ilustra o processo de nucleação dos íons sobre o bacteriófago formando nanopartículas e posteriormente os nanofios. Alguns nanofios crescidos por esta técnica são mostrados na Figura 1.8. 1.3 Nanofios 13 (a) (b) Figura 1. 7: Bacteriófago M13. (a) Ilustração esquemática do processo de nucleação, ordenamento e sinterização das nanopartículas sobre o bacteriófago. (b) Simetria do bacteriófago M13, que favorece a síntese dos nanofios [35]. Figura 1. 8: Nanofios de ZnS e CdS obtidos utilizando o vírus M13 como template [35]. Outra técnica interessante recentemente estudada é o crescimento de nanofios semicondutores medidados pela auto-organização de nanopartículas. Destaco aqui os resultados obtidos com nanopartículas de CdTe [36]. Essas nanopartículas possuem uma forte interação dipolar elétrica que favorece a auto-organização das nanopartículas em uma cadeia linear, que posteriormente formará os nanofios (Figuras 1.9 e 1.10). 1.3 Nanofios 14 Figura 1. 9: Imagem de TEM do estado intermediário da transição nanopartículas-nanofio para nanopartículas com 5,4nm [36]. Figura 1. 10: Imagens de TEM de nanofios de CdTe fabricados com nanopartículas de (A) 3,4nm e (B) 4.1nm de diâmetro. A barra da legenda possui 100nm. Imagens de AFM de nanofios de CdTe fabricados com nanopartículas de (C) 3,4nm, (D) 5,4nm, (E) 2,5nm e (F) 4,1nm de diâmetro [36]. Um resultado interessante do Tang, Kotov e Giersig [36] é que eles conseguiram controlar o diâmetro dos nanofios usando nanopartículas de diâmetros diferentes. Capítulo 2 Propriedades Magnéticas Sabemos da eletrodinâmica que uma carga em movimento gera um campo magnético, e que uma corrente elétrica num circuito fechado (por exemplo, um elétron num átomo) gera um momento magnético, que é o produto entre a área do circuito e a intensidade da corrente. Sabemos também que o elétron possui um momento de dipolo magnético intrínseco associado com o seu momento angular de spin. A partir desses conceitos, ao longo das descobertas científicas que prosseguiram, aprendemos que as propriedades magnéticas dos materiais magnéticos originam essencialmente dos momentos magnéticos dos elétrons das camadas incompletas nos átomos, e dos elétrons desemparelhados na banda de condução (no caso dos metais). Neste capítulo trataremos das classes de materiais magnéticos mais comuns que são: os paramagnéticos, os ferromagnéticos, os ferrimagnéticos e os antiferromagnéticos, além dos materiais superparamagnéticos, que possuem propriedades semelhantes aos paramagnéticos, porém com magnetização de saturação da ordem dos materiais ferromagnéticos. Os materiais ferromagnéticos e os ferrimagnéticos possuem elétrons desemparelhados cujos momentos de dipolo magnético estão acoplados de tal forma a apresentarem uma magnetização espontânea, ou seja, apresentam magnetização na ausência de campo magnético externo. Os materiais paramagnéticos são materiais que também possuem elétrons desemparelhados, porém não possuem magnetização espontânea e a resposta a um campo magnético externo é bem menos intensa em comparação com os materiais ferromagnéticos e ferrimagnéticos. Os materiais antiferromagnéticos possuem um acoplamento entre os momentos de dipolo atômicos, contudo este ocorre de tal forma que 15 2 Propriedades Magnéticas 16 todos os momentos magnéticos se cancelam, resultando em uma magnetização nula na ausência de campo externo. Além disso, todos os materiais possuem resposta a um campo magnético externo devido ao surgimento de momento angular orbital induzido nos elétrons, inclusive os citados acima. Podemos, todavia, classificar mais uma classe de materiais que são aqueles que possuem resposta ao campo magnético externo devido somente ao surgimento desses momentos orbitais induzidos nos elétrons. São os materiais diamagnéticos. Esses materiais podem ser classificados de acordo com a sua resposta ao campo magnético externo H . Primeiro a magnetização M é definida como a quantidade de momentos magnéticos por unidade de volume. Em seguida definimos a susceptibilidade magnética por unidade de volume através da seguinte relação: χ= M , H (2.1) ou em sua forma diferencial, dada por χ = ∂M ∂H . A susceptibilidade é uma grandeza adimensional. Os materiais ferro e ferrimagnéticos possuem susceptibilidade magnética positiva com valor muito maior do que zero. Os materiais paramagnéticos também possuem susceptibilidade magnética positiva, porém com valor não muito maior do que zero, refletindo em uma fraca magnetização induzida pelo campo externo em comparação com a magnetização dos ferro/ferrimagnetos. E, finalmente, os materiais diamagnéticos possuem susceptibilidade magnética negativa, com valores, em módulo, da ordem da susceptibilidade magnética dos paramagnetos. A susceptibilidade magnética negativa é uma conseqüência da lei de Lenz, sendo que o momento magnético induzido nos orbitais atômicos possui um sentido tal que tende a se contrapor a ação do campo externo aplicado. Material χ Diamagnético <0 tipicamente ∼ −10−6 no SI Paramagnético Ferromagnético >0 >> 0 tipicamente ∼ 10−5 no SI depende de H Ferrimagnético >> 0 depende de H 2.1 Paramagnetismo 17 2.1 Paramagnetismo Os materiais paramagnéticos são os constituídos por átomos que possuem momentos de dipolo magnético diferentes de zero, porém pouco interagentes entre si. Cada um desses momentos de dipolo tende a se alinhar com o campo externo gerando uma magnetização induzida no material, contudo, na ausência desse campo, o efeito da agitação térmica sobre os momentos de dipolo tornam suas posições randômicas, não permitindo o surgimento de uma magnetização resultante. Num sistema onde a projeção dos momentos magnéticos na direção do campo magnético B é discreta, temos que, essa projeção pode ser dada por µ Jz = g µ B M J , (2.2) onde M J assume os valores J , J − 1,..., − ( J − 1) , − J , sendo J o número quântico de momento angular, µB o magnéton de Bohr, e g é o chamado fator g , dado por g = 1+ J ( J + 1) + S ( S + 1) − L ( L + 1) , sendo S , L e J , respectivamente, o momento 2 J ( J + 1) angular de spin, o momento angular orbital e o momento angular total. Note que a média sobre todos os momentos magnéticos, à temperatura T, utilizando a distribuição de Boltzman, é dado por ∑µ µ z J T = z J ∑M exp ( −(− µ Jz B) K BT ) MJ ∑ exp ( −(−µ B) z J MJ K BT ) = g µB J exp ( g µ B BM J K BT ) MJ ∑ exp ( g µ B BM J K BT ) , (2.3) MJ onde K B é a constante de Boltzman e − µ Jz B no exponencial é o termo de energia Zeeman. Fazendo v = ∑ exp ( xM J J ) , MJ com x = g µ B JB , temos que K BT (2.4) 2.1 Paramagnetismo 18 ∑M µ z J T = g µB J exp ( g µ B BM J K BT ) MJ ∑ exp ( g µ B dv dx . v = g µB J BM J K BT ) (2.5) MJ Devemos agora calcular a soma definida por v . Para isso faremos z = exp ( x J ) . J ∑ v= z M J = z − J (1 + z + z 2 + ... + z 2 J ) . (2.6) M J =− J Da forma expandida acima, v representa uma progressão geométrica simples, onde M J varia de − J a + J . A soma de uma progressão geométrica é dada por 2 S n = a0 + a0 x + a0 x + ... + a0 x n −1 = a0 ( x n − 1) . x −1 (2.7) Portanto v= z J+ v= z − J ( z 2 J +1 − 1) z −1 1 2 x = exp J 1 J+ 2 z J +1 − z − J z = = z −1 J+ 1 2 x = exp x + 2J 1 2 1 −J − 2 1 z 2 − z 1 2 − 1 2 z z −z z 1 2 . exp (1 + 1 2 J ) x − exp − (1 + 1 2 J ) x exp ( x 2 J ) − exp ( − x 2 J ) 1 J+ 2 1 z2 = z 1 2 −z z −z 1 − J + 2 − 1 2 . (2.8) (2.9) . (2.10) Usando a definição do seno hiperbólico, obtemos v= sinh (1 + 1 2 J ) x . sinh ( x 2 J ) (2.11) Então, dv sinh ( x 2 J )(1 + 1 2 J ) cosh (1 + 1 2 J ) x = − 2 dx sinh ( x 2 J ) sinh (1 + 1 2 J ) x (1 2 J ) cosh ( x 2 J ) − . 2 sinh ( x 2 J ) Substituindo na equação (2.5), temos (2.12) 2.1 Paramagnetismo µ Jz T 19 (1 + 1 2 J ) cosh (1 + 1 2 J ) x (1 2 J ) cosh ( x 2 J ) = g µB J − = sinh ( x 2 J ) sinh (1 + 1 2 J ) x 1 1 1 x = g µ B J 1 + coth , coth 1 + x − 2 J 2 J 2 J 2 J (2.13) onde 1 1 1 x BJ ( x ) = 1 + coth coth 1 + x − 2 J 2 J 2 J 2 J é a conhecida função de Brillouin e x = (2.14) g µB JB . K BT Temos, finalmente, que µJz T = g µB JBJ ( x ) . (2.15) Para encontrarmos a susceptibilidade paramagnética, iremos considerar x pequeno, ou seja, podemos fazer a seguinte aproximação: coth ( x ) = 1 x + + ... x 3 Substituindo os dois primeiros termos da expansão na função de Brillouin (2.14), temos 1 BJ ( x ) ≈ 1 + 2J (1 + 1 2 J ) x − 1 2 J + x = ( J + 1) x . 1 + 3 3J (1 + 1 2 J ) x 2 J x 6 J (2.16) Substituindo em (2.15) e multiplicando por n (número de átomos por unidade de volume) para obtermos a magnetização, temos M = n µ Jz T ≈ ng µ B J ( J + 1) x = ng µ 3J B J g µ B JB ( J + 1) . K BT 3J (2.17) Como χ= temos ∂M ∂M , = µ0 ∂H ∂B (2.18) 2.2 Superparamagnetismo χ= µ0ng 2 µB2 J ( J + 1) 3KBT 20 = C . T (2.19) A relação (2.19) é conhecida como lei de Curie, válida para muitos materiais. C é a constante de Curie e é dada por C= µ0 ng 2 µB2 J ( J + 1) 3K B . (2.20) 2.2 Superparamagnetismo O tratamento matemático da seção anterior considera a projeção dos momentos magnéticos na direção do campo como sendo discretas. Caso a projeção do momento magnético na direção do campo magnético B = Bkˆ seja contínua, temos µ z = µ ⋅ k = m cos (θ ') , (2.21) onde θ ' é o ângulo entre o momento magnético e o campo magnético e pode assumir qualquer valor entre 0 e π. É o caso, por exemplo, dos materiais superparamagnéticos, chamados assim por Bean e Livingston devido ao fato da magnetização nesses materiais ser da ordem de 102 – 103 vezes maior que de materiais paramagnéticos típicos [37]. Consideremos, inicialmente, uma nanopartícula com momento magnético µ na presença de um campo externo B . Essa possui uma energia Zeeman igual a E = − µ ⋅ B = − µ B cos θ ' . (2.22) Como será necessário utilizar a estatística de Boltzmann para calcular o valor esperado do momento de dipolo magnético, podemos escrever o fator de Boltzmann como e− E K BT . Considerando que todas as orientações do momento magnético de uma nanopartícula em relação a um campo magnético aplicado B são igualmente prováveis, a probabilidade p (θ ) dθ dele se encontrar em um ângulo entre θ e θ + dθ é igual à razão entre à área de um 2.2 Superparamagnetismo 21 anel infinitesimal de raio sin θ e espessura 1dθ e a área da superfície de uma esfera de raio unitário. Portanto p (θ ) dθ = 2π sin θ 4π (1) 2 dθ = sin θ dθ . 2 (2.23) Entretanto, sabemos que o momento magnético tende a se alinhar com o campo a fim de minimizar a energia Zeeman, portanto todos os ângulos não podem ser igualmente prováveis. Temos, então, que acrescentar o fator de Boltzmann na função p (θ ) . Teremos então p (θ ) dθ ןe − E K BT sin θ dθ 2 (2.24) onde o símbolo de proporcional indica que p (θ ) dθ deve ser normalizada sobre todos os espaços de configurações em θ possíveis. Nesse caso, a constante de proporcionalidade é dada pela seguinte condição: π ∫ p (θ ) dθ = 1. (2.25) 0 O valor esperado para o momento de dipolo magnético do sistema de N partículas é dado por π ∫ µ cos (θ ) p (θ ) dθ µz T = 0 = π ∫ p (θ ) dθ 0 π = 1 ∫ µ cos (θ ) 2 e µ B cosθ K BT sin θ dθ 0 = π 1 µ B cosθ ∫0 2 e K BT sin θ dθ π ∫ µ cos (θ ) e = µ B cosθ K BT sin θ dθ . 0 π ∫e µ B cosθ K BT sin θ dθ 0 Fazendo a seguinte mudança de variáveis (2.26) 2.2 Superparamagnetismo u= µB K BT cos θ ⇒ − µB θ =0⇒u = K BT 22 µB K BT sin θ dθ = du , = x e θ =π ⇒u = − (2.27) µB K BT = −x , (2.28) e substituindo em (2.26), obtemos −x ∫ ue du u µz T = µ x . x −x (2.29) − ∫ e du u x Integrando o numerador por partes e lembrando que e x − e − x = 2 sinh x e e x + e − x = 2 cosh x , temos µ x cosh x − sinh x µz T = µz T = µ L ( x) , x sinh x 1 = µ coth x − x (2.30) onde x = µ B K BT e L ( x ) é a função de Langevin de primeira ordem. 1 L ( x ) = coth x − . x (2.31) Os fluidos magnéticos são bons exemplos de materiais que possuem comportamento superparamagnético. As nanopartículas magnéticas, geralmente feitas de material ferro/ferrimagnéticos, o que faz com que a magnetização de saturação do fluido seja da ordem das destes materiais, caso a concentração de partículas não seja muito alta, elas estarão livres para se movimentar no fluido e possuem uma energia de interação inter-partículas baixa comparada com a agitação térmica. Cada nanopartícula pode ser encarada como um momento magnético, cuja intensidade elevada faz com que sua projeção na direção do campo varie de forma contínua. Para escrevermos a equação da magnetização M fluido de um fluido vamos multiplicar os dois lados da igualdade na equação (2.30) por N V fluido , onde N é o número de nanopartículas no fluido e V fluido é o volume do fluido. 2.2 Superparamagnetismo N µz T V fluido = M fluido = 23 N V fluido µL ( x) . (2.32) Multiplicando e dividindo o lado direito da equação pelo volume da nanopartícula V p , temos NVp µ M fluido = L x ⇒ V fluido Vp ( ) ⇒ M fluido = φ M p L ( x ) , (2.33) onde M p = µ V p é a magnetização da nanopartícula e φ = NV p V fluido é a fração volumétrica de nanopartícula no fluido. No sistema CGS, a unidade da magnetização na equação (2.33) está em emu cm3 . Vamos reescrever essa equação com a magnetização em emu g , que em muitos casos é mais fácil de trabalhar. Temos N µz T V fluido µ =φ Vp L ( x) . (2.34) Substituindo 1 V = ρ m , onde ρ é a densidade e m é a massa, temos ρ fluido N µz T m fluido = φρ p µ mp L ( x) ⇒ ρ M fluido = p × φ M p L ( x ) , ρ fluido onde M fluido = N µz T (2.35) m fluido e M p = µ m p são, respectivamente, a magnetização do fluido e da nanopartícula com unidades em emu g . 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 24 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo Os materiais ferromagnéticos são aqueles que possuem, abaixo de certa temperatura, um ordenamento magnético de todos os momentos magnéticos do material na mesma direção e sentido. Acima dessa temperatura a agitação térmica é tamanha que o ordenamento ferromagnético deixa de existir, passando o material a exibir um comportamento paramagnético. Esta temperatura é conhecida como Temperatura de Curie ( TC ). Nos materiais ferromagnéticos, deve haver algum tipo de interação que, para uma dada temperatura, faça com que esses momentos se alinhem em uma determinada direção, gerando uma magnetização resultante na ausência de campo externo. A primeira explicação para o ordenamento ferromagnético foi proposto por Pierre Weiss em 1907. Weiss postulou que os ferromagnetos possuíam magnetização espontânea devido à existência de um campo molecular, que era relativamente intenso e proporcional a magnetização. Portanto, o campo magnético médio sentido por um átomo devido aos vizinhos pode ser expresso por: Bm = λ M , (2.36) onde λ é a constante de campo molecular, ou coeficiente de campo molecular. Este campo deve ser somado ao campo externo aplicado. A magnetização do material ferromagnético fica: M = n µJz T , (2.37) onde n é o número de átomos por unidade de volume. Assim, o campo molecular de Weiss toma a forma Bm = λ n µJz T kˆ . (2.38) A magnetização pode ser calculada como no caso do paramagnetismo da seção 2.1. Para um conjunto de átomos µ Jz T = g µB JBJ ( x ') , (2.39) 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 25 onde x ' é o equivalente x = g µB JB KBT do caso paramagnético, porém acrescido do campo molecular. ( B + λn µ ) . x ' = gµ J z J T B (2.40) K BT Portanto µ z J T ( B + λ n µ Jz = g µ B JBJ g µ B J K BT ) . T (2.41) Assumindo inicialmente B = 0 , temos x' = g µB J λ n µJz (2.42) T K BT e µ z J T g µ B J λ n µ Jz = g µ B JBJ K BT Escrevendo µJz µ Jz T µ Jz T T T . em termos de x ' , temos x ' K BT g µB J λ n (2.43) = g µB JBJ ( x ') (2.44) = e Weiss utilizou um método gráfico (Figura 2.1) para resolver as duas equações acima, onde ele encontrava os valores de x ' e µJz T através da intersecção do gráfico da reta (2.43) e da função de Brillouin (2.44). No gráfico da Figura 2,1, a temperatura na qual a inclinação da reta coincide com a inclinação da parte inicial da função de Brillouin corresponde à temperatura de Curie ( TC ), pois é a temperatura na qual a magnetização se torna igual a zero. 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 26 Figura 2. 1: Solução gráfica do sistema de Eqs. (2.43) e (2.44). As linhas retas são representações da equação (2.43) para as temperaturas T0 , T1 , T2 , T3 e T4 . As temperaturas T1 , T2 , T3 e T4 estão abaixo de TC , e nestes casos o sistema possui duas soluções. Para temperaturas acima de TC , como T0 , há apenas a solução trivial ( x ' = 0, µ Jz T = 0 ) [38]. Podemos então encontrar TC igualando (2.43) com (2.44) para x ' pequeno, substituindo BJ ( x ' ) da expansão (2.16). g µB J ( J + 1) x ' = 3J x ' K BTC ⇒ g µB J λ n g 2 µB2 nλ J ( J + 1) ⇒ TC = . 3K B (2.45) A magnetização próxima da temperatura de Curie é baixa, de tal forma que podemos usar novamente a aproximação (2.16) para encontrarmos a susceptibilidade ferromagnética. Para isso, precisaremos considerar a aplicação de um campo externo B . M = n µ Jz T 1 = ng µ B JBJ ( x ' ) ≈ − ng µ B ( J + 1) x ' . 3 (2.46) Substituindo ( B + λn µ ) , x ' = gµ J z J T B temos K BT (2.47) 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 2 2 B M ≈ ng µ J ( J + 1) Desde que C = M= B + λ n µJz 3K BT µ0 ng 2 µB2 J ( J + 1) C B + λ n µ Jz Tµ 0 ( ⇒M − T 3K B T ) = TCµ . 27 (2.48) , podemos escrever (2.45) como B+ 0 C λM ⇒ Tµ 0 C C λM = B= Tµ 0 Tµ 0 T µ 0 −Cλ C =M B⇒ = Tµ 0 Tµ 0 ⇒M = CB µ 0 C B= . T µ 0 −Cλ T − Cλ µ 0 (2.49) Encontrando então, a susceptibilidade, temos χ = µ0 ∂M C C = = , ∂B T − Cλ µ0 T − θ p g 2 µB2 nλ J ( J + 1) = . com θ p = 3KB µ0 Cλ (2.50) (2.51) A relação (2.50) é conhecida como lei de Curie-Weiss. Vemos que θ p é a temperatura de Curie. Portanto, acima dessa temperatura a susceptibilidade dos materiais ferromagnéticos passa a ter um comportamento igual a dos materiais paramagnéticos. O modelo de Weiss explica o comportamento dos materiais ferromagnéticos, contudo não nos informa a respeito da origem do campo molecular. Como dissemos anteriormente, a interação dipolar é bem menos intensa que o esperado para o campo molecular. O gadolínio metálico possui, na ausência de campo magnético externo, um campo molecular Bm = λ M = 1,57 × 106 G (no sistema CGS) [38], cerca de 1000 vezes maior que o campo dipolar. Além disso, mesmo que ela fosse intensa o suficiente, a interação dipolar não promoveria um ordenamento ferromagnético. A teoria quântica nos fornece um tipo de interação, dependente da orientação relativa dos spins de dois elétrons, que pode explicar a 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 28 origem do campo molecular: a interação de troca (exchange). Essa interação é de origem eletrostática e resulta da indistinguibilidade eletrônica. A energia associada à interação de troca será brevemente discutida na próxima seção (2.6.1). A dependência da magnetização dos materiais ferromagnéticos com um campo externo aplicado, em geral é semelhante ao apresentado pela figura 2.2. Figura 2. 2: Curva de magnetização inicial (OABC) e curva de magnetização, ou laço de histerese (CDEFGC). A curva BD’E’ é obtida se reduzimos H antes da saturação, correspondente ao ponto C [38]. A região OAB é a curva de magnetização inicial, obtida aplicando o campo em uma amostra inicialmente desmagnetizada, onde o ponto C corresponde à magnetização de saturação da amostra. O ponto D é a chamada magnetização remanente, que é a magnetização resultante quando se retira o campo aplicado após a magnetização do material ter saturado. Se o campo externo aplicado for retirado antes da magnetização saturar, esta retorna e estabiliza em uma magnetização de módulo menor, como visto no ponto D’. Para desmagnetizar o material, é necessário aplicar um campo em sentido contrário à magnetização, com módulo igual ao valor dado pelo ponto E no gráfico. Este campo necessário para desmagnetizar o material é chamado de campo coercivo. Neste processo de desmagnetização, caso continue a aumentar o módulo do campo aplicado, a magnetização começa a crescer novamente em módulo, mas agora no sentido contrário, ou seja, no sentido do campo aplicado. 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 29 A curva de histerese surge quando há uma defasagem entre magnetização e campo magnético externo. Um dos modelos teóricos mais utilizados para descrever a histerese ferromagnética é o modelo de Stoner-Wohlfarth, válido para partículas pequenas monodomínio com eixo de anisotropia uniaxial. Os cálculos detalhados desse modelo encontram-se no Apêndice B. Dizemos anteriormente que um material ferromagnético é aquele cujos momentos magnéticos, abaixo da temperatura de Curie, se alinham paralelamente, resultando em uma magnetização não nula na ausência de campo externo. Contudo, existem materiais onde os momentos magnéticos se ordenam antiparalelamente. Nessa categoria existem dois tipos de materiais: os antiferromagnéticos e os ferrimagnéticos, sendo o primeiro um caso particular do segundo. São materiais que possuem redes cristalinas superpostas, onde cada subrede possui um ordenamento ferromagnético, contudo os momentos magnéticos dessas subredes estão em sentidos opostos. Nos materiais antiferromagnéticos, os momentos magnéticos antiparalelos possuem o mesmo módulo, portanto a magnetização resultante é nula. Já nos materiais ferrimagnéticos os momentos magnéticos de uma subrede, em módulo, é diferente dos momentos magnéticos da segunda subrede, o que resulta em uma magnetização não nula na ausência de campo externo. O diagrama simplificado da Figura 2.3 mostra as configurações dos momentos magnéticos para os ferromagnetos, antiferromagnetos e ferrimagnetos. Ordenamento ferromagnético Ordenamento antiferromagnético Ordenamento ferrimagnético Figura 2. 3: Diagrama ilustrando as situações que configuram um ordenamento ferromagnético, antiferromagnético e ferrimagnético. Os materiais ferrimagnéticos possuem comportamento magnético semelhante aos ferromagnéticos. Possuem magnetização de saturação, magnetização espontânea (remanente), 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 30 coercividade, temperatura de transição (temperatura de Curie nos ferromagnetos), que no caso dos ferrimagnetos chama-se temperatura de Néel, e podem possuir um ou mais domínios magneticamente saturados (dependendo da dimensão da estrutura magnética). Para os cálculos do sistema ferrimagnético, consideraremos a existência de duas subredes (A e B), onde os momentos magnéticos estarão alinhados paralelamente em relação aos vizinhos da mesma sub-rede, porém alinhados antiparalelamente em relação à outra. A magnetização total do material pode ser escrita como M = M A + MB . (2.52) O campo molecular sentido pelos íons da sub-rede A na presença de campo magnético externo B é dado por BmA = B + λAB M B + λAA M A , (2.53) onde λAB e λAA são, respectivamente, a constante de campo molecular para interação entre os íons do sítio A com os do sítio B e a constante de campo molecular para interação entre os íons do sítio A. λAB representa o termo de interação entre os primeiros vizinhos, pois os átomos no sítio A possuem como primeiros vizinhos os átomos do sítio B, e λAA representa interação entre segundos vizinhos, onde após os átomos do sítio B, existe novamente os átomos do sítio A, ou seja, há uma alternância entre a posição dos átomos do sítio A e os do sítio B. Igualmente para os íons da sub-rede B, temos BmB = B + λBB M B + λBA M A , (2.54) onde λBA e λBB são, respectivamente, a constante de campo molecular para interação entre os íons do sítio B com os do sítio A e a constante de campo molecular para interação entre os íons do sítio B. Nesse caso λBA representa a interação entre primeiros vizinhos e λBB representa a interação entre segundos vizinhos. Fazendo cálculos análogos ao caso ferromagnético para cada sub-rede separadamente, temos µ Jz A T g µ J ( B + λAB M B + λAA M A ) = g µB J A BJ B A = g µB J A BJ ( xA ) K BT (2.55) 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 31 e µ Jz B T g µ J ( B + λBB M B + λBA M A ) = g µB J B BJ B B = g µB J B BJ ( xB ) . K BT (2.56) Existem n íons por unidade de volume no material, somando os das duas sub-redes. Se a fração de íons na sub-rede A é p então a fração de íons na sub-rede B é (1 − p ) . Para o caso em que B = 0 e x A e xB são pequenos, temos M A = pn µ Jz A T ≈ png 2 µ B2 J A ( J A + 1) ( λAB M B + λAA M A ) (2.57) 3 K BT e M B = (1 − p ) n µ Jz B T ≈ (1 − p ) png 2 µ B2 J B ( J B + 1) ( λBB M B + λBA M A ) . 3 K BT (2.58) Por critério de simetria cabe considerar que λAB = λBA = −λ ' . As constantes de Curie para cada sub-rede são CA = µ0 png 2 µB2 J A ( J A + 1) (2.59) 3K B e CB = µ0 (1 − p ) ng 2 µB2 J B ( J B + 1) 3K B . (2.60) Portanto MA = CA ( λAA M A − λ ' M B ) Tµ 0 (2.61) MB = CB ( −λ ' M A + λBB M B ) . Tµ 0 (2.62) e A partir dessas duas magnetizações nós recaímos no caso ferromagnético fazendo M A = 0 ou M B = 0 , pois só existe uma rede, além de λAB = λBA = 0 . 2.3 Ferromagnetismo, Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo 32 O caso antiferromagnético é obtido considerando, nas relações (2.57) e (2.58), M A = −M B , J A = J B , λAA = λBB = λ , λAB = λBA = λ ' e p = 1 2 . Na sub-rede A, temos M A = ng 2 µ B2 J ( J + 1) ( −λ ' M B + λ M A ) ⇒ 6 K BT ⇒ M A = ng 2 µ B2 J ( J + 1) ( λ − λ ') M ⇒ TNA = ng 2 µ B2 J ( J + 1) ( λ − λ ') . 6 K BT A ⇒ (2.63) 6K B Que é a temperatura de Nèel para a sub-rede A. A temperatura de Nèel é a temperatura de ordenamento para o antiferromagnetismo. É o análogo da temperatura de Curie do ferromagnetismo. Na sub-rede B, temos M B = ng 2 µ B2 J ( J + 1) (λM B − λ ' M A ) ⇒ 6 K BT ⇒ M B = ng 2 µ B2 J ( J + 1) ( λ − λ ') M ⇒ TNB = ng 2 µ B2 J ( J + 1) ( λ − λ ') . 6 K BT B ⇒ 6K B (2.64) Que é a temperatura de Nèel para a sub-rede B. A Figura 2.4 mostra o comportamento da magnetização em função da temperatura para cada sub-rede em um material antiferromagnético. 2.4 Sistemas Monodomínio 33 Figura 2. 4: Representação esquemática da dependência da magnetização com a temperatura de sub-redes opostas em um material antiferromagnético [38]. Para temperatura acima da temperatura de Nèel não há ordenamento dos momentos magnéticos, e o material se comporta como um material paramagnético. Abaixo da temperatura de Nèel há ordenamento dos momentos magnéticos, contudo as magnetizações de cada sub-rede se cancelam, resultando em uma magnetização total nula na ausência de campo externo. 2.4 Sistemas Monodomínio Um domínio magnético é uma região no interior do material onde os spins estão orientados na mesma direção. Em um ferromagneto o campo molecular tende a alinhar paralelamente os momentos magnéticos de spin, em contrapartida a energia de interação dipolar entre esses momentos é mínima quando eles estão alinhados antiparalelamente. A curta distancia, porém, a interação de troca prevalece sobre a interação dipolar, favorecendo o alinhamento paralelo dos spins. Todavia, para reduzir a energia de interação dipolar surgem vários domínios magnéticos no interior do material onde, no interior de um domínio, a curta distância, há o alinhamento paralelo, mas a uma distância suficientemente grande formam-se estes domínios cujas magnetizações estarão em direções diferentes, tendendo a anular a magnetização resultante no material. A transição entre duas regiões com magnetização de direções diferentes (domínios) é chamada de parede de domínio ou parede de Bloch, e essa transição se dá pela mudança gradual na inclinação dos spins, até que este se alinhe com os spins do próximo domínio. 2.4 Sistemas Monodomínio 34 A Figura 2.5 mostra os domínios e as paredes de domínios num material ferromagnético [37]. Figura 2. 5: (a) material ferromagnético com dois domínios magnéticos orientados antiparalelamente. (b) estrutura da parede de Bloch que separa dois domínios. (c) visualização dos domínios de um ferromagneto. [37] A aplicação de um campo magnético externo praticamente não altera a intensidade da magnetização no interior de um domínio A variação na magnetização resultante da amostra, portanto se dá por dois processos: 1. Para campos magnéticos fracos há o deslocamento das paredes de domínio. 2. Para campos magnéticos fortes, além do deslocamento das paredes de domínio a magnetização nos domínios também giram no sentido do campo. Apresentar um ou mais domínios depende do tamanho do material. Se o material ferro/ferrimagnético for constituído de uma partícula bem pequena, escala nanométrica, ela pode não apresentar vários domínios magnéticos (multidomino), mas somente um (monodomínio). O gráfico esquemático da Figura 2.6 mostra a dependência do campo coercivo de pequenas partículas com o diâmetro. 2.4 Sistemas Monodomínio 35 Figura 2. 6: Gráfico esquemático da variação da coercividade com o diâmetro da partícula [37]. 1. M – D - multidomínio – a magnetização muda por meio do movimento das paredes de domínio, rotação de domínios, nucleação e propagação de paredes de domínios. 2. S – D - monodomínio – abaixo de um diâmetro Ds as partículas tornam-se monodomínios magnéticos, e nesse intervalo de tamanho a coercividade atinge um máximo. 3. À medida que o tamanho das partículas decresce a coercividade também decresce devido a efeitos de agitação térmica. 4. Abaixo de um diâmetro crítico Dp a coercividade é zero, novamente devido a efeitos de agitação térmica, que são intensas o suficiente para manter o momento magnético da partícula flutuando em um intervalo de tempo curto. Tais partículas são ditas estarem no regime superparamagnético. A Tabela 2.1 apresenta os valores de diâmetro crítico para uma série de materiais. Tabela 2. 1: Diâmetro crítico para uma partícula apresentar caráter de monodomínio magnético [39]. Material αFe Co Ni Fe3O4 SmCo5 FePt Diâmetro Crítico (Dcr) (nm) 9,7 55,5 22,6 12,4 1170 340 2.4 Sistemas Monodomínio 36 Na realidade, o gráfico da Figura 2.6 depende tanto da temperatura quanto do tempo de medida experimental. Consideremos uma partícula monodomínio magnético que possua uma anisotropia magnética uniaxial, ou seja, existe uma direção em que a magnetização tende a permanecer na ausência de campo magnético externo. A energia associada com a anisotropia tem a seguinte forma: (2.65) E = kV sin 2 θ , onde k é a chamada constante de anisotropia, V é o volume da partícula e θ é o ângulo entre a magnetização e o eixo de anisotropia. A Figura 2.7 mostra o gráfico dessa energia em função de θ na ausência de campo externo. Relaxação magnética Figura 2. 7: Gráfico da dependência da energia de anisotropia uniaxial com o ângulo entre a magnetização e o eixo de anisotropia na ausência de campo magnético externo. Existe uma probabilidade de que a magnetização da partícula inverta proporcional a − e kV K BT , que caracteriza a relaxação magnética, e cujo tempo necessário para que isso ocorra é conhecido como tempo de relaxação de Nèel-Brown τ N , concebido primeiramente por Nèel [40,41] e dado por τN = kV 1 exp f0 K BT , onde f0 é um fator de freqüência da ordem de 109 Hz (2.66) 2.5 Ferritas 37 Vemos que o tempo de relaxação é menor quanto maior a temperatura, assim como é menor quanto menor o volume da partícula, já que o tamanho da barreira de energia é proporcional a esse volume e, quanto menor o volume maior a probabilidade de inversão da magnetização sobre a barreira. Por isso, no gráfico da Figura 2.6, na faixa de tamanho em que está caracterizado o regime superparamagnético, o que temos na realidade é um material ferro/ferrimagnético, porém com tempo de relaxação pequeno. A largura desta faixa fica assim submetida ao tempo de medida experimental onde, se o tempo de medida for menor do que o tempo de relaxação magnética da partícula o equipamento detectará uma magnetização remanente, caracterizando uma histerese na curva de magnetização. Caso contrário a magnetização flutuará de uma direção a outra durante a medida, cuja média dará uma magnetização remanente igual a zero. Neste caso o gráfico da magnetização representará uma curva superparamagnética. Para se ter uma idéia de valores, para uma partícula esférica de Cobalto com 6,8nm, o tempo de relaxação é de 0,1s a temperatura ambiente. Para a mesma partícula, porém com diâmetro de 9,0nm, o tempo de relaxação será de 100 anos! [39]. 2.5 Ferritas As ferritas são materiais ferrimagnéticos que possuem uma estrutura cristalina do tipo espinélio. Na célula unitária dessa estrutura, com parâmetro de rede de cerca de 8Å, existem 32 íons de oxigênio em um agrupamento compacto cúbico (fcc) interpenetrados por uma rede tetraédrica com 64 sítios e uma rede octaédrica com 32 sítios. Cada célula unitária contém 8 moléculas do tipo M2+Fe3+2O4, onde M representa um metal divalente, normalmente um metal de transição (Zn, Cd, Fe, Ni, Cu, Mg, Ba,...). Dos 64 sítios tetraédricos e dos 32 sítios octaédricos, somente 8 tetraédricos e 16 octaédricos são ocupados pelos íons metálicos. A estrutura espinélio é classificada de acordo com a ocupação do íon metálico M2+ nas subredes. Quando o íon M2+ ocupa os sítios tetraédricos e o Fe3+ ocupa os octaédricos a estrutura é classificada como espinélio direto. Quando os sítios tetraédricos são ocupados apenas por Fe3+ e nos octaédricos estão os íons M2+ e o restante dos Fe3+ a estrutura é chamada de espinélio inverso. Quando a ocupação dos íons M2+ ocorre em ambos os sítios a estrutura é denominada mista. 2.6 Energia Livre Magnética 38 A Figura 2.8 mostra a configuração dos átomos em uma estrutura espinélio ideal. Figura 2. 8: (a) Célula unitária de uma estrutura espinélio [42]. (b) Célula unitária de um espinélio direta expandida para facilitar a visualização. O exemplo mais conhecido de uma ferrita é a magnetita, Fe3O4 ou Fe2+O.Fe3+2O3. 2.6 Energia Livre Magnética Quando aplicado um campo magnético externo sobre uma amostra ferro/ferrimagnética, seus momentos tendem a alinhar-se com o campo aplicado. A configuração final dos momentos a cada ponto do material vai depender da minimização da energia livre a um dado campo externo e temperatura. A forma geral da energia livre é: Ftotal = Ftroca + Fmagnetostática + Fmagnetocristalina + Fmagnetoelástica − µ0 M ⋅ H . (2.67) Ftroca é a energia de troca, responsável pelo alinhamento dos momentos entre si; Fmagnetostática é a energia magnetostática, originada dos dipolos magnéticos superficiais não compensados, e depende da forma do material; Fmagnetocristalina energia de anisotropia magnetocristalina, que depende da orientação dos momentos magnéticos em relação à rede 2.6.1 Energia de Troca 39 cristalina; Fmagnetoelástica é a energia magnetoelástica e, por último, a energia Zeeman. Cada termo será brevemente explicado a seguir. 2.6.1 Energia de Troca Responsável pelo ordenamento dos momentos magnéticos de spin no material nos fornece a energia associada à interação de troca entre esses spins. Para dois átomos i e j , com respectivos momentos de spin Si e S j , a energia pode ser descrita pela seguinte expressão (SI): Ftroca = −2∑ J ij Si ⋅ S j , (2.68) i< j onde J ij é a integral de troca que indica se o ordenamento é ferro ( (J ij > 0) ou ) antiferromagnético Jij < 0 . 2.6.2 Energia Magnetostática Uma das características marcantes nos materiais magnéticos é o efeito de desmagnetização. Ele resulta dos campos criados pelos dipolos magnéticos não compensados nas superfícies da amostra, como apresentado na Figura 2.9. Figura 2. 9: (a) Interação representativa dos dipolos de um ferromagneto. (b) Pólos livres do material ferromagnético representado em (a) [38]. 2.6.2 Energia Magnetostática 40 Quando um campo H 0 uniforme é aplicado numa amostra com forma elipsoidal, o campo interno H int também é uniforme, podendo ser escrito na forma Hint = H0 + H d = H0 − N ⋅ M , (2.69) onde H d é chamado de campo desmagnetizante, N é o tensor de desmagnetização da amostra. Se o sistema de coordenadas cartesianas coincide com os eixos de simetria da amostra, o tensor é diagonal, com componentes N xx , N yy e Nzz , ficando: 0 N yy 0 N xx N= 0 0 0 0 . N zz (2.70) No sistema CGS, os fatores de desmagnetização obedecem à relação N xx + N yy + N zz = 4π . (2.71) A energia que está associada ao campo desmagnetizante é a energia magnetostática, que pode ser escrita como: Fmag = − µ0 µ0 2 2 M ⋅ Hd = M ⋅N ⋅M . (2.72) A energia de anisotropia magnetostática, ou de forma, para um elipsóide de eixo maior c na direção z e eixos menores a=b no plano x-y pode ser calculada pela projeção das componentes da magnetização M ao longo dos três eixos. Na Figura 2.10 θ é o ângulo entre a magnetização e o eixo de simetria c. Figura 2. 10: Elipsóide com a magnetização formando um ângulo θ com o eixo de simetria [38]. 2.6.3 Energia Magnetocristalina Fmag = 41 µ0 2 = µ0 = µ0 = µ0 = µ0 M ⋅N ⋅M = (N M 2 a 2 2 2 2 x + N b M y2 + N c M z2 ) = M 2 ( N a sin 2 θ + N b ( 0 ) + N c cos 2 θ ) = ( ) M 2 N a sin 2 θ + N c (1 − sin 2 θ ) = Nc M 2 + µ0 2 ( N a − N c ) M 2 sin 2 θ (2.73) Vemos que o material magnético no formato elipsoidal, com um dos eixos diferente dos outros dois, apresenta uma simetria uniaxial, gerando um eixo de anisotropia onde a magnetização tenderá a ficar em equilíbrio na ausência de outras contribuições de energia. 2.6.3 Energia Magnetocristalina Num material magnético cristalino, a periodicidade da rede faz com que as interações entre o campo elétrico cristalino e os momentos magnéticos atômicos orientem a magnetização local para certas direções de grande simetria do cristal. Essas direções são chamadas de eixo fácil do cristal. O surgimento da anisotropia magnetocristalina faz com que o comportamento de algumas propriedades magnéticas, como por exemplo, a curva de magnetização do material, dependa da direção em que se aplica o campo magnético externo, como mostrado na Figura 2.11. A origem microscópica da anisotropia é devido à interação spin-órbita, que é proporcional a L ⋅ S . A energia fenomenológica associada a essa anisotropia pode ser escrita em termos das constantes de anisotropia e dos cossenos diretores da magnetização em relação aos eixos cristalográficos. Por exemplo, para um cristal com simetria cúbica a energia tem a forma Fcris = K1 (α12α22 + α22α32 + α32α12 ) + K2 (α12α22α32 ) , (2.74) onde K1 e K2 são constantes de anisotropia de primeira e segunda ordem, respectivamente, e α1 , α 2 e α 3 são os cossenos diretores. 2.6.3 Energia Magnetocristalina 42 Figura 2. 11: Dependência da magnetização com o campo magnético H aplicado em diferentes direções cristalográficas, para cristais de Fe e Ni. A direção de fácil magnetização é 100 para Fe e 111 para Ni [38]. Na Figura 2.12 apresentamos um sistema de coordenadas esféricas, onde os eixos de simetria cúbica coincidem com os eixos coordenados, em que são mostrados os ângulos utilizados para determinar os cossenos diretores da magnetização. Figura 2. 12: Sistema de eixos evidenciando os ângulos usados para determinar os cossenos diretores da magnetização. Os cossenos diretores são: α1 = cos β = sin θ cos ϕ ; α 2 = cos γ = sin θ sin ϕ e α 3 = cos δ = cos θ . (2.75) 2.6.4 Energia Magnetoelástica 43 2.6.4 Energia Magnetoelástica A magnetostricção é um fenômeno relacionado com a variação das dimensões do material em função de sua magnetização local, como por exemplo, a contração ou expansão do material com a aplicação de um campo magnético externo. É outro fenômeno cuja origem está relacionada com a interação spin-órbita. A constante de magnetostricção λ é definida como a razão entre a variação do comprimento do material ∆l com a aplicação de um campo magnético e o comprimento inicial l da amostra. λ= ∆l . l (2.76) Quando aplicamos tensões mecânicas na amostra, temos o efeito recíproco, onde a tensão externa provoca mudanças na magnetização do material. Quando se aplica um campo magnético externo em um material magnético de tal forma que a deformação ∆l , devido a esse campo, atinga um máximo, ou seja, sature, λ recebe o nome de constante de magnetostricção de saturação e passa a ser representado por λs . A deformação do material sob a aplicação de um campo magnético ou a mudança na magnetização devido à aplicação de uma tensão mecânica promove o armazenamento de energia potencial, proporcional a tensão σ e a constante de magnetostricção de saturação λs . Se o material for isotrópico em relação à λs , então a energia terá a seguinte forma: Fσ = 3 λsσ cos 2 θ , 2 (2.77) onde θ é o ângulo entre a tensão aplicada e a magnetização. É interessante notar que, dependendo do sinal de λs , o material pode se expandir ou contrair com a aplicação de um campo magnético externo. Escrevendo o termo de energia magnetoelástica em função da constante de anisotropia magnetoelástica km , temos Fσ = km cos 2 θ , (2.78) 3 km = λsσ . 2 (2.79) onde Capítulo 3 Técnicas Experimentais 3.1 Difração de Raios-x (método do pó) A técnica de difração de raios-x é de suma importância no estudo de estruturas cristalinas periódicas, para se obter o arranjo cristalino e a composição, além das distâncias interplanares correspondentes aos planos cristalinos do material. A técnica consiste da incidência de radiação de raios-x sobre uma amostra cristalina e estudar as direções em que ocorre espalhamento. A explicação para a existência dos feixes difratados por um cristal é dado pela lei de Bragg. Acontece que os feixes espalhados interferem entre si. A interferência construtiva gera os picos de espalhamento, e ocorrem quando a diferença de caminho entre os feixes espalhados por planos paralelos sucessivos for um número inteiro n de comprimentos de onda λ (Figura 3.1), de modo que 2d sin θ = nλ . (3.1) 44 3.1 Difração de Raios-x (método do pó) 45 Figura 3. 1: Ilustração da diferença de caminho do feixe de raios-x incidente sobre um cristal. Para encontrar todos os planos cristalinos formados pelos átomos na rede em um material monocristalino, gira-se a amostra em relação ao feixe de raios-x incidente. Em uma amostra policristalina, ou uma amostra que foi pulverizada, todos os planos cristalinos estão expostos quando da incidência de um feixe de raios-x, não sendo necessário mudar a direção do feixe, pois todos os espalhamentos possíveis serão evidenciados. Sabe-se o ângulo de espalhamento, nesse caso, pela posição do sensor que detectará os picos. Este método é conhecido como método do pó. A Figura 3.2 ilustra os múltiplos espalhamentos pela amostra. Figura 3. 2: Cristal pulverizado ilustrando os múltiplos espalhamentos dos feixes de raios-x pelos planos cristalográficos [43]. Para a difração do pó podemos encontrar o tamanho aproximado dos grãos monocristalinos DRX através da equação de Scherrer (3.2): DRX = 0, 94λ , B cos θ (3.2) 3.2 Microscopia de Força Atômica (AFM) 46 2 sendo B = Bmed − Bsil2 , onde Bmed , dado em radianos, é a largura à meia altura do pico mais intenso do espectro de difração da amostra medida, e Bsil , dado em radianos, é a largura à meia altura do pico mais intenso do espectro de difração do silício, usado como padrão. 3.2 Microscopia de Força Atômica (AFM) Como as principais propriedades exclusivas das nanoestruturas são função das dimensões que elas possuem, torna-se fundamental sua caracterização. Os microscópios ópticos já não são capazes de nos mostrar objetos em escalas nanométricas, devido esses já estarem na ordem do comprimento de onda da luz visível, difratando-a. Para isso foi desenvolvido outras técnicas de microscopia que permitissem obtermos imagens em escalas nanométricas, e até mesmo atômicas. Existem, por exemplo, microscópios baseados em feixes de elétrons, os Microscópios Eletrônicos de Varredura (Scanning Eletron Microscope - SEM), e de Transmissão (Transmission Electron Microscopy - TEM). Note que os microscópios eletrônicos podem possuir efeitos destrutivos em amostras “moles”, por fazerem a varredura com um feixe eletrônico de alta energia. Foram desenvolvidos também os Microscópios de Varredura de Sonda (Scanning Probe Microscope - SPM) que nos fornece uma visualização 3D da superfície de uma amostra sem danificar o material analisado. O AFM nos permite, também, obter imagens de amostras não condutoras, inclusive amostras biológicas, sem destruí-las. O Microscópio de Força Atômica (Atomic Force Microscope - AFM) é um tipo específico de Microscópio de Varredura de Sonda, assim como o Microscópio de Tunelamento. Os microscópios de Varredura de Sonda são uma família de microscópios onde uma sonda varre a superfície da amostra registrando ponto a ponto algum tipo de interação. O componente responsável pela varredura é o scanner, que consiste de um conjunto de piezoelétricos que posicionam a amostra em relação à sonda e cujo movimento que realizam permite a varredura. Dependendo do microscópio a varredura pode ser realizada com a sonda sobre a amostra ou com a amostra sobre a sonda. No primeiro caso a sonda é fixa e a amostra é colocada no scanner, no segundo a amostra é fixa e a sonda é colocada no scanner. O 3.2 Microscopia de Força Atômica (AFM) 47 microscópio possui também um sistema de realimentação que permite controlar a posição vertical da sonda em relação à amostra (feedback) e um computador para controlar a varredura, armazenar dados e os converter em imagens por meio de softwares específicos para esse fim. O que determina o tipo de microscópio SPM é o tipo de interação entre ponta e amostra, por exemplo, o Microscópio de Tunelamento registra a corrente de tunelamento entre a ponta e a superfície do material que se quer imagiar, desde que a superfície desse material seja condutora. O Microscópio de Força Atômica registra a interação de Van der Waals entre os átomos da ponta e os átomos da amostra. O Microscópio de Força Magnética registra a interação magnética entre uma ponta magnetizada e uma amostra magnética. Etc. Gerd Binnig e Heinrich Rohrer, pesquisadores da IBM de Zurich, desenvolveram o Microscópio de Tunelamento em 1982. Em 1986 receberam o Prêmio Nobel por esse feito, mesmo ano em que Binnig, juntamente com Calvin Quate, da Universidade de Stanford, e Christoph Gerber, da IBM, desenvolveram o Microscópio de Força Atômica [44]. A microscopia de força atômica utiliza como sonda um cantilever flexível (geralmente são retangulares ou piramidais) fixo em uma de suas extremidades e livre na outra. Na extremidade livre existe uma ponta muito fina que varre a superfície da amostra. Um laser é incidido no cantilever e refletido na direção de um detector fotodiodo que registra suas deflexões (ver Figura 3.3). Figura 3. 3: Princípios básicos do AFM [45]. 3.2 Microscopia de Força Atômica (AFM) 48 O scanner é um arranjo de cerâmicas piezoelétricas que permitem uma varredura com alta precisão. A Figura 3.4 mostra um desenho esquemático de um scanner. (a) (b) Figura 3. 4: (a) Esquema do arranjo cilíndrico dos piezoelétricos que compõem o scanner, permitindo o movimento nas direções x-y-z. (b) Diagrama esquemático do movimento do scanner durante uma varredura [46]. Aplicando-se potenciais elétricos podemos realizar varreduras nas direções x e y, e movimentar o scanner na direção z. Uma imagem é obtida com uma varredura realizada sempre no mesmo sentido, para minimizar efeitos de histerese ferroelétrica e outros comportamentos não lineares das cerâmicas piezoelétricas. A Figura 3.5 mostra um esquema de varredura, sendo que cada ponto representa uma posição onde a ponta faz a aquisição dos dados, o que posteriormente será revertido em pixel com uma cor específica, de acordo com o valor obtido. 3.2 Microscopia de Força Atômica (AFM) 49 Figura 3. 5: Esquema da varredura realizada pelo scanner para a obtenção da imagem [46]. O AFM que utilizamos foi um AFM 5500 da Agilent Technologies instalada no Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução da Universidade Federal de Goiás (Figura 3.6). Figura 3. 6: Imagem do equipamento de Microscopia de Força Atômica da UFG. Existem três modos de operação no AFM: modo contato, modo não-contato e modo contato intermitente (ou TappingMode). Essa diversificação nos modos de operação é baseada na curva de interação entre ponta e amostra. A Figura 3.7 mostra o comportamento da força entre os átomos da ponta e da amostra que se interagem via potencial de Lennard-Jones. 3.2.1 Modo Contato 50 Figura 3. 7: Força interatômica em função da distância entre ponta e amostra. Iremos explicar resumidamente cada modo de operação. 3.2.1 Modo Contato O modo contato explora o regime de interação repulsiva entre os átomos da ponta e da amostra. Essa interação repulsiva é devida ao princípio de exclusão de Pauli onde os orbitais atômicos dos átomos da ponta tentam penetrar os orbitais atômicos dos átomos da amostra. A ponta é pressionada sobre a superfície da amostra e posta em movimento no processo de varredura, ao mesmo tempo em que o fotosensor capta as deflexões do cantilever, cujo conjunto de valores será convertido em imagem (Figura 3.8). A força F que a ponta aplica sobre a amostra, devido ao contato, é proporcional a deflexão do cantilever, ou seja, a força obedece à lei de Hooke: F = −kx , (3.3) onde k é a constante de mola e x é a deflexão do cantilever. A constante de mola, portanto, não pode ser muito grande (cantilever flexível), pois o cantilever quem deve deformar e não a amostra. 3.2.2 Modo Não-Contato 51 Figura 3. 8: Esquema de um AFM operando no modo contato [47]. Podem-se obter imagens de duas formas com esse modo, classificadas como: força constante ou altura constante. Força constante significa que a deflexão do cantilever não se altera, permanecendo sempre no mesmo ângulo. Para isso o fotodetector fixa um valor de tensão, que será usado como referência. Se o computador detectar uma variação de tensão no fotodetector devido à deflexão do cantilever, quando a ponta está contornando uma irregularidade na superfície da amostra, o sistema de feedback corrige a posição fazendo a contração ou extensão do scanner na direção z, buscando manter a deflexão constante. A imagem, então, será construída com base no movimento do scanner e não da ponta. Altura constante significa que não haverá correção na deflexão do cantilever pela alteração na posição z do scanner. A imagem obtida, então, será devido ao movimento do laser no fotodetector. 3.2.2 Modo Não-Contato O modo não-contato explora o regime de interação atrativa entre os átomos da ponta e da amostra. Este regime de interação é regido pela interação de van der Waals entre os átomos da ponta e os átomos da amostra. 3.2.2 Modo Não-Contato 52 A distância entre a ponta do AFM e a amostra é da ordem de dezenas ou centenas de angstrons. A força entre a ponta e a superfície da amostra em regime não-contato é muito baixa (10-12N, contra 10-7N ou 10-8N do modo contato), o que é favorável ao estudo de amostras macias ou elásticas, de forma que neste modo pode-se evitar contaminação da amostra por meio da ponta, ou até mesmo evitar danos na ponta e/ou amostra. Neste modo de operação o cantilever é colocado para oscilar. Obviamente o laser oscila com a mesma frequênca que o cantilever, e o fotodetector consegue medir a amplitude e a fase da oscilação do laser. A amplitude e a fase para este sistema são sensíveis à força externa, ou seja, a força de interação entre ponta e amostra. Caso o cantilever não oscilasse a força de interação atrativa não deflexionaria o cantilever o suficiente para se mapear a varredura. No modo de operação não-contato, o sistema de controle promove uma vibração do cantilever com frequência próximo à frequência de oscilação natural deste, quando o sistema entra em ressonância (tipicamente 100-400 KHz), e amplitude de dezenas a centenas de angstrons. A equação que descreve a dinâmica desse sistema, para o cantilever oscilando livremente, é a equação para um oscilador harmônico amortecido forçado: mz + bz + kz = F0 sin(ωt ) (3.4) , onde m é a massa da mola, b é uma constante de amortecimento e F0 sin (ωt ) é a força externa dependente do tempo que obriga o cantilever a oscilar com uma frequencia inicial de ω. Rearranjando os termos na equação, temos z + 2β z + ω02 z = f 0 sin(ωt ) , (3.5) onde β= k F b , ω0 = é a frequência de oscilação natural do cantilever, e f 0 = 0 . m 2m m Neste caso, onde o cantilever oscila livre da interação entre ponta e amostra, a amplitude de oscilação é dada por 3.2.2 Modo Não-Contato A(ω ) = 53 f0 2 0 2 2 ωω 2 2 (ω0 − ω ) + Q 2 1 (3.6) 2 , onde Q é o chamado fator de qualidade que é uma medida da dissipação de energia por oscilação, e a diferença de fase ϕ entre a força externa e a oscilação do cantilever é dada por tan ϕ = 2ω0ω Q(ω02 − ω 2 ) . (3.7) Todavia, a expressão para a amplitude e a fase da oscilação do cantilever, quando em interação com a amostra, deve ser obtida a partir da equação mz + bz + kz = F0 sin (ωt ) + F ( d + z ( t ) ) (3.8) , onde F ( d + z ( t ) ) é a força de interação ponta-amostra e d é a distância entre a amostra e a ponta quando essa está parada na posição de equilíbrio (não oscilando). Para o caso em que a amostra a ser imageada são nanopartículas e aproximando a geometria da ponta por uma esfera, podemos encontrar a força de interação fazendo F ( d + z ( t ) ) = −∇E , relembrando que E=− 2 R1R2 2 R1R2 C 2 − ( R1 + R2 )2 A + + ln 6 C 2 − ( R1 + R2 )2 C 2 − ( R1 − R2 )2 C 2 − ( R1 − R2 )2 (3.9) é a energia de interação entre duas esferas de raios R1 e R2 (raio da ponta e raio da nanopartícula), C = d + z ( t ) é a distância centro a centro entre as esferas e A é a chamada constante de Hamaker [11] dada pela expressão (1.2): ε −ε 3 A = K BT p s ε p + εs 4 2 3hν c ( n 2p − ns2 ) + 2 16 2 ( n 2p + ns2 ) 3 (1.2) . Os cálculos da energia de interação entre duas esferas estão explicitados no Apêndice A. A constante de Hamaker, proporcional ao índice de refração e a polarizabilidade das esferas, nos diz que não somente irregularidades na superfície da amostra, fazendo variar C , 3.2.2 Modo Não-Contato 54 que produzem mudança de amplitude e fase, mas também mudança de composição no material. A Figura 3.9 ilustra a variação de amplitude e fase ao se fazer a varredura de uma amostra. (a) (b) Figura 3. 9: Esquema da variação da amplitude (a) e fase (b) da oscilação do cantilever quando a ponta está interagindo com a amostra [48]. No modo contato o sistema de feedback busca manter a deflexão do cantilever constante, alterando a posição z do scanner. No modo não-contato o sistema de feedback procura manter a amplitude de oscilação do cantilever constante. Inicialmente fixa-se um valor para a amplitude de oscilação do cantilever na varredura, por exemplo, a aproximação entre ponta e amostra cessa quando a amplitude de oscilação do cantilever cair para 90% da amplitude de oscilação do cantilever livre. Registrando este valor o sistema de feedback corrige qualquer alteração nessa amplitude promovendo o deslocamento do scanner na direção z, ou seja, mantendo a força de interação ponta-amostra constante. Novamente, aqui a imagem é construida baseada no movimento do scanner na direção z. Se o sistema de feedback for desativado, a imagem será criada baseada na variação da amplitude de oscilação do cantilever. O modo é indicado para amostras frágeis, onde um contato direto com a ponta poderia danificá-la. Para amostras rígidas o resultado é semelhante ao realizado no modo contato. No entanto, se houver contaminação na superfície de uma amostra rígida, camada de água por exemplo, as imagens podem não ser reais. Um AFM operando em modo contato irá penetrar na camada aquosa para obter a imagem da superfície, enquanto que no modo nãocontato se obterá uma imagem da superfície da camada do líquido (ver Figura 3.10). 3.2.3 Modo Contato Intermitente (Tapping Mode) 55 Figura 3. 10: Ilustração comparativa entre as varreduras em uma amostra com uma gota de água na superfície, feitas no modo contato e não-contato [48]. 3.2.3 Modo Contato Intermitente (Tapping Mode) Semelhante ao modo não-contato, onde a ponta oscila sobre a superfície da amostra, no modo contato intermitente a ponta oscila a uma distância bem próxima da superfície da amostra, de tal modo que, em sua máxima amplitude de oscilação, a ponta chega a tocar a amostra, entrando no regime repulsivo do diagrama de forças da Figura 3.7. Este modo de operação é ideal para amostras frágeis, onde se deseja romper uma camada de contaminação ou tentar aumentar a intensidade da interação ponta-amostra a fim obter maiores detalhes na imagem. 3.2.4 Criação das Imagens O software associa a escala de valores medida com uma escala de cores que vai do escuro (menor valor) para o claro (maior valor), para qualquer uma das grandezas medidas, seja topografia, amplitude, fase, ou qualquer outro tipo de interação que se meça durante a varredura. O que poderemos ver então, nas imagens, são regiões escuras, que representam 3.2.5 Convolução de Ponta 56 uma queda na amplitude, ou fase, ou representam um buraco em uma imagem de topografia, por exemplo, enquanto que regiões mais claras na imagem representam um aumento na grandeza medida. 3.2.5 Convolução de Ponta As imagens obtidas com AFM são resultados da convolução entre as dimensões da amostra e as dimensões da ponta, o que faz com que o contorno de objetos geralmente aparenta ter dimensões ligeiramente maiores do que as dimensões reais. Apesar de fina as dimensões da ponta podem ser da ordem das dimensões do objeto escaneado (Figura 3.11), fazendo com que o efeito de convolução na imagem seja relevante. Imagen Superfície da amostra Figura 3. 11: Desenho ilustrando o efeito da convolução de ponta. 3.3 Ressonância Magnética Eletrônica Consideremos uma amostra ferro/ferrimagnética com uma magnetização M , em unidades gaussianas. Quando na presença de um campo magnético estático H 0 , a magnetização precessiona em torno deste campo devido ao torque (Figura 3.12) τ = M × H0 (3.10) 3.3 Ressonância Magnética Eletrônica 57 A abordagem semi-clássica da ressonância ferromagnética é baseada na equação de movimento da magnetização dM = −γ M × H 0 dt (3.11) cuja solução nos dá a condição de ressonância (3.12) ω0 = γ H0 onde γ é chamada razão giromagnética. Figura 3. 12: Magnetização precessionando em torno de H0. O experimento de ressonância ferromagnética consiste em se aplicar uma radiação de micro-ondas em uma amostra magnética na presença de um campo magnético estático H 0 , e analisar as linhas de absorção ressonante. O campo magnético da radiação de micro-ondas é aplicado perpendicularmente ao campo estático, para que este tire os spins da sua posição de equilíbrio. Devido a efeitos de amortecimento (interação spin-rede e interação spin-spin) a magnetização tende a se alinhar n ovamente com o campo estático. Quando o campo estático é tal que satisfaz a condição de ressonância (3.12), o sistema absorve energia e a magnetização mantém sua precessão. A Figura 3.13 mostra, esquematicamente, uma montagem de FMR. 3.3 Ressonância Magnética Eletrônica 58 Figura 3. 13: Ilustração esquemática de montagem utilizada em ressonância ferromagnética. Adaptado de [49]. A Figura 3.13 mostra os principais componentes do equipamento de RME: • Eletromagneto – Bobina geradora do campo magnético estático. • Guia de onda – Leva a micro-ondas até a cavidade ressonante. • Cavidade ressonante – Cavidade onde fica a amostra exposta à micro-ondas e ao campo magnético externo. • Ponta Hall – Mede o campo aplicado pelos eletromagnetos. • Gerador de micro-ondas – Gera a micro-ondas com potência e freqüência conhecidas. • Bobinas de modulação – Par de bobinas de Helmholtz inseridas no interior da cavidade para modular o campo magnético aplicado pelos eletromagnetos. 3.3 Ressonância Magnética Eletrônica 59 • LOCK-IN o Amplificador seletivo – Funciona como um filtro, eliminando ruídos, captando somente a freqüência da onda modulada e amplificando seu sinal. o Detector de fase – Capta a diferença de fase da onda modulada gerada na cavidade e a captada pelo amplificador, onde esta diferença é proporcional a intensidade de micro-ondas absorvida. • Sistema de aquisição – Sistema eletrônico responsável por converter os dados coletados e gerar o gráfico da intensidade de micro-ondas absorvida em função do campo magnético aplicado. A Figura 3.14 mostra a foto do equipamento de ressonância magnética eletrônica (Bruker ESP-300) do Laboratório de Ressonância Magnética Eletrônica do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás. Figura 3. 14: Espectrômetro de Ressonância Magnética Eletrônica (Bruker ESP-300) – IF-UFG. 3.3.1 Dinâmica da Magnetização 60 3.3.1 Dinâmica da Magnetização A equação de movimento (3.11) descreve o movimento de precessão da magnetização em torno do campo externo aplicado. Porém, em 1935, Landau e Lifshitz [50] levaram em consideração o fato de que os spins “sentem”, não somente o campo externo, mas também o campo local devido aos sítios vizinhos. O que a magnetização “sente”, então, é um campo efetivo. A magnitude e a direção do campo efetivo podem ser calculadas, com uma boa aproximação, utilizando um modelo introduzido por J. Smit e H. G. Beljers [51] que consiste em minimizar a energia livre magnética em torno da posição de equilíbrio da magnetização na presença de um campo magnético externo. Portanto, a equação de movimento da magnetização fica da forma dM = −γ M × H ef , dt (3.13) sendo H ef o campo efetivo que atua sobre os spins. Sua solução é semelhante à condição de Larmor, com a diferença de que o campo é H ef . ω0 = γ H ef , (3.14) Sendo F ( M ) a densidade de energia livre total do sistema, o campo efetivo total é dado por H ef = −∇ M F ( M ) , (3.15) onde a notação ∇ M significa que a densidade de energia livre deve ser derivada em relação as componentes da magnetização. Para esta proposta, é conveniente trocarmos o sistema de coordenadas cartesiano para o sistema de coordenadas esféricas (Figura 3.15), onde o campo H foi decomposto nas direções r̂ , θˆ e ϕ̂ , com H r = H M na direção da magnetização M . 3.3.1 Dinâmica da Magnetização 61 M = M r rˆ , H = H M rˆ + Hθ θˆ + Hϕϕˆ . (3.16) Figura 3. 15: Componentes do campo efetivo em um sistema de coordenadas esféricas. Utilizando a equação de movimento (3.13) encontramos o seguinte sistema (considerando M = cte ): θ = γ Hϕ (3.17) sin θϕ = −γ Hθ No estado de equilíbrio termodinâmico a direção do vetor magnetização do ferromagneto coincide com a direção do campo efetivo interno HM = − ∂F . ∂M (3.18) A orientação de equilíbrio do vetor M definido pelos ângulos θ 0 e ϕ 0 pode ser encontrada minimizando a energia livre com respeito à θ e ϕ . Fθ ≡ ∂F = 0; ∂θ Fϕ ≡ ∂F = 0. ∂ϕ Deslocando discretamente a magnetização dessa posição: (3.19) 3.3.1 Dinâmica da Magnetização 62 δθ ( t ) = θ ( t ) − θ0 ⇒ δθ ( t ) = θ ( t ) (3.20) δϕ ( t ) = ϕ ( t ) − ϕ0 ⇒ δϕ ( t ) = ϕ ( t ) δ Fθ = Fθ δθ ; δ Fϕ = Fϕ δϕ (3.21) δ M θ = M θ δθ = M δθ δ M ϕ = M ϕ δϕ = M sin θ 0δϕ Logo Hθ = − Fθ ; M Hϕ = − Fϕ M sin θ 0 . (3.22) Expandindo Fθ , Fϕ em torno do equilíbrio e desprezando termos de ordens superiores, teremos: Fθ = ( Fθθ )0 δθ ( t ) + ( Fθϕ )0 δϕ ( t ) (3.23) Fϕ = ( Fϕθ )0 δθ ( t ) + ( Fϕϕ )0 δϕ ( t ) , d 2F d 2F ; (Fθθ )0 = onde ( Fθϕ )0 = ( Fϕθ )0 = dθ dϕ θ =θ ,ϕ =ϕ dθ 2 θ =θ 0 0 0 d 2F e (Fϕϕ )0 = dϕ 2 . ϕ =ϕ0 Utilizando as equações (3.17), (3.20), (3.22) e (3.23), obteremos M sin θ 0δθ ( t ) = ( Fϕθ )0 δθ ( t ) + ( Fϕϕ )0 δϕ ( t ) γ M sin θ 0δϕ ( t ) = ( Fθθ )0 δθ ( t ) + ( Fθϕ )0 δϕ ( t ) . γ − (3.24) O sistema de equações (3.24) possui solução periódica δθ , δϕ ןeiω0t . Substituindo essa solução no sistema de equações obteremos M sin θ 0iω0 M sin θ 0iω0 ( Fϕθ )0 + ( Fθϕ )0 − − ( Fϕϕ )0 ( Fθθ )0 = 0 . γ γ (3.25) Finalmente, obtém-se para a freqüência de ressonância ω0 = γ M sin θ 0 ( F ) ( F ) − (( F ) ) ϕϕ 0 θθ 0 θϕ 0 2 = γ H ef , (3.26) Todavia, esta frequência descreve um sistema que precessiona livremente sem amortecimento. 3.4 Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM) 63 Uma equação mais realista de movimento da magnetização pode ser descrita pela equação de Landau-Lifshitz: dM α M × M × H ef , = −γ M × H ef − γ dt M ( ) (3.27) onde α é um parâmetro de amortecimento adimensional. A freqüência de ressonância obtida da equação acima torna-se: 12 ω0 = γ (1 + α 2 ) M sin θ 0 ( F ) ( F ) − (( F ) ) ϕϕ 0 θθ 0 2 θϕ 0 12 = γ (1 + α 2 ) H ef , (3.28) Normalmente o parâmetro α é pequeno, de tal forma que a freqüência de ressonância desvia muito pouco do valor encontrado sem o amortecimento. 3.4 Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM) Desenvolvido por S. Foner [52] em 1955, o Magnetômetro de Amostra Vibrante, ou VSM (Vibrating Sample Magnetometer), nos dá informações sobre as propriedades de amostras magnéticas por meio da curva de histerese. Relativamente sensível (possui uma sensibilidade da ordem de 10-5 emu), é simples no seu funcionamento e possui baixo custo. Provavelmente estes sejam os principais motivos que fazem do VSM um dos magnetômetros mais utilizado nos laboratórios de pesquisa. A figura 3.16 mostra um diagrama do VSM. O VSM consiste de uma haste rígida fixa a um vibrador (um alto-falante), onde se posiciona a amostra de tal forma a ficar localizada entre dois eletroímãs e um conjunto de bobinas detectoras. Ao oscilar, a amostra magnética varia o fluxo de campo magnético local, gerando uma fem induzida ac nas bobinas, registrando assim, a intensidade da magnetização da amostra. A voltagem detectada pelas bobinas é dada por 3.4 Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM) 64 Figura 3. 16: Diagrama do magnetômetro de amostra vibrante. E = σ GA2π f cos(2π ft ) (3.29) onde σ é o momento magnético da amostra, G é função da geometria das bobinas de detecção, A e f são, respectivamente, a amplitude e a freqüência de oscilação. A Figura 3.17 mostra as possíveis configurações para as bobinas detectoras. Figura 3. 17: Arranjos de bobinas de detecção usadas no Magnetômetro de Amostra Vibrante [52]. 3.4 Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM) 65 A Figura 3.18 mostra uma foto do VSM EV7 System do Laboratório de Magnetometria e Magnetotransporte do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás. Este equipamento pode aplicar um campo de até 20000G. Figura 3. 18: VSM EV7 System – IF-UFG. Capítulo 4 Resultados Experimentais e Discussões Neste capítulo apresentaremos as amostras na qual trabalhamos e suas caracterizações por difração de raios-x e por AFM, além dos respectivos resultados de magnetometria e ressonância magnética eletrônica (RME). Primeiramente, nosso objetivo é o desenvolvimento de uma técnica de encapsulamento de nanopartículas magnéticas no interior de nanoporos de alumina anódica para, através da cadeia de nanopartículas formada, crescermos nanofios. Portanto nossa amostra consiste de alumina nanoporosa a ser usada como template e nanopartículas magnéticas. A seguir, apresentaremos um esboço de como está dividido este capítulo. • Seção 4.1 – Caracterizamos as nanopartículas quanto a sua estrutura cristalina e quanto ao seu diâmetro via a técnica de Difração de Raios-X. • Seção 4.2 – Obtivemos imagens das aluminas utilizadas e das nanopartículas via AFM. • Seção 4.3 – Logo em seguida, depois de caracterizarmos nossas amostras, apresentamos na seção 4.3 o método experimental utilizado para o encapsulamento das nanopartículas nos nanoporos da alumina. • Seção 4.4 – Apresentamos resultados obtidos via Magnetometria de Amostra Vibrante das nanopartículas magnéticas para obtenção da magnetização de uma nanopartícula, dado necessário para a análise dos resultados de RME. • Seção 4.5 – Apresentamos resultados obtidos via RME, onde desses resultados podemos tirar informações a respeito do encapsulamento das nanopartículas, 66 4.1 Caracterização das Nanopartículas por Difração de Raios-x 67 inclusive quantas nanopartículas foram encapsuladas em média. • Seção 4.6 – Apresentamos algumas imagens de AFM de nanofios obtidos via encapsulamento de nanopartículas em nanoporos de alumina anódica. 4.1 Caracterização das Nanopartículas por Difração de Raios-x Os fluidos magnéticos utilizados foram: • Uma solução de nanopartículas de magnetita ( Fe3O4 ) recobertas com fosfato ( PO ) diluídas em água, em pH fisiológico e com diâmetro D 3− 4 RX=10,1nm. • Uma solução de nanopartículas de magnetita recobertas com citrato ([ C H O ] ) 3− 6 5 7 diluídas em água, em pH fisiológico e com diâmetro DRX=13,8nm. • Uma solução de nanopartículas de magnetita recobertas com citrato diluídas em água, em pH fisiológico e com diâmetro DRX=12,3nm. Quando dizemos diâmetro de raios-x significa que foram obtidas através do espectro de difração. Os fluidos foram preparados pelo aluno Thiago de Melo Lima, utilizando o método da co-precipitação, no Instituto de Química da UFG, sob orientação da Prof. Dra. Patrícia P. C. Sartoratto, assim como a obtenção dos difratogramas de raios-x. Os diâmetros foram obtidos por meio dos espectros de difração de raios-x mostrados nas Figuras 4.1, 4.2 e 4.3, utilizando a equação de Scherrer (3.2): DRX = 0,94λ . B cos θ (3.2) 2 relembrando que B = Bmed − Bsil2 , dado em radianos, é a raiz da diferença dos quadrados entre a largura à meia altura do pico mais intenso do espectro de difração da amostra medida e a do silício. 4.1 Caracterização das Nanopartículas por Difração de Raios-x 68 10 20 40 2θ [511] [440] 30 [422] [111] [400] [220] Intensidade (u.a.) [311] np magnetita com cobertura de fosfato - DRX = 10,1 nm 50 60 70 80 Figura 4. 1: Difratograma de raios-x de nanopartículas de magnetita com cobertura de fosfato de DRX=10,1nm [medida realizada pelo aluno Thiago de Melo Lima do Instituto de Química da UFG]. 10 20 30 [511] [440] 40 [422] [111] [400] [220] Intensidade (u.a.) [311] np magnetita com cobertura de citrato - DRX = 12,3 nm 50 60 70 80 2θ Figura 4. 2: Difratograma de raios-x de nanopartículas de magnetita com cobertura de citrato de DRX=13,8nm [medida realizada pelo aluno Thiago de Melo Lima do Instituto de Química da UFG]. 4.2 Caracterização por AFM 69 10 20 30 [511] 40 2θ [422] [111] [400] [220] Intensidade (u.a.) [440] [311] np magnetita com cobertura de citrato - DRX = 13,8 nm 50 60 70 80 Figura 4. 3: Difratograma de raios-x de nanopartículas de magnetita com cobertura de citrato de DRX=12,3nm [medida realizada pelo aluno Thiago de Melo Lima do Instituto de Química da UFG]. 4.2 Caracterização por AFM 4.2.1 Alumina Nesta seção apresentaremos imagens de AFM da superfície da alumina, evidenciando o arranjo hexagonal dos nanoporos e suas dimensões. Trabalhamos com duas amostras de alumina. Uma cujas dimensões são: • Espessura da membrana: 4 µm • Diâmetro dos poros: 80 nm • Distância entre os poros centro a centro: 105 nm Outra cujas dimensões são: • Espessura da membrana: 4 µm 4.1.2 Alumina 70 • Diâmetro dos poros: 35 nm • Distância entre os poros centro a centro: 105 nm Estas amostras de alumina foram preparadas pela equipe do Prof. Dr. Kleber R. Pirota da Universidade de Campinas. A Figura 4.4 mostra uma imagem de topografia da alumina com poros de diâmetro de 80nm, obtido pelo AFM no laboratório de microscopia de alta resolução do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás, no modo não-contato. A Figura 4.4(b) mostra uma perspectiva 3D da Figura 4.4(a). Nelas fica evidente o arranjo hexagonal dos poros. Alguns poros na imagem estão aparentemente tapados, o que em alguns casos pode ser um pouco de sujeira e em outros casos pequenos defeitos que surgem durante a preparação da amostra, mas nada que diminua a eficiência do material como substrato para se crescer nanofios. Apesar de o modo contato nos fornecer imagens de topografias mais nítidas, quando se está trabalhando com amostras rígidas, algumas imagens das aluminas nos deram melhores resultados no modo não-contato. Portanto o critério usado para escolher entre contato e nãocontato para as imagens de alumina foi simplesmente aquele que nos fornecesse uma boa imagem. 4.1.2 .2 Alumina 71 (a) (b) Figura 4. 4: Imagem de AFM de de topografia da superfície de uma alumina anódica com poros de 80nm obtida no modo odo não-contato. não contato. (a) a) perspectiva plana. (b) b) perspectiva 3D. 4.1.2 Alumina 72 A Fígura 4.5 mostra uma imagem de topografia da alumina com poros de diâmetro de 35nm obtido pelo AFM no modo contato. A Figura 4.5(b) mostra uma perspectiva 3D da Figura 4.5(a). Vemos alguns dos nanoporos obstruidos, o que provavelmente pode ser sujeira ou talvez imperfeição originada no processo de preparação da alumina. (a) 50nm (b) Figura 4. 5: Imagem de AFM de topografia da superfície de uma alumina anódica com poros de 35nm obtida no modo contato. (a) perspectiva plana. (b) perspectiva 3D. 4.2.2 Nanopartículas 73 4.2.2 Nanopartículas Nesta seção apresentaremos imagens de nanopartículas de magnetita com DRX=10,1nm e cobertura de fosfato e apresentaremos também a distribuição de diâmetros construída a partir dessas imagens. Não obtivemos sucesso no imageamento das nanopartículas com DRX=13,8nm e DRX=12,3nm devido ao fato de não conseguirmos dispersá-las sobre a mica evitando a aglomeração durante a secagem do fluido. Acreditamos que elas se aglomeraram devido à perda da camada de cobertura, no caso citrato. A molécula de fosfato é mais estável sobre a nanopartícula, o que permitiu que elas continuassem na nanopartícula após a secagem do fluido sobre a mica favorecendo a dispersão. A Figura 4.6(a) e 4.6(b) mostram, respectivamente, uma imagem de amplitude e uma de topografia, obtidas no modo não-contato, da superfície de uma lâmina de mica onde foram depositadas as nanopartículas para a obtenção das imagens por AFM. A mica é um excelente substrato para imageamento de artefatos via AFM, pois possui uma superfície extremamente plana a nível nanométrico, como pode ser comprovada pela Figura 4.6, evitando que haja uma mistura entre artefatos e imperfeições do substrato nas imagens, dificultando a identificação do artefato em si. A imagem foi obtida no modo não-contato para podermos comparar com as imagens da mica com nanopartículas, que devem ser obtidas no modo não-contato, caso contrário a ponta arrastaria as nanopartículas que não estão rigidamente fixas no substrato. Nas Figuras 4.6(a) e 4.6(b) também fica evidente o “efeito de arco” existente durante a varredura, onde aparentemente a amostra está curva, surgindo às faixas escuras nas laterais da imagem. Este efeito é mais bem observado na perspectiva 3D da Figura 4.7(b). Todavia é um efeito pequeno, gerando uma curvatura na imagem da ordem de 10nm, não atrapalhando a visualização dos detalhes da imagem. 4.2.2 Nanopartículas 74 (a) 50nm (b) 50nm Figura 4. 6: Imagem de AFM da superfície de um substrato de mica. (a) Imagem de amplitude. (b) Imagem de topografia. A Figura 4.7 mostra imagens de nanopartículas de magnetita com cobertura de fosfato e diâmetro de raios-x de 10,1nm. 4.2.2 Nanopartículas 75 (a) 100nm (b) (c) 20nm Figura 4. 7: Imagens de nanopartículas de magnetita com cobertura de fosfato obtidas pelo modo contatointermitente. (a) Imagem de amplitude. (b) Perspectiva 3D da imagem (a). (c) Imagem de fase. 4.2.2 Nanopartículas 76 Na Figura 4.7(a) vemos a distribuição das nanopartículas sobre a mica. O fluido foi diluído 10.000 vezes e pingado sobre uma lâmina de mica de 2cm de lado. A Figura 4.7(c) mostra um anel em torno de cada caroço de nanopartícula cuja cor contrasta com o caroço. Acreditamos que este anel na imagem seja a camada de cobertura, o que é de grande importância, pois, assim sendo, temos no AFM um aliado para estudos das camadas de cobertura, o que não é possível por TEM, já que o feixe de elétrons as destrói. A partir das imagens de AFM foi possível construir um gráfico da distribuição de diâmetros das nanopartículas (vide Figura 4.8). 50 AFM Lognormal 45 Número de partículas 40 35 DmAFM = 10.6 ± 0.1 nm 30 σAFM = 0.20 ± 0.01 nm 25 20 15 10 5 0 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Diâmetro da nanopartícula (nm) Figura 4. 8: Distribuição de tamanhos das nanopartículas de magnetita com cobertura de fosfato obtidas por AFM. A curva foi ajustada utilizando uma função de distribuição lognormal [53]. P( D) = exp(−2σ 2 ) exp {− ln 2 ( D Dm ) / 2σ 2 } , Dσ 2π (4.1) onde Dm é o diâmetro modal e σ é a dispersidade. Para a distribuição de tamanho obtida com o AFM encontramos DmAFM = 10,6nm e σ AFM = 0, 20nm . 4.2.2 Nanopartículas 77 A distribuição de tamanhos obtida através de imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão é mais realista. A Figura 4.9 mostra uma imagem obtida pelo Prof. Dr. Leandro M. Socolovsky, da Universidad de Buenos Aires, Argentina, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, contendo uma nanopartícula DRX=10,1nm e cobertura de fosfato. A Figura 4.10 mostra a distribuição de tamanhos obtida a partir das imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão de Alta Resolução (HRTEM – High Resolution Transmission Electron Microscopy). 5 nm Figura 4. 9: Imagem HRTEM de uma nanopartícula de magnetita [imagem obtida pelo Prof. Dr. Leandro M. Socolovsky no LNLS]. 50 HR-TEM - Dr. L. Socolovsky Lognormal 45 Número de partículas 40 35 DmTEM = 8.2 ± 0.2 nm 30 σTEM = 0.31 ± 0.02 nm 25 20 15 10 5 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Diâmetro da nanopartícula (nm) Figura 4. 10: Distribuição de tamanhos das nanopartículas de magnetita obtidas por HRTEM. 4.3 Metodologia de Encapsulamento 78 Para a distribuição de tamanhos obtida com as imagens de HRTEM encontramos DmHRTEM = 8, 2nm e σ HRTEM = 0, 20nm , evidenciando o efeito de convolução de ponta nas imagens de AFM. A Figura 4.11 mostra imagens das nanopartículas que estavam com cobertura de citrato. Não foi possível obter uma distribuição de tamanhos para estas imagens por AFM, pois não conseguimos dispersar as nanopartículas sobre a mica sem que elas se aglomerassem. 100nm 1000nm (a) (b) Figura 4. 11: Imagens de amplitude de AFM das nanopartículas de magnetita (a) com DRX=13,8nm e (b) com DRX=12,3nm. 4.3 Metodologia de Encapsulamento Nesta seção apresentaremos o procedimento para encapsular as nanopartículas nos nanoporos da alumina. Mostraremos também, através de imagens de AFM, que obtivemos sucesso nesse objetivo, imagens essas que são um dos pontos fortes deste trabalho. O procedimento é muito simples, e talvez por isso a técnica seja atraente e promissora. Em física sabemos que os bons modelos e as boas técnicas são aquelas que aliam simplicidade, praticidade e eficiência. Portanto um dos pontos fortes deste projeto é a extrema 4.3 Metodologia de Encapsulamento 79 facilidade com que poderemos crescer nanofios em um arranjo organizado e possivelmente em uma quantidade razoavelmente grande. Os passos do processo são os seguintes: 1. Utilizando uma pipeta depositamos uma gota de fluido magnético sobre a superfície da alumina. O esperado é que fluido contendo nanopartículas penetre nos poros da alumina, por capilaridade. 2. Após algum tempo, quando a gota já estiver visivelmente seca (na nossa experiência bastaram 2 horas) removemos o resíduo da superfície. Evidentemente antes de limpar a superfície é necessário realizar as medidas de RME para compararmos posteriormente. Para a limpeza do excesso de nanopartículas na superfície utilizamos um guardanapo embebido em acetona. 3. Após a limpeza realizamos medidas de RME, AFM e VSM. 4. Repetimos o processo de depositar uma gota de fluido sobre a superfície da alumina, na tentativa de ver se é possível encapsular mais partículas. 5. Novamente aguardamos a secagem e limpamos o excesso. 6. Com a membrana de alumina externamente limpa, sem excesso de nanopartículas, realizamos novas medidas para obtermos informações sobre as possíveis nanopartículas encapsuladas. 7. A princípio temos no interior dos poros somente nanopartículas empilhadas e não nanofios. É necessário aquecer a amostra a fim de que as moléculas da cobertura se desprendam da superfície das nanopartículas e estas se aglomerem em um arranjo linear, gerando os nanofios. Para isto deixamos a amostra por 1h a uma temperatura de 300°C. 8. Para comprovar a formação dos nanofios, dissolvemos a membrana de alumina em uma solução de 1mol de NaOH, ficando os nanofios dispersos na solução. Pingamos uma gota desta solução em uma membrana de mica, comumente utilizada como substrato para imagens de AFM, e obtemos então imagens dos nanofios. 4.3 Metodologia de Encapsulamento 80 A Figura 4.12 apresenta uma representação esquemática do processo de encapsulamento e produção dos nanofios. (b) (a) (d) (c) Aquecendo (f) (e) Figura 4. 12: Diagrama esquemático mostrando as etapas do processo de crescimento de nanofios a partir de nanopartículas de magnetita. (a) membrana de alumina anodica. (b) fluido sobre a membrana com algumas nanopartículas encapsuladas. (c) gota já seca. (d) alumina limpa do excesso de nanopartículas, contendo agora somente as nanopartículas encapsuladas. (e) depois de aquecida, onde as nanopartículas deram lugar aos nanofios. (f) após dissolver a alumina em solução aquosa de NaOH restaram os nanofios na solução. A Figura 4.13 mostra uma imagem de AFM de topografia obtida no modo nãocontato evidenciando o sucesso do encapsulamento de partículas de magnetita com cobertura de citrato e DRX=13,8nm em alumina com poros de 80nm. 4.3 Metodologia de Encapsulamento 81 Pode ser um defeito, ou um aglomerado de nanopartículas, ou sujeira Defeito NPMs NPMs 100nm Figura 4. 13: Imagem de topografia de uma membrana de alumina com poros de 80nm obtida por AFM no modo não-contato evidenciando o encapsulamento de nanopartículas magnéticas (NPMs) com DRX=13,8nm. A Figura 4.14 mostra uma perspectiva 3D da Figura 4.13. 4.3 Metodologia de Encapsulamento 82 Figura 4. 14: Perspectiva 3D da imagem na Figura 4.13. As Figuras 4.13 e 4.14 mostram um defeito na alumina, um risco com a forma de dois sulcos paralelos, como pode ser observado na imagem em 3D da Figura 4.14, e, provavelmente, foi produzido durante o processo de limpeza da superfície para se tirar o excesso de nanopartículas, onde esfregamos sobre a superfície um guardanapo embebido em acetona. A Figura 4.17 mostra uma imagem de alumina com poros de 35nm onde encontramos vários desses sulcos. A Figura 4.15 mostra que também obtivemos sucesso no encapsulamento das nanopartículas com DRX = 10,1nm e cobertura de fosfato em nanoporos de 80nm. A Figura 4.16 mostra uma perspectiva 3D da imagem da Figura 4.15. 4.3 Metodologia de Encapsulamento 83 NPMs 100nm Aparentemente várias nanopartículas juntas NPMs Figura 4. 15: Imagem de topografia de uma membrana de alumina com poros de 80nm obtida por AFM no modo contato evidenciando o encapsulamento de nanopartículas magnéticas (NPMs) com DRX=10,1nm. 4.3 Metodologia de Encapsulamento 84 Figura 4. 16: Perspectiva 3D da imagem na Figura 4.15. A Figura 4.17 mostra duas imagens de topografia de uma membrana de alumina com poros de 35nm obtidas por AFM no modo não-contato contendo, em sua superfície, nanopartículas com DRX=12,3nm. Foi muito difícil obtermos boas imagens de AFM das aluminas com poros de 35nm, de tal modo que não foi possível concluir pelas imagens se houve encapsulamento ou não, já que não obtivemos resolução suficiente para enxergar os poros de forma detalhada. Todavia a Figura 4.17 nos dá uma idéia da distribuição residual das nanopartículas na superfície, após a limpeza com acetona. 4.3 Metodologia de Encapsulamento 85 1000nm 200nm Figura 4. 17: Imagens de topografia da superfície da alumina com poros de 35nm contendo nanopartículas com DRX=12,3nm em sua superfície, obtidas pelo AFM no modo não-contato. 4.3 Metodologia de Encapsulamento 86 As duas imagens da Figura 4.17 são da mesma amostra, nas mesmas condições, diferindo que estão em escalas diferentes. Nelas fica evidente os aglomerados de nanopartículas na superfície, e os riscos feitos na alumina provavelmente no processo de limpeza. A Figura 4.18 mostra uma imagem de alumina com 80nm e nanopartículas com DRX=13,8nm, mostrando que, assim como as aluminas com nanoporos de 35nm ela também apresenta partículas residuais na superfície. 400nm Figura 4. 18: Imagens de topografia de uma região da alumina com poros de 80nm contendo nanopartículas com DRX=13,8nm em sua superfície, obtidas pelo AFM no modo não-contato. 4.4 Dados de Magnetometria 87 4.4 Dados de magnetometria 4.4.1 Nanopartículas As curvas obtidas pelo VSM nos dão o momento magnético total da amostra. É necessário termos o volume do material magnético para dividirmos pelos dados colhidos pelo equipamento e obtermos o gráfico da magnetização dada em emu / cm 3 . Para o pó de nanopartículas, contudo, medimos a massa e obtivemos a magnetização em emu / g . Antes de analisarmos a relação entre a magnetização do pó M pó e o da nanopartícula M p , vejamos a relação entre a magnetização do fluido, M fluido , e a magnetização da partícula, M P , ambas em emu / g , dada pela expressão (2.35). ρ M fluido = p × φ M p L ( x ) , ρ fluido (2.35) relembrando que φ = NV p V fluido , N é o número total de partículas na amostra, ρ p = m p V p é a densidade da nanopartícula e ρ fluido = m fluido V fluido é a densidade do fluido magnético. Ao secarmos o fluido, deixando somente o pó de nanopartículas de magnetita, teremos que M fluido = M pó , m fluido = Nm p e V fluido = V pó . Portanto m p V pó NV p M pó = × × V Nm V pó p p m p V pó NV p × × V Nm V pó p p M p L ( x ) . = 1 ⇒ ⇒ M pó = M p L ( x ) . (4.2) (4.3) (4.4) Para altos valores de campo aplicado L ( x ) → 1 e, consequentemente, M pó → M P . Dessa forma a magnetização da nanopartícula em emu / g é dada quando a curva de magnetização do pó satura. 4.4.1 Nanopartículas 88 Para obtermos a magnetização de saturação em emu / cm 3 basta, então, multiplicarmos a magnetização de saturação do pó em emu / g pela densidade da magnetita, 5,1g/cm3 [54]. A Figura 4.19 mostra a curva de momento magnético em função do campo magnético aplicado, em emu / g , do fluido e do pó, respectivamente, com nanopartículas com DRX = 10,1nm, DRX = 12,3nm e DRX = 13,8nm. A Tabela 4.1 mostra a magnetização em emu / g e emu / cm3 das nanopartículas para os três diâmetros de raios-x. Esses dados serão importantes para os ajustes dos gráficos obtidos por RME. 3 Tabela 4. 1: Valores da magnetização de cada nanopartícula em emu / g e em emu / cm . Nanopartícula com Magnetização M p ( emu / g ) Magnetização M p ( emu / cm3 ) DRX = 10,1nm e cobertura de citrato 27,1 138,5 DRX = 12,3nm e cobertura de fosfato 55,5 283 DRX = 13,8nm e cobertura de citrato 46,1 235 Estes valores de magnetização de saturação que obtivemos é uma aproximação; afinal foram considerados como sendo o máximo obtido nas curvas experimentais da Figura 4.19. O VSM do Instituto de Física da UFG tem a capacidade de aplicar até 20000 Oe de campo magnético, mas não foi o suficiente para os gráficos da magnetização na Figura 4.19 saturarem. Para obtermos a magnetização de saturação correta, de fato, o ideal seria ajustar os dados considerando a polidispersão de tamanhos das nanopartículas, entretanto não conseguimos obter a distribuição de diâmetros dessas nanopartículas por AFM, por não conseguirmos dispersá-las sobre a mica. 4.4.1 Nanopartículas 0.4 89 (a) 30 (b) 0.3 0.1 DRX=10,1nm 0.0 -0.1 -0.2 Fluido -0.3 Magnetização (emu/g) Magnetização (emu/g) 20 0.2 φ = 0,26% -0.4 -20000 -15000 -10000 -5000 0 5000 10 DRX=10,1nm 0 -10 -20 Pó -30 -20000 -15000 -10000 -5000 10000 15000 20000 Campo magnético (Oe) 0.2 0 5000 10000 15000 20000 Campo magnético (Oe) (c) 60 (d) 0.1 DRX=12,3nm 0.0 -0.1 Fluido φ = 0,07% -0.2 -20000 -15000 -10000 -5000 0 5000 Magnetização (emu/g) Magnetização (emu/g) 40 20 DRX=12,3nm 0 -20 -40 Pó -60 10000 15000 20000 -20000 -15000 -10000 -5000 Campo magnético (Oe) 0 5000 10000 15000 20000 Campo magnético (Oe) 60 1.5 (e) (f) 40 0.5 DRX=13,8nm 0.0 -0.5 -1.0 Fluido φ = 0,65% -1.5 -2.0 -20000 -15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000 20000 Campo magnético (Oe) Magnetização (emu/g) Magnetização (emu/g) 1.0 20 DRX=13,8nm 0 -20 Pó -40 -60 -20000 -15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000 20000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 19: Curvas de momento magnético em função do campo aplicado para (a) fluido com nanopartículas com DRX=10,1nm (b) pó com nanopartículas com DRX=10,1nm (c) fluido com nanopartículas com DRX=12,3nm (d) pó com nanopartículas com DRX=12,3nm (e) fluido com nanopartículas com DRX=13,8nm (f) pó com nanopartículas com DRX=13,8nm. 4.4.1 Nanopartículas 90 A fração volumétrica ocupada por nanopartículas no fluido, para os fluidos com nanopartículas de diâmetros DRX = 10,1nm, DRX = 12,3nm e DRX = 13,8nm são, respectivamente, φ = 0, 26% , φ = 0, 07% e φ = 0, 65% . Conhecendo a magnetização de saturação do fluido (valor de M fluido quando L ( χ ) → 1 ) e a magnetização da nanopartícula ( M p ), podemos obter a fração volumétrica do fluido escrevendo sua massa total mT como a soma das massas de todas as N nanopartículas contidas no fluido mais a massa mc do líquido carreador. mT = Nm p + mc . (4.5) Substituindo m = ρV , temos ρT VT = N ρ pV p + ρ cVc = N ρ pV p + ρ c (VT − NV p ) ⇒ ⇒ ρT = NV p VT ρ p + 1 − NV p ρc ⇒ VT ⇒ ρT = ( ρ p − ρ c ) φ + ρ c , (4.6) onde ρT e ρc são, respectivamente, a densidade total do fluido e a densidade do líquido carreador. No caso de φ 1 o termo ( ρ p − ρ c ) φ ≈ 0 . Então, podemos escrever (4.6) como ρT ≈ ρc . (4.7) Para valores de alto campo magnético aplicado L ( χ ) → 1 . Então, substituindo (4.7) em (2.35) e isolando φ , temos φ= M fluido Mp × ρc . ρp (4.8) Como os fluidos que utilizamos são constituídos de nanopartículas de magnetita dispersas em água, temos que ρ p = 5,1g / cm3 e ρ c = 1g / cm3 . 4.4.2 Nanopartículas Encapsuladas em Alumina 91 4.4.2 Nanopartículas Encapsuladas em Alumina Não foi possível obtermos a massa do material magnético na alumina devido à baixa sensibilidade da nossa balança. Analisamos, então, a curva do momento magnético em função do campo aplicado para uma das amostras. A Figura 4.20 mostra duas curvas de momento magnético de partículas de DRX=13,8nm em alumina com nanoporo de 80nm. Realizamos o processo de encapsulamento duas vezes com nanopartículas de DRX=13,8nm em nanoporos de 80nm. Note que houve um aumento na quantidade de partículas encapsuladas. É interessante notar também que as nanopartículas encontram-se no regime superparamagnético. 0.0015 Momento magnético (emu) DRX = 13,8nm 0.0010 0.0005 0.0000 -0.0005 -0.0010 Encapsulada 1 vez Encapsulada 2 vezes -0.0015 -20000 -15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000 20000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 20: Curvas do momento magnético da alumina com nanoporos de 80nm com nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas. Comparação entre o sinal da amostra após realizar o processo de encapsulamento das nanopartículas uma vez e após realizar o processo pela segunda vez. Comparando diretamente as magnetizações nos dois processos, o aumento na quantidade de nanopartículas encapsuladas foi de 1,48 vezes do primeiro encapsulamento para o segundo, o que corresponde a 48% a mais. 4.5 Dados de Ressonância Magnética Eletrônica 92 4.5 Dados de Ressonância Magnética Eletrônica O espectro obtido pela técnica de Ressonância Magnética Eletrônica representa a derivada da curva de absorção de micro-ondas. Esta pode ser descrita por uma gaussiana, onde o pico nos informa o campo de ressonância no qual a absorção é máxima. No espectro de absorção o valor de campo onde a curva cruza o eixo das abscissas representa o campo de ressonância (vide Figura 4.21). A equação de uma gaussiana tem a seguinte forma: G(H ) = A ∆H π 2 −2( H − H R ) e ∆H 2 2 , (4.9) onde H R é o campo central (campo de ressonância), ∆ H é a largura da gaussiana a meia altura e A é a área sub a curva da gaussiana. Os espectros de absorção que obtivemos de nossas amostras correspondem somente à absorção pelos momentos magnéticos das nanopartículas. Os elétrons da alumina não contribuem para o espectro. A Figura 4.22 mostra uma comparação entre o espectro obtido somente com alumina de 35nm com o espectro das nanopartículas de magnetita com DRX=13,8nm em alumina de 35nm depois de limpar a superfície, mostrando que a alumina não interfere no espectro das nanopartículas. No espectro obtido para a alumina vemos somente o ruído de fundo. Todas as medidas foram obtidas utilizando uma potência de radiação de micro-ondas de 0,2mW. 4.5 Dados de Ressonância Magnética Eletrônica 93 (a) (b) Figura 4. 21: (a) Gaussiana evidenciando os parâmetros que a define como campo central H R (campo de ressonância), largura de linha ∆H que é a largura da gaussiana a meia altura, e área da curva A . (b) Derivada da gaussiana (espectro dado pelo equipamento de RME). Al. de 35nm + npm com DRX=13,8nm Intensidade (u.a.) Al. de 35nm 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 22: Comparação entre espectro obtido somente com alumina com poros de 35nm e espectro obtido com alumina com poros de 35nm mais nanopartículas de magnetita com DRX=13,8nm após limpar a superfície da membrana de alumina. 4.5 Nanopartículas com DRX=10,1nm 94 4.5.1 Nanopartículas com DRX=10,1nm Nesta seção iremos estudar o comportamento do campo de ressonância das amostras de nanopartículas com DRX=10,1nm e cobertura de fosfato em alumina com nanoporos de 35nm e em alumina com nanoporos de 80nm. Nesta seção também mostraremos os cálculos matemáticos com as considerações necessárias para simular o comportamento da curva do campo de ressonância em função do ângulo. 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm Como realizamos medidas de RME em função do ângulo entre amostra e campo magnético aplicado é fundamental explicitar claramente a que ângulo nos referimos. A Figura 4.23 mostra um desenho esquemático da nossa configuração experimental. Portanto ϕ H = 0 indica campo magnético aplicado ao longo do comprimento dos nanoporos, enquanto ϕ H = π 2 o campo encontra-se perpendicular a esse, ou seja, paralelo a superfície da alumina. (a) (b) Figura 4. 23: Desenho esquemático (a) da membrana de alumina e o ângulo de referência entre a normal ao plano da membrana e o campo magnético aplicado e (b) do mesmo ângulo tendo como referência o comprimento do nanoporo, direção cuja cadeia de nanopartículas se encontrará caso sejam encapsuladas. 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm 95 A Figura 4.24 apresenta os espectros da amostra de nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina com nanoporos de 35 nm, com a superfície da alumina suja (excesso de nanopartículas por ter pingado a gota de fluido magnético) e após limpar a superfície uma única vez, para o ângulo ϕ H = 0° . Note a queda da intensidade de absorção devido à menor quantidade de nanoparticulas na amostra limpa. Alumina com nanoporo = 35 nm Diâmetro das nanopartículas = 10,1nm Intensidade (a.u.) 0° Amostra suja Amostra limpa 1 vez 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 24: Primeira derivada da intensidade de absorção em função do campo magnético externo aplicado, com o campo paralelo a direção do comprimento dos nanoporos da alumina. Comparação entre espectro da alumina de 35nm com excesso de nanopartículas com DRX=10,1nm na superfície (amostra suja) e após limpar o excesso. A Figura 4.25 apresenta alguns espectros de absorção dessa amostra, antes de limpar a superfície, para alguns valores de ângulo. Nota-se que, devido ao excesso de partículas na superfície, o eixo de anisotropia está no plano da alumina, como pode ser comprovado pelo fato do campo de ressonância diminuir com o aumento do ângulo. A Figura 4.26 mostra o gráfico dos valores dos campos de ressonância em função do ângulo. Para todos os dados experimentais obtidos o fato de o campo de ressonância ser maior quando o campo está paralelo ao plano da alumina significa que a energia Zeeman deve ser maior para conseguir deslocar a magnetização para a posição de equilíbrio até que se atinja a ressonância 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm 96 Intensidade (a.u.) Alumina com nanopro = 35nm Diâmetro das partículas = 6,9nm Limpa 1 vez 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 25: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina de 35nm antes de limpar a superfície (amostra suja), para vários ângulos 3650 3600 3550 3500 HR (Oe) 3450 3400 3350 3300 3250 3200 3150 3100 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 26: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 35nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos após depositar o fluido, com a superfície ainda suja (excesso de nanopartículas), onde a linha sólida funciona como guia para os olhos. A Figura 4.27 apresenta alguns espectros de absorção da amostra, depois de realizar o processo de encapsulamento e limpar a superfície da membrana de alumina uma vez, para alguns valores de ângulo. 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm 97 Diâmetro das nanopartículas = 10,1nm o Intensidade (a.u.) 90 o 60 o 30 o 0 Amostra limpa 1 vez 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 27: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina de 35nm após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, para vários ângulos. A Figura 4.28 mostra o gráfico do campo de ressonância em função do ângulo entre o campo magnético aplicado e os nanoporos da alumina. Observa-se, pelo comportamento do gráfico da Figura 4.28, que o eixo de anisotropia está no plano da alumina, perpendicular aos nanoporos, pois o campo de ressonância é mínimo nessa posição. Este resultado sugere que não houve encapsulamento, ou se houve que ele foi a uma proporção bem menor que as partículas residuais na superfície. 3550 3500 HR (Oe) 3450 3400 3350 3300 3250 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 28: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos. 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm 98 A seguir detalharemos os cálculos para simular o gráfico da Figura 4.28. A Figura 4.29 mostra os ângulos adotados em um sistema de coordenadas esféricas, com a posição da alumina, que é fixa em relação a esse sistema de coordenadas. θ e ϕ são os ângulos que definem a posição da magnetização M da amostra e θH = π 2 (fixo) e ϕ H define a posição do campo magnético aplicado H (o campo varre o plano x-y). Todos os cálculos foram feitos no sistema CGS. O próximo passo, então, é escrever a energia livre do sistema para encontrarmos a condição de ressonância e obtermos a dependência entre o campo de ressonância e o ângulo do campo externo aplicado. M H H x = H cos ϕ H H y = H sin ϕ H Hz = 0 M M x = M sin θ cos ϕ M y = M sin θ sin ϕ M z = M cos θ Figura 4. 29: Sistema de coordenadas esféricas evidenciando os ângulos da magnetização e do campo externo aplicado. A energia livre do nosso sistema contém o termo de energia Zeeman e um termo de energia cuja anisotropia possui simetria uniaxial caracterizando um plano de anisotropia no plano da alumina (y-z). A densidade de energia Zeeman é dada por Fzee = − M ⋅ H = = −(M xHx + M yH y ) = = − MH ( sin θ cos ϕ cos ϕ H + sin θ sin ϕ sin ϕ H ) = = − MH sin θ ( cos ϕ cos ϕ H + sin ϕ sin ϕ H ) = = − MH sin θ cos (ϕ − ϕ H ) (4.10) 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm 99 A construção do termo de anisotropia uniaxial, para este sistema, por meio das interações entre as nanopartículas distribuídas sobre a superfície da alumina, a fim de entender a contribuição de cada termo de interação para a constante de anisotropia, deve ser bastante complicada. Iremos, então, escrever esse termo fenomenologicamente, em coordenadas do laboratório, da seguinte forma: Funiax = K1 sin 2 θ cos 2 ϕ , (4.11) onde K1 é a constante de anisotropia uniaxial. Portanto, a densidade de energia livre do nosso sistema é dada, finalmente, por F = K1 sin 2 θ cos2 ϕ − MH sin θ cos (ϕ − ϕH ) , (4.12) onde o primeiro termo refere-se a contribuição uniaxial e o segundo a energia Zeeman. Nosso objetivo é simular o campo de ressonância, que é o valor do campo externo sobre a amostra magnética no qual ocorrerá um máximo de absorção das micro-ondas, em função do ângulo entre o campo e a normal ao plano da alumina ϕ H . Para isso, devemos encontrar as derivadas segundas da densidade de energia livre e substituir na condição de ressonância (3.26): ω0 = onde Fϕϕ = γ M sin ϑ0 ( F ) ( F ) − (( F ) ) ϕϕ 0 θθ 0 θϕ 0 2 , (3.26) ∂2 F ∂2F ∂2 F F = , F = e . Contudo essas derivadas segundas devem ser θϕ θθ ∂ϕ 2 ∂θ∂ϕ ∂θ 2 aplicadas nos ângulos de equilíbrio da magnetização θ0 e ϕ 0 . Para encontrarmos θ0 e ϕ 0 devemos minimizar a densidade de energia livre, fazendo ∂F 2 = 2 K1 sin θ 0 cos θ 0 cos ϕ0 − MH cos θ0 cos (ϕ0 − ϕ H ) = 0 θ ∂ 0 (4.13) ∂F 2 = −2 K1 sin θ 0 cos ϕ0 sin ϕ0 + MH sin θ 0 sin (ϕ 0 − ϕ H ) = 0 . ϕ ∂ 0 (4.14) e Substituindo as derivadas segundas na condição de ressonância (3.26), teremos: 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm ω0 = 100 γ ( 2 K1 cos 2 θ 0 cos 2 ϕ 0 − 2 K1 sin 2 θ 0 cos 2 ϕ0 + MH sin θ 0 cos (ϕ0 − ϕ H ) ) M sin ϑ0 × ( 2 K1 sin 2 θ 0 sin 2 ϕ 0 − 2 K1 sin 2 θ 0 cos 2 ϕ0 + MH sin θ 0 cos (ϕ0 − ϕ H ) ) − − ( −4 K1 sin θ 0 cos θ 0 sin ϕ0 cos ϕ0 + MH cos θ 0 sin (ϕ0 − ϕ H ) ) 2 1 2. (4.15) Devemos isolar H em função de ϕ H , na equação (4.15). A grande dificuldade, todavia, se deve ao fato de que as equações (4.13) e (4.14) contêm H , ou seja, para encontrarmos θ0 e ϕ 0 para um valor específico de ϕ H , precisamos saber H previamente. As equações (4.13), (4.14) e (4.15) estão acopladas, portanto devemos resolver H , θ0 e ϕ 0 simultaneamente para cada valor de ϕ H , e isso só é possível numericamente. A Figura 4.30 mostra os pontos experimentais, representando o campo de ressonância H R para um determinado ângulo ϕ H , para as nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina com nanoporos de 35nm. É o mesmo gráfico da Figura 4.28, contudo a curva sólida em vermelho representa o modelo teórico utilizado para interpretar os dados experimentais. Experimental Simulação teórica 3550 3500 HR (Oe) 3450 3400 3350 3 3300 M = 138,5 emu/cm 3 K1 = 1030 erg/cm 3250 g = 2,062 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 30: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em comparação com a simulação teórica. 4.5.1.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm 101 Para a simulação teórica da Figura 4.30 utilizamos M = 138,5 emu cm3 , que foi obtida pelo VSM, utilizamos fator g = 2, 062 para ajustar a posição do gráfico e utilizamos K1 = 1030 erg / cm 3 para ajustarmos a diferença entre o máximo e o mínimo da curva com o gráfico experimental. A Figura 4.31(a) mostra o comportamento da curva teórica utilizada para simular o gráfico da Figura 4.30 para vários valores de K1 com M = 138,5 emu cm3 e com g = 2, 062 fixos, e a Figura 4.31(b) mostra o comportamento para vários valores do fator g com M = 138,5 emu cm3 e com K1 = 1030 erg / cm3 fixos. 3700 3650 3 K1 = 1600 erg/cm 3600 3 K1 = 1300 erg/cm 3550 3 K1 = 1000 erg/cm (a) HR (Oe) 3500 3 K1 = 700 erg/cm 3450 3400 3350 3300 3250 3200 0 20 40 60 80 100 ϕ H 120 140 160 180 200 220 240 (graus) 3650 g = 2,020 3600 g = 2,040 3550 g = 2,060 g = 2,080 (b) HR (Oe) 3500 3450 3400 3350 3300 3250 3200 0 20 40 60 80 100 ϕ H 120 140 160 180 200 220 (graus) Figura 4. 31: Comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo (a) para vários valores de K1 e (b) para vários valores do fator g. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 102 A constante de anisotropia para este sistema é devida, principalmente por um termo de energia magnetostática, podendo ter uma contribuição magnetoelástica devido ao stress que as nanopartículas aplicam umas sobre as outras. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm A Figura 4.32 mostra o gráfico do campo de ressonância em função do ângulo para nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina com nanoporos de 80nm após realizar o processo de encapsulamento pela primeira vez e limpar o excesso de nanopartículas da superfície. 3700 3600 HR (Oe) 3500 3400 3300 3200 3100 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 (graus) Figura 4. 32: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos. Vemos que para este sistema a magnetização se encontra preferencialmente no plano da alumina, porém, diferentemente do gráfico dessas nanopartículas em alumina com nanoporos de 35nm, em alumina com nanoporos de 80nm aparece um mínimo local na direção dos nanoporos ( ϕ H = 0° ), caracterizando a presença de um eixo de anisotropia magnética nessa direção. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 103 Conseguimos ajustar a curva do gráfico da Figura 4.32 acrescentando um termo de energia com simetria cúbica na densidade de energia livre (4.12). A densidade de energia livre para este sistema fica, então, da forma: 1 sin 4 θ sin 2 ( 2ϕ ) + sin 2 ( 2θ ) ) − ( 4 − MH sin θ cos (ϕ − ϕ H ) , F = K1 sin 2 θ cos 2 ϕ + K 2 (4.16) onde o primeiro termo é referente a simetria uniaxial, o segundo é o termo referente à simetria cúbica com K 2 sendo a constante de anisotropia, e o último é o termo de energia Zeeman. A Figura 4.33(a) mostra o gráfico experimental do campo de ressonância em função do ângulo para nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina com nanoporos de 80nm, onde a linha sólida em vermelho mostra a simulação teórica. Para a simulação teórica da Figura 4.33(a) utilizamos M = 138,5 emu cm3 , que foi obtida pelo VSM, utilizamos fator g = 2, 030 para ajustar a posição do gráfico, utilizamos K1 = 1800 erg / cm 3 para ajustarmos a diferença entre o máximo e o mínimo da curva com o gráfico experimental e utilizamos K 2 = 850 erg / cm 3 . Apesar de o termo cúbico ser comum devido à anisotropia magnetocristalina este não parece ser o caso do sistema de nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina com nanoporos de 80nm, pois a constante de anisotropia magnetocristalina é tipicamente da ordem de 104 − 106 erg / cm3 [37,55]. Neste caso acreditamos que a simetria cúbica seja devida a uma forma específica em que as nanopartículas se arranjaram no interior do nanoporo. O gráfico da Figura 4.33(b) mostra a imagem de AFM em que está evidente o encapsulamento das nanopartículas no interior dos nanoporos (mesma imagem da Figura 4.15). A Figura 4.34 mostra o comportamento da curva teórica utilizada para simular o gráfico da Figura 4.33 para vários valores de K 2 com M = 138,5 emu cm3 , com g = 2, 030 e K1 = 1800 erg / cm3 fixos. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 104 Experimental Simulação teórica 3700 3600 (a) HR (Oe) 3500 3400 3300 3 K1 = 1800 erg/cm 3200 3 K2 = 850 erg/cm 3 M = 138,5 emu/cm g = 2,030 3100 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) (b) 200nm Figura 4. 33: (a) Gráfico do campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos. A linha sólida em vermelho é a simulação teórica. (b) Nanopartículas com DRX=10,1nm encapsuladas em nanoporos com 80nm. 4.5.1.2.1 Encapsulando Pela Segunda Vez 105 3800 3750 3 K2 = 0 erg/cm 3700 3 K2 = 400 erg/cm 3650 3600 3 K2 = 800 erg/cm 3550 3 K2 = 1200 erg/cm HR (Oe) 3500 3450 3400 3350 3300 3250 3200 3150 3100 3050 3000 0 20 40 60 80 100 ϕ H 120 140 160 180 200 220 (graus) Figura 4. 34: Comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo para vários valores de K 2 . 4.5.1.2.1 Encapsulando Pela Segunda Vez Na tentativa de encapsular mais nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina com nanoporos de 80nm, repetimos o processo de encapsulamento e as medidas de RME. A Figura 4.35 mostra o gráfico do campo de ressonância em função do ângulo após repetirmos o processo de encapsulamento. A linha sólida em vermelho representa a simulação teórica utilizada para ajustar os dados. Para a simulação teórica da Figura 4.35 utilizamos M = 138,5 emu cm3 , que foi obtida pelo VSM, utilizamos fator g = 1, 960 para ajustar a posição do gráfico, utilizamos K1 = 2600 erg / cm 3 para ajustarmos a diferença entre o máximo e o mínimo da curva com o gráfico experimental e utilizamos K 2 = 1300 erg / cm 3 . 4.5.2 Nanopartículas com DRX=12,3nm 106 Experimental Simulação teórica 3900 3800 3700 HR (Oe) 3600 3500 3400 3300 3 K1 = 2600 erg/cm 3200 3 K2 = 1300 erg/cm 3 M = 138,5 emu/cm g = 1,960 3100 3000 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 35: Gráfico do campo de ressonância de nanopartículas de DRX=10,1nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina pela segunda vez e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a linha sólida em vermelho é a simulação teórica. Outro fator que nos sugere que o termo de densidade de energia com simetria cúbica não é de origem magnetocristalina é o fato de que a constante de anisotropia K 2 não permanece constante, o que deveria ocorrer se esse termo fosse de origem magnetocristalina, pois temos magnetita nos dois casos, porém K 2 muda de 850 erg / cm3 do primeiro encapsulamento para 1300 erg / cm3 no segundo, o que sugere que o termo cúbico é dependente do arranjo formado pelas nanopartículas no interior dos nanoporos. 4.5.2 Nanopartículas com DRX=12,3nm Nesta seção iremos apresentar o comportamento do campo de ressonância em função do ângulo da amostra de nanopartículas com DRX=12,3nm e cobertura de citrato em alumina com nanoporos de 80nm. 4.5.2.1 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 107 4.5.2.1 Em Alumina com Nanoporos de 80nm A Figura 4.36 mostra o gráfico experimental em comparação com a simulação teórica do campo de ressonância em função do ângulo para nanopartículas com DRX=12,3nm em alumina com nanoporos de 80nm, onde a linha sólida em vermelho mostra a simulação teórica. Experimental Simulação teórica 3400 HR (Oe) 3350 3300 3250 3200 3 M = 238 emu/cm 3 K1 = 1300 erg/cm 3 3150 -20 K2 = 1200 erg/cm g = 2,090 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 36: Gráfico do campo de ressonância de nanopartículas de DRX=12,3nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a linha sólida em vermelho é a simulação teórica. Para a simulação teórica da Figura 4.36 utilizamos M = 238 emu cm3 , que foi obtida pelo VSM, utilizamos fator g = 2, 090 para ajustar a posição do gráfico, utilizamos K1 = 1300 erg / cm 3 para ajustarmos a diferença entre o máximo e o mínimo da curva com o gráfico experimental e utilizamos K 2 = 1200 erg / cm 3 . Vemos que para essa amostra faltam termos na densidade de energia livre a serem consideradas, pois não conseguimos fazer um bom ajuste entre os pontos experimentais e a curva teórica. Contudo o termo de simetria cúbica na densidade de energia está presente 4.5.3 Nanopartículas com DRX=13,8nm 108 também nessa amostra de nanopartículas com DRX=12,3nm em alumina com nanoporos de 80nm. 4.5.3 Nanopartículas com DRX=13,8nm Nesta seção iremos estudar o comportamento do campo de ressonância das amostras de nanopartículas com DRX=13,8nm e cobertura de citrato em alumina com nanoporos de 35nm e 80nm. Nesta seção também mostraremos os cálculos matemáticos com as considerações necessárias para simular o comportamento da curva do campo de ressonância em função do ângulo para as nanopartículas em alumina com nanoporos de 80nm e mostrar que, através da simulação teórica, podemos obter o tamanho da cadeia de nanopartículas encapsuladas por nanoporo. 4.5.3.1 Em Alumina com Nanoporos de 35nm A Figura 4.37 apresenta alguns espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 35nm, depois de realizar o processo de pingar o fluido e limpar uma vez, para alguns valores de ângulo. Alumina com nanopro = 35nm Diâmetro das partículas = 13.8nm Intensidade (a.u.) 0° 30° 60° 90° Limpa 1 vez 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 37: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina de 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, para vários ângulos. 4.5.3.2.1 Encapsulando Pela Segunda Vez 109 A Figura 4.38 mostra o gráfico do campo de ressonância em função do ângulo entre o campo magnético aplicado e os nanoporos da alumina com a respectiva simulação teórica, para a mesma amostra da Figura 4.37. Experimental Simulação teórica 3550 3500 HR (Oe) 3450 3400 3350 3300 3 3250 M = 235 emu/cm 3 K1 = 2100 erg/cm 3200 g = 2,090 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 38: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm em alumina com 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos. Os dados de RME da amostra contendo nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 35nm (Figura 4.38), assim como os de 10,1nm, mostram que o eixo de anisotropia está no plano da alumina. No ajuste utilizamos M = 235emu / cm3 , fator g = 2, 093 e K1 = 2100erg / cm3 . 4.5.3.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm As Figuras 4.39 e 4.40 apresentam alguns espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8 nm em alumina com nanoporos de 80nm, antes de limpar a superfície e depois de limpa, respectivamente, para alguns valores de ângulo. É interessante notar que houve uma inversão no comportamento do campo de ressonância com o ângulo. Com a superfície suja o 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 110 campo de ressonância diminui com o aumento do ângulo e depois de limpa este comportamento muda, o campo de ressonância aumenta com o aumento do ângulo. Alumina com nanoporo = 80nm Diâmetro das partículas = 13.8nm Intensidade (a.u.) Amostra não limpa 0° 30° 60° 90° 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 39: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina de 80nm antes de limpar a superfície (amostra suja), para vários ângulos. Alumina com nanoporo = 80nm Diâmetro das nanopartículas = 13.8nm Intensidade (a.u.) 0° 30° 60° 90° Limpa 1 vez 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 40: Espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, para vários ângulos. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 111 A Figura 4.41 mostra o gráfico dos valores dos campos de ressonância em função do ângulo para a amostra antes de limpar e depois de limpa. O gráfico deixa evidente a inversão no comportamento do campo de ressonância da amostra antes de limpar e depois de limpa. Isso significa que o eixo de anisotropia estava no plano da alumina antes de limpar, porém, após retirar o excesso na superfície o eixo de anisotropia ficou na direção dos nanoporos, o que sugere que houve sucesso no encapsulamento das nanopartículas para essa amostra. Antes de limpar Encapsulada 1 vez 4600 4400 4200 HR (Oe) 4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 41: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina sem limpar o excesso de nanopartículas da superfície (amostra suja) e depois de limpa, onde a linha sólida funciona como guia para os olhos. Para fazermos a simulação teórica do comportamento da curva de ressonância em função do ângulo para as partículas encapsuladas, o modelo mais simples que podemos idealizar é o de uma cadeia linear de nanopartículas. Consideraremos, portanto, a princípio, que não existem duas ou mais nanopartículas distribuídas lateralmente no interior do nanoporo, somente uma em cima da outra, enfileiradas, formando uma cadeia linear. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 112 A Figura 4.42 mostra o sistema de coordenadas esféricas adotado, evidenciando a direção da cadeia de nanopartículas em relação aos ângulos. O sistema de coordenadas é o mesmo para a simulação da curva com o eixo de anisotropia magnetostático no plano. Neste caso, porém evidenciaremos a direção da cadeia, pois agora também entrará na energia total o termo de interação dipolar entre cada nanopartícula. A princípio iremos considerar o momento magnético total da nanopartícula, ao invés da sua magnetização. H H x = H cos ϕ H H y = H sin ϕ H Hz = 0 mx = m sin θ cos ϕ m m y = m sin θ sin ϕ mz = m cos θ Figura 4. 42: Sistema de coordenadas esféricas evidenciando os ângulos do momento magnético de uma nanopartícula e do campo externo aplicado. Desde que as nanopartículas possuam um momento magnético uniforme m , podemos substituí-las por dipolos puntiformes com distância r entre si, como mostrado na Figura 4.43. (a) (b) Figura 4. 43: (a) Cadeia de nanopartículas magnéticas com momento magnético m a uma distância centro a centro r uma das outras. (b) Momentos de dipolos puntuais no centro de cada nanoparticula magnética. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 113 Iremos considerar, também, que os momentos magnéticos das nanopartículas na cadeia giram coerentemente, de tal modo que estão sempre paralelos uns com os outros e o ângulo entre eles e o campo magnético externo aplicado será o mesmo para todos. Desta vez, vamos escrever primeiro a energia do sistema, ao invés da densidade de energia. A energia Zeeman é dada por: Ezee = −Qm ⋅ H = = −QmH sin θ cos (ϕ − ϕH ) , (4.17) onde Q é o número médio de nanopartículas que constitui a cadeia no interior dos nanoporos. A energia de interação dipolar entre duas nanopartículas vizinhas é escrita da seguinte forma: Edip = −m ⋅ H dip = 1 m ⋅ [3(m ⋅ rˆ)rˆ − m] = 3 r 1 = − 3 3(m ⋅ rˆ)(m ⋅ rˆ) − m2 = r 1 = − 3 3mx2 − m2 = r m2 = − 3 3sin 2 θ cos 2 ϕ − 1 = r m2 = − 3 3sin 2 θ cos 2 ϕ. r =− (4.18) Somando as energias de interação entre todos os pares de nanopartículas magnéticas possíveis, sem repetir pares, obtemos Edip m2 = −QK Q 3 3sin 2 θ cos 2 ϕ , r (4.19) Q (Q − i) onde KQ = ∑ 3 . Este termo gera uma direção preferencial para a magnetização das i =1 i Q nanopartículas, quando estão todas alinhadas entre si na direção do eixo da cadeia, configuração esta, que minimiza a energia de interação dipolar. Para calcularmos o termo de energia magnetostática vamos considerar, a princípio, as nanopartículas como elipsóides prolatos, com o eixo maior na direção de x e os dois eixos 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 114 menores no plano y-z. A densidade de energia magnetostática é construida, então, da seguinte forma: 1 Emag = − m ⋅ H d , 2 (4.20) H d = −4π NM . (4.21) onde Como os eixos do elipsóide coincidem com os eixos coordenados o fator de desmagnetização é diagonal e, de acordo com a forma que definimos o campo de desmagnetização, temos que N xx + N yy + N zz = 1 . Portanto Emag = 4π ( N xx mx M x + N yy m y M y + N zz mz M z ) . 2 (4.22) Substituindo mx = m sin θ cos ϕ , m y = m sin θ sin ϕ , mz = m cos θ e sabendo que M = m V p , sendo V p o volume de uma nanopartícula, temos Emag = 2π mM ( N xx sin 2 θ cos 2 ϕ + N yy sin 2 θ sin 2 ϕ + N zz cos 2 θ ) . (4.23) Fazendo N yy = N zz = N per (componente perpendicular aos nanoporos) e N xx = N par , (componente paralelo aos nanoporos) temos Emag = 2π mM (( N par cos 2 ϕ + N per sin 2 ϕ ) sin 2 θ + N per cos 2 θ ) = = 2π mM (( N par cos 2 ϕ + N per (1 − cos 2 ϕ )) sin 2 θ + N per cos 2 θ ) = = 2π mM (( N par − N per ) sin 2 θ cos 2 ϕ + N per (sin 2 θ + cos 2 θ )) = = 2π mM ( N par − N per ) sin 2 θ cos 2 ϕ + 2π mMN per . (4.24) Como estamos interessados em dependência angular, podemos desconsiderar o termo constante. Emag = 2π mM ( N par − N per )sin 2 θ cos2 ϕ . (4.25) O fato de considerarmos elipsóides com o eixo maior na direção dos nanoporos é para termos o eixo de anisotropia magnetostática nessa direção, o que fará com que N per > N par , deixando a expressão para a energia negativa. Emag = −2π mM ( N per − N par )sin 2 θ cos2 ϕ . (4.26) 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 115 Essa é a energia magnetostática para uma nanopartícula elipsoidal. Somando as energias de todas as Q nanopartículas da cadeia, obtemos Emag = −2π QmM ( N per − N par )sin 2 θ cos2 ϕ . (4.27) A energia total é dada por E = Edip + Emag + Ezee = m2 3sin 2 θ cos 2 ϕ − 2π QmM ( N per − N par ) sin 2 θ cos 2 ϕ − 3 r − QmH sin θ cos (ϕ − ϕ H ) . = −QKQ (4.28) Dividindo a energia por QV , onde V é volume de uma nanopartícula, teremos a densidade de energia do sistema para uma nanopartícula. VM 2 3sin 2 θ cos 2 ϕ − 2π M 2 ( N per − N par )sin 2 θ cos 2 ϕ − 3 r − MH sin θ cos (ϕ − ϕ H ) . F = − KQ (4.29) Agrupando os termos uniaxiais, temos 3VKQ + ( N per − N par ) sin 2 θ cos 2 ϕ − MH sin θ cos(ϕ − ϕ H ) . F = −2π M 2 3 2π r (4.30) Esta densidade de energia foi utilizada por Hernández et.al [25] para simular a dependência angular do campo de ressonância para nanofios de Ni em alumina crescidos por eletrodeposição, com a diferença de que a energia livre proposta por Hernández et.al possuía um termo fenomenológico de interação entre cadeias de nanopartículas, o qual não levamos em consideração neste trabalho, devido a baixa densidade de nanopartículas. A princípio, consideramos as nanopartículas como elipsóides de revolução para generalizar o termo magnetostático na densidade de energia livre. Todavia, as imagens de AFM revelam que são esféricas. A princípio a consideração de que são esféricas anularia o termo ( N per − N par ) , contudo, ao formarem uma cadeia, as nanopartículas se interagem redistribuindo os dipolos magnéticos em sua superfície, gerando um eixo de anisotropia magnética ao longo do eixo da cadeia. Consideraremos, então, que ( N per − N par ) na densidade de energia livre é resultante da formação da cadeia de nanopartículas esféricas, e faremos a aproximação de que este fator é equivalente ao de um elipsóide, diferentemente de 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 116 Hernández et.al, que considerou este termo como sendo zero. A aproximação da cadeia de nanopartículas por um elipsóide está ilustrado na figura 4.44. Figura 4. 44: Desenho ilustrando a consideração de que uma cadeia de nanopartículas pode ser enxergada como um elipsóide no termo de energia magnetostática. Há uma relação entre o fator de desmagnetização do elipsóide de revolução e a razão entre os eixos n = a . A Figura 4.45 mostra as dimensões do elipsóide. b Figura 4. 45: Elipsóide de revolução. Para um elipsóide oblato, com a < c , temos [56] 1 2 2 2 n − 1 ( ) 1 n 1 = arcsin − 2 3 4π 2 n n −1 2 2 ( n − 1) N per (4.31) e 1 N par 4π = n 2 2 n −1 n − (n 2 2 − 1) 3 2 arcsin ( n 2 − 1) 2 n . Para um elipsóide prolato, com a > c , temos [56] (4.32) 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 1 2 2 2 2 + − n n 1 N per 1 n ( ) n = 2 − ln 1 1 4π 2 n −1 ( n2 −1) 2 n − ( n2 −1) 2 117 (4.33) e 1 2 2 + − 1 n n ( ) 1 n = 2 ln − 1 . 1 1 4π n −1 2 ( n2 − 1) 2 n − ( n2 − 1) 2 N par (4.34) Pela Figura 4.44 vemos que a razão entre os eixos do elipsóide para a nossa cadeia de esferas nos dá a quantidade Q de esferas na cadeia. Portanto n = Q nas expressões acima. Ao substituirmos a diferença entre esses fatores de desmagnetização na nossa energia livre devemos desconsiderar o 4π no denominador, pois já o evidenciamos na nossa energia. É interessante notar que utilizando a energia livre (4.30), levando em consideração os fatores de desmagnetização discutidos acima, podemos através do ajuste da curva do campo de ressonância em função do ângulo encontrar o número de partículas encapsuladas. No nosso trabalho, o valor de Q é uma informação extremamente valiosa já que pode permitir um controle do tamanho do nanofio. Relembrando as aproximações do nosso modelo, consideramos: • As nanopartículas possuem magnetização uniforme, de tal forma que podem ser enxergadas como dipolos puntuais; • As magnetizações de todas as nanopartículas em uma cadeia giram coerentemente; • Consideramos que não há interação relevante entre cadeias de poros vizinhos; • Para escrevermos a diferença ( N per − N par ) para a cadeia em função da quantidade de nanopartículas aproximamos o fator de desmagnetização da cadeia pelo de um elipsóide prolato. A Figura 4.46 mostra o gráfico do campo de ressonância para a amostra acima citada depois de limpar o excesso de partículas na superfície com a respectiva simulação teórica. A simulação teórica foi feita utilizando a energia livre da cadeia de nanopartículas encapsuladas (4.30). Na simulação utilizamos a magnetização obtida pelo VSM, M = 235emu / cm 3 (Tabela 4.1), e ajustamos g = 2, 086 e um número médio de partículas Q = 2, 2 . 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 118 Experimental Simulação teórica 3400 Q = 2,2 partículas 3 M = 235 emu/cm g = 2,086 3380 3360 3340 HR (Oe) 3320 3300 3280 3260 3240 3220 3200 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 46: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas em nanoporos de alumina com 80nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos após limpar o excesso de nanopartículas da superfície, onde a linha sólida em vermelho representa a simulação teórica. A Figura 4.47(a) mostra o comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo para vários valores de Q , fixados M = 235 emu / cm3 e g = 2, 086 . Vemos que o aumento na diferença entre máximo e mínimo na curva satura com o aumento de Q , o que fica evidenciado na Figura 4.48, que mostra a dependência da diferença entre máximo e mínimo com o tamanho da cadeia de nanopartículas para M = 235 emu / cm3 e g = 2, 086 fixos. Este comportamento é devido ao fato de que, tanto a somatória na interação dipolar quanto o termo desmagnetizante para um elipsóide saturam com o aumento da cadeia. A Figura 4.47(b) mostra o comportamento para vários valores do fator g com M = 235 emu cm3 e com Q = 2, 2, fixos. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 119 3450 3400 3350 (a) HR (Oe) 3300 3250 Q=2 3200 Q=3 Q=4 3150 Q = 10 Q = 100 3100 0 20 40 60 80 100 ϕ H 120 140 160 180 200 (graus) 3480 3460 3440 3420 3400 (b) HR (Oe) 3380 3360 3340 g = 2,020 3320 3300 g = 2,040 3280 g = 2,060 3260 3240 3220 g = 2,080 0 20 40 60 80 100 ϕ H 120 140 160 180 200 220 (graus) Figura 4. 47: Comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo (a) para vários valores de Q e (b) para vários valores do fator g. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 120 300 280 HR(π /2) - HR(0) 260 240 220 200 180 160 140 120 0 20 40 60 80 100 120 Q Figura 4. 48: Curva teórica da diferença entre máximo e mínimo do campo de ressonância em função do tamanho da cadeia de nanopartículas para os parâmetros do gráfico da Figura 4.46. Na Figura 4.46 vemos que a curva teórica é mais larga do que a experimental. Acrescentar um termo de simetria cúbica na densidade de energia (4.30) corrige este desvio. 3VK Q F = −2π M 2 + ( N per − N par ) sin 2 θ cos 2 ϕ + 3 2π r 1 K 2 ( sin 4 θ sin 2 ( 2ϕ ) + sin 2 ( 2θ ) ) − MH sin θ cos(ϕ − ϕ H ). 4 (4.35) A Figura 4.49 mostra o gráfico da Figura 4.46 ajustada com a curva teórica utilizando a densidade de energia (4.35), que leva em consideração uma contribuição com simetria cúbica. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 121 Experimental Simulação teórica 3400 3380 Q = 2,2 partículas 3 K2= -150 erg/cm 3360 M = 235 emu/cm g = 2,096 3 3340 HR (Oe) 3320 3300 3280 3260 3240 3220 3200 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 49: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas em nanoporos de alumina com 80nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos após limpar o excesso de nanopartículas da superfície. A simulação foi feita utilizando uma densidade de energia com contribuição magnetostática e uma contribuição com simetria cúbica. Na simulação acima utilizamos a magnetização obtida pelo VSM, M = 235emu / cm3 , e ajustamos g = 2, 096 , número médio de partículas Q = 2, 2 e K 2 = −150 erg / cm3 . É de se imaginar que haja mais do que 2 nanopartículas em cada poro, contudo pode ocorrer de haver mais de um dímero no interior de cada poro, porém distantes o suficiente uns dos outros para não interagirem entre si. A Figura 4.50 mostra o comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo para vários valores de K 2 , fixados M = 235 emu / cm3 , Q = 2, 2 e g = 2, 096 . 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 122 3400 3380 3360 3340 HR (Oe) 3320 3300 3280 3260 3 3240 K2 = -300 erg/cm 3 K2 = -200 erg/cm 3220 3 K2 = -100 erg/cm 3 K2 = 0 erg/cm 3200 0 20 40 60 80 100 ϕ H 120 140 160 180 200 220 (graus) Figura 4. 50: Comportamento da curva teórica do campo de ressonância em função do ângulo para vários valores de K 2 . Poderíamos nos dar por satisfeitos, neste ponto da análise, todavia, o gráfico experimental não representa o campo de ressonância somente das nanopartículas que contribuem com a magnetização perpendicular ao plano da alumina. O espectro de ressonância, em realidade, é composto de várias linhas, que representam a absorção ressonante por diferentes estruturas na amostra [57]. As imagens de AFM mostram que temos nanopartículas residuais nas superfícies das aluminas, tanto nas amostras com nanoporos de 35nm quanto as de 80nm (vide Figuras 4.17 e 4.18). Estes resíduos contribuem com sinal referente à magnetização paralela ao plano. É possível, ainda, que haja nanopartículas encapsuladas nos nanoporos de 35nm interagindo de tal modo que a magnetização resultante dessas nanopartículas permaneça no plano. Todavia, em primeira aproximação, vamos admitir que não houve encapsulamento de nanopartículas com DRX=13,8nm nos nanoporos de 35nm, e que o sinal referente a essa amostra é devido somente a resíduos de nanopartículas na superfície. As Figuras 4.51 e 4.52 mostram os ajustes feitos para alguns espectros da amostra de nanopartículas de DRX=13,8nm em alumina com 35nm. Utilizamos a função gaussiana (equação (4.9)) para os ajustes, representando as estruturas que contribuíam com a 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 123 magnetização paralela ao plano da alumina. Neles obtivemos os melhores parâmetros das gaussianas que descrevem os espectros de absorção, área, largura de linha ∆ H e campo de ressonância H R . (a) 10 Área=1,09 x 10 Larg. lin.=1184 Oe HR=3539 Oe Intensidade (u.a.) Experimental Ajuste com uma gaussiana 0° 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) (b) 9 Área=7,45 x 10 Larg. lin.=1172 Oe HR=3447 Oe Intensidade (u.a.) Experimental Ajuste com uma gaussiana 30° 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 51: Espectro de ressonância de nanopartículas de magnetita com DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 35nm para os ângulos de (a) 0° e (b) 30°. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm (a) Intensidade (u.a.) Experimental Ajuste com uma gaussiana 124 10 Área=1.15 x 10 Larg. lin.=1135 Oe HR=3287 Oe 60° 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) (b) Intensidade (u.a.) Experimental Ajuste com uma gaussiana 10 Área=2,13 x 10 Larg. lin.=1221 Oe HR=3202 Oe 90° 2000 3000 4000 5000 6000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 52: Espectro de ressonância de nanopartículas de magnetita com DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 35nm para os ângulos de (a) 60° e (b) 90°. Como conseguimos ajustar satisfatoriamente os espectros da amostra com uma única gaussiana, é razoável atribuir esse sinal somente as nanopartículas residuais na superfície. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 125 Utilizando essa aproximação, façamos a seguinte análise: A amostra de nanopartículas com DRX=13,8nm em nanoporos de 80nm possui, além de uma contribuição com magnetização perpendicular, uma contribuição com magnetização no plano, pois há resíduos na superfície. Podemos fazer a aproximação de que essas magnetizações são independentes e cada uma entra em ressonância em um valor de campo diferente, apresentando duas gaussianas durante a varredura. Todavia, essas duas gaussianas se somam resultando em um espectro onde nem sempre conseguimos identificar o campo de ressonância de cada uma das magnetizações. Os espectros se misturam e acabamos selecionando um valor de campo que é intermediário entre o campo de ressonância da magnetização no plano e o campo de ressonância da magnetização perpendicular ao plano. A fim de identificarmos os espectros devido às estruturas que contribuem com magnetização perpendicular ao plano, decidimos ajustar os espectros totais da amostra de alumina com nanoporos de 80nm e nanopartículas de DRX=13,8nm utilizando duas gaussianas, uma representando estruturas com magnetização perpendicular (nanopartículas encapsuladas) e outra devido a magnetização no plano (resíduos na superfície). Em primeira aproximação iremos considerar que os espectros devido a resíduos de superfície são idênticos aos obtidos na amostra de alumina com nanoporos de 35nm e nanopartículas de DRX=13,8nm. Essa aproximação nos parece razoável, afinal o processo de limpeza dessas duas aluminas foram idênticas umas as outras, onde esperamos, então, que a distribuição de partículas na superfície seja semelhante. Portanto, os parâmetros encontrados no ajuste dos espectros da amostra de alumina com 35nm (Figuras 4.51 e 4.52) foram utilizados como sendo os espectros devido à magnetização no plano, na amostra com nanoporos de 80nm, para encontrarmos os melhores parâmetros da gaussiana que representa a contribuição da magnetização perpendicular ao plano. As Figuras 4.53 e 4.54 mostram os ajustes feitos para os espectros das nanopartículas de DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 80nm. Os índices (1) e (2) indicam as curvas e os parâmetros dos espectros devido à magnetização paralela e perpendicular ao plano, respectivamente. Os parâmetros de contribuição paralela, índice (1), são os mesmos ajustados anteriormente, apresentados nas Figuras 4.51 e 4.52. De fato durante a simulação assumimos estes valores fixos. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 126 experimental (1)contribuição de resíduos na superfície (2)contribuição das partículas encapsuladas soma das duas contribuições Intensidade (u.a.) (a) 0° 10 Área1 = 1,09 x 10 Larg.lin.1 = 1184 HR1 = 3539 0 1000 10 Área2 = 2,64 x 10 Larg.lin.2 = 1026 HR2 = 3162 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Campo magnético (Oe) experimental (1)contribuição de resíduos na superfície (2)contribuição das partículas encapsuladas soma das duas contribuições Intensidade (u.a.) (b) 30° 9 Área1 = 7,45 x 10 Larg.lin.1 = 1172 HR1 = 3447 0 1000 10 Área2 = 3,05 x 10 Larg.lin.2 = 975 HR2 = 3229 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 53: Espectro de ressonância de nanopartículas de magnetita de DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 80nm para o ângulo de (a) 0° e (b) 30°, evidenciando as componentes do espectro. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 127 experimental (1)contribuição de resíduos na superfície (2)contribuição das partículas encapsuladas soma das duas contribuições Intensidade (u.a.) (a) 60° 10 Área1 = 1,15 x 10 Larg.lin.1 = 1135 HR1 = 3287 0 1000 10 Área2 = 2,56 x 10 Larg.lin.2 = 1044 HR2 = 3339 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Campo magnético (Oe) experimental (1)contribuição de resíduos na superfície (2)contribuição das partículas encapsuladas soma das duas contribuições Intensidade (u.a.) (b) 90° 10 Área1 = 2,76 x 10 Larg.lin.1 = 1221 HR1 = 3202 0 1000 9 Área2 = 8,10 x 10 Larg.lin.2 = 805 HR2 = 3541 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 54: Espectro de ressonância de nanopartículas de magnetita de DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 80nm para o ângulo de (a) 60° e (b) 90°, evidenciando as componentes do espectro. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 128 As Figuras 4.55(a) e 4.55(b) mostram as componentes separadas dos ajustes para alguns ângulos. Os espectros da Figura 4.55(a) evidentemente continuam com as mesmas propriedades dos espectros obtidos para a alumina com nanoporos de 35nm, contudo os espectros teóricos da Figura 4.55(b), resultantes do ajuste, revelam uma componente perpendicular ao plano da alumina, permitindo-nos plotar os respectivos campos de ressonância em função do ângulo. A Figura 4.56 mostra o gráfico do campo de ressonância das componentes nos espectros devido a partículas encapsuladas obtidas através do ajuste dos espectros em função do ângulo, onde está mostrada também a respectiva simulação teórica. Espectros devido a resíduos na superfície Intensidade (u.a.) (a) 0° 30° 60° 90° 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Campo magnético (Oe) Espectros devido a nanopartículas encapsuladas Intensidade (u.a.) (b) 0° 30° 60° 90° 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Campo magnético (Oe) Figura 4. 55: (a) Ajuste dos espectros de absorção de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com 35nm, após depositar o fluido sobre a alumina e limpar o excesso de nanopartículas da superfície, para vários valores de ângulo. (b) Contribuição de nanopartículas encapsuladas, obtidas dos ajustes dos espectros da amostra de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 80nm. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 129 Experimental Simulação teórica 3600 3550 Q = 100 partículas 3 K2 = -450 erg/cm 3500 M = 235 emu/cm g = 2,075 3 3450 HR (Oe) 3400 3350 3300 3250 3200 3150 3100 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 56: Campo de ressonância da componente devido à nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas em nanoporos de alumina com 80nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a curva sólida em vermelho representa a simulação teórica. A simulação teórica do gráfico da Figura 4.56 foi feita utilizando Q = 100 M = 235 emu / cm3 , fator g = 2, 075 e K 2 = −450 erg / cm3 . A simulação foi feita utilizando a densidade de energia (4.35) que contém além do termo de energia Zeeman, um termo de energia com simetria uniaxial e um termo de energia com simetria cúbica. Para Q = 100 partículas a diferença entre máximo e mínimo na curva do campo de ressonância em função do ângulo já está saturando. Portanto, falta um termo de energia com simetria uniaxial na densidade de energia livre (4.35) para que seja possível ajustar essa diferença nos pontos experimentais no gráfico da Figura 4.56. Como as nanopartículas se atraem por interação dipolar magnética e por interação de van der Waals, existe um stress (pressão) que as nanopartículas exercem uma sobre a outra que pode gerar uma deformação na rede cristalina. Esse termo de energia é magnetoelástico, dada por (2.78): Fσ = km cos 2 θ , (2.78) 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 130 onde km = ( 3 2 ) λsσ é a constante de anisotropia magnetoelástica, λs é a constante de magnetostricção de saturação e σ é o stress (pressão aplicada). Acrescentando a densidade de energia magnetoelástica na densidade de energia (4.35), temos 3VK Q Km 2 F = −2π M 2 + ( N per − N par ) + sin θ cos 2 ϕ + 3 2 2π M 2π r 1 K 2 ( sin 4 θ sin 2 ( 2ϕ ) + sin 2 ( 2θ ) ) − MH sin θ cos(ϕ − ϕ H ). 4 (4.36) Vamos estimar agora K m a fim de obtermos Q . Para estimarmos o valor do stress σ calculamos a força Fnp de atração entre duas nanopartículas com camada de cobertura (espessura ~1nm) em contato, e consideramos a área desse contato como sendo a de um 2 círculo com raio de 1 nm ( área = π (10−7 ) cm2 ) (Figura 4.57). O stress é dado, então por σ = Fnp área . Figura 4. 57: Desenho esquemático de duas partículas em contato com os momentos magnéticos na configuração “head-to-tail”. A força de atração entre as nanopartículas é de origem dipolar magnética e de van der Waals, contudo a força dipolar é desprezível em comparação com a de van der Waals, para o caso de uma nanopartícula com diâmetro igual a 13,8nm a uma distância de 2nm. A força é dada então por: Fnp = −∇E , onde (4.37) 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm E=− 131 2R2 A 2R 2 C 2 − (2 R ) 2 + + ln , 6 C 2 − (2 R ) 2 C 2 C2 (1.1) A é a constante de Hamaker, C é a distância centro-a-centro e R é o raio das nanopartículas. Os valores utilizados na estimativa do stress foram A = 4 × 10−20 J [57], R = 6,9nm , C = 15,8nm e 2 área = π (10−7 ) cm2 , nos permitindo obter σ = 10, 6 ×106 dina / cm2 . Utilizando para nosso sistema de nanopartículas encapsuladas a constante de magnetostricção da magnetita policristalina λs = 40 ×10−6 [37], encontramos K m = 637 erg / cm3 . A Figura 4.58 mostra a simulação teórica em comparação com os pontos experimentais da dependência angular do campo de ressonância para a amostra de nanopartículas com DRX=13,8nm em nanoporos de 80nm. A simulação teórica foi feita utilizando a energia livre (4.36), e foram utilizados M = 235 emu cm3 , K m = 637 erg / cm3 , K 2 = −650 erg cm3 e g = 2, 063 de onde obtemos o tamanho médio da cadeia linear formada no interior dos nanoporos correspondendo a Q = 6 nanopartículas. Vemos, então, que é bem provável que o termo de anisotropia uniaxial que acrescentamos na energia livre (4.36) seja de origem magnetoelástica, pois os valores necessários para o ajuste são perfeitamente possíveis, dentro das nossas considerações. A Figura 4.59 mostra o gráfico da dependência da diferença entre máximo e mínimo do campo de ressonância com o tamanho da cadeia de nanopartículas Q , para M = 235 emu / cm3 , K m = 637 erg / cm3 , K 2 = −650 erg cm3 e g = 2, 063 fixos. No gráfico está destacado os valores da diferença entre máximo e mínimo possíveis de serem obtidos na simulação teórica da Fígura 4.58 considerando o erro experimental. Levando em consideração a barra de erro experimental obtemos para o tamanho médio da cadeia no interior dos nanoporos um Q que pode variar entre 4 e 11 nanopartículas. 4.5.1.2 Em Alumina com Nanoporos de 80nm 132 3600 Experimental Simulação teórica 3550 Q = 6 partículas 3 Km = -637 erg/cm 3 3500 K2 = -650 erg/cm 3450 M = 235 emu/cm g = 2,063 3 HR (Oe) 3400 3350 3300 3250 3200 3150 3100 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 58: Campo de ressonância da componente devido à nanopartículas de DRX=13,8nm encapsuladas em nanoporos de alumina com 80nm em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a curva sólida em vermelho representa a simulação teórica, considerando o termo de energia magnetielástica. 400 380 HR (π /2) - HR (0) 360 364 Oe 340 320 316 Oe 300 280 260 240 220 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Q Figura 4. 59: Curva teórica da diferença entre máximo e mínimo do campo de ressonância em função do tamanho da cadeia de nanopartículas para os parâmetros do gráfico da Figura 4.58, destacados os valores para a diferença considerando a barra de erro. 4.5.3.2.1 Encapsulando Pela Segunda Vez 133 4.5.3.2.1 Encapsulando Pela Segunda Vez Na tentativa de encapsular mais nanopartículas, repetimos o processo de encapsulamento na amostra de nanopartículas de DRX=13,8nm em nanoporo de 80nm e fizemos medidas de RME. O resultado encontra-se na Figura 4.60. Vemos que o arranjo de nanopartículas na alumina deixou de ter uma simetria uniaxial. Poderíamos pensar que a simetria resultante do segundo encapsulamento fosse devido à interação entre cadeias de nanoporos vizinhos, contudo essa interação gera uma simetria uniaxial, favorecendo a magnetização a permanecer no plano da alumina [58]. A simetria resultante, provavelmente é devido à formação de multipolos magnéticos no interior dos nanoporos da alumina. Entretando, a análise destas contribuições está acima dos objetivos desta dissertação e ficarão para o futuro. Encapsulada 1 vez Encapsulada 2 vezes 3400 3380 3360 3340 HR (Oe) 3320 3300 3280 3260 3240 3220 3200 -20 0 20 40 60 80 ϕ H 100 120 140 160 180 200 (graus) Figura 4. 60: Campo de ressonância de nanopartículas de DRX=13,8nm em alumina com 80nm, após depositar o fluido sobre a alumina sem limpar o excesso de nanopartículas da superfície (amostra suja) e depois de limpa, em função do ângulo entre o campo externo aplicado e os nanoporos, onde a linha sólida funciona como guia para os olhos. 4.5.4 Síntese dos Resultados 134 4.5.4 Síntese dos Resultados A Tabela 4.2 mostra os valores das constantes de anisotropia utilizadas na expressão da densidade de energia livre para todas as amostras. A expressão (4.36) representa a energia livre mais geral que utilizamos: 3VK Q Km 2 F = −2π M 2 + ( N per − N par ) + sin θ cos 2 ϕ + 3 2 2π M 2π r 1 K 2 ( sin 4 θ sin 2 ( 2ϕ ) + sin 2 ( 2θ ) ) − MH sin θ cos(ϕ − ϕ H ) ⇒ 4 (4.36) ⇒ F = K1 sin 2 θ cos 2 ϕ − K m sin 2 θ cos 2 ϕ + K2 1 ( sin 4 θ sin 2 ( 2ϕ ) + sin 2 ( 2θ ) ) − MH sin θ cos(ϕ − ϕH ). 4 (4.38) Na Tabela 4.2 K1 é um parâmetro geral que representa todas as possíveis contribuições uniaxiais na densidade de energia, com exceção da amostra de nanopartículas com DRX=13,8nm em alumina com nanoporo de 80nm onde K1 é uma contribuição bem definida, dada por −2π M 2 f ( Q ) = −2π M 2 3VK Q 2π r 3 + ( N per − N par ) , sendo o primeiro termo devido à interação dipolar e o segundo representa a energia magnetostática. Portanto, em todas as outras amostras K1 pode possuir um termo de contribuição magnetoelástica, resultando em um Km não nulo, apesar de seu valor não estar explícito na Tabela 4.2. Tabela 4. 2: Valores das constantes de anisotropia de todas as amostras. Amostra K1 K2 -Km Alumina DRX=10,1nm 1030 erg/cm3 − − 35nm DRX=13,8nm 2100 erg/cm3 − − DRX=10,1nm 1800 erg/cm3 850 erg/cm3 − DRX=10,1nm 2600 erg/cm3 1300 erg/cm3 − DRX=12,3nm 1300 erg/cm3 1200 erg/cm3 − DRX=13,8nm −2π M 2 f ( Q ) = −1473,5 erg cm3 Q = 2, 2 nanopartículas -150 erg/cm3 − DRX=13,8nm −2π M 2 f ( Q ) = −889,3 erg cm3 Q = 6 nanopartículas -650 erg/cm3 -637 erg/cm3 2° encapsulamento Alumina 80nm corrigido 4.5.4 Síntese dos Resultados 135 Em todas as amostras de alumina com nanoporos de 80nm acrescentamos um termo de energia com simetria cúbica. Normalmente o termo de energia com simetria cúbica é de origem magnetocristalina. Todavia, além da ordem de grandeza da constante de anisotropia K2 não coincidir com os valores típicos da literatura, que variam entre 104 − 106 erg / cm3 , temos que para a amostra de nanopartículas com DRX=10,1nm, K2 não permaneceu constante após realizarmos o processo de encapsulamento pela segunda vez. Este fato não seria esperado caso esta contribuição fosse de origem magnetocristalina, sugerindo na realidade que K 2 dependa do empacotamento das nanopartículas no nanoporo. Acreditamos, portanto, que essa contribuição surja devido a interações multipolares no interior dos nanoporos. Na amostra de nanopartículas com DRX=10,1nm em alumina com nanoporos de 80nm obtivemos K2 negativo. A densidade de energia com simetria cúbica que utilizamos neste trabalho, para K2 positivo, analisando a varredura do campo no plano x-y, possui mínimo de energia para a magnetização nas direções ϕ = 0° , ϕ = 90° e ϕ = 180° . Para K2 negativo há uma mudança nessas direções que minimizam a energia, que passam a ser ϕ = 45° e ϕ = 135° . A Tabela 4.3 mostra a posição da magnetização das nossas amostras em relação ao plano da alumina na ausência de campo magnético externo. Tabela 4. 3: Posição da magnetização na ausência de campo magnético externo em relação ao plano da alumina. Amostra Alumina 35nm Alumina 80nm Posição da Magnetização DRX=10,1nm Paralela ao plano DRX=13,8nm Paralela ao plano DRX=10,1nm Paralela ao plano DRX=10,1nm Paralela ao plano 2° encapsulamento DRX=12,3nm Paralela ao plano DRX=13,8nm Perpendicular ao plano 4.6 Fabricação de Nanofios 136 4.6 Fabricação de Nanofios Nesta seção serão apresentadas algumas imagens de AFM de nanofios crescidos a partir das nanopartículas encapsuladas em nanoporos de alumina de onde obtivemos uma distribuição de diâmetro desses nanofios. 4.6.1 Dados de AFM Por fim, deixamos a amostra que possui nanoporos de 80nm com nanopartículas de DRX=10,1nm a uma temperatura de 300°C durante 1h. Logo após dissolvemos a membrana de alumina em uma solução de NaOH 1mol/l. Pingamos uma gota da solução em uma membrana de mica. Algumas das imagens obtidas estão mostradas nas Figura 4.61, 4.62 e 4.63. A princípio poderíamos pensar que obtivemos nanofios de magnetita, afinal utilizamos nanopartículas de magnetita. Ocorre que a magnetita se converte com uma relativa facilidade (por exemplo, quando colocada a uma temperatura de 300°C) em maghemita ou mesmo hematita, neste último caso um sistema antiferromagnético. Por isso desconfiamos que os nanofios apresentados na imagem acima sejam, possivelmente, de hematita. Cabe ressaltar ainda que a quantidade de nanofios obtida foi baixa inviabilizando a caracterização por DRX que permitiria que concluíssemos a estrutura cristalina do material. Isto certamente se deve também ao fato desta amostra apresentar uma pequena quantidade de nanopartículas encapsuladas. 4.6.1 Dados de AFM 137 Figura 4. 61: Imagen de AFM do sinal de fase obtido no modo não-contato mostrando nanofios sintetizados em alumina com poros de 80nm depositados sobre a mica. Figura 4. 62: Imagen de AFM do sinal de fase obtido no modo não-contato mostrando nanofios sintetizados em alumina com poros de 80nm depositados sobre a mica. 4.6.1 Dados de AFM 138 Figura 4. 63: Imagens de AFM do sinal sinal de fase obtido no modo não-contato não contato mostrando nanofios sintetizados em alumina com poros de 80nm depositados sobre a mica. Figura 4.64 mostra a distribuição de diâmetros dos dos nanofios obtida por meio das imagens de AFM. AFM Para a distribuição de diâmetro desses nanofios obtida com o AFM encontramos DmAFM = 25,8nm e σ AFM = 0,30nm . Vemos que obtivemos nanofios com diâmetro menor do que o diâmetro do nanoporo da alumina. Sabemos que as imagens de AFM possuem dimensões ligeiramente maiores que as reais. Portanto o diâmetro modal real é menor do que o encontrado pelas imagens de AFM. Número de contagens inter e intrananofios 4.6.1 Dados de AFM 139 55 50 AFM Lognormal 45 40 Dm = 25,8 ± 0,4nm σ = 0,30 ± 0,02nm 35 30 25 20 15 10 5 0 10 20 30 40 50 60 70 Diâmetro do nanofio (nm) Figura 4. 64: Distribuição de tamanhos de nanofios da amostra de nanopartículas com DRX=10,1 em alumina de 80nm obtidas pelo AFM. O diâmetro modal dos nanofios foi 2,58 vezes maior que o diâmetro das nanopartículas utilizadas para a obtenção desses nanofios. Provavelmente as nanopartículas encapsularam de tal modo a se acomodarem lateralmente no interior do nanoporo. Uma aproximação razoável é considerar que o nanofio foi originado a partir de 4 cadeias de nanopartículas no interior de um nanoporo, que num processo de difusão de massa das nanopartículas, originou nanofios com diâmetro da ordem e 25,8nm (vide Figura 4.65). Figura 4. 65: Desenho esquemático ilustrando 4 cadeias de nanopartículas com DRX= 10,1nm em um possível arranjo no interior de um nanoporo de alumina com 80nm. 4.6.1 Dados de AFM 140 Na amostra de alumina com nanoporos de 80 nm contendo nanopartículas de DRX=13,8nm houve um melhor encapsulamento. De fato os dados de RME mostraram uma contribuição de partículas encapsuladas maior do que a de nanoestruturas na superfície, após o processo de limpeza da alumina. Neste sistema obtivemos que a magnetização se orientou na direção dos nanoporos, ou seja, perpendicular ao plano da alumina. Cabe ressaltar que ainda não obtivemos imagens dos nanofios originados das nanopartículas com DRX=13,8nm, pois pretendemos realizar outros testes antes de destruir o substrato de alumina. Capítulo 5 Conclusões e Perspectivas 5.1 Conclusões Neste trabalho investigamos o encapsulamento de nanopartículas de magnetita com DRX=10,1nm, DRX=12,3nm e DRX=13,8nm em alumina com nanoporos de 35nm e 80nm, por meio das técnicas de Microscopia de Força Atômica (AFM), Magnetometria de Amostra Vibrante (VSM) e Ressonância Magnética Eletrônica (RME). O método de encapsulamento das nanopartículas é bastante simples. Simplesmente pingando uma gota de fluido magnético sobre a alumina, por capilaridade, o fluido penetra no interior dos nanoporos juntamente com as nanopartículas. As imagens de AFM mostraram o sucesso do encapsulamento das nanopartículas nos nanoporos de alumina com 80nm. Os dados de RME para alumina com nanoporos de 35nm mostraram que a magnetização de todas as amostras encontra-se no plano da mesma. Os resultados experimentais foram ajustados considerando no termo de energia uma contribuição uniaxial ( K1 ) e o termo Zeeman. Para as amostras com nanoporos de 80 nm foi necessária a inclusão de um termo de energia com simetria cúbica ( K 2 ). O valor de K 2 foi duas ordens de grandeza menor que valores típicos para contribuições magnetocristalinas. De fato, K 2 variou para nanopartículas de diâmetros diferentes, assim como repetindo o processo de encapsulamento. Os resultados sugerem que K 2 depende do arranjo e concentração de nanopartículas. 141 5.1 Conclusões 142 Em particular, os dados de RME para alumina com nanoporos de 80 nm e nanopartículas com diâmetro de 13,8 nm, recobertas com ácido cítrico, apresentaram magnetização perpendicular ao plano. O espectro de RME foi ajustado por duas gaussianas, uma representando uma componente com magnetização paralela e outra perpendicular. Imagens de AFM sugerem, na nossa amostra, que resíduos na superfície são responsáveis pela componente paralela. A análise dos dados do campo de ressonância para a componente perpendicular foram ajustados considerando na densidade de energia termos de simetria uniaxial e cúbica. Na contribução uniaxial foi explicitado o termo devido à interação dipolar magnética, entre nanopartículas formando uma cadeia linear, o termo magnetostático, devido à autoorganização das nanoestruturas, e um magnetoelástico, proveniente do stress gerado pelo empacotamento das nanopartículas, cuja origem foi atribuída à interação dipolar entre as nanoestruturas formando a cadeia. A análise teórica permitiu concluir que o tamanho médio da cadeia linear corresponde a 6,0 nanopartículas, podendo variar entre 4 e 11. Esta mesma amostra foi submetida a um segundo processo de encapsulamento. Neste novo caso a dependência angular do campo de ressonância apresentou uma simetria diferente de contribuições tipicamente uniaxiais ou cúbicas, devido a formação de nanoestruturas autoorganizadas mais complexas. Tal contribuição pode estar associada a multipolos magnéticos. Por fim, após aquecermos a alumina que continha nanopartículas com DRX=10,1nm e a dissolvermos em uma solução aquosa de NaOH, obtivemos imagens de AFM dos nanofios. Uma distribuição de tamanho construída a partir das imagens e ajustada por uma lognormal nos forneceu um diâmetro modal para os nanofios de 25,8 ± 0, 4nm , diâmetro este bem menor que o diâmetro do nanoporo (80 nm), e uma dispersidade de 0,30 ± 0, 02nm . Devido ao fato de aquecermos a 300°C a amostra, acreditamos que os nanofios obtidos sejam de hematita. 5.2 Perspectivas 143 5.2 Perspectivas Neste trabalho investigamos o efeito de encapsulamento de nanopartículas em matrizes de alumina com apenas dois diâmetros de nanoporos, 35 e 80 nm. Aparentemente em apenas uma delas tivemos sucesso no encapsulamento. Portanto, a primeira perspectiva de trabalho futuro seria avaliar este mesmo fenômeno utilizando matrizes de alumina, em um número maior de amostras, contendo nanoporos numa faixa de diâmetros mais larga (várias amostras com diferentes diâmetros na faixa de 35-300 nm). Aparentemente o método de encapsulamento utilizado pode não ter sido muito eficiente. Podemos implementar uma nova metodologia para tentar aumentar esta eficiência. Uma forma de se fazer isso, por exemplo, pode ser utilizando uma matriz de alumina nanoporosa, cujos nanoporos são vazados. Neste caso um melhor encapsulamento poderia ocorrer forçando um fluxo do líquido contendo nanopartículas magnéticas através desses nanoporos. A idéia é que uma maior quantidade de nanopartículas poderia ser internalizada, sem contar, ainda, que o campo de velocidade do fluxo de fluido através dos nanoporos talvez pudesse favorecer a autoorganização de nanoestruturas em cadeias lineares. A produção de nanofios exige dois controles fundamentais, o seu diâmetro e seu comprimento. Nossos estudos sugerem que dependendo do processo de encapsulamento seja possível controlar o tamanho do nanofio. É possível também aferir que o uso de nanopartículas com diâmetros distintos possam servir de nucleadores para a produção de nanofios com diâmetros controlados. Na verdade nosso estudo tinha também este objetivo. Até o momento, no entanto, não temos certeza se teremos sucesso neste controle, já que não temos imagens de AFM de nanofios obtidos a partir das amostras contendo nanopartículas encapsuladas de maior diâmetro (13,8nm). Independentemente disso, um estudo usando uma faixa de diâmetros de nanopartículas maior ainda seria bastante interessante (faixa entre 3-30 nm). A partir da síntese de uma quantidade expressiva de nanofios pode-se imaginar sua pré-utilização para a preparação de colóides magnéticos estáveis contendo nanofios funcionalizados, ao invés de nanopartículas. Estes materiais poderiam ser utilizados para estudos de propriedades magnéticas, magneto-ópticas e magnetotransporte dessas nanoestruturas. Apêndice A Interação de van der Waals entre Duas Esferas O principal motivo da aglomeração entre as nanopartículas em sistemas coloidais é devido à interação de London-van der Waals entre elas. Neste apêndice discutiremos essa interação [11]. A energia de interação entre duas partículas contendo q átomos por cm 3 é dado por: E = − ∫ dv1 ∫ dv2 V1 V2 q 2λ , r6 (A.1) onde dv1 , dv2 , V1 e V2 representam os elementos de volume e os volumes totais das duas partículas respectivamente, r é a distância entre dv1 e dv2 e λ é a constante de London-van der Waals. Considere uma esfera de Raio R1 centrada em O e um ponto P , fora da esfera, a uma distância OP = R , como ilustrado na Figura A.1. Uma esfera de raio r , centrada em P , intercepta a esfera de raio R1 , centrada em O , compreendendo uma superfície de intersecção ABC. 144 Interação de van der Waals Entre Duas Esferas 145 Figura A. 1: Parâmetros geométricos para a interação entre uma esfera de raio R1 e um átomo em P . A superfície ABC é dada pela seguinte expressão: 2π Superficie ( ABC ) = θ0 ∫ dϕ ∫ dθ r 0 2 sin θ = −2π r 2 cos θ 0 θ0 0 ⇒ ⇒ Superficie ( ABC ) = −2π r 2 ( cos θ0 − 1) . (A.2) θ0 pode ser obtido da relação R12 = R 2 + r 2 −2rR cos θ 0 ⇒ cos θ 0 = − R12 + R 2 + r 2 . 2 Rr (A.3) Substituindo a expressão (A.3) em (A.2), obtemos −R2 + R2 + r 2 R 2 − R 2 − r 2 + 2 Rr Superficie ( ABC ) = −2π r 2 1 − 1 = 2π r 2 1 ⇒ 2 Rr 2 Rr ⇒ Superficie ( ABC ) = π r 2 2 R1 − ( R − r ) . R { } (A.4) A energia potencia devido a interação de Londo-van der Waals de um átomo colocado no ponto P é dada por: R + R1 EP = − ∫ R − R1 λq r 2 2 π R1 − ( R − r ) dr . 6 r R { } (A.5) Se o ponto P , considerado na figura A.1, for um ponto no interior de uma segunda esfera de raio R2 e centrada em O2 (passaremos a chamar o ponto central O da primeira esfera de O1 ), com uma distância O1O2 = C , como ilustrado na Figura A.2, então a energia Interação de van der Waals Entre Duas Esferas 146 potencial entre as duas esferas é obtida integrando o termo de energia (A.5) para todos os pontos na segunda esfera. Figura A. 2: Parâmetros geométricos para a interação entre duas esferas. A energia de interação entre as duas esferas fica, então: C + R2 E= ∫ C − R2 EP qπ R 2 2 R2 − ( C − R ) dR ⇒ C { C+R } R+ R 1 −π 2 q 2 λ 2 2 1 2 2 ⇒E= R2 − ( C − R ) dR ∫ 5 R12 − ( R − r ) dr . ∫ C C − R2 r R − R1 { } { } (A.6) Resolvendo a integral em dr , temos C+R −π 2 q 2 λ 2 2 1 2R 1 2R 1 2 E= R2 − ( C − R ) dR ⋅ + + 3 ∫ C C − R2 12 ( R + R1 ) ( R − R1 )3 { } − , 2 ( R − R1 ) (A.7) 2 C 2 − ( R1 + R2 ) 2 R1 R2 2 R1 R2 1 E = −A 2 + + ln 2 , 2 6 C − ( R1 + R2 )2 C 2 − ( R1 − R2 )2 − − C R R ( ) 1 2 (A.8) + 1 1 (R + R ) 1 2 que resultará onde A = π 2 q 2 λ é a chamada constante de Hamaker. Interação de van der Waals Entre Duas Esferas 147 A equação (A.8) expressa à energia de interação de London-van der Waals entre duas esferas como função dos raios R1 e R2 das duas esferas e da distância centro a centro C . Fazendo R1 = R2 = R , obteremos a expressão (1.1) E=− A 2R2 2R2 C 2 − (2 R) 2 + + ln 2 , 6 C − (2 R)2 C 2 C2 (1.1) que é a energia média entre duas nanopartículas em um fluido cujas nanopartículas possuem um raio médio igual a R . Apêndice B Modelo de Stoner-Wohlfarth Quando fazemos a dependência entre a magnetização de uma amostra magnética em relação ao campo magnético aplicado, obtemos uma curva de magnetização que pode apresentar histerese ou não. Uma curva de magnetização sem histerese é típica paramagnética ou superparamagnética, onde não há anisotropia magnética. Em sistemas anisotrópicos, todavia, há uma defasagem entre a magnetização e o campo magnético aplicado ao longo da varredura do campo. O modelo de Stoner-Wohlfarth é um modelo simplificado que descreve a física da magnetização de pequenos grãos magnéticos, levando em consideração as seguintes aproximações [59]: 1. A partícula estudada deve ser monodomínio magnético; 2. Deve apresentar anisotropia uniaxial; 3. Todos os momentos magnéticos dos átomos que constituem a partícula magnética devem rotacionar coerentemente; Consideremos o eixo de anisotropia da nanopartícula na direção z. Como mostrado na Figura B.1 θ é o ângulo entre a magnetização M e o eixo de anisotropia e ϕ é o ângulo entre o campo magnético B e o eixo de anisotropia. 148 Modelo de Stoner-Wohlfarth 149 Figura B. 1: Geometria da partícula com os respectivos ângulos para a magnetização e para o campo magnétco aplicado. A densidade de energia da partícula magnética na presença de um campo magnético externo é dada por: E = K sin 2 θ − µ 0 MH cos(θ − ϕ ) , (B.1) onde o primeiro termo representa a energia de anisotropia e o segundo é a energia Zeeman. O modelo de Stoner-Wohlfarth consiste em encontrar a posição θ de equilíbrio da magnetização encontrando os mínimos do termo de energia (B.1). A condição de mínimo da energia é dada por ∂2E ∂E e = 0 >0. 2 ∂θ θ =θ0 ∂θ θ =θ0 (B.2) O que nos dá: ∂E = 2 K sin θ 0 cos θ 0 + µ0 MH sin(θ 0 − ϕ ) = 0 ∂θ θ =θ0 (B.3) Fazendo a seguinte mudança de variáveis na expressão (B.3), h= H HK ⇒ HK = 2K , µ0 M temos 1 ∂E = sin θ 0 cos θ 0 + h sin(θ 0 − ϕ ) = 0 . 2 K ∂θ θ =θ0 Encontrando a condição de mínimo, temos (B.4) Modelo de Stoner-Wohlfarth 150 1 ∂2E = cos 2 θ 0 − sin 2 θ 0 + h cos(θ 0 − ϕ ) > 0 . 2 2 K ∂θ θ =θ (B.5) 0 O sistema de equações (B.4) e (B.5) possui solução analítica apenas para ϕ = 0 e π 2 . Vamos analisar o caso em que ϕ = 0 . A equação (B.4) fica: sin θ 0 cos θ 0 + h sin θ 0 = 0 ⇒ sin θ 0 (cos θ 0 + h) = 0 ⇒ ⇒ sin θ 0 = 0 ou ( cos θ 0 + h) = 0 , (B.6) o que nos fornece como solução θ 0 = 0, π ou arccos(−h) . Vamos agora testar cada uma dessas soluções pra saber se são pontos de máximo ou de mínimo. Vamos analisar o caso em que θ0 = 0 . 1 ∂2 E 2 2 2 = cos 0 − sin 0 + h cos 0 > 0 ⇒ 1 + h > 0 ⇒ h > −1 . 2 K ∂θ θ =0 (B.7) Vemos que θ 0 = 0 só é ponto de mínimo para o caso em que h > −1 . Vamos analisar o caso em que θ 0 = π . 1 ∂2 E 2 2 = cos π − sin π + h cos π > 0 ⇒ 1 − h > 0 ⇒ h < 1 . 2 K ∂θ 2 θ =π (B.8) Vemos que θ 0 = π só é ponto de mínimo para o caso em que h < 1. Vamos analisar o caso em que θ 0 = arccos(−h) . 1 ∂2 E = cos 2 (arccos(− h)) − 2 K ∂θ 2 θ =arccos( − h ) − 1 + cos 2 (arccos(− h)) + h cos(arccos(− h)) > 0 ⇒ ⇒ 2h 2 − 1 − h 2 > 0 ⇒ h 2 > 1 ⇒ h >1. (B.9) Vemos que cos θ 0 = −h somente se h < −1 e h > 1 , contudo para h nesse intervalo resultaria em cos θ0 > 1 , portanto não é ponto de mínimo. Modelo de Stoner-Wohlfarth 151 Encontrado as posições de equilíbrio θ0 da magnetização para o ângulo entre o campo magnético aplicado e o eixo de anisotropia ϕ = 0 , vamos estudar o comportamento da projeção da magnetização na direção do campo. Vamos definir a magnetização reduzida como M =m, M (B.10) cuja a projeção na direção do campo é m = cos (θ − ϕ ) . (B.11) No caso de ϕ = 0 , temos m = cos θ . Para θ = 0 h > −1 ⇒ m = cos(0 − 0) = 1 , (B.12) m = cos(π − 0) = −1 . (B.13) e para θ 0 = π h <1 ⇒ A Figura B.2 mostra o gráfico da magnetização para cada um dos intervalos de h . Figura B. 2: Curva de magnetização de uma partícula monodomínio com eixo de anisotropia uniaxial para o caso em que o campo magnético é aplicado na direção do eixo de anisotropia. Modelo de Stoner-Wohlfarth 152 Vamos analisar agora o caso em que ϕ = π 2 . A equação (B.4) fica: sin θ 0 cos θ 0 + h sin(θ 0 − π 2) = 0 ⇒ ⇒ sin θ 0 cos θ 0 + h(sin θ 0 cos(π 2) − sin(π 2) cos θ 0 ) = 0 ⇒ ⇒ sin θ 0 cos θ 0 − h cos θ 0 = 0 ⇒ cos θ 0 (sin θ 0 − h) = 0 o que nos fornece como solução θ 0 = π 2 , − π 2 (B.14) ou arcsin( h) . Vamos agora testar cada uma dessas soluções pra saber se são pontos de máximo ou de mínimo. Vamos analisar o caso em que θ0 = π 2 . 1 ∂2 E = cos 2 (π 2) − sin 2 (π 2) + h cos(π 2 − π 2) > 0 ⇒ 2 2 K ∂θ θ = π 2 ⇒ −1 + h > 0 (B.15) Vemos que θ 0 = π 2 só é ponto de mínimo para o caso em que h > 1 . Vamos analisar o caso em que θ0 = − π 2 . 1 ∂2 E = cos 2 (− π 2) − sin 2 (− π 2) + h cos(− π 2 − π 2) > 0 ⇒ 2 2 K ∂θ θ =− π 2 ⇒ −1 − h > 0 (B.16) Vemos que θ 0 = − π 2 só é ponto de mínimo para o caso em que h < −1 . Vamos analisar o caso em que θ 0 = arcsin h . 1 ∂2 E = 1 − sin 2 (arcsin h) − sin 2 (arcsin h) + h cos(arcsin h − π 2) > 0 ⇒ 2 K ∂θ 2 θ =arcsin h ⇒ 1 − 2h 2 + h(cos(arcsin h) cos(π 2) + h sin(arcsin h) sin(π 2)) > 0 ⇒ ⇒ 1 − 2h 2 + h 2 > 0 ⇒ 1 − h 2 > 0 ⇒ h 2 < 1 ⇒ h < 1 Vemos que sin θ 0 = h é ponto de mínimo dentro do intervalo −1 < h < 1 . (B.17) Modelo de Stoner-Wohlfarth 153 Escrevendo agora (B.11) para ϕ = π 2 , temos m = cos (θ − π 2 ) . Para θ = π 2 h >1 ⇒ m = cos(π 2 − π 2) = 1 , (B.18) para θ 0 = − π 2 h < −1 ⇒ m = cos( −π 2 − π 2) = −1 . (B.19) e para θ 0 = arcsin h −1 < h < 1 ⇒ m = cos(arcsin h − π 2) = = cos(arcsin h) cos(π 2) + sin(arcsin h)sin(π 2) ⇒ ⇒ m = h . (B.20) A Figura B.3 mostra o gráfico da magnetização para cada um dos intervalos de h . Figura B. 3: Curva de magnetização de uma partícula monodomínio com eixo de anisotropia uniaxial para o caso em que o campo magnético é aplicado perpendicular ao eixo de anisotropia. Modelo de Stoner-Wohlfarth 154 Os valores intermediários para o ângulo entre o campo magnético aplicado e o eixo de anisotropia podem ser calculados numericamente. O gráfico da magnetização para alguns desses ângulos está mostrado na Figura B.4. Figura B. 4: Curvas de magnetização de uma partícula monodomínio com eixo de anisotropia uniaxial para alguns ângulos entre o campo magnético externo e o eixo de anisotropia uniaxial. Bibliografia [1] Duran N., Mattoso L. H. C. and Morais P. 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