XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE FÍSICA MÉDICA 17 A 20 DE AGOSTO DE 2014 GOIÂNIA – GO HIPERTERMIA MAGNÉTICA DE NANOPARTÍCULAS à BASE DE MnFe2O4 : EFEITO DA PASSIVAÇÃO Victor R. Romero1, Marcelo H. Sousa2 e Andris F. Bakuzis1 1 Universidade Federal de Goiás, Instituto de Física, Goiânia, Brasil. 2 Universidade de Brasília, Faculdade de Ceilândia, Brasília, Brasil Resumo: Neste trabalho, foi investigado a influência da passivação da superfície de nanopartículas magnéticas na eficiência magnetotérmica. As nanopartículas à base de ferrita manganês foram sintetizadas pelo método coprecitação e recobertas com ácido cítrico para garantir a estabilidade coloidal em condições fisiológicas. Diferentes tamanhos de partículas (de 7 a 14nm) foram obtidos após uma separação de fase nos fluidos magnéticos por meio da alteração da força iônica do meio. As amostras foram caracterizadas por difração de raios-X (XRD), microscopia eletrônica de transmissão (TEM) e magnetometria de amostra vibrante (VSM). Medidas de hipertermia foram feitas em diferentes amplitudes de campo magnético em 300kHz. Diferentemente de outros estudos da literatura, neste trabalho o processo de passivação da superfície das nanopartículas com ferro foi investigado detalhadamente. Esta ferrita apresentou, dependendo do diâmetro, uma diminuição do efeito magnetotérmico após o processo de passivação. A teoria de resposta linear foi utilizada para explicar os dados experimentais, que se mostrou fortemente dependente não só da magnetização e dimensão da nanopartícula, mas também da constante de amortecimento. Palavras-chave: nanopartículas magnéticas, medicina térmica, radiação não-ionizante, nanomedicina. Introdução: Hipertermia com nanopartículas magnéticas consiste no aumento da temperatura local das nanopartículas devido à interação de seus momentos magnéticos com campo magnético alternado de amplitude e frequência adequadas. A origem do calor gerado pelas nanopartículas é atribuída ao fenômeno da histerese dinâmica. Este efeito tem sido sugerido como uma terapia inovadora para o tratamento do câncer, já que células neoplásicas malignas, em geral, respondem de forma mais significativa a variações de temperatura que células normais. Consequentemente, o tratamento por hipertermia pode levar a morte de células tumorais. Método: A síntese das nanopartículas foi feita pelo método de coprecipitação. Por outro lado a nanopartículas de diferentes diâmetros foram selecionadas por meio do método de separação de fase via variação de força iônica [1]. A Tabela 1 apresenta alguns dados obtidos neste estudo. Amostras passivadas e não-passivadas com diferentes tamanhos médios e magnetizações diferentes foram obtidas. Tabela 1 – Caracterização das amostras passivada (P) e não passivada (NP) AMOSTRAS não passivada(1) não passivada(2) não passivada(3) passivada(1) passivada(2) passivada(3) DRX(nm) 8.8 10.2 11.4 9.2 10.6 11.7 Ms (emu/cm3) 198 131 145 169 226 235 O modelo teórico utilizado foi o de resposta linear [2,3], o qual é válido para amplitudes de campo magnético baixo. Neste caso a resposta magneto-térmica (SAR) depende fortemente do tempo de relaxação de Neél. XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE FÍSICA MÉDICA 17 A 20 DE AGOSTO DE 2014 GOIÂNIA – GO Resultados: A figura 1 mostra as curvas de hipertermia magnética para amostras PAS e NPS de diâmetro semelhante. Inserido no gráfico está uma simulação numérica de uma gota contendo fluido magnético com nanopartículas com os parâmetros experimentais investigados. Figura 1 Discussão e Conclusões: Amostras passivadas (PAS) e não passivadas (NPS) de diâmetro semelhante (dados obtidos não somente via DRX, mas por TEM) mostraram significativa variação de efeito magneto-térmico. Em geral, observou-se uma diminuição da resposta magneto-térmica para amostras passivadas. A teoria do regime linear foi utilizada para análise dos dados. Os cálculos teóricos indicam que tal efeito em alguns casos não foi resultado de alterações na magnetização ou da constante de anisotropia. De fato, diferenças associadas a constante de amortecimento dos nanomateriais parecem explicar os dados. Isto sugere forte influência de efeitos de superfície nas propriedades magneto-térmicas de ferritas à base de manganês. Agradecimentos: CNPq, FAPEG e FUNAPE. Referências: 1. M. H. Sousa et al., J. Phys. Chem. B, 105, 1168 (2001). 2. E. L. Verde, G. T. Landi, J. A. Gomes, M. H. Sousa, and A. F. Bakuzis. J. Appl. Phys. 111, 123902 (2012). 3. E. L. Verde, G. T. Landi, M. S. Carrião, A. L. Drummond, J. A. Gomes et al. AIP Advances 2. 032120 (2012). .