as aulas de educação sexual no ensino

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Edição 23, volume 1, artigo nº 5, Outubro/Dezembro 2012
D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/2305
VEGETAÇÃO DE RESTINGA: ASPECTOS DO IMPACTO
PROVOCADO PELO DESENVOLVIMENTO SÓCIOECONÔMICO DA REGIÃO NORTE-FLUMINENSE E
ALTERNATIVAS PARA SUA VALORIZAÇÃO
Daniel Paes da Silva1, Iana de Almeida Maravilha Gomes2, Marco Antonio
Lopes Cruz3
1
Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil.
[email protected]
2
3
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes,
Rio de Janeiro, Brasil. [email protected]
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental
de Macaé (NUPEM), Laboratório de Biotecnologia Vegetal, Rio de Janeiro, Brasil.
[email protected]
Resumo - Estudos realizados recentemente abordando a composição vegetal
em ecossistemas de restinga da Região Norte Fluminense indicam uma rica
diversidade e potencial econômico para utilização de plantas medicinais e
ornamentais. Muitas alterações foram promovidas nesse ecossistema pela
exploração econômica da região, com destaque para o Ciclo Econômico da
cana-de-açúcar que teve na abertura do canal Campos – Macaé uma das suas
principais consequências. Embora a restinga englobada pelo Parque Nacional
de Jurubatiba tenha um significativo grau de preservação, atualmente, a
exploração de petróleo na Bacia de Campos se coloca como mais um desafio
para a sua preservação. Também as atividades agrícolas ameaçam as
condições naturais da restinga devido à possibilidade de escape de defensivos
agrícolas de áreas de plantio para dentro desse ecossistema litorâneo. A
utilização de biotecnologia vegetal, em especial a cultura de tecidos, pode ser
uma alternativa para a utilização e conseqüente valorização de espécies
vegetais com interesse econômico presentes na restinga, seja na produção de
plantas medicinais ou plantas ornamentais. Um grande esforço tem sido feito
por agentes sociais para preservar esse ecossistema, incluindo pesquisadores
ligados ao NUPEM. A difusão na rede de ensino sobre as possibilidades de
utilização dos recursos vegetais da restinga constitui uma forte estratégia de
mobilização social para preservação desse ecossistema ameaçado.
Palavras chaves: restinga, biotecnologia vegetal, Parque de Jurubatiba,
educação ambiental, exploração sustentável.
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Abstract - Recent studies related to plant biodiversity of Restinga ecosystem in
the Norte Fluminense area show a great diversity and economic potential in the
use of medicinal plants and ornamental plants. Many changes in this ecosystem
were caused by economic exploitation, specially the sugar-cane cycle that had
one of the major consequences, the opening of the Campos – Macaé Canal.
Although the restinga is included into the Jurubatiba National Park, which is well
preserved, nowadays, the oil exploration in the Campos Basin is one more
challenge to the restinga’s preservation. Also, agricultural activities endanger the
restinga due the presence of pesticides so near this coastal ecosystem. The use
of plant biotechnology, specially tissue culture, can be an alternative to use and
value plants species with economical interest found in the restinga, either
medicinal plants or ornamental plants. A big effort to preserve this ecosystem
has been done by society, including researchers connected to NUPEM. To
spread in the education network, possibilities of utilization of restinga’s vegetal
resources can be a strong strategy to mobilize society to preserve this so
threatened ecosystem.
Key words: restinga, plant biotechnology, Jurubatiba Park, environmental
education, sustainable exploration
1. Introdução
Denomina-se restinga o conjunto de formação sedimentar arenoso marinho
depositado durante o quaternário ao longo do litoral brasileiro (Araújo e Maciel,
1980). Recentemente, tomando um caráter mais abrangente o termo restinga foi
aplicado para descrever ecossistemas terrestres, com diferentes formações
vegetais; ecossistemas aquáticos e semi-aquáticos em planícies arenosas costeiras
que ocorrem no Norte Fluminense (Esteves, 2011). A pressão pela especulação
imobiliária e a alteração da sua condição natural, têm se constituído nas principais
ameaças a esse ecossistema no Norte Fluminense.
No início da década de 80, pesquisadores do Laboratório de Limnologia do
Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, começaram a investigar a complexidade paisagística da região de Macaé e
proximidades. A partir daí iniciaram um processo de articulação que culminou com a
criação do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM). Mais tarde, as
ações desse Núcleo levaram a criação do Parque Nacional da Restinga de
Jurubatiba em 1998. Este Parque Nacional é o único a proteger somente
ecossistemas de restinga (Esteves, 2011). Agora denominado Núcleo em Ecologia e
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Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé, o NUPEM é peça central na luta pela
preservação das restingas do Norte Fluminense, entretanto a participação da
população da região é fundamental para fortalecer a prática da preservação nas
diferentes esferas da sociedade regional. Nesse contexto, a participação dos
agentes de ensino da região é imprescindível.
Recentes estudos sobre a composição florística da Restinga de Jurubatiba
com objetivos de fazer levantamento de espécies e potencial econômico apontam
para uma significativa diversidade vegetal nesse ecossistema (Santos et al., 2004;
Moura et al., 2007). Vários estudos têm descrito o uso das plantas como recurso
medicinal das mais diferentes formas feito pelas populações locais das Restingas do
Norte Fluminense (Boscalo & Senna Valle, 2008). As inferências etnobotânicas são
extremamente importantes para a identificação dos recursos vegetais para que esse
possa ser utilizado de forma sustentável. Alguns autores têm relatado a escassez de
estudos etnobotânicos nas restingas do Rio de Janeiro (Santos et al., 2009).
Constitui-se então uma urgente necessidade de aumento nas pesquisas que
buscam identificar formas de utilização desse potencial econômico visando a
valorização das espécies vegetais da restinga e consequente esforço de
preservação.
2. Ameaças ao ecossistema de restinga do Norte Fluminense
Não são novidade as perturbações promovidas pela exploração econômica da
região sobre os seus ecossistemas. Já com o ciclo econômico da cana-de-açúcar, a
abertura do canal Campos - Macaé sua utilização para escoamento da produção de
açúcar, iniciada em 1872, impactou significativamente as condições naturais da
Restinga de Jurubatiba (Esteves, 2011). Ainda assim, esse ecossistema possui
considerável grau de preservação. Entretanto, o início de um novo ciclo econômico
alavancado pela descoberta do primeiro poço de petróleo da Bacia de Campos em
1974, marca o início de um novo período de desenvolvimento na região do Norte
Fluminense com enormes impactos para as áreas naturais (Esteves, 2011).
Os Durante todo o ano de 2011, foram produzidos, aproximadamente, 768
milhões de barris de petróleo e 24 bilhões de metros cúbicos de gás natural. Isso
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representa um total de 919 milhões de barris de óleo equivalente. O estado do Rio
de Janeiro foi responsável pela produção de 73,3% do petróleo extraído na Brasil no
ano de 2011, o Espírito Santo 15,7% e os demais estados respondem por 11% da
produção (ANP, 2012).
Figura 01 – Percentual da produção de petróleo em função das bacias de extração no
Brasil em 2011 (ANP, 2012).
Analisando a produção por bacia de extração essa concentração fica ainda
mais evidenciada. A Bacia de Campos foi responsável pela produção de 83,4% da
produção nacional (Figura 01). Considerando que essa produção alcançou o número
de 1.847.519 barris/dia e que o preço médio do barril de petróleo em 2011 foi de
111,00 dólares (ANP, 2011). Podemos calcular com precisão o volume de recursos
que alimentam essa exploração que somaram mais de 6 bilhões de dólares por mês
(Figura 02). Esses recursos que sustentam um aspecto do desenvolvimento
regional, também sustentam diferentes formas de degradação ambiental. Um forte
componente da degradação atrelada à economia do petróleo é a exploração
imobiliária voltada para criação de áreas residenciais ou industriais (Esteves, 2011).
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Valor médio da produção mensal de
petróleo em 2011 (bilhão de dolares)
7
6
5
4
3
2
1
0
Bacia de Campos
Bacia de Santos
Outras
Figura 02 – Valor médio da produção mensal de petróleo de 2011 em diferentes
bacias de exploração. Valores em expressados em bilhão de dólares.
(ANP, 2012).
2.1. Contaminações de Ecossistemas Aquáticos com Defensivos Agrícolas
Embora as atividades conseqüentes da exploração do petróleo sejam talvez a
principal ameaça as áreas de proteção da Restinga de Jurubatiba, também a
contaminação dos ecossistemas aquáticos com insumos e defensivos agrícolas
residuais provenientes de atividades do agronegócio no entorno, constituem uma
fonte de problema para manutenção das condições naturais desse ecossistema. A
interferência das atividades agropecuárias em ecossistemas aquáticos ocorre pelo
escape de defensivos agrícolas (inseticidas, fungicidas, herbicidas e acaricidas) de
áreas de cultivo para estes ambientes. Essa interferência pode afetar negativamente
várias atividades humanas ligadas a uso dos recursos hídricos, tais como lazer,
pesca, irrigação, uso doméstico entre outros. A contaminação desses ambientes põe
em risco não só a integridade da saúde humana (Alavanja et al., 2004), mas também
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a biodiversidade desses ambientes. Não é recente, o conhecimento do impacto
negativo sobre organismos não-alvos em decorrência da utilização de defensivos
agrícolas (Rodriguez-Kabana and Curl, et al. 1980).
A agricultura é o principal setor gerador de riquezas na região Norte do
Estado do Rio de Janeiro depois das atividades econômicas ligadas ao petróleo
(Cruz et al., 2009). Essa produção agrícola é consumidora de uma grande variedade
de defensivos agrícolas. Sabe-se que vários fatores interferem na adsorção de
herbicidas no solo e parece existir uma correlação entre os teores de matéria
orgânica a adsorção desses contaminantes. Também a variação do pH do solo pode
afetar a dinâmica de herbicidas no ambiente. Por exemplo, a calagem pode
redisponibilizar moléculas de herbicidas já adsorvidos na solução do solo e por
lixiviação esses compostos podem chegar aos cursos d’água, lagos e lagoas
(Zambolim et al., 2008). Outro aspecto sobre a utilização de defensivos agrícolas
são os efeitos dos inseticidas e acaricidas em organismos não-alvos. Essas
substâncias podem interferir na estrutura e função dos ecossistemas aquáticos (Fritz
and Braun, 2006), visto que esses acabam por funcionar como destino final dessas
substâncias (Sun et al., 2010; Lin et al., 2012). Existem várias classes de pesticidas:
esteróides, organoclorados, organofosforados, piretróides, carbamatos entre outros
(Zambolim et al., 2008). Tais compostos podem atuar como agente neurotóxicos
(Bhattacharya, 1993), desreguladores do crescimento, inibidores da cadeia
respiratória entre outros. Os efeitos dessas substâncias podem alterar diferentes
aspectos do ciclo de vida desses organismos. Isso inclui sobrevivência, crescimento,
desenvolvimento reprodução (razão sexual, fertilidade, ovoposição entre outros
aspectos).
O consumo de defensivos agrícolas vem aumentando no Brasil nos últimos
anos. Dados do Ministério da Agricultura mostram que esse comércio saltou de
5.372 bilhões de dólares em 2007, para a casa dos 8.488 bilhões de dólares em
2011 (Ministério da Agricultura, 2012). Desse comércio em 2011 a maior parte
comercializada ficou concentrada em inseticida (35%), herbicida (33%) e fungicida
27%. Os 5% restantes ficaram divididos em acaricidas e outros. Ainda que a
produção agrícola da região tenha perspectivas de aumento, em função do
crescimento da demanda, pouco ou quase nada se sabe sobre a dinâmica de
agentes fitossanitários (herbicidas, fungicidas, inseticidas e acaricidas) em
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ambientes fora dos sistemas agrícolas em especial em ecossistemas aquáticos.
Muito embora o Canal Campos – Macaé possa atuar como um carreador de
substâncias residuais das atividades agrícolas para dentro da Restinga de
Jurubatiba uma vez que ele cruza várias regiões produtoras, existem poucos
estudos sobre essa questão, explicitando uma necessidade urgente de investigação
do tema, sobretudo o impacto causado sobre as espécies vegetais.
3. Biotecnologia para Exploração Sustentável dos Recursos Vegetais
das Áreas de Restinga do Norte Fluminense
A utilização de biotecnologia para melhorar a produção agrícola é uma necessidade
e uma realidade mundial (Carrer et al., 2010). Técnicas como a cultura de tecidos e
os métodos de micropropagação e embriogênese somática, são vistas como
alternativas para a produção de espécies vegetais de interesse econômico. Esse tipo
de tecnologia permite o aumento da rentabilidade em função de um amento na
produção com utilização de menor espaço e em menor escala de tempo. A utilização
de micropropagação de plantas é uma realidade para vários setores da produção
agrícola, sendo bastante difundida. Seja na cultura extensiva como a da cana-deaçúcar onde é utilizada para produção de mudas em larga escala (Cruz et al.,
2009), seja na produção de plantas em setores mais artesanais como a produção de
plantas ornamentais (Paiva et al., 2004; Rocha et al., 2009) e de plantas medicinais
(Morais et al., 2012). Essa produção pode perfeitamente ser combinada com a
pesquisa de espécies vegetais presentes em ecossistemas de restinga que
apresentem algum interesse sócio-econômico.
A exploração comercial da micropropagação apresenta vantagens como:
multiplicação rápida e uniforme de plantas elite, produção de mudas livres de
doenças (fungos, vírus e bactérias, por exemplo). Isto estabelece uma melhoria no
padrão e rendimento da produção, implicando em uma maior competitividade do
setor produtivo gerando aumento de renda e postos de trabalho no campo e nas
cidades. Muitos produtos naturais de origem vegetal têm sido utilizados diretamente
ou como base para síntese de fármacos contra diferentes tipos de doenças (Mann,
2002; McChesney et al; 2007; Ji et al., 2009). A utilização de micropropagação de
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espécies com potencial farmacológico constitui uma estratégia racional para
utilização desses recursos vegetais.
3.1. Esterilização química como alternativa para redução de custos na
produção de mudas via micropropagação
Como atividade comercial, a produção de mudas por micropropagação precisa levar
em consideração os custos relacionados à sua implantação e aos seus processos de
rotina interna. Neste contexto um dois pontos são fundamentais para o êxito desta
empreitada. Primeiro o custo com mão de obra e segundo o custo com energia
elétrica. No primeiro caso, a implementação de mecanismos automatizados pode
constituir uma alternativa, de acordo com as oferta e demandas locais ou ainda
implementando gerenciamento de trabalho
que permita um aumento de
produtividade por indivíduo, e desta forma diminuído o custo geral da produção.
Quanto ao consumo de energia elétrica existem implicações mais delicadas.
Dentro da sistematização do processo de micropropagação todos os estágios
consomem grande quantidade de energia elétrica, que é utilizada em diferentes fins.
As principais fontes de consumo são: a) esterilização de materiais, meios de cultura
e instrumentos; b) iluminação interna do ambiente; c) iluminação das plantas; d)
aclimatação dos ambientes internos. Duas das principais fontes de consumo são
consideravelmente reduzidas, quando se utiliza luz natural para crescimento das
plantas e uso de lâmpadas mais eficientes para iluminação dos diferentes ambientes
de trabalho. Além disso, a utilização de luz natural melhora a qualidade da planta
que vai para a estufa de aclimatação. O consumo de energia elétrica usada para a
climatização dos ambientes de trabalho e crescimento das plantas pode ser reduzido
com gerenciamento otimizado destes ambientes, onde a circulação entre ambientes
com diferentes temperaturas deve ser restrita a absoluta necessidade.
Entretanto, no que diz respeito aos processos de esterilização a redução de
custos apresenta peculiaridades um pouco mais complexas para promover efetivas
reduções de custo. O modelo de esterilização apresenta um problema importante
para os custos de bioprodução comercial, que é o elevado consumo de energia
elétrica. Além disso, a autoclavação demanda a utilização de potes e frascos de
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altíssima qualidade, capazes de evitar a fadiga estrutural provocada por sucessivos
ciclos de elevada temperatura e pressão a que são submetidos. No contexto atual
da necessidade de novas alternativas energéticas, surge em paralelo o desafio para
o desenvolvimento de tecnologias que permitam crescentes níveis de produtividade
com consumo menor de energia elétrica. Como alternativa para este problema surge
para a bioprodução de plantas a esterilização química utilizando hipoclorito de sódio
que possibilitaria reduzir e até mesmo eliminar a utilização de autoclaves em
processos de bioprodução com cultura de tecidos. Entretanto essa alternativa
necessita de mais estudos para desenvolvimento de novos protocolos que atendam
as demandas locais de bioprodução.
Essa combinação de técnicas biotecnológicas associadas à utilização de
espécies vegetais presentes na restinga pode ser utilizada em arranjos de produção
regionais com a participação de agricultores individualizados ou associados a
cooperativas. Isso permitiria uma produção mais qualificada com a produção de
mudas de alta qualidade. Na outra linha a aplicação dessas técnicas pode abrir
espaço para uma exploração mais racional desses recursos, uma vez que a
produção em sistemas fechados e controlados utilizando micropropagação permitiria
a oferta de material vegetal em qualquer época do ano, inclusive, atendendo as
necessidades acadêmicas ligadas à pesquisa com plantas.
4. Difusão do potencial dos recursos vegetais na rede pública de
Ensino da região
Os Municípios de Carapebus, Macaé e Quissamã apresentaram 5.042 alunos
matriculados para cursar o ensino médio na rede pública estadual no ano de 2009
(IBGE, 2012). Macaé possui a maior parte desses alunos matriculados (3.802),
seguido por Quissamã (720) e Carapebus com 520. Essa distribuição também se
reflete no número de docentes atuantes nesse seguimento de ensino. Macaé possui
246 docentes lotados no ensino médio, Quissamã 29. Macaé também possui 996
professores lotados no ensino médio pela rede municipal. Outra diferença entre
Macaé e os municípios de Quissamã a Carapebus se dá pela presença de escolas
do ensino médio na esfera federal e no setor privado. A valorização da Educação,
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trás consigo a necessidade de promover mudanças no Ensino Fundamental e no
Ensino Médio. Aplicar novos conceitos e tecnologias que possam promover a
inclusão social e a incorporação no mercado de trabalho é fundamental para a
valorização da educação (Pretto & Costa Pinto, 2006).
A partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB – 9394/96), a escola deverá formar
cidadãos, indivíduos que olhem e vejam a realidade, que compreendam e tenha a
capacidade para criticar, que se preocupem com o destino coletivo e saibam se
posicionar diante dos desafios do mundo. A necessidade de se oferecer um ensino
de qualidade premissa a reorganização curricular, alinhada em uma perspectiva
interdisciplinar e contextualizada. Isso pressupõe que a aprendizagem significativa
“implica uma relação sujeito-aprendizagem e que, para que se concretize, é
necessário oferecer as condições para que os dois pólos do processo interajam“
(Parâmetros Curriculares Nacionais – Bases Legais). Para que haja a formação
plena dos alunos, o trabalho com diferentes áreas de conhecimento torna-se
fundamental evitar a fragmentação do conhecimento e construir um cidadão
consciente, capaz de agir em seu espaço de vida, permitindo que o aluno interfira no
mundo em que vive. Na atual perspectiva, “o professor é aquele que, estabelece o
diálogo com seus alunos, se faz mediador entre o aluno capaz de conhecer e a
verdade que pode ser conhecido, pois o aluno não é uma “tábua rasa”, mas alguém
que será estimulado a questionar, a relacionar, a elaborar suas conclusões,
apropiar-se-á de novas verdades e atribuirá maior significado, tanto ao novo como
ao velho conhecimento” (Paulo Freire, 2004).
A contribuição das universidades públicas, enquanto espaço da ciência e
fonte de conhecimento tem sido discutida em diferentes níveis. Seja na pesquisa
teórica ou aplicada na melhoria do ensino, seja na própria formação de professores
(Delors et al. 2010). Também é debatida, a contribuição da universidade na
elaboração de propostas curriculares adaptadas as necessidades econômicas e
como espaço para capacitação, atualização e retomada do estudo por profissionais
interessados na continuidade da sua educação (Delors et al. 2010).
Visto que sem o apoio popular a sustentação política da preservação da
restinga de Jurubatiba fica cada vez mais difícil, frente à força econômica contrária.
A utilização de temas regionais para educação ambiental em escolas da rede de
ensino nos municípios da região, juntamente com a difusão de novas tecnologias
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que permitam a exploração sustentável dos recursos vegetais, poderia contribuir
muito fortemente como uma estratégia visando maior participação da sociedade na
conservação desse ecossistema.
5. Considerações finais
Diferentes ciclos de exploração econômica geraram ao longo dos últimos séculos, e
ainda hoje geram, fortes pressões sobre o ecossistema de restinga da região Norte
Fluminense, sobretudo aquelas englobadas pelo Parque Nacional de Jurubatiba. A
utilização de novas tecnologias, em especial a biotecnologia vegetal pode ser um
forte componente nas estratégias de conservação que visam a uso racional e
sustentável de recursos disponíveis. A pesquisa envolvendo plantas com potencial
medicinal ou ornamental é fundamental para o fortalecimento dessa estratégia. Além
disso, a inclusão desses conhecimentos nos currículos da rede de ensino regional
contribui não só para a atualização curricular, mas também para o fortalecimento do
processo de mobilização social com foco na preservação desse ecossistema
litorâneo.
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