Modernismo em Portugal - Colégio Souza Marques

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Modernismo em Portugal
Da instabilidade política e social emerge o saudosismo, que,
panadoxalmente, abniná caminho pana a chegada do Modennismo a Portugal.
Modernismo português:
primeiros passos
I
0 saudosismo - lembrança das glórias marítimas
Fernando Pessoa
)
que
haviam tornado Portugal uma das potências mundiais no
século XVI - e a lamentação pelo desconcerto que dominou o país após o sumiço de Dom Sebastião gestaram a
revista Drpheu,que representaria o primeiro momento do
Modernismo português.
l
Nas páginas da revista surgiram as grandes revelaçÕes
literárias do início do século XX: Fernando Pessoa, Mário
de Sá-Carneiro e José de Almada Negreiros, que delinea-
ram os novos rumos a serem seguidos pelos autores
portugueses e deram início a um processo de reflexâo
crítica sobre as causas da decadência e da estagnação
intelectual de Portugal.
)
Lançada em I9I5, Orpheu só teve dois números publicados.
0s textos que nela circularam revelam uma clara influência
de alguns movimentos da vanguarda europeia.
Almada Negreiros
Um dos mais ativos e influentes artistas da geração
Orpheu, Almada Negreiros destacou-se não apenas pelos
textos que escreveu, mas também por sua excelente pro-
)
dução como pintor, revelando-se perfeitamente sintonizado com as tendêneias mais modernas da arte na Europa.
Em 1917, o escritor chocou o povo português com a divulgação do "Ultimatum futurista", no qualfazia um apelo aos
jovens para que assumissem a recuperação da pátria e
do espírito portugueses, comprometidos pela fraqueza e
pelo saudosismo das geraçÕes anteriores.
Além de uma vasta produção poética, ele também se destacou pelos romances e peças de teatro. Sua presença
mais contundente na cena modernista portuguesa, porém,
ficará registrada nos inúmeros manifestos, ensaios, crônicas e textos de prosa doutrinária que publicou ao longo
dos seus 77 anos.
Quando se estuda a obra poética de Pessoa, é necessário
fazer uma distinção entre todos os poemas que assinou
com o seu nome verdadeiro, portanto considerados poe
sia ortônima, e todos os outros, atribuídos a diferentes
heterônimos.
A poesia ortônima
l
Alguns temas marcam a poesia ortônima de Fernando
Pessoa, como o questionamento do eu e a sincerida-
de do fingimento; este último, condição da criação
literária. 0 destaque é para os belíssimos poemas de
Mensagem, o único livro publicado em vida [1934], em
que há uma releitura do destino de Portugal, tendo
como base o fenômeno das navegações, a ligação
entre os portugueses e o mar e o mito do encoberto, associado ao desaparecimento misterioso de
Dom Sebastião.
0s poemas de Mensagem revelam a crença em um futuro
no qual Portugal voltará a ocupar uma posição de destaque
entre as naçÕes, cumprindo, assim, o destino que lhe teria
sido atribuído pelos deuses.
Nas três partes em que organizou os poemas ["Brasão",
"Mar português" e "B encoberto"l, Pessoa reinterpreta
os principais símbolos históricos e míticos da cultura
portuguesa, sempre enfatizando a vocação do povo para
superar todos os obstáculos.
Elemento central na arquitetura poética de Mensagem é.
o mar oceano, símbolo da transcendência a ser alcançada
pela provação individual e coletiva, como pode ser observado no poema a seguir.
Prece
Senhor, a noite veio e a alma é vi[.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hosti[,
O mar universal e a saudade.
Mário de Sa-Carneiro
l
Mário de Sá-Carneiro anuncia em suas obras, tanto na prosa
quanto na poesia, o grande drama do homem do século XX:
fragmentação da identidade.
Todos os textos que o autor escreveu manifestam uma
grande sensibilídade, marcada pela expressão de uma
angústia existencialista praticamente insuportável.
A influência do decadentismo e da estética simbolista de
a
I
)
fim de século é recorrente nos poemas de Oispersôo, nas
novelas de Princípio e Céu emfogo, na peÇa teatral AmEade
e, principalmente, no estranho A confissdo de Lúcio.
re8
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é
finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem
-
ou desgraça ou ânsia
-
Com que a chama do esforço se remoça,
E
outra vez conquistaremos a Distância
-
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
PESS0A, Fernando. Mensagem
Sáo Paulo: Martin Claret, 2006. p.50.
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