VITÓRIA, ES, DOMINGO, 12 DE FEVEREIRO DE 2017 ATRIBUNA 31 Economia DIVULGAÇÃO MERCADO DE TRABALHO Quatro em cada 10 famílias são sustentadas por mulher número de casas chefiadas por mulheres cresceu na última década, revelou um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em dezembro do ano passado. Agora, de cada 10 lares brasileiros, quatro têm as mulheres na posição de referência financeira. O levantamento, chamado de Síntese de Indicadores Sociais, foi feito com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Enquanto que em 2005 30,6% dos domicílios eram chefiados por elas, em 2015 esse índice chegou a 40,5%, segundo o IBGE. Na opinião da especialista em O O homem que fica em casa pode assumir funções de consultoria ou de freelancer “ ” Ana Paula Montanha, diretora geral da Jobplex Brasil pessoas e carreiras e diretora da Curry Coaching Gisélia Curry, uma das explicações para este fenômeno é que o número de mães solteiras hoje é muito maior do que há uma década. “Ainda não tem tanto a ver com o movimento de homens que ficam em casa enquanto as esposas trabalham”, ponderou. A mesma visão é partilhada pela sócia e diretora geral da Jobplex Brasil, Ana Paula Montanha, que também é especialista em carreiras e recrutamento. Para ela, com a progressão da mulher na carreira, muitas se sentiram confiantes de sair de relações abusivas. “A medida que ela cresce na carreira, se sente confiante para passar a ser a principal fonte de sustento da família. Com isso, ela pode até mesmo se divorciar se quiser, porque já não depende financeiramente do homem”, afirmou. Além disso, pontuou Gisélia, a mulher hoje está cada vez mais inserida no mercado no trabalho. “Ser dona de casa nos dias atuais é OPINIÕES até malvisto”, completou. E essa maior inserção, continuou Gisélia, tem a ver com o fato de as mulheres estarem se capacitando mais e mais. “Há pesquisas que mostram que 59% das pessoas matriculadas nas universidades são mulheres. Elas já têm, em média, 2,4 anos a mais de estudo do que os homens”, explicou a especialista. HOMENS Apesar de ser mais comum mãe solteiras chefes de família, há casos em que a mulher é a principal referência financeira mesmo quando ela é casada, disse a psicoterapeuta e coach Aline Gomes. “Socialmente, ainda há um certo tabu, constrangimento, mas a dica principal para famílias estruturadas dessa forma é olhar para si, e não para o vizinho”, aconselhou. Nesses casos, continuou Aline, a parceria entre o casal tem de ser ainda mais forte. “Essa mudança permite ao homem ter um olhar diferente para a família. É saudável para eles e para as crianças”. SAIBA MAIS DIVULGAÇÃO MARI MALTA - 11/09/2016 Referência em 40,5% dos domicílios Síntese de Indicadores Sociais - IBGE > O ESTUDO foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado em dezembro do ano passado. > O LEVANTAMENTO usou como base as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) coletadas em 2015. As mulheres estudam, em média, 2,4 anos a mais do que os homens “ Gisélia Curry, diretora da Curry Coaching ANA MONTANHA: com a carreira, mulheres saíram de relações abusivas ” Hoje, as mulheres procuram parceiros que realmente dividam todos os aspectos da vida “ ” Aline Gomes, psicoterapeuta e coach RODRIGO GAVINI - 13/12/2016 DIVULGAÇÃO de 39,4%. Na região Sul, 36,9% e, na Centro-Oeste, 39,5%. SALÁRIOS > SEGUNDO O IBGE, os homens, em cargos de chefia, têm rendimento médio mensal de R$ 5.222. Já as mulheres recebem, para os mesmos cargos, em média, R$ 3.575, uma diferença de 31,5%. > EM 2015, entre todas as mulheres ocupadas, 4,7% estavam em cargos no alto escalão. Entre os homens essa proporção chegava a 6,2%. Fonte: IBGE DIVULGAÇÃO CHEFES DE FAMÍLIA > EM 2015, em 40,5% dos domicílios as mulheres eram a pessoa de referência. Em 2005, elas eram a chefe da família em 30,6% dos lares brasileiros. REGIÕES > O NORDESTE é a região do País em que há, proporcionalmente, mais mulheres na posição de referência: 42,9% das casas. > ESSE PERCENTUAL é maior que o do Sudeste, onde 40,7% dos lares têm mulheres como líder. > JÁ NA REGIÃO NORTE, esse índice é MULHERES têm participado cada vez mais do mercado de trabalho ANÁLISE Elas estão mais capacitadas no mercado de trabalho Já é uma tendência termos relações profissionais mais igualitárias “ ” Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach Brasil e América Latina Com a crise, muitos homens perderam o emprego. E alguns ficaram, sim, em casa “ ” Martha Zouain, diretora da Psico Store “Nas últimas cinco décadas, o crescimento da mulher enquanto força de trabalho no mercado tem sido progressivo. A representante do gênero dito “frágil” consolida, passo a passo, suas conquistas. Atualmente, esse padrão de rainha do lar, estabelecido entre 1910 e 1930, socialmente é redesenhado, tendo por base a economia e a cul- tura da nossa sociedade, onde os papéis outrora cindiam a força do homem, do mítico talento das mulheres de arrumar, vestir, suprir, alimentar e aguardar. A mudança de papéis, o homem em casa e a mulher provedora, na minha visão, não deixa de ser um ato cooperativo, pois cada caso guarda sua particularidade. Maria Rita Sales Régis, psicóloga e sócia da Design Gente Consultoria Um dos motivos se refere ao fato de que desde 1980, as estatísticas apontam mais mulheres técnicas, graduadas, especialistas, o que confere ao gênero maior atratividade curricular e posição no mercado de trabalho. O perverso desse arranjo, é que a mulher não finda suas atividades ao retornar para casa”.