CURSO ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA I AULA 2: O ESTADO E A POLÍTICA NA REPÚBLICA VELHA 1. OS REGIMES POLÍTICOS NO BRASIL . anarquia militar (1889-1893) . democracia de elites da República Velha (1894-1930) . centralização autoritária (1930-1945) . democracia liberal instável (1945-1964) . centralização autoritária (1964-1984) . democracia liberal estável (1985- ...) 2. ANARQUIA MILITAR (1889-1893) . a quartelada de 15 de novembro . baixos salários de militares . disputas por hierarquia . entre Exército e Marinha . dentro do exército . “marombeiros” X “científicos” 1 . o levante de 15 de novembro . composição dos rivais . Deodoro da Fonseca (marombeiro) . Benjamin Constant (científico) . a traição da base militar do governo . Floriano Peixoto . ditadura de Deodoro da Fonseca 1889-1891 . composição instável entre marombeiros e científicos . com Marinha excluída . constituição de 1991 . ainda em 1991: . eleição de Deodoro da Fonseca, vice Floriano Peixoto . golpe militar de Deodoro da Fonseca . golpe militar de Floriano Peixoto . revolta da Armada . Revolução Federalista no Rio Grande do Sul 2 3. A DEMOCRACIA DE ELITES DA REPÚBLICA VELHA (1894-1930) .constituição de 1891 definiu regime político . presidencialismo . federalismo (autonomia estadual) . sistema bicameral (Câmara e Senado) . eleição por voto direto . com decisão por voto indireto se algum candidato não tivesse maioria absoluta o que nunca ocorreu . voto para alfabetizados (1/3 da população) que se inscrevessem . maiores de 21 anos . exceto praças . teoricamente nada impedia mulheres de votar . mas ninguém pensava nisso . não havia sufragistas no país . inclusive estrangeiros moradores no país em 1891 . em geral cerca de 5% da população total se inscrevia . votavam de 2 a 5% dos habitantes . voto aberto e sem cédula eleitoral . vinha pronto de casa: corrupção na votação 3 . problema eleitoral . situação e oposição fraudavam eleições . ambas denunciavam as fraudes . comissões de verificação de votos reconheciam fraudes da oposição e cassavam seus deputados . mas não reconheciam fraudes da situação . revoltas armadas da oposição . casos extremos: Rio Grande do Sul . revoluções de 1893 e1923 . revolução de 1930 . política dos governadores . partidos republicanos estaduais apóiam governo federal . governo federal apóia fraude de seus aliados . governadores controlam toda a bancada . loteamento de todos os cargos públicos federais . clientelismo . não há reeleição . candidato à sucessão definido pelos caciques estaduais . Presidente da República . não se reelege . não se intromete na sucessão 4 . mito da “política do café-com-leite” . nunca existiu . criado para justificar a Revolução de 30 5 4. O ESTADO NA REPÚBLICA VELHA . discurso liberal X prática intervencionista . a hipocrisia pragmática brasileira . eram um dos Estados mais intervencionistas da América Latina . controlava . 2/3 das ferrovias . a maior empresa de navegação . os principais portos . o maior banco comercial . as Caixas Econômicas . 3 das maiores empresas hipotecárias . a comercialização do principal produto – o café . as tarifas sobre importações vigentes em 1915 eram consideradas as mais elevadas do hemisfério ocidental 6 4.1. CAUSAS DA INTERVENÇÃO DO ESTADO 4.1.1. A ESTRUTURA SOCIAL . importância dos exportadores . responsáveis por 1/5 a 1/3 do PIB . exportações determinavam . a taxa de investimento . a arrecadação dos governos estaduais . a possibilidade de . importar . pagar a dívida externa no longo prazo . firmas exportadoras eram normalmente estrangeiras . em função do seu acesso a . crédito . redes de comercialização . os fazendeiros . controlavam a produção mas não a comercialização . divididos em oligarquias regionais por produto . divididos dentro das oligarquias por motivos . econômicos . políticos 7 . diversificavam sua atividade . produzindo para o mercado interno . mais de 2/3 do total de algodão e açúcar . carne, banha, couros, madeira e mate . feijão, milho e mandioca em pequena propriedade . investindo em comércio interno, bancos, ferrovias e títulos públicos nacionais e estrangeiros . a classe média urbana: menos de 9% da população . a “média” classe média não chegava a 4% da população . funcionários públicos, profissionais liberais, oficiais das forças armadas, polícia e bombeiros . a “baixa” classe média não chegava a 5% da população . massa trabalhadora rural submetida ao Coronelismo . ¾ da população . controlada por tropas paramilitares privadas (jagunços) . Revolta de Princesa (1930) 8 . operariado urbano . 1872: 280 000 pessoas . 1920: 1.200.000 . desorganizada e reprimida . expulsão de anarquistas . pouca importância dos comunistas . industrialização do café era feita no exterior . baixo poder de barganha . ao contrário dos . abatedouros argentinos . mineiros chilenos 4.2. O PESO DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO . aumentou com a República: entraram no país . no Império – 182 empresas . na República Velha – 619 . na maior parte do tempo foram criadas duas vezes mais empresas estrangeiras do que nacionais . exportadores, armazéns e principais bancos eram estrangeiros . assim como as ferrovias fora de SP . serviços urbanos de energia, gás, transporte e telefonia. 9 . margens de lucro na economia exportadora . estrangeiros: 5% . cafeicultores modernos: acima de 15% . eram ouvidos pelos policy makers . sobretudo os banqueiros 4.3. O ESTADO 4.3.1. O FEDERALISMO . União tinha as receitas dos tributos sobre importações . frequentemente insuficientes para cobrir suas despesas . investimentos financiados por dívida externa . estados arrecadavam sobre exportações . RJ + SP + MG . em 1897 controlavam 46% da arrecadação estadual . em 1930 controlavam 69% . arrecadação per capita 3 vezes maior que o resto do país . impossível fazer distribuição interestadual de renda . todos os estados tinham burocracias próprias . e até Forças Armadas (“Brigadas Militares”) 10 . grave restrição . controlavam a economia . mas eram minoria no Congresso . de onde vinha a autonomia da União? . das bancadas dos pequenos estados (70% do Congresso) . da desunião MG X SP . dos conflitos internos dentro de MG e SP 4.3.2. A POLÍTICA DOS GOVERNADORES E O CLIENTELISMO . criada por Campos Sales em 1899 . para . acabar com intervenções armadas nos estados . acabar com desunião que desagradava aos bancos credores . consistia no apoio mútuo entre o governo central e os governos locais . deputados obedeciam ao governador . governo central . representava o país nos assuntos internacionais . facilitava fraudes eleitorais . distribuía cargos (ex.: Chateubriand) 11 . o peso do governo central pode ser visto pela expansão de seu gasto . 1900-1930: gasto bruto cresceu 5% ao ano . quase 3 vezes mais que em 1930-1945 . 1891-1930: gasto per capita cresceu 60% . superado apenas por Argentina, Uruguai, Cuba e Chile . onde está o liberalismo? . em média gasto federal representou 11% do PIB . mais que nos EUA, Reino Unido e México . funcionalismo público federal aumentou em 250% de 1890 a 1930 . a mesma taxa que a população . havia 200 mil funcionários em 1920 . nº de votos que decidiu a eleição de 1919 . contratação de eleitores era normal . 2/3 eram trabalhadores braçais . distribuição: . 29.300 em ferrovias . 4.300 nos correios . 5.000 nos telégrafos . 6.000 no Lloyd Brasileiro 12 . 1.000 em obras contra as secas . não havia concursos para a maioria dos cargos . nem planos de carreira . apenas nomeações . elite do funcionalismo se desligava dos interesses regionais originários para dirigir a economia agro-exportadora 13