Barbara Ryden, Capítulo 5 Resumo livre 5.1 – Evolução da densidade de energia É fácil provar, usando a equação de fluidos (1a Lei da Termodinâmica), que a densidade de energia evolui de formas diferentes para componentes com diferentes equações de estado (P=wε). Basta substituirmos as equações de estado da matéria (w=0), radiação (w=1/3) e constante cosmológica (w=-1) na equação 5.2 para provar que εm ∝ a-3, εr ∝ a-4, εΛ ∝ cte, respectivamente. Ou seja, à medida que o Universo se expande, a densidade de energia associada à radiação vai caindo mais rapidamente do que a densidade de energia associada à matéria. E a densidade de energia equivalente à constante cosmológica se mantém inalterada. A dependência de εm com o fator de escala é resultado de que a massa (e, portanto, a energia de repouso) das partículas materiais se conserva, de forma que sua densidade cai com o volume do Universo. Está embutida nesta variação a premissa de que o número total de partículas também se preserva. A dependência de εr também supõe que o número total de fótons no Universo é constante, de forma que sua densidade numérica também varia com a-3. Mas a energia de cada fóton é inversamente proporcional ao comprimento de sua onda associada. Como este comprimento de onda aumenta com o fator de escala, temos o fator a -1 adicional para a densidade de energia da radiação. As equações 5.4 e 5.5 embutem uma afirmativa muito importante: a de que a densidade de energia e a pressão totais resultam da soma das contribuições dos diferentes constituintes do Universo. A 5.6 e as deduções que se seguem contém outra afirmação crucial, de que cada componente do Cosmos satisfaz isoladamente a equação dos fluidos. As eqs 5.12 a 5.18 estimam a contribuição da radiação cósmica de fundo (CMB), das estrelas e dos neutrinos para a densidade de energia da radiação, mostrando que a contribuição dominante vem do CMB e dos neutrinos. Apesar da baixa energia de seus fótons associados, o número de fótons do CMB suplanta em muito aqueles provenientes da radiação estelar. Somandose toda a radiação presente no Universo, a densidade de energia ainda é 1/3600 da densidade de matéria. Conforme a eq. 5.25, isso significa que quando o Universo tinha 1/3600 do seu tamanho atual, as duas densidades se equivaliam, constituindo a chamada era de equilíbrio entre matéria e radiação. Raciocínio semelhante pode ser feito comparando-se as densidades de matéria e associadas a (esta última constante), levando-nos à conclusão de que num passado menos remoto (quando a = 0.75) ambas se equivaliam. 5.2 e 5.3 As seções subsequentes do Cap. 5 exploram soluções para a equação de Friedmann em casos em que o Universo tem um único componente. A seção 5.2 é curiosa, pois explora um Universo vazio, mas com curvatura. A seção 5.3 deriva soluções para a equação de Friedmann no caso em que não há curvatura do espaço (k=0), parametrizadas pelo w da equação de estado. São obtidas as dependências temporais do fator de escala a(t) e da densidade de energia ε(t). São derivadas expressões para a idade do Universo, t0, para a constante de Hubble, H0, para a distância própria dp(t0) de um objeto que hoje tenha redshift observado z, e também para o raio do horizonte, dhor(t0). Seção 5.4 em diante. Já as seções 5.4, 5.5 e 5.6 exploram, em sequência, universos sem curvatura contendo respectivamente apenas matéria, apenas radiação e apenas a constante cosmológica, fazendo uso das equações deduzidas na seção 5.3. Importantes acessórios, que resumem os resultados, são as Figuras 5.2 e 5.3. A Figura 5.2 mostra o fator de escala em função do tempo para os 4 casos estudados: apenas curvatura (seção 5.2), apenas matéria (seção 5.4), apenas radiação (seção 5.5) e apenas constante cosmológica (seção 5.6). O tempo t na Figura 5.2 está subtraído da idade atual do Universo, t 0, de forma que o valor zero na escala horizontal do gráfico corresponde à época atual e valores positivos (negativos) correspondem ao futuro (passado). Além disso, o tempo (t-t0) está normalizado por H0-1, de forma a ter valores não muito distintos da unidade. Vê-se claramente pela Figura 5.2 que Universos planos contendo apenas matéria ou radiação se expandem, mas de forma desacelerada. Já um Universo plano dominado pela energia escura se expande exponencialmente. O painel superior da Figura 5.3 mostra, para os mesmos modelos, a distância própria na época presente, dp(t0), de uma fonte que hoje é observada com redshift z, em função do próprio redshift. Para se tornar adimensional no gráfico, a distância própria está normalizada por c/H 0 (ver equações 5.37 e 5.54). Já o painel inferior da mesma figura mostra a distância própria de uma fonte que hoje é observada com redshift z, em função do próprio redshift, mas avaliada quando da emissão da radiação pela fonte, d p(te) = dp(t0) / (1+z) (ver eq. 5.38, 5.61, 5.66 e 5.80).