TEOR DE TANINOS CONDENSADOS EM DIFERENTES PARTES

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TEOR DE TANINOS CONDENSADOS EM DIFERENTES PARTES DE Anadenanthera
colubrina (VELL.) BRENAN.VAR. cebil (GRIS.) ALTS. (MIMOSACEAE)
Gregório Mateus Santana ([email protected])1
Juarez Benigno Paes ([email protected])2
João Tavares Calixto Júnior ([email protected])3
Tatiane K. Barbosa de Azevedo ([email protected])3
Rozileudo da Silva Guedes ([email protected])3
Palavras-chave: Anadenanthera colubrina var.cebil, extrativos, taninos vegetais.
1
1 Acadêmico do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos, Cx.
Postal 64, 58700-970 – Patos, PB.
2 Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande – Campus de
Patos, Cx. Postal 64, 58700-970 – Patos, PB.
3 Mestrandos em Ciência Florestal, Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina
Grande – Campus de Patos, Cx. Postal 64, 58700-970 – Patos, PB.
INTRODUÇÃO
Os taninos são substâncias naturais,
minerais ou sintéticas, capazes de precipitar
as proteínas presentes em peles para produzir
couro (HASLAM, 1966; LEPAGE, 1986;
PANSHIN et al., 1962).
Os agentes tânicos minerais são obtidos
de sais inorgânicos, à base de cromo ou
zircônio. Já os taninos sintéticos são produtos
derivados da condensação do fenol, cresol e
naftalenos com um aldeído, como o furfural
(PANSHIN et al., 1962). Esses produtos
químicos, ou a reação deles, poderão trazer
danos ao homem e ao ambiente. Por isso, a
preferência por produtos vegetais.
Os taninos vegetais ou naturais podem
ser encontrados em várias partes do vegetal,
como madeira (cerne), casca, frutos e
sementes. São constituídos por polifenóis e
classificados quimicamente em hidrolisáveis e
condensados. Os taninos hidrolisáveis são
poliésteres da glicose e são classificados,
dependendo do ácido formado de sua
hidrólise, em taninos gálicos ou taninos
elágicos (PIZZI, 1993). Já os taninos
condensados são constituídos por monômeros
do tipo catequina e são conhecidos por
flavonóides, estando presentes nas cascas de
diversas espécies florestais (HASLAM, 1966;
PIZZI, 1993; WENZL, 1970).
Os curtumes tradicionais da Região
Nordeste que utilizam taninos vegetais, tem
na casca do Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan var. cebil (Gris.) Alts.) sua única fonte
de taninos.
Em função da importância desta espécie
para os curtumes e do uso exclusivo de sua
casca, objetivou-se com este trabalho avaliar
o potencial tanifero de diferentes partes da
árvore de Anadenanthera colubrina var. cebil.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o estudo foram empregadas
amostras de madeira (cerne), folhas,
sementes, vagens, flores, frutos, casca, raiz e
ramos finos de cinco plantas que vegetavam
na Fazenda Lameirão, localizada no
município de Santa Terezinha, Paraíba,
Brasil. As plantas foram selecionadas em
função do vigor apresentado.
As folhas verdes, sementes, vagens,
flores e frutos verdes foram coletados na
árvore com o uso de um podão. Foram
coletados 2,0 kg de cada amostra, distribuídos
aleatoriamente na copa de cada árvore. Após a
coleta, os frutos foram separados das
sementes, e assim, como as demais amostras,
foram cortadas em fragmento de 1,0 cm2, e
pesados para determinação da umidade.
As porções foram homogeneizadas e o
teor de umidade determinado, para permitir os
cálculos, em base seca, do teor de taninos
presente em cada amostra.
A madeira (cerne), casca, raiz e ramos
finos foram retiradas do tronco e cortadas
com auxílio de facão, em fragmentos
menores, de aproximadamente 3,0 x 2,0 cm,
secos ao ar e moídos em moinho tipo Willy e
analisada a porção que passou pela peneira de
16,0 mesh (1,00 mm), e ficou retida na de
60,0 mesh (0,25 mm).
As substâncias tânicas foram extraídas
em água destilada. Para as extrações, foram
tomadas, de cada porção, três amostras de
10,0 g de material seco. As amostras foram
transferidas para balões de fundo chato com
capacidade de 500,0 mL, em que foram
adicionados 200,0 mL de água destilada
(relação 20:1) em cada amostra e submetida à
fervura sob refluxo por duas horas. Cada
amostra foi submetida a duas extrações, a fim
de se retirar à máxima quantidade de
extrativos presentes. Assim, a relação
material: solução passou a ser de 40:1.
Após cada extração, o material foi
passado em uma peneira de 150,0 mesh
(0,105 mm), e em um tecido de flanela, para a
retenção de partículas finas. O extrato obtido
foi homogeneizado e filtrado em funil de
vidro sinterizado de porosidade dois. Em
seguida concentrado para 200,0mL, e
retiradas três alíquotas de 50,0 mL de cada
extrato, duas delas foram utilizadas para a
determinação do teor de taninos condensados
(TTC), e uma foi evaporada em estufa a 103,0
 2,0 ºC por 48 horas, para a determinação da
porcentagem de teor de sólidos totais (TST).
Para a determinação do TTC, presente
em cada árvore foi empregado o método de
Stiasny, descrito por Guangcheng et al.
(1991), com algumas modificações. Para
tanto, aos 50,0 mL do extrato bruto foram
adicionados 4,0 mL de formaldeído (37%
m/m) e 1,0 mL de HCl concentrado aos
extratos obtidos. Cada mistura foi submetida à
fervura sob refluxo por 30 minutos. Nestas
condições, os taninos formam complexos
insolúveis que poderão ser separados por
filtragem simples ao se empregar filtro de
papel. O material foi seco em estufa a 103,0 
2,0 C por 24 horas e, por diferença de peso,
foi calculado o índice de Stiasny. A
quantidade de taninos presente em cada
árvore foi obtida ao multiplicar o Índice de
Stiasny pelo Teor de Sólidos Totais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios do teor de umidade,
em base seca, do teor de sólidos totais (TST),
do índice de Stiasny (I) e do teor de taninos
condensados (TTC) da madeira (cerne),
folhas, sementes, vagens, flores, frutos, casca
e ramos finos da espécie estudada encontramse na Tabela 1.
O maior teor de sólidos totais foi
encontrado nas flores, provavelmente em
função da presença de néctar e de outras
substancias atrativas a insetos, e o menor na
madeira do cerne. Os extratos da madeira do
cerne apresentaram o maior índice de Stiasny
e o menor índice foi observado nas sementes.
O maior teor de taninos condensados foi
encontrado nas cascas (13,95%), seguindo
pelas vagens (10,69%) e o menor valor foi
encontrado nas sementes.
A respeito do teor de substancias não
tânicas, os extratos da flor, da semente e das
folhas apresentaram os maiores valores e o da
madeira o menor.
CONCLUSÃO
As vagens, em função do teor de taninos
apresentado, poderiam ser usadas, junto com
as cascas, nos curtumes, tendo melhor
proveito do potencial tanifero da espécie.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUANGCHENG, Z.; YUNLU, L. &
YAZAKI, Y. 1991. Extractive yields,
Stiasny values and polyflavonoid contents
in barks from six acacia species in
Australia. Australian Forestry, 554 (2):
154-156.
HASLAM, E. 1966. Chemisty of vegetable
tannins. London: Academic, 170 p.
LEPAGE, E. S. 1986. Química da madeira.
In:. LEPAGE, E. S. (Coord.). Manual de
preservação de madeiras. São Paulo: IPT,
v. 1. p. 69-97.
PANSHIN, A. J.; HARRAR, E. S.; BETHEL,
J. S. & BAKER, W. J. 1962. Forest
products: their sources, production, and
utilization. 2. ed. New York: McGrawHill. 538 p.
PIZZI, A. 1993. Tanin-based adhesives. In:.
PIZZI, A. (Ed.) Wood adhesives:
chemistry and technology. New York: M.
Dekker. p. 177-246.
WENZL, H. F. J. 1970. The chemical
technology of wood. New York:
Academic. 692 p.
Tabela 1. Valores médios do teor de umidade (TU), em base
seca, teor de sólidos totais (TST), índice de Styasni (I) e teor
de taninos condensados (TTC) da madeira (cerne), folhas,
sementes, vagens, flores, frutos, casca e ramos finos de
Anadenanthera colubrina var.cebil.
Material
Analisado
Madeira
(cerne)
Folhas
TU
(%)
9,17
TST
(%)
11,20
I
(%)
76,87
TTC
(%)
8,60
7,76
29,30
20,11
5,90
Sementes
6,72
30,40
9,23
2,90
Vagens
6,80
17,60
60,92
10,69
Flores
11,60
34,80
15,14
5,30
Frutos
8,81
18,20
40,12
7,30
Casca
7,29
23,30
59,84
13,95
Raiz
9,00
30,80
33,27
10,30
Ramos
Finos
7,41
20,20
15,85
3,20
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