Capítulo 1: DEFINIÇÕES E FUNDAMENTOS GERAIS 1.1- Bases Conceituais para Fenômenos de Transporte e sua Quantificação Matéria e energia são capazes de “se movimentar” no meio, apresentando características ao longo desse deslocamento que podem ser exploradas pelo ser humano. A utilização prática desses fenômenos exige que, antes, saibamos quantificá-los. Fenômenos de Transporte tem como objeto de estudo os mecanismos governantes básicos para a transferência de grandezas físicas entre dois pontos do espaço (leis fundamentais), por intermédio de modelos matemáticos adequados. 1.1- Bases Conceituais para Fenômenos de Transporte e sua Quantificação As leis básicas são relativas à: TRANSFERÊNCIA DE MASSA TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA TRANSFERÊNCIA DE QUANTIDADE DE MOVIMENTO 1.1- Bases Conceituais para Fenômenos de Transporte e sua Quantificação Uma modelagem matemática deve seguir os seguintes passos: OBSERVAÇÃO ABSTRAÇÃO MODELO FÍSICO MODELOS MATEMÁTICOS RESULTADOS COMPARAÇÃO VALIDAÇÃO OU REFINAMENTO OU REJEIÇÃO 1.1- Bases Conceituais para Fenômenos de Transporte e sua Quantificação 1. OBSERVAÇÃO 2. Ação de observar a natureza e verificar um fenômeno natural ABSTRAÇÃO 3. As variáveis relevantes são reconhecidas e as hipóteses simplificadoras são estabelecidas MODELO FÍSICO É o “modelo da realidade”, isto é, uma situação simplificada da realidade, a ser quantificada. 1.1- Bases Conceituais para Fenômenos de Transporte e sua Quantificação 4. MODELAGEM MATEMÁTICA 5. RESULTADOS 6. Aplicação de dados ao modelo matemático proposto para diferentes situações COMPARAÇÃO 7. Relações propostas entre as variáveis que reconhecemos relevantes no modelo físico Os resultados são experimentação. comparados com a observação VALIDAÇÃO, REFINAMENTO ou REJEIÇÃO DO MODELO. ou 1.2 – Contexto Aplicativo de Fenômenos de Transporte As principais aplicações na Engenharia são: Engenharia Civil: • BASE AO ESTUDO DA HIDRÁULICA • ESFORÇOS EM OBRAS HIDRÁULICAS • MONITORAMENTO HIDROMETEOROLÓGICO • CONFORTO TÉRMICO EM AMBIENTES CONSTRUÍDOS 1.2 – Contexto Aplicativo de Fenômenos de Transporte As principais aplicações na Engenharia são: Engenharia Sanitária e Ambiental : • DIFUSÃO DE POLUENTES NA ÁGUA, NO AR E NO SOLO • CONTROLE DE POLUENTES NAS ÁGUAS CONTIMENTAIS E MARÍTIMAS • PROCESSOS DE TRATAMENTO ABASTECIMENTO E RESIDUÁRIAS DE ÁGUAS DE 1.2 – Contexto Aplicativo de Fenômenos de Transporte As principais aplicações na Engenharia são: Engenharia Mecânica, Naval e Aeronáutica: • MOVIMENTO DOS FLUIDOS • HIDRODINÂMICA • AERODINÂMICA • MÁQUINAS TÉRMICAS • MÁQUINAS HIDRÁULICAS Engenharia Elétrica e outras... 1.3 – Fluido Substância que se deforma continuamente sob a ação de uma força tangencial, por menor que seja esta força. Figura 1.1 O fluido tem a propriedade de escoar. 1.3 – Fluido Fluidos como a água, os óleos, o ar e outros são chamados de “Newtonianos” e são estudados pela Mecânica dos Fluidos Clássica. Fluidos tais como as pastas de dente, o alcatrão e outros, se comportam como sólidos quando submetidos a pequenas tensões de cisalhamento e como fluidos quando a tensão aplicada ultrapassa um certo valor crítico. São estudados pela Reologia. 1.4 – Hipótese do Contínuo Qualquer fluido é um aglomerado de moléculas cujo comportamento conjunto é decorrente de forças de atração, que dependem do estado do fluido. De um modo geral, essas forças são mais fracas nos gases e mais fortes nos líquidos. Existe uma dualidade nesse fato: O escoamento apresenta-se visualmente contínuo. Mas, na realidade, é descontínuo !!!! 1.4 – Hipótese do Contínuo A chamada “Hipótese do contínuo” é a suposição de que o fluido é contínuo. A conseqüência prática desta hipótese é a possibilidade de utilização das ferramentas do cálculo diferencial e integral na modulaçào matemática dos escoamentos. 1.5 – Dimensões, Homogeneidade Dimensional e Unidades Estudo da Mecânica dos Fluidos: Aspectos qualitativos: natureza, tipo características. Aspecto quantitativo: Medida numérica para a característica em estudo. 1.5 – Dimensões, Homogeneidade Dimensional e Unidades Descrição Qualitativa: GRANDEZAS Grandezas Primárias ou fundamentais: Comprimento: L Tempo: T Massa: M 1.5 – Dimensões, Homogeneidade Dimensional e Unidades Grandezas Secundárias ou Derivadas: Área: L2 Volume: L3 Velocidade: LT-1 Aceleração: LT-2 Força: MLT-2 1.5 – Dimensões, Homogeneidade Dimensional e Unidades Descrição qualitativa de uma grandeza: [ V ] = L . T-1 [ F ] = M . L . T-2 As equações acima são chamadas de equações dimensionais 1.5 – Dimensões, Homogeneidade Dimensional e Unidades Homogeneidade dimensional: Todas as equações teóricas são dimensionalmente homogêneas, ou seja, as dimensões dos lados esquerdo e direito da equação são iguais e todos os termos aditivos separáveis que compõem a equação precisam apresentar a mesma dimensão: V = Vo + a ⋅ t [V ] = [Vo ] + [a ]⋅ [t ] LT −1 −1 = LT + LT −2 LT −1 = LT −1 + LT −1 ⋅T 1.5 – Dimensões, Homogeneidade Dimensional e Unidades Sistemas de Unidades: São utilizados para quantificar as grandezas características envolvidas no fenômeno em estudo. É necessário estabelecer um valor numérico, por exemplo, à velocidade de deslocamento de uma partícula fluida: V = 4 m/s = 400 cm/s = 14,4 km/h m/s ; cm/s; km/h são UNIDADES !! 1.5 – Dimensões, Homogeneidade Dimensional e Unidades Sistema Internacional (S.I.) (1960): Grandezas Básicas Unidades Básicas Comprimento (L) Tempo (T) Massa (M) Intensidade de corrente elétrica Metro (m) Segundo (s) Quilograma (kg) Ampère (A) Temperatura termodinâmica Kelvin (K) 1.5 – Dimensões, Homogeneidade Dimensional e Unidades Sistema Internacional (S.I.) (1960): M L T Nome Unidades fundamentais 0 quilograma 0 metro 1 segundo Unidades derivadas Símbolo massa comprimento tempo 1 0 0 0 1 0 área 0 2 0 metro quadrado m volume velocidade 0 0 3 1 0 -1 metro cúbico metro por segundo m m/s aceleração 0 1 -2 metro por segundo quadrado m/s força 1 1 -2 Newton pressão 1 -1 -2 Pascal kg.m/s = N 2 2 kg/m.s = N/m = Pa kg m s 2 3 2 2 1.6 – Principais Propriedades dos Fluidos 1.6.1 – Massa Específica, Peso Específico e Densidade Massa Específica: Massa de substância contida numa unidade de volume. Normalmente utilizada para caracterizar a massa de um sistema fluido. Dimensão : [ ρ ] = M ⋅ L−3 massa ρ= volume ρ água ( 4 o C) = 1000kg / m 3 Unidade no S .I . : kg / m 3 ρ água ( 45 o C) = 990 kg / m 3 ρ água ( 65 o C) = 980 kg / m 3 1.6 – Principais Propriedades dos Fluidos 1.6.1 – Massa Específica, Peso Específico e Densidade Peso Específico: Peso da massa de substância contida numa unidade de volume. W m.g γ= = = ρ .g Vol Vol Dimensão : [γ ] = M ⋅ L−2 ⋅ T −2 Unidade no S .I . : kg / m 2 ⋅ s 2 = N / m 3 Usando o valor da aceleração da gravidade padrão, ou seja, g = 9,807 m/s2 : γ água = 9800 N / m 3 1.6 – Principais Propriedades dos Fluidos 1.6.1 – Massa Específica, Peso Específico e Densidade Densidade: Razão entre a massa específica do fluido e a massa específica da água a 4oC. δ= ρ ρ água = γ γ água Dimensão : [γ ] = M 0 ⋅ L0 ⋅ T 0 = 1 Unidade no S .I . : ADIMENSIONAL 1.6 – Principais Propriedades dos Fluidos 1.6.3 – Compressibilidade Quão fácil é variar o volume de uma certa massa de fluido pelo aumento da pressão? Quão compressível é um fluido? dp EV = − dVol Vol dp é a variação diferencial de pressão necessária para provocar uma variação diferencial de volume dVol num volume Vol. O sinal negativo indica que um aumento de pressão resultará numa diminuição do volume considerado. 1.6 – Principais Propriedades dos Fluidos 1.6.3 – Compressibilidade Como um decréscimo no volume de uma dada massa m = ρ .Vol resultará num aumento da massa específica, então: EV = − dp dρ ρ Dimensão : [ EV ] = M ⋅ L−1 ⋅ T −2 = F ⋅ L−2 Unidade no S .I . : kg / m.s 2 = N / m 2 1.6 – Principais Propriedades dos Fluidos 1.6.3 – Compressibilidade Um fluido é relativamente incompressível quando o valor de EV é grande, ou seja, é necessária uma grande variação de pressão para criar uma variação muito pequena no volume ocupado pelo fluido. Como EV é grande nos líquidos então esses são considerados como INCOMPRESSÍVEIS, isto é: ρ = CONSTANTE Nos gases: p ρ k = cte (k=1 nos processos isotérmicos) 1.6 – Principais Propriedades dos Fluidos 1.6.4 – Tensão Superficial Tensão que se desenvolve na interface entre um líquido e um gás, ou entre dois líquidos imiscíveis, em função das forças de coesão intermoleculares. A superfície externa do líquido em contato com o gás, ou do líquido de maior tensão superficial tende a se contrair. É responsável, entre outros, pelo fenômeno da capilaridade. 1.6 – Principais Propriedades dos Fluidos 1.6.5 – Pressão de Vapor Quando uma pequena quantidade de líquido é colocada em um recipiente fechado, certa fração do líquido vai evaporar-se. A evaporação irá cessar quando o equilíbrio entre os estados líquido e gasoso da substância no recipiente é alcançado, em outras palavras, quando o número de moléculas que escapam da superfície da água for igual ao número das moléculas que entram na superfície. A pressão resultante das moléculas no estado gasoso é chamada de PRESSÃO DE VAPOR. A pressão de vapor é diferente de um líquido para o outro e varia com a temperatura.