Despesas afastam o futebol do povão

Propaganda
Despesas afastam o futebol do povão | Esportes | Gazeta do Povo
01/08/15 23:57
Esportes
O estudante de Arquitetura Daniel Pelanda foi a todos os 19 jogos do Paraná na Série B. Ele não sabe quanto gastou
durante a temporada, mas reforçou os custos da diversão com pipoca e bebida
ECONOMIA
Despesas afastam o futebol do povão
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o custo do
ingresso aumentou 40,69% em 2008. Esporte pode gerar um rombo no orçamento de
até de R$ 1,7 mil/temporada
29/12/2008 22h03 Adriana Brum
Texto publicado na edição impressa de 30 de dezembro de 2008
Despesas afastam o futebol do
povão
Lembra do slogan daquela campanha publicitária
de cartão de crédito: “Tem coisas que não têm
preço”? O valor afetivo atribuído a determinado
produto muitas vezes deixa de ser convertido em
reais pelo consumidor. Especialmente quando
este consumidor é um torcedor de futebol. Mas
tal prática não tem sido saudável para o bolso.
http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/despesas-afastam-o-futebol-do-povao-bclumtn7bxvb6deqxgx28c1n2
Página 1 de 3
Despesas afastam o futebol do povão | Esportes | Gazeta do Povo
01/08/15 23:57
Enquanto os economistas consideram o
investimento no esporte como “despesas com
lazer”, os fãs têm cada centavo gasto para
acompanhar as partidas de seu time como um
ritual indispensável para o bom desempenho da
equipe durante o ano. E deixam de perceber que
os preços do esporte mais popular do país já não
são para todas as classes sociais.
O custo do ingresso, por exemplo, teve um dos
maiores aumentos entre os itens de consumo no
país. Em 2008, o preço da entrada subiu 40,69%
no Brasil, conforme o Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Veja quanto os torcedores dos clubes da
capital gastaram para ver os jogos de 2008
(IBGE).
Em Curitiba, o aumento foi de 17,62%, o maior
entre os itens de recreação avaliados pelo índice
na capital paranaense. A causa da variação é
reflexo do crescimento da economia brasileira
nos últimos anos, que deve ser colocado à prova nos próximos meses por causa da crise norteamericana.
Nos três estádios da capital paranaense, o torcedor paga de R$ 20 a R$ 100 de ingresso, conforme
a localização escolhida: arquibancadas, cadeiras e camarotes. Mas não é só na bilheteria que o
público gasta para ver os jogos: transporte, estacionamento, e aquele lanche também entram no
pacote de um torcedor assíduo.
Há também as despesas para acompanhar os jogos fora de casa.
Colocando tudo isso na ponta do lápis (sem contar a compra de produtos com a marca do clube, de
jornais e revistas para acompanhar a rotina dos jogadores), o torcedor tem gasto muito mais do que
o recomendado para uma vida econômica sustentável, di-zem os especialistas.
“O ideal é que o brasileiro destine de 11% a 13% de sua renda com lazer. E vale lembrar que futebol
é apenas uma das formas de lazer do cidadão”, avalia o professor de Finanças do curso de
Administração da FAE Centro Universitário, Samir Bazzi.
Quem optou por acompanhar seu time com todo conforto possível – um local bem localizado no
estádio nos jogos em casa e pacote de pay-per-view para as partidas fora, entre outras regalias –
investiu cerca de R$ 1,7 mil durante todo o Brasileirão 2008. Um gasto de R$ 213 por mês.
Considerando o futebol como único gasto com lazer deste indivíduo, seria necessário que sua renda
mensal fosse de R$ 1.640 para ficar dentro do recomendado.
http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/despesas-afastam-o-futebol-do-povao-bclumtn7bxvb6deqxgx28c1n2
Página 2 de 3
Despesas afastam o futebol do povão | Esportes | Gazeta do Povo
01/08/15 23:57
Esse custo total é bem maior do que o designer industrial Daniel Pelanda desembolsou para
acompanhar de perto a luta para o Paraná fugir da queda à Série C. Aproveitando o benefício legal
da meia-entrada para estudantes (ele cursa a graduação de Arquitetura), pôde acompanhar os jogos
na Vila Capanema na arquibancada social (R$ 40 o ingresso) pela metade do preço.
Apesar da economia, Pelanda não sabe dizer quanto gasta por partida e nem pré-determina uma
quantia de seu salário para os jogos. Mas sabe exatamente o ritual que cumpre. “Chego uma hora e
meia antes do jogo, fico sempre no mesmo lugar do estádio. Deixo meu carro em um
estacionamento e sempre compro uma cerveja (sem álcool, por causa da proibição de bebida
alcoólica nos estádios, vigente desde maio) e um pacote de pipocas”. Fez isso nos 19 jogos em que
o Paraná era o mandante.
Quando o time jogou fora, contentou-se em assistir aos jogos transmitidos pelos canais abertos de
tevê. “Pay-per-view ficaria muito caro. E não dá para sair com os amigos toda vez que o time joga
fora, senão, não paro em casa”, diz.
“Cabe ao torcedor tomar o cuidado para que estes gastos não comprometam outros serviços
necessários ao bem-estar (alimentação, educação, saúde)”, aconselha o professor do curso de
Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Márcio Cruz.
Ele reconhece que a satisfação que o torcedor sente de estar próximo ao time dificilmente é
substituída por assistir aos melhores momentos do jogo no dia seguinte ou acompanhar os 90
minutos só pelo rádio. Mas recomenda cautela se os gastos com o clube estiverem muito além do
orçamento. “A alternativa bastante razoável é diversificar, acompanhar ora no estádio, ora via
internet, tevê ou rádio.”
Outra opção para economizar sem sentir que está abandonando o clube é abrir mão de pequenas
regalias: trocar as cômodas cadeiras pela popular arquibancada, deixar o carro em casa e encarar o
transporte público, deixar de lado o lanche são mudanças que podem resultar na economia de até
R$ 35 por jogo (ver tabela).
http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/despesas-afastam-o-futebol-do-povao-bclumtn7bxvb6deqxgx28c1n2
Página 3 de 3
Download