Protocolo 462

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DISTRIBUIÇÃO DO SISTEMA RADICULAR DA
BANANEIRA ‘PRATA GORUTUBA’ IRRIGADA
POR MICROASPERSÃO1
E. B. S. Junior2; E. F. Coelho3; P. M. de Oliveira4; R. C. Coutinho5
RESUMO: O estudo do sistema radicular de uma cultura é uma informação de grande
importância para o manejo da irrigação. O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição do
sistema radicular da bananeira prata gorutuba irrigada por microaspersão. O experimento foi
realizado na fazenda experimental do gorutuba em Nova Porteirinha-MG, com delineamento em
blocos casualizados, com 3 tratamentos e 5 repetições. A bananeira foi conduzida no
espaçamento de 3,0 x 2,5m, e irrigada por 3 sistemas de microaspersão. As amostras de solo
foram retiradas em trincheira abertas em 4 distâncias e 5 profundidades do perfil do solo. A
profundidade efetiva do sistema radicular ocorreu aos 0,36 m para T1, 0,48m para T2 e 0,55m
para T3. A distância efetiva do sistema radicular aumentou de acordo com vazão do
microaspersor, com 80% do sistema radicular concentrado a partir o pseudocaule da planta, em
0,75 m para o T1, 0,79 para T2 e 0,83 m para T3. A distribuição de raízes no perfil do solo sofre
influencia do sistema de irrigação adotado, e à medida que se aumentou a vazão nominal do
emissor houve um maior desenvolvimento das raízes em todo o perfil do solo
PALAVRAS-CHAVE: Banana, raízes, irrigação
ROOT DISTRIBUTION OF BANANA 'PRATA
GORUTUBA' IRRIGATED BY MICRO-SPRINKLER
SUMMARY:
The
study of
the
root
system of
a
crop
is a very
important information for irrigation management. The objective of this study was to evaluate the
distribution of the root system of banana Prata Gorutuba irrigated by micro-sprinkler. The
experiment was carried at the experimental farm of Gorutuba in Nova Porte-irinha - MG,
randomized block design with three treatments and five replications. The banana was conducted
at a spacing of 3.0 x 2.5 m, and irrigated by three micro-sprinkler systems. Soil samples were
taken in open trench at four distances and five depths of the soil profile. The effective depth of
the root system occurred at 0.36 m to T1, 0.48 m to T2 and 0.55 m to T3. The effective distance
of the root system increased with flow rate of the emitter, with 80% of the root
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor.
Estudante Pós-Graduação em Ciências Agrárias, UFRB, CEP 48970-000, Cruz das Almas, BA. Fone (75)
91408924. Email: [email protected]
3
Pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas - BA,
4
Pesquisadora Dr. EPAMIG, Nova Porteirinha - MG,
5
Engenheiro Agrônomo, UNIMONTES, Janaúba - MG
2
E. B. S. Junior et al.
system concentrated from the pseudostem of the plant in 0,75m to T1, 0.79 m to T2 and 0.83m
to T3. The distribution of roots in the soil profile is influenced by the irrigation system adopted,
and at moment that increased the nominal flow rate of the emitter there was a increase of
development of roots throughout the soil profile
KEYWORDS: Banana, Root, irrigation
INTRODUÇÃO
A avaliação do sistema radicular de uma cultura é fundamental no diagnóstico de sistemas de
manejo que visam a otimização da produtividade agrícola (Fante Jr. et al., 1999). No caso da
Bananeira o conhecimento da distribuição radicular é uma informação de grande importância,
uma vez que ela dá suporte à aplicações mais eficientes de fertilizantes, instalação correta de
sensores de umidade e de medidas de potencial matricial no solo.
Coelho et al., (2001) afirma que o conhecimento da distribuição de raízes no solo constituíse uma importante ferramenta no que diz respeito à elaboração de projetos de irrigação, uma vez
que a quantidade de água aplicada deve ser tal que o solo na profundidade efetiva do sistema
radicular esteja sempre próximo à capacidade de campo
A distribuição das raízes no solo, tanto horizontalmente quanto verticalmente, é fortemente
influenciada por uma série de processos complexos e dinâmicos, que incluem as interações entre
o ambiente, o solo (tipo do solo, porosidade, compactação, disponibilidade de água), e as
plantas em pleno crescimento (Fante Jr. et al., 1999, ROBINSON et al., 2010).
Borges et al. (2008) avaliando a distribuição do sistema radicular da bananeira
´Prata–Anã´ em duas freqüências de fertirrigação, constataram que a maior
concentração de raízes ocorreu nas camadas superficiais, até 0,30 m, e entre a planta e o
microaspersor. Calheiros (1992) estudando a distribuição do sistema radicular da
bananeira em condições irrigadas, observou que o sistema radicular alcançou 0,6m de
profundidade, apresentando 24 a 56% das raízes nas camadas superficiais.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da irrigação por diferentes sistemas de irrigação
por microaspersão sobre a distribuição do sistema radicular da bananeira “Prata Gorutuba” nas
condições do Norte de Minas Gerais.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Fazenda da Estação experimental do Gorutuba, local pertencente
à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais- Epamig no município de Nova
Porteirinha. O município está localizado na região Norte de Minas Gerais, a 15º 47' de latitude
Sul, 43º 18' de longitude Oeste e 516 m de altitude. O clima da região, segundo a classificação
de Köppen, é do tipo BSwh (clima quente de caatinga), com chuvas de verão e períodos secos
bem definidos no inverno. Com precipitação média anual de 877 mm. O tipo de solo
predominante na estação é o Latossolo Vermelho-Amarelo, cuja classificação e características
físico-hídricas estão descritas.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, constando de três
tratamentos e cinco repetições Os tratamentos foram distribuídos da seguinte forma:T1 –
E. B. S. Junior et al.
Microaspersores de 70L/h, sendo um emissor por quatro plantas com uma lateral entre duas
fileiras de plantas; T2 – Microaspersores de 53L/h, sendo um emissor por quatro plantas com
uma lateral entre duas fileiras de plantas; T3 – Microaspersores de 35L/h, sendo um emissor por
quatro plantas com uma lateral entre duas fileiras de plantas;
As coletas de amostras de raiz-solo foram realizadas na fase de emissão floral da bananeira
mediante a abertura de uma trincheira para cada tratamento, com dimensões de 1,0 m de
comprimento, por 1,0 m de profundidade e 0,80 m de largura, sendo escavada a partir do
pseudocaule da bananeira na direção planta - microaspersor. As amostras de raízes foram então
coletadas em monólitos de 0,1 x 0,1 x 0,1 m com auxilio de um coletor metálico, com um
volume total da amostra de 1,0 x 10-3 m3 conforme Bohm (1979), nas distâncias da planta de
0,25, 0,50, 0,75 e 1,0 m e profundidades de 0,1; 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8 m.
As raízes foram separadas do solo por meio de lavagem em peneira de malha 0,5 mm, sendo
em seguida colocadas em solução de água e álcool para posterior armazenamento em geladeira.
Posteriormente as raízes foram postas a secar naturalmente em papel absorvente, e logo em
seguida separadas individualmente e distribuídas em folha de transparência que por sua vez,
foram digitalizadas em arquivos TIFF (“Tagged Image File Format”) comprimidos, usando
scanner de resolução 600 dpi, escala de 100% (Kaspar & Ewing, 1997; Coelho et al., 1999). Os
arquivos digitalizados foram submetidas ao software Rootedge (Kaspar e Ewing, 1997) para a
determinação das características geométricas: área, comprimento e diâmetro das raízes.
Os dados de comprimento de raízes, Lr (cm), permitiram a determinação da densidade de
comprimento de raízes, DCR (cm cm-3), conforme a equação 1.
(eq.1)
Em que: DCR – Densidade de comprimento de raízes (cm cm-3); Lr – Comprimento de
raízes (cm), e Vr – Volume da amostra (cm3)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A figura 1 ilustra a distribuição das densidades de crescimento de raízes no solo para todos
os tratamentos. Em geral, a distribuição de raízes no perfil do solo, tanto para gotejamento
quanto para microaspersão, e em conformidade com diversos autores já citados, foi maior
próximo à superfície, com maior concentração do sistema radicular na camada do solo
compreendida entre 0,10 – 0,40 m de profundidade.
Para os tratamentos irrigados por microaspersão, observa-se que no T1 a distribuição
radicular apresentou-se mais superficial em comparação com T2 e T3, e como visto na figura
1A, houve uma maior concentração das raízes até 0,3 m de profundidade, e até a metade da
distância entre a planta e o microaspersor, que está localizado a 1,0m do pseudocaule. Já os
tratamentos T2 e T3, (Figura 1B e 1C) apresentaram ambos um desenvolvimento radicular em
maiores profundidades, com crescimento radicular desde a base da planta até as proximidades
do microaspersor, explorando praticamente toda a área do perfil de solo avaliado, como visto na
figura 1C. Portanto nota-se que à medida que a vazão do emissor aumentou, ou seja, um maior
volume de água sendo aplicado no diâmetro molhado pelo microaspersor em um tempo menor
E. B. S. Junior et al.
proporcionou uma maior distribuição das raízes da bananeira no perfil do solo, não ficando
restrita a apenas uma camada.
A distância efetiva do sistema radicular aumentou de acordo com vazão do microaspersor, com
80% do sistema radicular concentrado, a partir o pseudocaule da planta, em 0,75 m para o T1, 0,79
para T2 e 0,83 m para T3. Estes resultados se aproximam dos de Coelho et al. (2006), que avaliando
a distribuição do sistema radicular da bananeira sob diferentes configurações localizadas, em
condições sub-úmidas, concluíram que nos dois sistemas de irrigação (Microaspersão e
gotejamento), 80% do comprimento total das raízes foram detectadas a 0,70 m de do pseudocaule.
Quanto à profundidade efetiva do sistema radicular ela ocorreu aos 0,36 m para T1, 0,48m
para T2 e 0,55m para T3, respectivamente, isso comprova o que foi citado por Coelho et al.,
(2008) afirmando que o desenvolvimento do sistema radicular da bananeira normalmente
apresenta um desenvolvimento superficial e que seu crescimento é influenciado pelas zonas de
maior disponibilidade de água, como visto no T1, que proporcionou uma área de maior
disponibilidade de água próxima à superfície, enquanto o T2 e T3 a área de disponibilidade de
água alcançou maiores profundidades permitindo assim o desenvolvimento mais profundo do
sistema radicular. Os resultados obtidos também estão de acordo com Carr (2009) que cita que
apesar das raízes da bananeira alcançarem profundidades além de 1,0 m, a profundidade efetiva
de enraizamento é normalmente considerada como sendo de 0,0 – 0,40 m, às vezes se
estendendo até 0,60 m de profundidade.
CONCLUSÃO
A distribuição de raízes no perfil do solo sofre influencia do sistema de irrigação
adotado, e à medida que se aumentou a vazão nominal do emissor houve um maior
desenvolvimento das raízes em todo o perfil do solo. O desenvolvimento do sistema
radicular da bananeira, para todos os sistemas avaliados, apresentou na grande maio
desenvolvimento próximo a superfície do solo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOHM, W. Methods of studying root systems. New York: Springer Verlag Berlin Heidelberg, 1979, 190p.
CARR, M. K. V. The water relations and irrigation requirements of banana (Musa Spp.). Experimental
Agriculture, Cambridge, v. 45, n. 3, p. 333-371, July 2009.
COELHO, E.F.; OLIVEIRA, F. C.; ARAÚJO, E. C. E.; VASCONCELOS, L. F. L.; LIMA, D. M.
Distribuição do sistema radicular da mangueira sob irrigação localizada em solo arenoso de tabuleiros
costeiros. Revista Brasileira de fruticultura. Jaboticabal – SP, v. 23, n. 2, p. 250-256. 2001.
COELHO, E. F. et al. Distribuição de raízes e extração de água do solo em fruteiras tropicais. Cruz das
Almas: EMBRAPA Mandioca e Fruticultura Tropical, 2008. 80 p.
BORGES, A. L. et al. Distribuição do sistema radicular da bananeira „Prata-Anã‟ em duas frequências de
fertirrigação com uréia. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 30, n. 1, p. 259-262, mar. 2008.
FANTE JR., L et al . Distribuição do sistema radicular de uma cultura de aveia forrageira. Scientia
Agricola, Piracicaba, v. 56, n. 4, 1999 .
E. B. S. Junior et al.
KASPAR, T. C.; EWING, R. P. Rootedge: software for measuring root length from desktop scanner
images. Agronomy Journal, Madison, v. 89, n. 6, p. 932-940, Nov./ Dec. 1997.
0
0
-0.1
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A
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Distância da planta (m)
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Profundidade (m)
Profundidade (m)
ROBINSON, J.C. and GALAN SAUCO, V." Banana and Plantains (2nd Edition), CAB International,
Wallingford, UK. 311 pp, 2010.
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Figura 1- Isolinhas de densidade de comprimento de raízes no perfil do solo com irrigação por
microaspersão: T1 ((A), T2 (B) e T3 (C).
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