DISTRIBUIÇÃO DO SISTEMA RADICULAR DA BANANEIRA ‘PRATA GORUTUBA’ IRRIGADA POR MICROASPERSÃO1 E. B. S. Junior2; E. F. Coelho3; P. M. de Oliveira4; R. C. Coutinho5 RESUMO: O estudo do sistema radicular de uma cultura é uma informação de grande importância para o manejo da irrigação. O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição do sistema radicular da bananeira prata gorutuba irrigada por microaspersão. O experimento foi realizado na fazenda experimental do gorutuba em Nova Porteirinha-MG, com delineamento em blocos casualizados, com 3 tratamentos e 5 repetições. A bananeira foi conduzida no espaçamento de 3,0 x 2,5m, e irrigada por 3 sistemas de microaspersão. As amostras de solo foram retiradas em trincheira abertas em 4 distâncias e 5 profundidades do perfil do solo. A profundidade efetiva do sistema radicular ocorreu aos 0,36 m para T1, 0,48m para T2 e 0,55m para T3. A distância efetiva do sistema radicular aumentou de acordo com vazão do microaspersor, com 80% do sistema radicular concentrado a partir o pseudocaule da planta, em 0,75 m para o T1, 0,79 para T2 e 0,83 m para T3. A distribuição de raízes no perfil do solo sofre influencia do sistema de irrigação adotado, e à medida que se aumentou a vazão nominal do emissor houve um maior desenvolvimento das raízes em todo o perfil do solo PALAVRAS-CHAVE: Banana, raízes, irrigação ROOT DISTRIBUTION OF BANANA 'PRATA GORUTUBA' IRRIGATED BY MICRO-SPRINKLER SUMMARY: The study of the root system of a crop is a very important information for irrigation management. The objective of this study was to evaluate the distribution of the root system of banana Prata Gorutuba irrigated by micro-sprinkler. The experiment was carried at the experimental farm of Gorutuba in Nova Porte-irinha - MG, randomized block design with three treatments and five replications. The banana was conducted at a spacing of 3.0 x 2.5 m, and irrigated by three micro-sprinkler systems. Soil samples were taken in open trench at four distances and five depths of the soil profile. The effective depth of the root system occurred at 0.36 m to T1, 0.48 m to T2 and 0.55 m to T3. The effective distance of the root system increased with flow rate of the emitter, with 80% of the root 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor. Estudante Pós-Graduação em Ciências Agrárias, UFRB, CEP 48970-000, Cruz das Almas, BA. Fone (75) 91408924. Email: [email protected] 3 Pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas - BA, 4 Pesquisadora Dr. EPAMIG, Nova Porteirinha - MG, 5 Engenheiro Agrônomo, UNIMONTES, Janaúba - MG 2 E. B. S. Junior et al. system concentrated from the pseudostem of the plant in 0,75m to T1, 0.79 m to T2 and 0.83m to T3. The distribution of roots in the soil profile is influenced by the irrigation system adopted, and at moment that increased the nominal flow rate of the emitter there was a increase of development of roots throughout the soil profile KEYWORDS: Banana, Root, irrigation INTRODUÇÃO A avaliação do sistema radicular de uma cultura é fundamental no diagnóstico de sistemas de manejo que visam a otimização da produtividade agrícola (Fante Jr. et al., 1999). No caso da Bananeira o conhecimento da distribuição radicular é uma informação de grande importância, uma vez que ela dá suporte à aplicações mais eficientes de fertilizantes, instalação correta de sensores de umidade e de medidas de potencial matricial no solo. Coelho et al., (2001) afirma que o conhecimento da distribuição de raízes no solo constituíse uma importante ferramenta no que diz respeito à elaboração de projetos de irrigação, uma vez que a quantidade de água aplicada deve ser tal que o solo na profundidade efetiva do sistema radicular esteja sempre próximo à capacidade de campo A distribuição das raízes no solo, tanto horizontalmente quanto verticalmente, é fortemente influenciada por uma série de processos complexos e dinâmicos, que incluem as interações entre o ambiente, o solo (tipo do solo, porosidade, compactação, disponibilidade de água), e as plantas em pleno crescimento (Fante Jr. et al., 1999, ROBINSON et al., 2010). Borges et al. (2008) avaliando a distribuição do sistema radicular da bananeira ´Prata–Anã´ em duas freqüências de fertirrigação, constataram que a maior concentração de raízes ocorreu nas camadas superficiais, até 0,30 m, e entre a planta e o microaspersor. Calheiros (1992) estudando a distribuição do sistema radicular da bananeira em condições irrigadas, observou que o sistema radicular alcançou 0,6m de profundidade, apresentando 24 a 56% das raízes nas camadas superficiais. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da irrigação por diferentes sistemas de irrigação por microaspersão sobre a distribuição do sistema radicular da bananeira “Prata Gorutuba” nas condições do Norte de Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Fazenda da Estação experimental do Gorutuba, local pertencente à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais- Epamig no município de Nova Porteirinha. O município está localizado na região Norte de Minas Gerais, a 15º 47' de latitude Sul, 43º 18' de longitude Oeste e 516 m de altitude. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo BSwh (clima quente de caatinga), com chuvas de verão e períodos secos bem definidos no inverno. Com precipitação média anual de 877 mm. O tipo de solo predominante na estação é o Latossolo Vermelho-Amarelo, cuja classificação e características físico-hídricas estão descritas. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, constando de três tratamentos e cinco repetições Os tratamentos foram distribuídos da seguinte forma:T1 – E. B. S. Junior et al. Microaspersores de 70L/h, sendo um emissor por quatro plantas com uma lateral entre duas fileiras de plantas; T2 – Microaspersores de 53L/h, sendo um emissor por quatro plantas com uma lateral entre duas fileiras de plantas; T3 – Microaspersores de 35L/h, sendo um emissor por quatro plantas com uma lateral entre duas fileiras de plantas; As coletas de amostras de raiz-solo foram realizadas na fase de emissão floral da bananeira mediante a abertura de uma trincheira para cada tratamento, com dimensões de 1,0 m de comprimento, por 1,0 m de profundidade e 0,80 m de largura, sendo escavada a partir do pseudocaule da bananeira na direção planta - microaspersor. As amostras de raízes foram então coletadas em monólitos de 0,1 x 0,1 x 0,1 m com auxilio de um coletor metálico, com um volume total da amostra de 1,0 x 10-3 m3 conforme Bohm (1979), nas distâncias da planta de 0,25, 0,50, 0,75 e 1,0 m e profundidades de 0,1; 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8 m. As raízes foram separadas do solo por meio de lavagem em peneira de malha 0,5 mm, sendo em seguida colocadas em solução de água e álcool para posterior armazenamento em geladeira. Posteriormente as raízes foram postas a secar naturalmente em papel absorvente, e logo em seguida separadas individualmente e distribuídas em folha de transparência que por sua vez, foram digitalizadas em arquivos TIFF (“Tagged Image File Format”) comprimidos, usando scanner de resolução 600 dpi, escala de 100% (Kaspar & Ewing, 1997; Coelho et al., 1999). Os arquivos digitalizados foram submetidas ao software Rootedge (Kaspar e Ewing, 1997) para a determinação das características geométricas: área, comprimento e diâmetro das raízes. Os dados de comprimento de raízes, Lr (cm), permitiram a determinação da densidade de comprimento de raízes, DCR (cm cm-3), conforme a equação 1. (eq.1) Em que: DCR – Densidade de comprimento de raízes (cm cm-3); Lr – Comprimento de raízes (cm), e Vr – Volume da amostra (cm3) RESULTADOS E DISCUSSÃO A figura 1 ilustra a distribuição das densidades de crescimento de raízes no solo para todos os tratamentos. Em geral, a distribuição de raízes no perfil do solo, tanto para gotejamento quanto para microaspersão, e em conformidade com diversos autores já citados, foi maior próximo à superfície, com maior concentração do sistema radicular na camada do solo compreendida entre 0,10 – 0,40 m de profundidade. Para os tratamentos irrigados por microaspersão, observa-se que no T1 a distribuição radicular apresentou-se mais superficial em comparação com T2 e T3, e como visto na figura 1A, houve uma maior concentração das raízes até 0,3 m de profundidade, e até a metade da distância entre a planta e o microaspersor, que está localizado a 1,0m do pseudocaule. Já os tratamentos T2 e T3, (Figura 1B e 1C) apresentaram ambos um desenvolvimento radicular em maiores profundidades, com crescimento radicular desde a base da planta até as proximidades do microaspersor, explorando praticamente toda a área do perfil de solo avaliado, como visto na figura 1C. Portanto nota-se que à medida que a vazão do emissor aumentou, ou seja, um maior volume de água sendo aplicado no diâmetro molhado pelo microaspersor em um tempo menor E. B. S. Junior et al. proporcionou uma maior distribuição das raízes da bananeira no perfil do solo, não ficando restrita a apenas uma camada. A distância efetiva do sistema radicular aumentou de acordo com vazão do microaspersor, com 80% do sistema radicular concentrado, a partir o pseudocaule da planta, em 0,75 m para o T1, 0,79 para T2 e 0,83 m para T3. Estes resultados se aproximam dos de Coelho et al. (2006), que avaliando a distribuição do sistema radicular da bananeira sob diferentes configurações localizadas, em condições sub-úmidas, concluíram que nos dois sistemas de irrigação (Microaspersão e gotejamento), 80% do comprimento total das raízes foram detectadas a 0,70 m de do pseudocaule. Quanto à profundidade efetiva do sistema radicular ela ocorreu aos 0,36 m para T1, 0,48m para T2 e 0,55m para T3, respectivamente, isso comprova o que foi citado por Coelho et al., (2008) afirmando que o desenvolvimento do sistema radicular da bananeira normalmente apresenta um desenvolvimento superficial e que seu crescimento é influenciado pelas zonas de maior disponibilidade de água, como visto no T1, que proporcionou uma área de maior disponibilidade de água próxima à superfície, enquanto o T2 e T3 a área de disponibilidade de água alcançou maiores profundidades permitindo assim o desenvolvimento mais profundo do sistema radicular. Os resultados obtidos também estão de acordo com Carr (2009) que cita que apesar das raízes da bananeira alcançarem profundidades além de 1,0 m, a profundidade efetiva de enraizamento é normalmente considerada como sendo de 0,0 – 0,40 m, às vezes se estendendo até 0,60 m de profundidade. CONCLUSÃO A distribuição de raízes no perfil do solo sofre influencia do sistema de irrigação adotado, e à medida que se aumentou a vazão nominal do emissor houve um maior desenvolvimento das raízes em todo o perfil do solo. O desenvolvimento do sistema radicular da bananeira, para todos os sistemas avaliados, apresentou na grande maio desenvolvimento próximo a superfície do solo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOHM, W. Methods of studying root systems. New York: Springer Verlag Berlin Heidelberg, 1979, 190p. CARR, M. K. V. The water relations and irrigation requirements of banana (Musa Spp.). Experimental Agriculture, Cambridge, v. 45, n. 3, p. 333-371, July 2009. COELHO, E.F.; OLIVEIRA, F. 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