I − Introdução Hidráulica Fluvial Hidráulica Fluvial 1. Introdução, Âmbito O que é a Hidráulica Fluvial (HF)? Genericamente, a Hidráulica Fluvial compreende a avaliação das características do escoamento e do comportamento geomorfológico dos rios, na sua forma natural, ou causada por acções antrópicas. Em canais de fundo móvel existe uma interdependência entre o escoamento e a forma do fundo. Exemplos de intervenção: − Construção de barragens e obras de regularização; Assoreamentos a montante (diminuição do volume da albufeira), erosão a jusante (infra-escavações,...), alteração do regime hidrológico, qualidade de água, ... − Dimensionamento de canais para controle de cheias; − Estudos de qualidade de água em rios; − Canais de navegação; − Operação e manutenção de sistemas de controlo fluvial. Processos Fluviais e Costeiros, 2002 Francisco Sancho I−1 I − Introdução Hidráulica Fluvial Características dos rios: Profundidade, largura, velocidade, inclinação, forma em planta, ... Escalas de intervenções/acções em rios: − Temporal: “curto” e “longo” prazo; − Espacial: “local” e a “grande distância” Aspectos ambientais da HF: Em estudos de impacte ambiental em rios é normalmente necessário prever os níveis de água, caudais, velocidades de escoamento, taxas de transporte de sedimentos e as características da qualidade de água. Métodos de estudo em HF: − Métodos empíricos: baseado na experiência adquirida de obras feitas − Modelos físicos: execução de trabalho experimental em modelos reduzidos à escala − Modelos matemáticos: analíticos e numéricos Métodos Híbridos Processos Fluviais e Costeiros, 2002 Francisco Sancho I−2 I − Introdução Hidráulica Fluvial Variáveis independentes num escoamento aluvionar (Cunha, 1974): − Variáveis características do fluido: ρ : Massa específica, ν : viscosidade cinemática − Variáveis características do material do fundo: ρs : Massa específica, D : dimensão característica (diâmetro das partículas), σ : desvio-padrão (coef. de graduação) da distribuição granulométrica Ff : factor de forma das partículas − Variáveis características do escoamento (simplificado): h : Profundidade ou altura do escoamento, J : perda de carga por unidade de percurso, δ : espessura da camada limite − Variáveis características da geometria do canal: B : Largura da secção transversal, Fs : factor de forma da secção transversal do canal, Fc : factor de curvatura em planta do canal. − Outras: g : aceleração gravítica Processos Fluviais e Costeiros, 2002 Francisco Sancho I−3 I − Introdução Hidráulica Fluvial Donde, qualquer variável dependente pode ser expressa na forma: X = f ( ρ ,υ, ρs , D,σ , Ff , h, J ,δ , B, Fs , Fc , g ) Alternativamente, é conveniente a inclusão das variáveis: ws : velocidade de queda dos sedimentos, u* : velocidade de atrito, u∗ = τ ρ , sendo τ a tensão tangencial junto ao fundo, em substituição de J e de g, resultando, X = f ( ρ ,υ, ρs , D,σ , Ff , h, u∗,δ , B, Fs , Fc ,w s ) Processos Fluviais e Costeiros, 2002 Francisco Sancho I−4 I − Introdução Hidráulica Fluvial Dimensões do escoamento: − 1D: implica que a variação de qualquer propriedade (variável) numa direcção perpendicular à do escoamento é desprezável ou conhecida à priori. − 2D: Necessário quando as hipóteses do escoamento 1D são violadas (por exemplo, em curvas em planta). Particularmente importante quando as velocidades máximas na secção transversal são necessárias (ex., vel. máxima em curvas pode originar graves erosões). − 3D: Estudos localizados. Exemplo: erosão em torno de pilares! Regra simples para a escolha entre estudos 1D e 2D: se L >20B, as variações transversais não são de interesse e existem poucas singularidades (alterações de secção), então é provavelmente adequado o modelo 1D. Processos Fluviais e Costeiros, 2002 Francisco Sancho I−5