TCC Jarbas Everling

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUI
JARBAS EVERLING
CARACTERIZAÇÃO DE IDOSOS, EVENTOS ASSOCIADOS A HEMODIÁLISE E
PERCEPÇÕES DE INCÔMODO COM A DOENÇA RENAL
Ijuí (RS)
2012
1
JARBAS EVERLING
CARACTERIZAÇÃO DE IDOSOS, EVENTOS ASSOCIADOS A HEMODIÁLISE E
PERCEPÇÕES DE INCÔMODO COM A DOENÇA RENAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na
forma de artigo ao Curso de Enfermagem do
Departamento de Ciências da Vida – DCVida da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do
Rio Grande do Sul – UNIJUÍ como requisito
parcial para a obtenção do título de Enfermeiro.
Orientadora: Prof.ª Eniva Miladi Fernandes Stumm
Ijuí (RS)
2012
2
CARACTERIZAÇÃO DE IDOSOS, EVENTOS ASSOCIADOS A HEMODIÁLISE E
PERCEPÇÕES DE INCÔMODO COM A DOENÇA RENAL
Jarbas Everling
Eniva Miladi Fernandes Stumm
RESUMO
INTRODUÇÃO: a maneira como idosos enfrentam a doença e o tratamento repercute na
efetividade do respectivo tratamento. OBJETIVO: caracterizar um grupo de idosos que
hemodialisam em uma Unidade Nefrológica, eventos associados à hemodiálise, bem como
suas percepções referentes a como se sentem incomodados com os efeitos da doença renal em
suas vidas. METODOLOGIA: investigação descritiva, a partir de resultados de pesquisa em
Unidade Nefrológica do noroeste do Rio Grande do Sul. Participaram 77 pacientes. Artigo
construído com dados de 35 idosos. Projeto aprovado por Comitê de Ética, n0 0278024300009. Instrumentos: dados sociodemográficos, complicações e percepções de incomodo com a
doença. Análise dos dados: estatística descritiva, correlação de Spearman. RESULTADOS:
65,7% homens, casados, com filhos, baixa escolaridade. Complicações mais relatadas,
fraqueza, cãibra. Limitação alimentar, trabalhar em casa, aparência pessoal se correlacionam
com interferência da doença renal. CONCLUSÁO: a enfermagem pode ajudá-los a conviver
melhor com a doença e o tratamento dialítico.
PALAVRAS-CHAVE: Idoso, insuficiência renal crônica, diálise renal, sentimentos,
enfermagem.
ABSTRACT
INTRODUCTION: the way the elderly confront the disease and treatment affects the
effectiveness of treatment. OBJECTIVE: to characterize a group of elderly who realize
hemodialysis in a nephrology unit, events associated with hemodialysis, as well as their
perceptions regarding how they feel uncomfortable with the effects of renal disease in their
lives. METHODOLOGY: descriptive research, based on results of research in nephrology
unit of northwestern Rio Grande do Sul. Participated in 77 patients. Article constructed with
data from 35 elderly. Project approved by the Ethics Committee, nº02780243000-09.
Instruments: demographic data, complications, and perceptions of discomfort with the
disease. Data analysis: descriptive statistics, Spearman correlation. RESULTS: 65.7% male,
married, with children, low educational level. Most commonly reported complications,
weakness, cramping. Limiting food, work from home, personal appearance are correlated with
interference of renal disease. CONCLUSION: nursing can help them live better with disease
and dialysis.
Keywords: Elderly; chronic renal failure; renal dialysis; feelings; nursing.
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................
04
2 METODLOGIA..............................................................................................................
05
3 RESULTADOS................................................................................................................ 06
4 DISCUSSÃO....................................................................................................................
09
5 CONCLUSÃO.................................................................................................................
12
6 REFERÊNCIAS..............................................................................................................
13
7 ANEXOS..........................................................................................................................
15
8 APÊNDICES.................................................................................................................... 16
4
1 INTRODUÇÃO
O grande aumento da população idosa observado em todo planeta evidencia grandes
desafios para a sociedade e, principalmente, para os profissionais de saúde. Com o aumento
da idade, o indivíduo sofre um declínio na fisiologia corpórea, impactando na condição de
suscetibilidade a várias doenças. Dentre estas, emerge a questão do idoso em tratamento
hemodialitico, o qual requer cuidados relacionados à sua condição,( enquanto paciente).
Pilger et al (2010) colocam que o impacto que a doença provoca na vida do idoso está
diretamente relacionado a forma como este enfrenta a doença e o seu tratamento. O idoso em
tratamento hemodialítico apresenta características clínicas peculiares, como maior número de
co-morbidades, necessidade maior de hospitalização e consumo elevado de medicamentos
(BRAGA et al, 2011).
No atual contexto do acelerado envelhecimento da população, as doenças crônicas
exigem uma visão holística por parte dos profissionais de saúde. Em meio a estas doenças
emerge a Doença Renal Crônica Terminal (DRCT). Cordeiro et al (2009) afirmam que a
mesma se configura como uma doença de instalação gradual, na qual o paciente depende de
uma terapêutica continua. O individuo com DRCT sofre grandes mudanças em sua vida, as
quais perpassam por limitações no seu cotidiano, nas condições de trabalho, físicas e
emocionais (SANTOS, ROCHA, BERARDINELLI, 2011).
Gonçalves et al (2011) colocam que a DRCT é uma síndrome crônica da função renal
que normalmente progride de forma lenta, progressiva e irreversível, acompanhada por um
conjunto de doenças subjacentes. Já, a insuficiência renal aguda ocorre subitamente, com
queda no ritmo de filtração glomerular e decréscimo da função renal, uma das mais
importantes complicações em pacientes hospitalizados (PONCE et al, 2011). No que tange ao
idoso com DRCT, em hemodiálise, há comprometimento de sua qualidade de vida. Terra et al
(2010) pontuam que ocorrem com freqüência complicações em pacientes renais crônicos
durante as sessões de hemodiálise e, em qualquer programa de controle da qualidade do
tratamento deve estar inserida a avaliação dessas, bem como o paciente deve ser orientado
sobre as prováveis complicações e como acontecem.
A maneira como o paciente idoso enfrenta a doença e o seu tratamento é importante e
pode repercuti na efetividade do respectivo tratamento. Bertolin et al (2011), em estudo
realizado com 107 indivíduos em hemodiálise ambulatorial há mais de seis meses, com o
objetivo de
verificar a associação entre os modos de enfrentamento das pessoas em
5
hemodiálise crônica e as variáveis sociodemográficas, colocam que o modo de enfrentamento
focado na emoção foi o mais referido pelos pesquisados, relacionados ao fator reavaliação
positiva.
Diante do exposto, a atuação da equipe de saúde, com ênfase na de enfermagem, é
importante, requer uma visão ampliada, que contemple aspectos físicos, emocionais, sociais e
ambientais, com vistas a apreender as reais necessidades de cuidado desses indivíduos. Com
base nessas considerações, busca-se com essa pesquisa caracterizar um grupo de idosos que
hemodialisam em uma Unidade Nefrológica, eventos associados à hemodiálise, bem como
suas percepções referentes a como se sentem incomodados com os efeitos da doença renal em
suas vidas.
2 METODOLOGIA
Pesquisa de abordagem quantitativa, descritiva e transversal, construída a partir de
resultados de uma pesquisa em uma Unidade Nefrológica de um município da região noroeste
do Rio Grande do Sul, intitulada “Perfil, fatores de risco e avaliação da qualidade de vida de
pacientes renais crônicos em tratamento hemodialítico em uma unidade de nefrologia da
região noroeste do estado do rio grande do sul.” Aceitaram integrar-se à mesma 77 pacientes.
Destaca-se que esse artigo foi construído a partir de dados de todos os idosos (35)
participantes da respectiva pesquisa.
Os critérios de inclusão elencados pelas pesquisadoras foram: ser paciente renal
crônico em tratamento hemodialítico na Unidade Nefrológica, ter interesse em participar da
pesquisa, após ser esclarecido acerca dos objetivos, ter idade igual ou superior a 18 anos,
aceitar assinar o TCLE (Apêndice 1) e não apresentar déficit cognitivo. Como critérios de
exclusão foram definidos: pacientes incapacitados de compreender ou responder as questões
da pesquisa, ter idade inferior a 18 anos e discordar em participar da pesquisa.
A coleta de dados ocorreu de maio de 2010 a julho de 2010, logo após a aprovação do
projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM, sob Parecer
Consubstanciado n0 02780243000-09 (Anexo 1). Foram observados todos os preceitos éticos
de uma pesquisa com seres humanos (Res. 196/1996).
6
Os instrumentos de coleta de dados utilizados nessa pesquisa foram: dados de
identificação e sociodemográficos (Apêndice 2), relacionados a complicações associadas à
Insuficiência Renal e percepções dos pacientes idosos referentes a como ficam incomodados
com os efeitos da doença renal em suas vidas em determinadas áreas. Destaca-se que essas
percepções referidas pelos pacientes foram extraídas do instrumento Kidney Disease and
Quality of Live-Short Form (KDQOL-SFTM), mais especificamente, da questão nº 15 que
aborda o quanto o idoso ficou incomodado com os efeitos da doença renal em sua vida
(Anexo 2). A análise dos dados obtidos com a pesquisa foi realizada com estatística
descritiva, teste de correlação de Spearmann e uso do Software Estatístico SPSS. Os dados
são apresentados em tabelas simples e cruzada.
3. RESULTADOS
Inicialmente, na Tabela 1, são explicitadas as características sociodemográficas dos 35
idosos que participaram da pesquisa. Nesta se evidencia que mais de 70% são homens, com
idade entre 60 a 70 anos incompletos, casados e todos possuem filhos. Constata-se que a
maioria deles possui; ensino fundamental incompleto, mais da metade reside com
companheiro (a) e 17,1 % sozinho.
Tabela 1. Caracterização dos idosos. Unidade Nefrológica de um Hospital da Região
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - maio a julho de 2010.
Características
N
%
Sexo
Masculino
26
74,3
Feminino
9
25,7
Idade
60 |--- 70 anos
70 anos ou mais
Estado Civil
Casado
Solteiro
Separado/Divorciado
Viúvo
Filhos
Sim
Escolaridade
Ensino Fundamental Incompleto
Ensino Fundamental Completo
Ensino Médio Completo
Ensino Superior
23
12
65,7
34,3
21
1
4
9
60,0
2,9
11,4
25,7
35
100
27
1
4
3
77,2
2,9
11,4
8,6
7
Renda
Aposentadoria
Pensão/auxilio doença
Com quem mora
Companheiro (a) (Esposa/Marido)
Filhos
Sozinho
Esposa e filhos
Outros
Residência
Centro da cidade na qual foi realizada a pesquisa
Outra cidade
Interior da cidade na qual foi realizada a pesquisa
Tempo em hemodiálise
Menos que 24 meses
24|--- 60 meses
60|--- 96 meses
96|--- 132 meses
132 meses ou mais
32
3
91,4
8,6
19
5
6
2
3
54,3
14,3
17,1
5,7
8,6
17
12
6
48,6
34,3
17,1
8
8
6
8
5
22,9
22,9
17,1
22,9
14,3
Ainda em relação aos dados contidos na Tabela1, a mesma mostra que praticamente a
metade dos idosos pesquisados reside na área urbana do município, porem mais de 30% deles
se deslocam de sua cidade de origem para realizar hemodiálise. Quanto ao tempo em que os
idosos estão em diálise, constata-se que em percentuais aproximados, estão em períodos que
vão de menos de 2 anos até mais de 11 anos.
Sequencialmente, na Tabela 2, são apresentados os eventos referidos pelos idosos
pesquisados associados a hemodiálise e classificados conforme a idade.
Nesta constata-se
que as complicações em percentuais mais altos referidas pelos idosos de 60 a 70 anos
incompletos e nos de 70 ou mais foram cãibra, fraqueza e hipotensão arterial.
Tabela 2. Complicações referidas pelos idosos de 60 a 80 anos incompletos e de 80
anos ou mais de idade. Unidade Nefrológica de um Hospital da Região Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul - maio a julho de 2010.
60 a 70anos
70 anos ou mais
Total
Complicações
n(%)
n(%)
n(%)
Cãibra
14(40,0)
7(20,0)
21(60,0)
Fraqueza
12(34,3)
8(22,9)
20(57,1)
Hipotensão Arterial
9(25,7)
4(11,4)
13(37,1)
Perda de Peso
9(25,7)
2(5,7)
11(31,4)
Coceira
8(22,9)
3(8,6)
11(31,4)
Dor de cabeça
7(20,0)
3(8,6)
10(28,6)
Anemia
7(20,0)
2(5,7)
9(25,7)
Hipertensão Arterial
7(20,0)
2(5,7)
9(25,7)
Dor
5(14,3)
2(5,7)
7(20,0)
Constipação intestinal
4(11,4)
4(11,4)
8
Ganho de Peso
Infecções repetitivas
Arritmia Cardíaca
1(2,9)
2(5,7)
1(2,9)
2(5,7)
-
3(8,6)
2(5,7)
1(2,9)
Finalizando, a apresentação dos dados obtidos com essa pesquisa, na Tabela 3 são
apresentadas as percepções dos idosos quanto a como se sentem incomodados com os efeitos
da doença renal em determinadas áreas de sua vida e os resultados do teste de Correlação de
Spearmann referentes a interferência da respectiva doença na vida deles.
Tabela 3. Percepções dos pacientes idosos referentes a como ficam incomodados com os efeitos
da doença renal em suas vidas em determinadas áreas. Unidade Nefrológica de um Hospital
da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - maio a julho de 2010.
Incomoda
Áreas
Nada
n(%)
Um
pouco
n(%)
De forma
moderada
n(%)
Muito
n(%)
Extremamente
n(%)
Correlação de
Spearman's
Interferência da
doença renal em
sua vida
p- valor
0,054
Limitação de
10(28,6) 15(42,9) 5(14,3)
3(8,6)
2(5,7)
líqüido
Limitação
11(31,4) 13(37,1) 7(20,0)
3(8,6)
1(2,9)
0,012
alimentar*
Sua capacidade de
12(34,3) 9(25,7)
7(20,0)
4(11,4)
3(8,6)
0,011
trabalhar em casa*
Sua limitação para 11(31,4) 10(28,6) 7(20,0)
3(8,6)
4(11,4)
0,228
viajar
Depender dos
14(40,0) 10(28,6) 9(25,7)
2(5,7)
0,661
médicos e outros
profissionais da
saúde
Estresse ou
9(25,7) 11(31,4) 12(34,3)
1(2,9)
2(5,7)
0,286
preocupações
causadas pela
doença renal
Sua vida sexual1
6(17,1)
4(11,4)
1(2,9)
1(2,9)
12(34,3)
0,120
Sua aparência
20(57,1) 11(31,4)
2(5,7)
2(5,7)
0,017
pessoal*
1
11 Não responderam
* Correlação significante (p<0,05);
Categorias: Áreas= escores variando de 1 para “Não incomoda nada” até 5 para “Extremamente
incomodado”; Interferência da doença renal em sua vida = escores variando de 1 para “sempre
verdade” até 5 para “sempre falso”.
Quanto a área “Limitação de Líquido”, 42,9% dos idosos pesquisados referem que se
sentem “Um pouco” incomodados e, um percentual aproximado, refere não se sentir
incomodado com a mesma. Igualmente, na “Limitação Alimentar”, os idosos referem sentirse incomodados nas freqüências “Um pouco”, “Nada” e “De forma moderada”.
9
Referente a “Sua capacidade de trabalhar em casa”, 34,3% dos idosos mencionam que
não incomoda, seguido de “Um pouco” e “De forma moderada”. Mais da metade respondeu,
nas frequências “nada” e “um pouco”, referente a interferência da doença na “Sua limitação
para Viajar”.
Em relação a “Depender dos médicos e outros profissionais da saúde”, 40% relata não
se sentir incomodado e 60% se sente incomodado nas freqüências “Um pouco”, “De forma
moderada” e “Muito”. Dos idosos pesquisados, 32% referem sentir-se incomodados com
“Estresse ou preocupações causadas pela doença”. 37,2% deles sentem-se incomodados com
os efeitos da doença renal na vida sexual. Evidencia-se que mais de 40% dos pesquisados
referem sentir-se incomodados com sua aparência pessoal.
É possível identificar, ainda na Tabela 3, a partir da Correlação de Spermann que a
limitação alimentar, a capacidade de trabalhar em casa e a aparência pessoal dos idosos
pesquisados, são as áreas que mais se correlacionam com a interferência da doença renal na
vida deles.
4 DISCUSSÃO
Referente a análise da Tabela 1, outras pesquisas mostram resultados que vem ao
encontro da pesquisa ora analisada. Quanto ao perfil dos idosos pesquisados, Stefanelli et al
(2010), ao realizarem pesquisa com o objetivo de avaliar indicadores antropométricos do
estado nutricional de 137 pacientes cadastrados junto ao programa de HD na Irmandade da
Santa Casa de Misericórdia de Marília, bem como estabelecer correlação entre tempo de
realização do procedimento dialítico e estado nutricional dos mesmos, identificaram que 55%
deles eram homens, com média de idade de 54,9anos.
Cordeiro et al (2009), estudo que avaliou a qualidade de vida de 72 portadores de
doença renal crônica, em hemodiálise, por meio do instrumento KDQOL-SF, observaram que
58,3% tinha companheiro fixo, 8% moravam sozinhos e 19,4% dos pesquisados não tinham
filhos. Quanto ao grau de escolaridade, 38,9% sabiam ler e escrever. A maioria dos
entrevistados recebia de um a dois salários mínimos mensais e 66,3% estavam em tratamento
hemodialitico há mais de 12 meses. Braga et al (2011), vem ao encontro, ao identificar
fatores associados à qualidade de vida relacionada a saúde de 223 idosos em hemodiálise e
10
pontuam que destes, 108 estavam entre 1 e 2 anos de tratamento hemodialítico, 33 de 2 a 3
anos e 82 há menos de 1 ano.
Quanto a Tabela 2, resultados ora analisados vem ao encontro de Kusomoto et al
(2008) ao caracterizarem adultos e idosos em HD, residentes em Ribeirão Preto-SP. Os
autores avaliaram e descreveram as diferenças na qualidade de vida relacionada a saúde de
194 pacientes. Eles pontuam que dentre as dimensões avaliadas através do KDQOL-SF,
63,5% dos adultos pesquisados referiram sentir “dor” e dos idosos, 58,8% igualmente
referiram dor, resultado esse que diverge dos dados ora analisados. Também, a média dos
adultos que referiram fadiga foi de 64,5% e dos idosos, de 60,2%.
Terra et al (2010) avaliaram as principais complicações apresentadas por 30 pacientes
renais crônicos durante sessões de hemodiálise em um hospital universitário do município de
Alfenas, MG. Observaram que 62,7% dos pacientes relataram a hipotensão arterial como
complicação, emergindo cefaléia e hipertensão arterial, ambas com 24,1% e, também foi
mencionado por eles, fraqueza, câimbras e dor em geral. Esse resultado vem ao encontro dos
dados ora analisados. Os autores pontuam que no que tange ao prurido, o mesmo pode ter
início ou se agravar durante a sessão de hemodiálise, em alguns pacientes.
Dentre as complicações mencionadas pelos sujeitos da pesquisa, somam-se perda de
peso e anemia, situações essas merecedoras de cuidado especial. Nesse contexto, Dos Santos,
Rocha e Berardinelli (2011, p.04) afirmam que “os procedimentos dialíticos determinam
condições que exigem orientações dietéticas específicas para manter ou melhorar a condição
nutricional dos clientes”.
No que tange as percepções dos idosos pesquisados referentes a como se sentem
incomodados com os efeitos da doença renal, explicitadas na Tabela 3,
os autores
identificaram necessidades de orientação de enfermagem para o autocuidado de 43 clientes
em HD. Eles destacam que 65,1% dos pacientes responderam que sabem o quanto podem
ingerir de líquidos e 34,8% referiam não saber. 69,7% não tinham conhecimento acerca das
complicações em HD, assim como 39,5% afirmaram não saber quais alimentos são permitidos
e 34,8% não sabiam quais alimentos eram proibidos.
Pesquisa realizada por Cunha et al (2011), com o objetivo de avaliar a qualidade vida
de 32 pacientes renais crônicos em HD através do KDQOL-SF, mostrou que dentre os
aspectos específicos da doença renal, a função sexual teve uma média de 94,14; os sintomas e
11
problemas, 76,04 e a sobrecarga da doença, 12,34. Ressalta-se que o maior escore representa
o melhor resultado.
Cordeiro et al (2009) em estudo descritivo exploratório, realizado em uma clinica no
município de Goiás, com a participação de 72 pacientes, o qual usou o KDQOL, resultados
mostram que a maioria (77,8%) dos pacientes pesquisados não trabalhavam em função da
doença renal, os demais atuavam como autônomos e 6,9% em serviços privados. Os autores
pontuam que o tratamento hemodialitico representa dificuldade para que as pessoas se
mantenham empregadas e possam colaborar com a renda familiar, pois necessitam se afastar
do trabalho em função do tratamento dialítico.
Pilger et al (2010), buscaram compreender por meio de relatos de renais crônicos, o
impacto da hemodiálise em suas vidas. Emergiu uma abordagem das limitações dos idosos, de
60 a 82 anos de idade, com media de 71 anos. Foi um estudo com a participação de 22 idosos,
dos quais 11 deles eram trabalhadores da área rural, ou seja, lavradores, enquanto 5 idosas
eram do lar. Obtiveram como resultado que o lavrador é uma das profissões mais praticadas
anteriormente ao tratamento dos pacientes, função esta que necessitou ser abandonada após o
inicio do tratamento,pelas limitações físicas como consequência da situação de cronicidade e
da própria idade.
Os idosos pesquisados, conforme explicitado na Tabela 3, em torno de 20% deles se
ressentem pelo fato de sofreram limitação para viajar. Nesse sentido, Silva et al (2011) em
pesquisa realizada em Rio Grande-RS, traz nos relatos de pacientes idosos ,algumas restrições
referentes a lazer,viagens, decorrentes do tratamento. Os pesquisados referem que a alegria de
viver associada ao prazer de viajar, de visitar familiares, ficam comprometidas, inicialmente
por se sentirem inseguros com o cuidado da FAV e receosos em realizar hemodiálise em outra
instituição de saúde, com uma equipe desconhecida.
No que se refere a alterações na autoimagem dos pesquisados, Silva et al (2011)
igualmente, evidenciaram limitações em pacientes de DRC, decorrentes da presença da FAV
e pela dependência da tecnologia, as quais necessitam ser desmistificadas pela equipe de
saúde. Os pesquisados reconhecem a necessidade da (FAV) para o tratamento, porem,
relataram sentimentos de tristeza, amargura, aliados aos cuidados necessarios com a qualidade
de acesso e manutenção da mesma. Santos, Rocha e Berardinelli (2011) contribuem, ao
afirma que a percepção da alteraçao da autoimagem surge de forma abrupta e inesperada, gera
muita tristeza nos pacientes que necessitam se adaptar às mudanças, aliado ao estresse.
12
Ressaltam que o processo de aceitação provoca restrições e emerge a necessidade de
instalação de uma via de acesso para a diálise, ou seja, criação (FAV) ou inserção de um
cateter.
5 CONCLUSÃO
A construção desse trabalho permitiu caracterizar os idosos participantes da pesquisa,
eventos associados à hemodiálise, suas percepções de como se sentem incomodados com os
efeitos da doença renal em suas vidas e relacionar os resultados obtidos com a literatura.
65,7% são homens, de 60 a 70 anos incompletos e os demais, com 70 anos ou mais de
idade, casados, todos com filhos. Constata-se que a maioria deles possui baixa escolaridade,
mais da metade reside com companheiro (a) e 17,1 % sozinhos.
Quanto as complicações referidas pelos idosos e associadas a hemodiálise, considerase que a equipe responsável pelo cuidado desses pacientes deve ficar atenta no que tange ao
monitoramento continuo dos com 80 anos ou mais de idade, pelo fato de estas ocorrerem em
percentuais mais altos neles do que nos demais idosos.
No que tange as percepções dos pesquisados quanto a interferência da doença na vida
deles, pode-se afirmar que ela interfere e o teste de Correlação de Spermann mostra que as
que se correlacionam são a limitação alimentar, a capacidade de trabalhar em casa e a
aparência pessoal. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de os profissionais que atuam em
unidades renais, com ênfase nos de enfermagem, de se deterem nesses aspectos, de se
colocarem a disposição para ouvir o que os idosos tem a dizer, bem como direcionar ações
com o intuito de esclarecer suas dúvidas, de melhorar a auto-imagem e autoestima, como
alternativas de proporcionar bem estar e contribuir para que aceitem melhor o tratamento que
os mantém vivos.
Finalizando, os resultados dessa pesquisa podem ser importantes também no sentido
de instigar reflexões, discussões e ações que visem melhorar a qualidade de vida dos idosos
em hemodiálise, bem como proporcionar bem estar e ajuda-los no enfrentamento da doença e
do tratamento hemodialitico. Eles podem ainda instigar pesquisadores, profissionais que
atuam em nefrologia e estudantes no sentido de ampliar pesquisas sobre essa temática e,
inclusive, com o uso de outras abordagens.
13
6 REFERÊNCIAS
BERTOLIN, Daniela Comelis et al. Associação entre os modos de enfrentamento e as
variáveis sociodemográficas de pessoas em hemodiálise crônica. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, São Paulo: EEUSP, v. 45, n. 5, p. 1070-1076, out. 2011. Disponível
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13
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hemodiálise: avaliação da qualidade de vida relacionada a saúde>. Acesso em 15 de jun.
2012.
15
7 ANEXOS
7.1 Parecer Comitê de Ética em Pesquisa
16
7.2 Questão nº15 do instrumento KDQOL-SFTM:
Efeitos da Doença Renal em sua vida diária:
15. Algumas pessoas ficam incomodadas com os efeitos da doença renal em suas vidas
diárias, enquanto outras não. Até que ponto a doença renal lhe incomoda em cada uma das
seguintes áreas?
Não
incomoda
nada
Incomoda um
pouco
Incomoda
de forma
moderada
Incomo- Incomoda
da muito extremaMente
15.1 Limitação de líqüido?
15.2 Limitação alimentar?
capacidade
de
15.3 Sua
trabalhar em casa?
limitação
para
15.4 Sua
viajar?
15.5 Depender dos médicos e
outros profissionais da
saúde?
15.6 Estresse ou preocupações
causadas pela doença
renal?
15.7 Sua vida sexual?
15.8 Sua aparência pessoal?
8 APÊNDICES
8.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do estudo: perfil, fatores de risco e avaliação da qualidade de vida de pacientes renais
crônicos em tratamento hemodialítico em uma Unidade de Nefrologia da região noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul.
Pesquisador responsável: Eniva Miladi Fernandes Stumm
Instituição/Departamento: Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
doSul-UNIJUI, Universidade Federal de Santa Maria-UFSM, Centro de Educação
Superior Norte do RS-CESNORS.
Prezado(a) Senhor(a)


Você está sendo convidado(a) a responder as perguntas destes questionários de forma
totalmente voluntária.
Antes de concordar em participar desta pesquisa e responder este questionário, é muito
importante que você compreenda as informações e instruções contidas neste
documento.
17


As pesquisadoras deverão responder todas as suas dúvidas antes que você se decida a
participar.
Você tem o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem
nenhuma penalidade e sem perder os benefícios aos quais tenha direito.
Objetivo do estudo: “Avaliar o perfil, fatores de risco e a qualidade de vida de pessoas em
tratamento hemodialítico, assistidas em uma Unidade Renal de um hospital Porte IV da região
noroeste do estado do Rio Grande do Sul”.
Procedimentos: Sua participação consiste em responder a dois questionários semiestruturados contendo perguntas abertas e fechadas. Os dados coletados permanecerão
armazenados durante cinco anos no Departamento de Ciências da Saúde da Unijuí e após
esse período serão destruídos.
Benefícios: Esta pesquisa trará maior conhecimento sobre o tema abordado, contribuindo para
a construção de conhecimentos teóricos e para a qualificação da prática do cuidado.
Riscos: A participação nesse estudo não representará qualquer risco de ordem física ou
psicológica para você, no entanto, poderá sentir algum desconforto emocional.
Sigilo: As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos
pesquisadores responsáveis. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em nenhum
momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados em qualquer forma.
Caso você tenha alguma dúvida que não tenha sido esclarecida, por gentileza entre em
contato com a pesquisadora responsável pelo telefone acima citado.
Diante do exposto, eu __________________________________, declaro que fui
esclarecido (a) o suficiente sobre o estudo a ser realizado pelas pesquisadoras supra
nominadas e concordo em participar.
Esse documento possui duas vias, ficando uma com o colaborador e a outra com a
pesquisadora.
Ijuí, ___ de _____________ de _____
___________________________________
Assinatura do sujeito de pesquisa/representante legal-RG
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste estudo.
Ijuí, ___ de _____________ de _____
________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
Telefone e endereço para contato: (0XX)55 33320460. Campus Ijuí, Bairro Universitário,
CEP 98700-000 - Ijuí - RS
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato:
Comitê de Ética em Pesquisa
Avenida Roraima, 1000 - Prédio da Reitoria - 7o andar - Sala 702
Cidade Universitária - Bairro Camobi
97105-900 - Santa Maria - RS
Tel.: (55)32209362 - e-mail: [email protected]
18
8.2 Questões referentes aos dados de Identificação e Sociodemográficos:
1.Idade_____________
2.Data de Nascimento:___________________
3.Gênero: ( )Masculino ( )Feminino
4.Estado civil: ( )Casado ( )Solteiro ( )Divorciado/separado
5.Filhos: ( )Sim ( )Não
6.Quantos__________
7.Escolaridade______________________________
8.Profissão/Ocupação__________________________________________
9. Quais dessas rendas você tem:
( )Aposentadoria ( )Pensão ( )Aluguel ( )Trabalho próprio ( )Doações ( )Outras
10. Você tem ou teve alguma(s) dessas complicações associadas à Insuficiência Renal?
( )Câimbras ( )Hipotensão Arterial ( )Hipertensão Arterial ( )Dor de cabeça
( )Fraqueza ( )Dor ( )Infecções repetitivas ( )Anemia ( )Coceira ( )Perda de peso
( )Ganho de peso ( )Const. Intestinal ( )Arritmia Cardíaca ( )Outra
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