FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ POMAR URBANO: OS USOS DO PLANEJAMENTO A FIM DE REGENERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – RIO PINHEIROS (SP) Diego Moraes Flores1 Prof. Dr. Pompeu Figueiredo de Carvalho2 Resumo: A necessidade de proteção e conservação do que ainda restam de espaços verdes nos grandes centros urbanos hoje mais do que antes é imperiosa. Esta pesquisa visa através das concepções do planejamento setorial avaliar um projeto de regeneração das margens do Rio Pinheiros denominado de “POMAR URBANO” sob a égide da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Além de constatar sua eficácia como prática bem sucedida na laboriosa tarefa de proteção e conservação das margens do referido rio. Introdução O processo de eliminação dos espaços florestados em decorrência das atividades humanas, principalmente no último século, trouxe problemas de ordem ambientais sérios que hoje ultrapassam não só fatores de ordem econômica, mas já afetam a permanência do homem e a manutenção de suas atividades. Isto coloca em risco espécies de fauna e flora, e têm intensificado mudanças climáticas de esfera global à local, além de erosão excessiva do solo e assoreamento de cursos d’ água. A urbanização e crescimento das cidades trouxeram uma série de transformações em benefício dos homens, mas também uma gama de problemas que não foram pensados a fim de mitigar as conseqüências do processo de urbanização. Justamente nos grandes centros urbanos, lugar de morada da grande maioria das pessoas nestes tempos modernos que os referidos problemas se aguçam. O aparecimento de áreas totalmente degradadas devido ao crescimento desordenado e sem planejamento adequado, aliado a modelos de desenvolvimento econômico intensificou tal 1 2 Bacharel e Licenciado IGCE/UNESP Rio Claro / Mestrando Universidade de São Paulo. Prof. Livre Docente - UNESP/Rio Claro e orientador na elaboração da pesquisa. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009478 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ problemática em áreas urbanas. São os corpos hídricos e seus mananciais, que tem sofrido mais com a falta de planejamento do espaço urbano. Para a manutenção deste bem tão precioso, é necessário que as áreas de mananciais, bem como suas matas ciliares, tenham a devida proteção e desta forma promovam o equilíbrio das funções ecológicas vitais. As áreas de mata ciliar como as áreas de cabeceira também são essenciais para o equilíbrio das funções de um rio, são áreas que e facilitam a retenção de sedimentos e manutenção do sistema de drenagem. Estas são fundamentais para o equilíbrio ecológico, oferecendo proteção para o solo, reduzindo o assoreamento de rios, lagos e represas e impedindo o aporte de poluentes para o meio aquático. Formam, além disso, corredores que contribuem para a conservação da biodiversidade; fornecem alimento e abrigo para a fauna; constituem barreiras naturais contra a disseminação de pragas e doenças da agricultura; e, durante seu crescimento, absorvem e fixam dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelas mudanças climáticas que afetam o planeta. A fim de mitigar a degradação dos corpos hídricos que percorrem áreas urbanizadas os órgãos públicos responsáveis pela manutenção destes vêm inserindo em suas agendas ambientais projetos no intuito de sanar ou minimizar as conseqüências da transformação das cidades sobre o bem ambiental. Questões que abarcam o planejamento ambiental e planejamento urbano têm sido levantadas e discutidas no âmbito de muitas prefeituras e secretarias com a finalidade de solucionar os problemas oriundos do desenvolvimento urbano. Neste contexto, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo criou o projeto “Pomar Urbano” no ano de 1999, com a finalidade de revitalizar as margens do Rio Pinheiros na cidade de São Paulo, que se apresentavam totalmente descaracterizadas devido ao intenso uso de seu entorno. Com isso o planejamento de revitalização destas margens foi concebido através do plantio de mudas arbóreas e arbustivas e uso de frentes de trabalho. Objetivo O objetivo deste trabalho é analisar o Projeto “Pomar Urbano”, programa da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, implantado nas margens do Rio Pinheiros e constatar sua real eficácia como ação bem sucedida no controle das margens do rio, esta pesquisa analisará o projeto através das etapas concluídas com visita a sede operacional. Histórico do Rio Pinheiros IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009479 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ O rio Pinheiros é formado da confluência do rio Guarapiranga e do rio Grande e tem sua foz no rio Tietê. Os indígenas o chamavam de Jurubatuba que em tupi tem o significado de “lugar com muitas palmeiras Jerivás”. O nome atual foi dado pelos jesuítas no século XVI devido à formação de um aldeamento indígena de nome Pinheiros, nome esse dado devido à grande quantidade de araucárias (Pinheiro do Brasil) que se encontrava na região. O acesso ao aldeamento era limitado, os jesuítas formaram um trajeto que ficou conhecido como “caminho de pinheiros” que hoje é denominado como Rua da Consolação. Figura 1 – Trecho da Rua da Consolação que liga o centro (à direita acima) a região do bairro de Pinheiros (sentido centro/sul) que tem este nome devido ao rio. Fonte: www.Googlemaps.com: acessado em 01/07/2009. O rio Pinheiros faz parte da Bacia do Alto Tietê. Importante afluente localiza-se na região centro sul da cidade de São Paulo. Na cidade de São Paulo, o rio é margeado pela via expressa Marginal Pinheiros que junto com a Marginal Tietê compõe o principal sistema viário da cidade, calcula-se que mais de 70% do fluxo total de veículos passem por uma das duas marginais diariamente. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009480 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ Fonte: www.sabesp.gov.sp.br: acessado em 01/07/2009 Com o passar dos séculos, a cidade de São Paulo cresceu e se transformou, a região antes pacata passou a receber casas, comércios e tempos depois prédios, uma intensa gama de serviços e vias de transporte se alojou as margens do rio, suas águas passaram a receber o esgoto proveniente do entorno e de bairros mais afastados. No inicio do século XX o projeto que previa a construção da represa do Guarapiranga tinha como etapa a reversão das águas do Rio Pinheiros através das estações elevatórias de Traição e Pedreiras a fim de aumentar o volume da represa e fornecer água para a Usina Hidrelétrica de Henry Borden em Cubatão. Como as inundações eram constantes, trabalhos de retificação se iniciaram em 1928 se estendendo pelas décadas seguintes. Segundo o Estado de São Paulo (2009), “Em suas margens foram construídas avenidas e na estreita faixa de terra que permaneceu, foram construídas linhas de transmissão de energia, ferrovia, interceptores e emissários de esgotos, oleoduto, cabos de telecomunicações, galerias de águas pluviais e estradas de serviço para as operações de desassoreamento mais recentemente. Essas obras transformaram esses espaços, outrora pontos de encontro e lazer, em áreas de serviços que a cidade prefere não ver. De fato, possuir rios inseridos no contexto urbano é um privilégio que apenas recentemente tem sido compreendido em nossa cidade”. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009481 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ Concepção e objetivos do Projeto Criado em 1999 com o nome de “Projeto Pomar” tinha como objetivo a recuperação ambiental e a revitalização das margens do Rio Pinheiros, além do resgate de trabalhadores desempregados, proporcionando ocupação, renda e qualificação profissional, por meio do Programa Emergencial de Auxílio-Desemprego – Frentes de Trabalho, criado pelo Governo do Estado, hoje denominado “Pomar Urbano” segundo seus idealizadores o projeto em si, não só trás os aspectos benéficos acima relacionados, mas também visa estreitar a relação dos rios urbanos com sua população há muito perdida, retomando a ideia de reurbanização de áreas da cidade. O Pomar Urbano da Secretaria de Estado do Meio Ambiente utilizou medidas que fossem cabíveis e que fossem compatíveis, de fácil implantação sem demandar grandes investimentos. O projeto utilizou uma estratégia de execução envolvendo a participação do Poder Público, da iniciativa privada e da sociedade civil, a fim de aproximar os o máximo possível os sujeitos da cidade. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, a parceria dela com o programa de auxílio ao desemprego da Secretaria de Relações do Trabalho trouxe avanços significativos ao programa, pois, possibilitou o desenvolver do projeto. “Associar o Pomar Urbano ao Programa Emergencial de AuxílioDesemprego – Frentes de Trabalho, desenvolvido pela Secretaria Estadual das Relações de Trabalho, foi possível alocar a mão-de-obra representada por trabalhadores desempregados, oferecendo-lhes, além de um salário e outros benefícios, também a oportunidade de se capacitarem como jardineiros, encanadores, pedreiros, padeiros e em outras profissões. Conforme a mesma instituição até abril de 2008, quase 1.500 trabalhadores desempregados participaram do Pomar Urbano, abrindo-lhes a possibilidade de inclusão social. Além destes trabalhadores o projeto e o programa “Emergencial de AuxílioDesemprego – Frentes de Trabalho” contou com um número significativos de bolsistas (em torno de 1500 em 2008) para um trabalho de seis horas diárias, durante quatro dias, para a execução das tarefas necessárias ao preparo do solo, plantio de mudas e manutenção das áreas cultivadas. Completando a jornada de trabalho de cinco dias, o programa oferece um curso de profissionalização, à sua escolha, com o objetivo de promover a sua reinserção no mercado de trabalho, assim estes bolsistas - trabalhadores ao termino do curso recebera um certificado para que o mesmo pudesse pleitear vagas em outras localidades. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009482 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ Implantação do Projeto A implantação do projeto só foi viável devido as parcerias com empresas públicas e privadas, item muito importante quando se objetiva realizar um projeto deste porte. E para conquistar a confiança do empresariado a Secretaria de Meio Ambiente estabeleceu um projeto piloto, para mostrar aos futuros (naquela época) que era possível e viável, O trecho correspondeu a um quilômetro de extensão, na margem esquerda do Rio Pinheiros, situado entre as pontes do Morumbi e João Dias, denominado TrechoPiloto, os trabalhos se estenderam de dezembro de 1999 a março de 2000, mostrando o acerto das técnicas de cultivo e de manejo adotadas. Como contrapartida, a Secretaria criou a possibilidade de estabelecer merchandising através de outdoors a cada trecho de um (1) quilometro de extensão, sendo duas placas publicitárias por empresa. Proposta Interessante da restrição maior que vive hoje a cidade em vista da lei Municipal (Citar lei). Segundo a Secretaria: “Com o apoio do “Jornal da Tarde”, a Secretaria do Meio Ambiente realizou uma reunião com representantes de várias empresas, para apresentação da proposta para obter apoio para a continuidade das intervenções. Da apresentação pública do projeto resultou a adesão de onze empresas: Companhia Auxiliar de Viação e Obras – CAVO, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA, Credicard S.A. Administradora de Cartões de Crédito, Eletropaulo, Empresa Metropolitana de Águas e Energia – EMAE, Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica – EPTE, Fibra S.A., Johnson & Johnson Indústria e Comércio, Natura Cosméticos e Universidade Paulista – UNIP.” Depois de acordado com as empresas o projeto iniciou-se pela margem esquerda do Rio Pinheiros, devido o uso da margem direita pela a CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) que definia os locais de novas estações e a Eletropaulo. Contudo, a SMA considerou o projeto prioritário e desejava a sua imediata implantação, sem a ocorrência de com outros serviços desenvolvidos na área, do qual pudessem levar à posterior remoção da vegetação. Os trechos foram divididos e “adotados” pelas empresas parceiras, que se responsabilizaram pelas intervenções em suas respectivas áreas, providenciando a contratação dos serviços e aquisição das mudas, sementes e insumos necessários e arcando com os custos de implantação e manutenção. O contrato não previa nenhum repasse financeiro para a Secretaria do Estado de São Paulo, ficando a cargo dos parceiros. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009483 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ Os contratos foram assinados com um ano no mínimo de participação, tendo a possibilidade de prorrogação entre as partes, o que aconteceu de fato, segundo a Secretaria, o que se mostrou muito vantajoso para as empresas, pelo custo não tão alto para cada uma colocar em prática seu trecho do projeto (Cinco mil reais aproximadamente os gastos de manutenção por empresa), e as vantagens de ser, uma das poucas empresas a desfrutar o direito de colocar propagandas nas proximidades das margens, área com intenso fluxo de veículos automotores que circulam pela cidade diariamente. A equipe técnica da SMA elaborou os projetos e as referências para a implantação do Pomar Urbano nos diferentes trechos assumidos pelas empresas parceiras, definindo medidas para recuperação do solo e espécies a serem utilizadas, incluindo quantidade e porte das mudas. Os trabalhos de recuperação da cobertura vegetal nos trechos dos parceiros, ao longo de cerca de 14,50 quilômetros lineares na margem esquerda do rio, foram iniciados entre abril e maio de 2000. Alguns trechos demandaram mais tempo, mas o último lote foi concluído em outubro daquele ano. Terceirizadas foram responsáveis em colocar em prática o plantio inicial e a manutenção dos trechos, tudo conforme os estudos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Posteriormente ocorreram outras adesões e atualmente somam-se 16 km na margem esquerda e 6 na margem direita, com a parceria das seguintes empresas: Bioplan, Braskem, Bunge Fertilizantes - Adubos Manah, CAVO – Companhia Auxiliar de Viação e Obras, CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, COSIPA – Companhia Siderúrgica Paulista, CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, Credicard Citi, CTEEP – Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, DT Engenharia, Eletropaulo, EMAE – Empresa Metropolitana de Águas e Energia, Johnson & Johnson Indústria e Comercio, Jornal da Tarde, Mantecorp – Indústria Química e Farmacêutica, Mapfre Seguros, Natura Cosméticos, Pazetto Events Consulting, Pinheiro Neto Advogados, Rádio Eldorado, Rede Globo, Suzano Papel e Celulose S.A. e Tok & Stok, Deutsche Bank, Fibra, Microsoft Informática, Preservam e Sansuy. Com o inicio das atividades a Secretaria de Meio Ambiente viabilizou a construção de uma estação de tratamento de água para utilizar as água do rio Pinheiros na irrigação do pomar, além de trazer para o plano da discussão a necessidade de implementar medidas mais profundas a cerca de sua despoluição como um todo. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009484 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ O projeto Pomar Urbano segundo a mesma secretaria teve uma intensa e aprofundada análise das condições físicas do solo em profundidades que pudessem servir como subsídio para a elaboração do projeto. Espécies nativas e espécies com alto poder de adaptação foram estudadas e plantadas; técnicos da SMA, Cetesb e Instituto Geológico observaram e fizeram testes durante um longo tempo para certificar-se de que as espécies de flora estivessem evoluindo quanto suas características funcionais no solo que margeia o rio. As modificações que o referido solo sofreu neste último século são muito intensas, aumentado o grau de preocupação quanto ao monitoramento do projeto. Redes de energia, dutos, galerias, viam de acesso são alguns dos exemplos de transformações que o homem gerou no espaço que margeia o rio. Resultados A Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo já aponta resultados que eles julgam de muita importância; o crescimento das parcerias nestes últimos, o que tem viabilizado a continuidade do projeto Pomar Urbano, já são 22 quilômetros lineares de solos recuperados ao longo dos estudos da instituição. A limpeza das margens com a retirada de entulhos tem se intensificado, foram plantadas 200 mil mudas de 215 espécies distintas (arbóreas e arbustivas). O projeto tem recebido a contribuição de universidades através de estagiários e voluntários, bem como estudos de apoio, o projeto também tem sido premiado pela modificação da paisagem urbana; a Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil ADVB, com a outorga do Prêmio Top de Ecologia 2000, e pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, com a classificação do projeto em 2º lugar, entre 180 projetos, no concurso Prêmio Ambiental Von Martius 2000, na categoria Natureza foram os prêmios recebidos. Em janeiro de 2002, o Sistema de Gestão Ambiental do, então, Projeto Pomar recebeu certificação ISO 14.001 da Fundação Vanzolini, renovada nos dois anos seguintes. Para a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, com os resultados alcançados, acreditase que o Pomar Urbano representa o início de um abrangente processo de recuperação ambiental do Rio Pinheiros. Análise do Projeto Pomar Urbano e sua comparação com os Fundamentos de Planejamento IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009485 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ Como etapa final deste trabalho, segue agora uma breve comparação dos fundamentos de planejamento vistos e discutidos na disciplina de mesmo nome com o projeto elaborado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. A cerca das fases do planejamento, podemos salientar algumas que foram abordadas por parte da Secretaria, na elaboração do projeto, sendo elas: • Problematização e objetivos da ação – conhecimento de um problema, no caso degradação ambiental de um bem natural (rio e margens), levantamento da realidade deste bem e do seu entorno (informações dos aspectos físicos e do agente causador – atividades antrópicas). • Formulação de Hipóteses para sanar o problema e estabelecimento de metas / plantio de uma extensão especifica de mudas em um determinado tempo com ajuda de parcerias e uso de mão de obra específica (frentes de trabalho). • Proposições a cerca das parcerias - contrapartidas e deveres das partes na elaboração do projeto. • Implantação do projeto e realização de etapas – divisão das tarefas, trechos a serem manuseados pelas terceirizadas contratadas. • Acompanhamento, avaliação e controle tanto pelas parceiras como pela Secretaria de Meio Ambiente através de sua equipe técnica. Quadro Síntese: Planejamento Conjunto de (Diagnóstico Prognóstico) fases Problematização, e conhecimento da realidade e levantamento de informações. Decisão Decisão política Agir e mudar a realidade das margens apoiada em técnicas e com parcerias a fim de objetivo alcançar um (revitalizar as margens e melhorar a relação com o seu entorno. Ação Execução Execução do projeto IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009486 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ baseado em programas planos e designações operacionais (estabelecimento dos trechos e divisão dos mesmos). Crítica Avaliação Processos de acompanhamento, avaliação das operações, a fim de melhorar as decisões (reavaliação de parcerias e novos trechos, bem como melhoria das técnicas de plantio. O projeto “Pomar Urbano” se apresentou como um pratica bem sucedida, pois, em seu escopo demonstrou uma preocupação em melhorar um bem natural, hoje já bem modificado pelo homem, além de trazer vida novamente a um habitat de diversas faunas antes existentes e melhoria na qualidade de vida das pessoas que usufruem do entorno. Como prática “Setorial” tem se mostrado eficiente ao tornar realizável parcerias junto ao setor privado e aproximação da sociedade civil através de programas de educação ambiental (visitações), além de ter contribuído para melhoria da gestão da cidade em relação à proteção e conservação de um bem ambiental. O seu enquadramento como prática setorial se deu pelo fato de congregar quatro critérios: 1. Impacto positivo no melhoramento de habitats. • Recuperação de áreas degradadas. • Contenção de processos naturais que ocorreriam de forma mais rápida (erosão das margens) • Geração de renda (frentes de trabalho). IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009487 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ 2. Parcerias articuladas. • Esfera municipal /estadual – Setor privado. 3. Ideia de Sustentabilidade apresentada em uma gestão que vem criando modificações nos atributos tanto físicos como sociais. • Normas e regulamentos (leis estaduais e federais – Código Florestal) • Institucionalização de processos de tomada de decisão que valoriza o patrimônio público. 4. Potencial de Universalização. • Possibilidade de adaptar a ideia em outras localidades com realidade semelhante. Desta forma o Projeto Pomar Urbano, hoje não mais “projeto” e sim realidade, mostrou-se eficiente e viável na busca de revitalizar as margens do rio Pinheiros e trazer um pouco da vida (flora e fauna) antes abundante nestas margens largas que cortam a cidade de São Paulo, acreditamos que o planejamento e ações realizadas nos trechos estabelecidos vêm de fato, contribuindo para a manutenção das funções ecológicas (pelo menos nos trechos escolhidos, como mostram as fotografias e vídeos elaborados em visita a sede operacional) deste sistema. Consolidou parcerias importantes e possibilitou a geração de renda com defesa do meio ambiente, item relevante atualmente na difícil arte de planejar ambientalmente e gerar desenvolvimento das cidades. Imagens da Sede Operacional Jardim Sensitivo da sede operacional, área de experimentação de plantio de espécies herbáceas e arbustivas, além de comportar as visitações de caráter educacional. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009488 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ Margem esquerda do Rio Pinheiros, porção territorial que recebeu em maior número os plantios do pomar. Sede operacional área e de tratamento das águas do Rio Pinheiros para uso na irrigação do pomar urbano. Etapas de purificação, separação do lodo da água. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009489 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ Área de compostagem e beneficiamento das mudas (viveiro de mudas). A viveiro de mudas climatizado para que as plantas cresçam adequadamente . Minhocário e equipe técnica no dia da visita. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009490 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4 FLORES, D.M; CARVALHO, P.F. de. Pomar urbano: os usos do planejamento a fim de regeneração de áreas degradadas – rio pinheiros (sp). p.478-491. _________________________________________________________________________________________________ Bibliografia Bonduki, Nabil (org.). Habitat: As práticas bem Sucedidas em Habitação, Meio Ambiente e Gestão Urbana nas cidades Brasileiras. São Paulo, Ed. Nobel, 1996: 46:7. Carvalho, Horácio Martins de. Introdução à Teoria do Planejamento. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1978. Disciplina: Introdução ao Planejamento, Professor Dr. Pompeu Figueiredo de Carvalho – Curso de Geografia, IGCE – UNESP, Campus de Rio Claro, 2009. ESTADO DE SÃO PAULO, Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo, 02 de Out. 2009, Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/pomarurbano/. Ferreira, Francisco Whitaker. Planejamento Sim e Não. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra. Martins, Sebastião Venâncio. Recuperação de Matas Ciliares. Ed. Aprenda Fácil, São Paulo, 2001. IX Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP Rio Claro, 3 a 5 de novembro de 2009491 http://sites.google.com/site/seminarioposgeo/anais ISBN: 978-85-88454-19-4