RESUMOS DE SSDG INICIAÇÃO ÀS DINÂMICAS INICIAIS DAS SOCIEDADES E DOS GRUPOS – AIRES GAMEIRO CONSTITUIÇÃO DOS GRUPOS Grupo é uma coletividade em que o dinamismo das relações mútuas entre os membros se orienta para um objectivo específico. Na constituição de um grupo entram sempre: - Vários indivíduos; - Relacionados entre si (estruturados); - Com um objectivo a atingir em comum. Grupos primários são aqueles em que as relações mais íntimas, face a face, impõem ou excluem certas funções dos membros. A família é um grupo primário por excelência. Pode afirmar-se que cada membro dum grupo procura nele o que mais satisfação lhe deu na própria família e rejeita o que mais ali o fez sofrer. O grupo de jogo, de amigos, ou da comunidade restrita são também grupos primários pelas relações directa que permitem e pelas normas de estruturação que impõem. Há outros grupos que se constituem mais em vista do objectivo a atingir que das relações íntimas dos seus membros, são os grupos secundários. O grupo secundário, geralmente numeroso, é aquele que tem objectivos especializados, relações indiretas e regulamentos precisos mas limitados a certos sectores da vida. No grupo primário predominam sentimentos de lealdade, unidade, simpatia e tolerância, espirito de entreajuda. Cabe-lhe com propriedade o designativo de grupo de amigos e confidentes. No grupo secundário, ao contrário, predominam relações de trabalho profissional, cortesia, respeito, mas certa frieza e até desconfiança ou rivalidade. Além dos grupos de tarefa ou de objectivos, há ainda os grupos de formação, grupos de base ou psicogrupos. O grupo de base destina-se a analisar o próprio funcionamento e a levar os membros a tomar consciência das reacções que facilitam ou dificultam a vida do grupo. O grupo terapêutico é um caso especial do grupo de formação orientado com técnicas psicoterapêuticas. O que distingue um grupo de um amontoado de pessoas é que no grupo cada membro ocupa uma posição em relação com os outros membros. A posição e participação de cada um corresponde ao estatuto e papel sociais das pessoas nas coletividades. A estrutura depende das normas aceites num grupo formal, mas a idade, o sexo, a profissão e a cultura influenciam sempre o papel que qualquer membro exerce no grupo. Em qualquer grupo, e mais ainda nos grupos informais, além destes factores, a personalidade com a sua história passada, a sua afetividade, os seus problemas, é factor decisivo na moldagem do papel que cada membro vai exercer no grupo. As experiencias com que ada pessoa entra num grupo provêm de vários modelos tradicionais, em que pode ter vivido num clima mais predominantemente efectivo ou intelectual. O modelo que deixa traços afetivos mais profundos em cada pessoa é a família. A estrutura real ou a configuração que toma um grupo pode ser facilitada ou prejudicada pelo modelo latente do grupo familiar. O modelo familiar e escolar com algumas modificações encontra-se hoje em muitos grupos formais. Um grupo estruturado exige: - Um mínimo de subordinação ou organização hierárquica, formal ou espontânea; - Uma função ou papel especializado par cada membro; - Definição clara da função de cada membro; - Acordo entre as funções dos membros e os objectivos do grupo. FUNÇÃO DA AUTORIDADE Uma das funções mais características no grupo é o exercício da autoridade. É o papel do chefe, isto é, daquele que ocupa a posição do vértice hierárquico ou estrutural. Ao chefe compete a ordenação das actividades de grupo e a ligação entre membros. O chefe pode ascende ao seu estatuto dentro do grupo tanto por mérito próprio e simpatia do grupo por ele, e nesse caso é um líder, como por imposição de uma autoridade superior ao grupo, e é o chefe formal. É próprio do líder ser sempre aceite pelo grupo, ao passo que o chefe pode não ser aceite. NOÇÕES SOBRE DINÂMICA DE GRUPO X O grupo é uma estrutura móvel, dinâmica, em que as relações e forças mudam de sentido durante o funcionamento. Dinâmica de grupo é, numa palavra, o sistema de forças internas e externas a que está sujeita a vida do grupo. Estas forças tanto podem facilitar como impedir a coesão e eficácia do grupo. Os membros podem unir-se, dividir-se, combater-se. Se as forças de divisão são maiores que as de coesão, o grupo desintegra-se A DINÂMICA DAS NECESSIDADES E DAS FRUSTRAÇÕES X O homem é um ser com necessidades e tendências que o orientam para interesses ou objectivos que as satisfaçam. É por isso um ser dinâmico que se mantém em estado de tensão. A orientação dinâmica do individuo para os seus objectivos chama-se motivação. A motivação dá energia ao homem para entrar em actividade, dar respostas, ter reacções, adaptar-se. Consideremos a necessidade de segurança. Esta necessidade leva alguns a procurar onde sejam aceites e protegidos. O sentimento de segurança está na razão directa da aceitação pelo grupo. Necessidade de segurança equivale a necessidade de ser aceite, ser reconhecido como alguém. Se o grupo não lhes dá essas satisfações, sentem-se frustrados. Outra necessidade que dá forte motivação a procurar um grupo é a necessidade de obter novas experiencias, contactar com novos conhecidos. A necessidade de afeto, apreço e amor é a força maior que mantem o funcionamento dos grupos. Quando mutua, duplica-se e concorre para aumentar a eficácia e o rendimento do grupo, mas a sua frustração pode concorrer para a ineficácia do grupo e até da sua desintegração. O segredo para conduzir eficazmente um grupo é descobrir as necessidades e aspirações que cada membro deseja satisfazer nele e conseguir conciliar a satisfação dessas necessidades com os objectivos do grupo. O membro que não participa no grupo é o que em vez de satisfação das suas necessidades encontra frustração. A frustração também tem uma dinâmica sobre que importa reflectir. Tentar superar as frustrações é uma tendência inevitável e forte como querer viver. A tentativa mais frequente de superar as frustrações é constituída pela substituição de um objecto por outro, que se chama também compensação. Há uma variedade enorme de substituições e compensações: umas conscientes e outras inconscientes. A racionalização na maior parte dos casos inconsciente, é a busca de razoes sem razão para provar que o objectivo impedido pelo obstáculo não convém. Mais frequente é a tentativa de superar as frustrações em que se vivem sentimentos de culpabilidade, atribuindo aos outros a culpa daquilo que sofre. Esta projecção nos outros do que se passa em si é fenómenos de todos os dias, e é rara a reunião em que a sua força não se faça sentir nas interacções entre os participantes. A tentativa de solução de conflitos por substituição de objectivos por outros, duma fase anterior da adolescência ou infância, chama-se regressão porque trata dum regresso à imaturidade afectiva. Regressa a pessoa que encontra frustração no trato com pessoas adultas e se dedica a dar a sua afeição exclusivamente aos animais, ou a contactas apenas com crianças. As tentativas exageradas de exaltação do próprio valor e qualidade, ou das qualidades com que se simpatiza, ou ainda descrições hiperbólicas relativas a outro grupo a que se pertenceu, são formas de exibicionismo que denotam frustração. Identificação é um mecanismo de adaptação em que a pessoa se identifica com o obstáculo. Desiste de ter aspirações a realizar para fazer suas as doutro, pessoa de família, chefe ou colega. Os que usam este mecanismo imitam a maneira de ser, falar, os festos da pessoa com quem se identificam- é muito comum entre filhos e pais e entre súbditos e superiores que fomentam o conformismo. A DINAMICA DA INTERACÇÃO SEGUNDO A HETEROGENEIDADE E O NUMERO DE MEMBROS Interação é a rede de relações que se estabelece entre os indivíduos do grupo. Essas relações são, em parte, o que forem os indivíduos, dependem das suas capacidades e aptidões. Mas o grupo, se funciona bem como modificador dos membros, também pode concorre para o seu amadurecimento. Se não concorre para o aperfeiçoamento dos membros, é necessário investigar as causas. Cada membro é só uma força, um potencial, na medida em que for diferente é fonte de criatividade. Dá prova de maturidade o grupo que, apesar de agrupar membros segundo uma certa homogeneidade, como é natural, aceita a heterogeneidade inevitável que existem sempre, devido à idade, conhecimentos, sexo, etc. os grupos demasiado homogéneos tendem para o conformismo ou para a realidade entre funções e desintegração. O número dos membros é outro factor dinâmico que importa ter conta. O número mais apropriado depende dos objectivos que se querem conseguir do grupo. No grupo grande é mais difícil coordenar as actividades, e manter a comunicação mas é possível obter objectivos mais diferenciados. No grupo grande formam-se subgrupos que começam a funcionar como membros do grupo maior. As pessoas são esquecidas. Para grupos de discussão, alguns aconselham apenas cinco membros; nos grupos até doze é mais fácil chegar a acordo unânime em menos tempo. Nos grupos de mais de doze membros é inevitável a formação de subgrupos que se podem tornar rivais. A dinâmica da rivalidade é sempre perigosa para a coesão do grupo. Nos grupos pequenos os membros têm mais facilidade de encontrar satisfação na participação pela intimidade e interacção que é possível manter. Mas se são demasiado pequenos há o perigo da homogeneidade e de estabelecer a monotonia e apatia entre os membros. DINÂMICA DOS OBJECTIVOS Os objectivos do grupo dão tanto mais motivação à participação no grupo quanto mais coincidirem com os seus desejos, as aspirações e os interesses individuais. Só assim é que os membros sentirão que o grupo é o seu grupo, os objectivos do grupo os seus objectivos, as decisões acertadas para o grupo, as suas decisões. Para que isso aconteça torna-se necessário que os membros tenham uma zona de interesses e aspirações comuns para que sobre elas se assentem os objectivos do grupo. Os grupos são mais impulsionados com a consecução de objectivos a curto prazo, donde recebem satisfações mais frequentes. Mas os objectivos a longo prazo mantêm melhor a direcção das actividades do grupo. Um dos erros mais frequentes é confundir os objectivos ou fins do grupo com os meios para os conseguir, confundir o que é acidental com o essencial. Assim, apresentar as actividades de grupo como objectivos finais é errado, pois isso seria «trabalhar para aquecer». DINÂMICA DA COMUNICAÇÃO NO GRUPO Por comunicação aqui entende-se a transmissão de mensagens aos membros do grupo. O meio mais usado é a linguagem falada ou mensagens verbais. Mas as não-verbais podem ter a mesma importância. O olhar, a mímica da face, os gestos, o rubor, a tosse, as inflexões vocálicas, o próprio silêncio são meios poderosos de comunicar. A comunicação no grupo nem sempre é fácil, e grande parte das deficiências dos grupos provem da falta de comunicação adequada. Não basta dizer uma coisa para ela ser compreendida por cada membro. Pode ate ser compreendido o contrário. Já se pode imaginar a que equívocos pode levar a comunicação deficiente num grupo. Nos grupos heterogéneos a comunicação é ainda mais difícil, mas mais importante. São três as redes de comunicação que se podem estabelecer num grupo: líder-grupo, grupo-líder e membros-membros. No primeiro exemplo, o líder comunica com cada membro, mas estes não comunicam com o líder; é o modelo mais frequente de comunicação professoralunos. No segundo, os membros comunicam todos com o líder mas este não informa os membros. A comunicação funciona também num só sentido. No último, mantém-se a comunicação entre todos os membros, inclusive o líder, só assim é possível favorecer a unidade do grupo. A falta de comunicação adequada dentro do grupo cria ou é sinal de tensão, insegurança e sentimento de abandono dentro do grupo aparecer a comunicação informal: boatos, críticas, reacções violentas ou outros fenómenos de frustração. Quando o líder consegue uma boa comunicação no grupo, pode dizer-se que cumpriu a parte mais importante da sua função. DINAMICA DA PRESÃO EXTERNA X Todo o grupo se mantém em interacção com outros grupos, interacção essa que pode tomar forma de: atracção, repulsão ou pressão. Se a atracção se exerce entre um grupo e membros isolados doutro, essa interacção faz baixar o nível de coesão do segundo, e pode mesmo preparar uma desagregação, no caso de serem numerosos os membros que são efetivamente atraídos para outro grupo São muitos os factores que podem provocar o fenómeno de atracção externa. As normas, os valores e os objectivos podem apresentar-se como superiores e rivalizarem com os do próprio grupo. Pode tratar-se simplesmente de frustrações vividas no próprio grupo que parecem ter solução noutro grupo exterior. Quanto ao fenómeno da repulsão, podemos também distinguir dois casos. A repulsão dá-se entre os grupos funcionando com conjuntos, e tem como consequência mais frequente concorrer para a coesão interior de cada um deles. A repulsão é uma ameaça mútua e como tal estimula as forças defensivas e agressivas dos dois grupos. Se um grupo repele alguns membros doutro grupo tomado isoladamente, pode gera-se nestes um sentimento frustracional de pertencer a um grupo que lhes acarreta rejeição. Se a frustração for mais intensa que as compensações que o grupo lhe traz, a tentação de superar aquela frustração com o abandono do grupo é grande e pode levá-los à deserção. Em terceiro lugar, os grupos maiores podem exercer grande pressão sobre outros menores, quando as normas, os valores e objectivos são do mesmo sinal, isto é, estão orientados no mesmo sentido. DINAMICA DAS PRESSÕES INTERNAS, DA TRANSFORMAÇÃO DOS INDIVIDUOS E DA GÉNESE DO GRUPO X No início da formação deu m grupo, os membros têm cada qual os próprios sentimentos que exprimem isoladamente, mas a certa altura da interacção nascem nos membros sentimentos novos. À medida que se geram esses sentimentos novos devidos à expressão dos sentimentos individuais feita no grupo, a unidade do grupo e a sua existência são uma realidade. SENTIMENTO DE PERTENÇA X Experiencias bem conduzidas mostram como a situação de estar em grupo ou de pertencer a um grupo provoca um sentimento de tensão e angustia que solidariza todos os membros fundindo-os no mesmo sentimento de identidade. Esse sentimento leva ao uso do “nós” e dos verbos no plural em vez de “eu”, quando cada membro se refere ao grupo. O sentimento de fusão no grupo é sempre parcial, pois estendendo-se a alguma relações apenas, e é vivido de modo diferente por cada individuo. Tudo leva a crer que grupo tende a libertar-se da angústia que se gera no seu seio com a orientação para sentimentos construtivo de solidariedade e outros sentimentos positivos. FACTORES QUE FAVORECEM OS SENTIMENTOS DO GRUPO X - Objetivos expressos pelos indivíduos e aceites pelo grupo; - Descoberta de que alguns interesses individuais são afinal interesses do grupo; - Vida de intimidade e aproximação entre membros; - Sentimento de ameaça ou perigo exterior assim percebido pelos componentes, o qual aumenta a angústia do grupo e a tendência para se libertar dela; - Aceitação dos métodos de trabalho e das actividades comuns. A consequência mais palpável do sentimento de solidariedade com o grupo é a participação. Pela participação os sentimentos positivos que nascem no grupo desabrocham em actividade. A participação expressa-se nas tarefas comuns, sejam trabalhos, reuniões ou debates. O chefe autoritário e os membros monopolizados concorrem para diminuir a participação dos membros, porque impedem o desenvolvimento dos sentimentos positivos de solidariedade e comunhão com o grupo. CONFORMIDADE X As normas exercem grande influência sobre o comportamento do grupo. As normas de admissão de participação dos métodos de trabalho e as sanções, concorrem todas para exercer pressão interna e levar os membros à conformidade. Pelas normas, os membros sabem o que grupo espera deles e procuram conformar-se com essa expectativa. Factores de maior conformidade: Existência de normas realísticas Existência de multas ou outra pena para infratores Alcance bem esclarecido de cada norma Modificação das normas inadequadas com a participação de todos os membros; Coerência na maneira de exigir o seu cumprimento; evitar o «agora sim, logo não» Tomada de consciência da satisfação que dá a sujeição às normas do grupo Exemplo do chefe e dos membros mais influentes PRESSÃO OU CONTROLO GRUPAL X Ao contrário das pressões morais e afectivas consideradas até aqui, que são de natureza intrínseca do funcionamento de grupo, controlo ou pressão considerada agora é de natureza extrínseca ao funcionamento, mas encontra-se explicitada nas normas. Não nasce do grupo mas ao lado do grupo. A pressão pode ser física e moral. Os métodos negativos, castigos, censuras, a troça, as ameaças são eficazes para levar a evitar um comportamento, mas raramente dão resultado para melhorar o sentimento de grupo. Os positivos: os prémios, os louvores, as recompensas, as promoções, o aumento de salário concorrem para fortalecer o nível de satisfação dos membros, mas podem também vir a ser desejados em vez doutros objectivos do grupo. ASSIMILAÇÃO X Através da força das normas, da pressão e doutros factores dinâmicos de grupo, este assimila os seus membros, tornando-os semelhantes uns aos outros na maneira de pensar e agir, nas atitudes e comportamentos. Dá-se certa transformação da personalidade dos membros do grupo. Apesar de todas as forças já referidas até agora e que concorrem para a coesão do grupo, os indivíduos mesmo dentro do grupo tendem a ser individualmente distintos do grupo e a oporem-se-lhe para manterem essa individualidade. Daí os fenómenos de rejeição e de oposição ao grupo que podem surgir e tornar-se intensos. Outra forma de oposição é a competição ou luta duns membros para conseguir o mesmo objectivo individual, um prémio, por exemplo, que outros membros também desejam. Dá-se nestes casos, o predomínio dos objectivos individuais sobre os do grupo. P.58- 59, 63; 70-75 TÉCNICAS DE CONDUÇÃO DE GRUPOS PRINCIPIOS GERAIS X O líder conduz o grupo em função das próprias qualidades pessoais. Mas o grupo também estimula no líder o desenvolvimento dumas qualidades mais que doutras. Entre as qualidades mais precisas ao líder, apontam-se a capacidade intelectual, o domínio das próprias emoções, o espirito de iniciativa decisão e capacidade de entusiasmar. Mas o respeito pelas pessoas é talvez a qualidade mais fundamental. O líder deve ser capaz de dominar as próprias reacções emotivas quando algum membro dirige contra ele a própria agressividade por palavras ou gestos. O respeito centrado na dignidade das pessoas é, sem dúvida, a qualidade nº1 do chefe. Ser capaz de viver em cada momento de relação este pensamento: «como pessoa, este membro do grupo tem tanto valor como eu». Não o vive aquele que humilha ou despreza os próprios colegas, aquele que por tudo e por nada os censura, se zanga com eles. O respeito centrado na pessoa completa-se com outra qualidade não menos precisa sob aspecto afetivo: a capacidade de compreensão afectiva ou empatia. Não bata saber quais são os problemas e as necessidades dos membros do grupo; é preciso «senti-los» mas sem emoção, ou melhor, vê-los de dentro da pele do próprio. Compreender a situação como ele e com ele, eis a principal qualidade do chefe quando se encontrada na função de ajuda. Precisa ainda de ser dotado de boa memória, capacidade de síntese para conseguir esclarecer, repetir e resumir as opiniões dos componentes em ordem a obter o necessário acordo no grupo. Mas o líder exerce as funções num grupo. Pode acontecer que as suas qualidades se equacionem com as exigências desse grupo num dado momento, e que lhe permitam adaptarse à medida que o grupo cresce, se transforma, vive. Como também pode acontecer o caso que, dada a evolução do grupo, tal líder já não esteja à altura das exigências do grupo. Daí que alguns autores apontam como qualidade essencial do líder a capacidade de compreender que a sua função é transitória. AS TÉCNICAS E OS LÍDERES LÍDER AUTORITÁRIO/ DITATORIAL Apresenta as seguintes qualidades positivas: grande capacidade de decisão, de síntese dos objectivos e de comando; energia e segurança nos próprios pontos de vista. Quando une essas qualidades à competência para os problemas em causa, estuda-os bem e suplanta o nível dos outros membros do grupo, a liderança autoritário é eficaz, permite poupar muito tempo e resolver muitos problemas. Este líder consegue bons resultados ao nível da decisão e da acção, quando o grupo se mantem unido e é cativado pelo ascendente de tal líder. É o líder ideal para um momento de grande perigo que o grupe atravesse. O grupo delega nele todo a sua responsabilidade porque se sente «menor» em relação à situação. Ao nível da comunicação, as desvantagens são inumeráveis. Só permite comunicação no sentido líder-grupo, a qual pode degenerar facilmente em propaganda de pressão. Ao nível das emoções, o clima torna-se mais tenso e formam-se subgrupos dando origem a comportamento bastante agressivo e hostil. Por vezes o grupo perde a energia para reagir e transforma-se em «carneirada dócil» de tonalidade negativista e apática. O líder autoritário não de facto capacidade para distinguir os estados emotivos dos membros nem para preparar um clima de aceitação de sentimentos. Na ausência do líder é um grupo «morto». Mais se acentuam estes inconvenientes quando, além de autoritário, o líder +e de temperamento irritável. O líder vive o sentimento profundo de que o grupo é ele e que sem ele não há grupo. LIDER SEMI-AUTORITÁRIO A lei suprema deste líder é conseguir resultados palpáveis. Para isso recorre a qualquer meio desde a sua actividade, que é prodigiosa, Às atitudes manhosas de dar impressão de que respeita a decisão do grupo. Organiza tudo, estuda os assuntos e apresenta soluções para a aprovação, a qual o grupo não pode negar por se encontrar sugestionado pela sua competência e actividade. Este líder permite mais comunicação no grupo que o anterior. Deixa falar livremente porque está seguro de que é capaz de fazer aceitar as suas decisões. Mas dá-se ao luxo de pedir a aprovação do grupo. É uma atitude de astucia, própria de quem sabe manipular o grupo a seu bel-prazer. Ao nível afetivo, é um grupo com menos oposições que o anterior, até ao dia em que os membros descobrirem a falta de lealdade do líder. LÍDER IDEALISTA É aquele que, mais que nenhum outro, está convencido que pode fazer pela comunidade. Considera-se quase um salvador com planos excepcionais para levar o grupo ao sucesso. A sua linha de acção é entusiasmar o grupo e levá-lo a mudanças substanciais que o grupo aceita com euforia. Os membros do grupo são dominados pela sua força irradiante, a sua capacidade de comunicar as suas ideias, a coragem com que enfrenta o sacrifício e até o risco. Este líder explora todos os aspectos afetivos dos membros, mas descura o aspecto intelectual, a reflexão e a decisão pessoal. É o líder mais adequado para levar o grupo a cumprir tarefas que não exijam esforço mas que não se prolonguem durante muito tempo. LÍDER «LAISSEZ-FAIRE» Num grupo com um líder destes há coesão e todos fazer o que querem por falta de responsabilidade do próprio líder. É o tipo de «bonacheirão» que deixa correr e que muitas vezes, tímido como é, tem falta de confiança em si mesmo e prefere inadvertidamente submeter-se ao grupo que ser o seu animador. É o grupo onde os membros mais facilmente comunicam uns com os outros e onde a informação é mais imparcial, mas é também o grupo menos eficaz, sendo raro que consiga chegar a resultados concretos. Este grupo dá possibilidade a todos de exprimir as suas ideias mas nem sempre dá oportunidade a todos de tomarem consciências dos vários aspectos do problema, porque as opiniões duns ou não são ouvidas pelos outros ou são rapidamente esquecidas. OS PROCESSOS DE GRUPO – INTRODUÇÃO À DINÂMICA DE GRUPOS – JOSEPH LUFT É costume aplicar o termo “dinâmica de grupo” ao estudo dos indivíduos em interacção dentro de pequenos grupos. O vocábulo “dinâmica” implica forças complexas e interdependentes agindo no interior de um campo ou quadro comuns. A expressão “dinâmica de grupo”, infelizmente, nem sempre é empregada num sentido preciso. É necessário, portanto, para além da definição sumária que acabamos de dar, determinar o sentido próprio de cada utilização especial. Será sem dúvida melhor empregar apenas esta expressão para designar o campo geral de estudo. A dinâmica de grupo esta intimamente ligada à teoria do campo da psicologia contemporânea e Kurt Lewin, que elaborou a teoria do campo, é habitualmente considerado como o fundador da moderna dinâmica de grupo. Por volta dos anos 30, Lewin estabeleceu solidamente a dinâmica de grupo no mundo universitário e fez aceder psicólogos, sociólogos, educadores e outros especialistas das ciências sociais a novos e apaixonantes problemas. Dez anos mais tarde, R.S Crutchfield, fazendo o balanço da investigação nos domínios da psicologia social e dos processos de grupo, julga que “foi provavelmente a dinâmica de grupo, essa ciência limítrofe, aquela que progressos mais notáveis faz. E isto pelo modo convincente como mostrou de que maneira se pode tratar experiencialmente, no quadro dum grupo autêntico, das varáveis psicológicas cruciais.” Lewin descobriu que, para modificar as ideias e o comportamento social, determinados métodos de discussão e de decisão em grupo apresentavam grandes vantagens em relação às conferências e ao ensino individual. Estes métodos de grupo foram aplicados à aprendizagem da própria dinâmica de grupo, considerada como domínio de conhecimentos e como competência aplicada. Informando as pessoas sobre a alimentação, não se lhes muda em nada os gostos, porque a apresentação de factos, por si só, não modifica as atitudes pessoais. A simples explicação do comportamento interpessoal no seio dum grupo não basta para mudar as atitudes e o comportamento individual. A maior pate das pessoas, quando têm ocasião de trabalhar num “grupo de laboratório”, sentem-se atingidas por aquilo que lá se passa de modo suficiente para ressentirem e observarem os processos que aprendem a conceptualizar. Deste modo, “aprendem alguma coisa” acerca do seu próprio comportamento nos grupos, ao mesmo tempo que evoluem na penetração da dinâmica de grupo em geral. INTERVENÇÃO SOCIAL C OM GRUPOS – HERMANO CARMO INTERVENÇÃO SOCIAL C OM GRUPOS: RAÍZES DO PRESENTE Até à revolução industrial a assistência aos grupos sociais mais carecidos foi sendo feita com motivações de natureza religiosa e moral, a maior parte das vezes por iniciativa de particulares. A pobreza era vista como uma fatalidade, frequentemente associada a juízos negativos sobre os seus detentores. O SÉC. XIX E O NASCIMENTO DO TRABALHO SOCIAL Com os processos de industrialização e urbanização ocorridos entre os finais do século XVIII e ao longo do século XIX, associados a grandes movimentos migratórios intra e internacionais, na Europa e na América do Norte, a velha civilização foi dando lugar à sociedade industrial. As profundas transformações decorrentes desse processo complexo, foram acompanhadas de um cortejo de problemas de desorganização social, de anomia e de comportamento desviado. Como resposta a esses graves efeito sociais e económicos foi emergindo, ao longo do século XIX, um conjunto de movimentos sociais de que se destacam: O movimento mutualista e cooperativo, que procurou responder aos problemas sociais reforçando a solidariedade dos directamente interessados através da criação de organizações de ajuda mútua; O movimento trabalhista, que permitiu a criação de grupos de pressão (ex: sindicatos e confederações de trabalhadores) e de partidos políticos (ex: partidos sociaisdemocratas e comunistas) com o objectivo, respetivamente, de influenciar os decisores políticos ou de conquistar o poder para o exercer de acordo com os seus interesses. Apesar de toda esta agitação da sociedade civil muitos foram os excluídos do processo de reorganização social. É neste contexto que emergiram várias iniciativas destinadas a apoiar a população mais marginalizada. Até à primeira guerra mundial o trabalho social foi-se definindo progressivamente como disciplina profissional autónoma, ainda que profundamente marcado por uma visão psicologizante da intervenção social decorrente do desenvolvimento entretanto verificado tanto da psicologia como da psicanálise. O APÓS-GUERRA E O DESENVOLVIMENTO DA ISG Com o fim do conflito verificou-se que a resposta individualizante preconizada pelo método de casos não era suficiente como meio de intervenção social para responder aos desafios da conjuntura económica (aumento brutal do desemprego e da inflação), social (integração de imigrantes e de veteranos, delinquência urbana) e política (explosão de movimentos totalitários). A complexidade de todos estes problemas sociais emergente da guerra exigia que se passasse de uma estratégia de pescar à cana para outra de pescar à rede. A ISG vai então crescer fortemente apoiada no desenvolvimento da Dinâmica de grupos, da Psicoterapia de grupos e das Ciências sociais em geral. A ISG afirma-se como uma resposta institucional para a necessidade de educação social e cívica, com o objectivo de ajudar a construir uma sociedade democrática. A consciência do poder do grupo como instrumento de educação política é cada vez maior, tanto mais que na mesma época se assiste ao seu uso para a doutrinação da juventude em diversos regimes não democráticos na Alemanha, Itália e União Soviética. Após a segunda guerra mundial a intervenção social com grupos sofre um novo processo de expansão, iniciada com a publicação de diversas obras sobre o assunto. OS PRINCÍPIOS INFORMALIDADE DA HOMOCRONIA, DA EXPERIMENTAÇÃO E DA Dessa diversidade de contribuições, sobressai claramente o duplo papel do grupo, como instrumento de desenvolvimento pessoal e como meio de intervenção sócio-educativa e sócio-política. Essas duas dimensões podem observar-se, por exemplo, no trabalho com voluntários, os quais devem ser vistos pelos profissionais não só como instrumentos ao serviço de programas sociais, mas também como alvos de intervenção social, uma vez que são exigidas diversas condições para o seu desempenho que eles precisam de aprender. Objectivos do interventor social relativamente aos voluntários: 1. Apoiar o seu crescimento pessoal no sentido de aprenderem a ser: a) Pessoas responsáveis e criticas no seu sistema de relações face a face; b) Cidadãos responsáveis 2. Apoia a sua educação social de modo a que aprendam a: a) Ver a realidade social à sua volta; b) Julgar as situações observadas com a objectividade possível; c) Agir organizadamente sobre as situações, como agentes de mudança. Neste sentido quando trabalha com voluntários, o interventor social profissional deve procurar aproveitar essa circunstância para promover a sua formação pessoal e social geral para além de os treinar para o desempenho do papel específico que vão ter. Na formação de voluntários o trabalho de grupo pode constitui um recurso excelente para atingir qualquer dos dois objectivos. Para além do duplo papel que o grupo pode desempenhar como instrumento de desenvolvimento social, observa-se na literatura de especialidade a constante alusão a três princípios comuns: Princípio da homocronia, pelo qual deve registar-se uma sintonia de tempos e ritmos de actuação entre interventor e grupo. Isto significa iniciar qualquer processo de ajuda a partir do estádio de desenvolvimento em que se encontra o grupo, o que obriga a um cuidado diagnóstico sobre a estrutura e potencial. Significa respeitar o seu ritmo e a sua dinâmica, adequando a intervenção às motivações e expectativas dos elementos que o integram. Princípio da experimentação, pelo qual se deve incentivar o grupo a aprender a fazer, fazendo, o que aconselha ao fomento da participação e do protagonismo do grupo e à adopção de estratégias não diretivas por parte do interventor. Princípio da informalidade que sugere a preferência por padrões informais de relacionamento, em alternativa a sistemas de interacção mais ritualizados. Se o princípio da homocronia é comum a toda a intervenção e está claramente presente no chamado método de casos, o mesmo não se pode dizer dos outros dois. Relativamente ao princípio da experimentação observa-se uma diferença de grau uma vez que, apesar da estratégia de intervenção psicossocial almejar em última análise uma autonomização do sistema-cliente, ela exige frequentemente do sistema-interventor uma postura inicial diretiva, correspondente à assimetria do saber, do saber fazer e do saber situarse de cada um dos protagonistas no processo. Na estratégia de ISG, pelo contrário, o interventor conta com o grupo como recursos adicional ao acto da intervenção, podendo e devendo tirar partido desse facto para possibilitar ao sistema-cliente uma maior autonomia inicial. Por seu turno, o facto de cada um dos elementos do grupo não se encontrar sozinho, frente a frente com um técnico que o intimida, mas ter consciência que a relação entre os dois é mediada por um grupo de iguais, possibilita-lhe uma segurança emocional suficiente para encetar novas experiencias com um certo grau de autonomia, É quanto ao princípio da informalidade que as duas abordagens se diferenciam mais: enquanto o método de casos exige uma relação bastante formal, ritualizada e distanciada, ainda que temperada por uma atitude empática por parte do interventor, na ISG, pelo contrário, a informalidade é um imperativo de eficácia, uma vez que toda a intervenção poe a tónica numa relação simétrica em termos de poder entre os protagonistas do processo de ajuda. TENDÊNCIAS ACTUAIS D A ISG O MOVIMENTO DE RECONCEPTUALIZAÇÃO Uma circunstância que veio, sem duvida, conferir maior importância à ISG foi o movimento de reconceptualização do trabalho social, este movimento surge como um despertar crítico da mediocridade dourada em que se tinha tornado grande parte do serviço social latinoamericano. Tal movimento surge de diversas circunstâncias: Da consciência da situação de subdesenvolvimento em que se encontrava a américa latina e faz gritantes assimetrias sociais e económicas dela resultantes; Tal situação confrontava quotidianamente os profissionais de serviço social, obrigandoos a tomarem posições com implicações politicas evidentes. As escolas de serviço social começaram a ser influenciadas pir novas correntes doutrinárias nomeadamente pelo marxismo, a que não terá sido alheio o processo político cubano e o próprio desenvolvimento das ciências sociais na Europa. O movimento estudantil a que pertenciam também os estudante de serviço social ganha consciência crescente do isolamento em que a Universidade se encontrava face à sociedade envolvente. Todos estes factores sublinhavam a dimensão politica e ideológica da acção social e a necessidade de que a prática da intervenção fosse fortemente emoldurada por uma teoria que a legitimasse e por uma metodologia que lhe desse consistência. Apesar destes aspectos comuns, o movimento de reconceptualização apresentou uma grande diversidade de contribuições. Alguns autores sublinharam a necessidade de escorar a prática da intervenção numa mais sólida preparação científica; outros, ressaltam a dimensão metodológica do trabalho social; outros ainda puseram o acento tónico do trabalho político. Anos volvidos, Ander-Egg observou alguns exageros do movimento, a que chamou doenças e manias: O uso não marxista (não dialético) do marxismo, o que deu origem a sectarismos e a dogmatismos de vária natureza, próprios de um infantilismo revolucionário; Teoria sem prática o que levou frequentemente à ilusão de que se poderia transformar a realidade pela palavras. Confusão entre prática profissional e militância politica com efeitos sobre a descredibilização da profissão pela frequente demagogia e carente qualificação a que por vezes conduziu. Apesar dos exageros a que ocasionalmente se chegou, o movimento da reconceptualização teve o mérito de chamar a atenção para a ligação do serviço social a uma educação para a cidadania e de o associar frequentemente a uma fundamentação científica, quer no plano teórico quer metodológico. Dada a vertente educativa e cívica que se observou na evolução histórica das estratégias de intervenção social, pode portanto dizer-se que este movimento dos anos sessenta e setenta ajudou a legitimar a ISG como técnica de educação cívica por excelência. OS ANOS OITENTA Com as duas crises do petróleo registou-se uma crise do modelo do Estado Providência, que tinha como referencias uma perspectiva keynesiana de intervencionismo económico e uma política social assente nas concepções universalistas de Beveridge. A política de contração de despesas públicas, de desresponsabilização do Estado face aos problemas sociais que daí decorreu e a necessidade de criar mecanismos de co-regulação na sociedade civil, teve reflexos imediatos nas preocupações dominante da intervenção social, que começaram a ser bem diferentes das atrás referidas para a américa latina. A Conferencia de Turku sobre a segurança social numa sociedade pós-industrial reforçou a ideia de que se deveria apostar decisivamente no ensino e prática de group work e do community work, ao reconhecer a importância de estratégias de intervenção que apostassem na participação dos cidadãos para combater os problemas sociais mais urgentes na Europa de então: o desemprego, a habitação socia e a reorganização de padrões de lazer. A análise macrossociológica de autores como Pierre Rosanvallon (1984) sobre a crise do Estado Providencia apontava no mesmo sentido. De acordo com este investigador a crise observada era fundamentalmente uma crise das bases contratuais em que havia sido edificado o Estado Providencia, exigindo a convergência de três estratégias para a sua solução: Uma politica de redução da procura de Estado, o que implicava o fortalecimento da sociedade civil; Uma politica de fomento da solidariedade, valor diluído com a excessiva valorização do individualismo; Uma politica de desenvolvimento da visibilidade social, sobre as necessidade e sobre a articulação dos recursos para lhes fazer face. Para a efetivação destas três politicas a figura do interventor social surge como um organizador de esforços coletivos para além da sua tradicional missão de apoio individual. MODELOS DE ISG NO FINAL DO SÉCULO Pode dizer-se que durante a década de 90 se tem registado um acréscimo substancial de utilizações do grupo, tanto como instrumento de desenvolvimento social e pessoal como de ferramenta de acção social. De acordo com Kelley a diversidade dos modos como o grupo é usado, varia habitualmente de acordo com a combinação de três modelos: O modelo os objectivos sociais, herdeiro do movimento dos centros sociais comunitários (Settlements); O modelo curativo, que importou muitos dos procedimentos do movimento psicoterapêutico; O modelo da reciprocidade, que se alicerça sobretudo no movimento da dinâmica de grupos. Factores distintivos Modelos Objectivos sociais Curativo Reciprocidade da Antecedentes Séc. XIX, movimento dos Movimento da Psicoterapia Movimento centros sociais (Jane (Freud, Moreno, Foulkes,…) dinâmica de grupos (Kurt Adam,…) Lewin) Principal objectivo Ensinar responsabilidade Contribuir para a cura dos Criar um clima social (perspectiva socio clientes. grupal de autoajuda com educativa) sistemas sólidos de liderança Papel Líder, educador, Conselheiro, facilitador Dinamizador nãoatribuído ao organizador, facilitador de terapêutico, agente de diretivo mudança em ambiente interventor aprendizagem institucional (hospitais, centros de saúde) ou não Aplicações mais frequentes Escuteiros, clubes de jovens, centros comunitários, educação intercultural, promoção da saúde, grupos de formação. Aconselhamento em grupo, psicoterapia com crianças e adolescentes (vitimas de situações), adultos (com diversos problemas), mulher (não emancipadas), etc., Fortalecimento de grupos préexistentes grupos de auto ajuda ou de ajuda mútua. TRABALHO COM GRUPOS DE DESENVOLVIMENTO – HERMANO CARMO A DIVERSIDADE DAS TÉ CNICAS DE INTERVNEÇÃO Seja qual for a estratégia de intervenção que se adopte há algumas regras que devem ser sempre respeitadas: Numa situação de trabalho de grupo devem ser evitadas quaisquer situações em que os participantes se sintam feridos nos seus direitos de cidadãos ou de pessoas; O interventor deverá respeitar escrupulosamente esses direitos, procurando clarificar os papéis e as regras de funcionamento e informar previamente os participantes sempre que o trabalho a desenvolver implique uma tensão emocional acima dos limites habituais; A estratégia de intervenção a adoptar deve ser adequada ao objectivo pretendido e não a critérios de outra natureza como por exemplo, a sua popularidade, sob pena de não se atingirem os objectivos pretendidos, ou de se gastar demasiado tempo e energias para os alcançar. Um efeito derivado de uma escolha inadequada pode ser a criação de um clima de desconfiança no potencial do grupo e no valor do cooperativismo e o consequente reforço de uma cultura de individualismo. DESENVOLVER APTIDÕES DE RACIOCÍNIO DIVERGENTE Neste quadro descrevem-se as técnicas da matriz de descoberta, da construção de cenários e do brainstorming, usada com alguma frequência quando se pretende desenvolver aptidões de raciocínio divergente. Objectivos a atingir Estratégia de reunião 1. Pôr a render as capacidades de um Matrizes da descoberta – 4 fases: grupo e de cada um dos seus 1ª- Fazer uma listagem das necessidades membros 2ª- Fazer uma listagem das capacidades 3ª- Fazer uma matriz de duas entradas (capacidades e necessidades) 4ª- Interrogar a matriz 2. Procurar soluções para problemas Construção de cenários – 3 fases: complexos, em situações de 1ª- Imaginar diversas possibilidades de evolução desconhecida evolução (cenários) da situação actual 2ª- Caracterizar cada um dos cenários problemático identificando as ameaças e as oportunidades de cada um 3ª- Discutir soluções para cada um dos cenários, procurando identificar os recursos necessários para a solução, e os respetivos custos humanos. 3. Fazer jorrar ideias novas para a resolução de um problema 4. Testar a criatividade dos elementos de um grupo Brain storming 1ª fase: cada um diz o que se passa na sua cabeça, tentando ser o mais espontâneo possível 5. Elevar a auto-estima de um grupo 2ª fase: tudo o que foi dito é escrito no nas suas capacidades de quadro, classificado e discutido funcionamento e de solucionar problemas de forma cooperativa FACILITAR A TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÃO Neste quadro estão ilustradas situações típicas de trabalho de grupo, em que o objectivo comum é facilitar a transmissão de informação com qualidade. Objectivos a atingir Estratégia de reunião 6. Obter uma informação completa, Conferência – um especialista expõe as suas precisa, detalhada, sobre um dado ideias sobre um assunto ou sobre a sua assunto num mínimo de tempo experiência 7. Obter uma informação precisa e Simpósio – sessão de mini-exposições por documentada sobre diversos especialistas (15 a 20min) assuntos num tempo reduzido 8. Conhecer diversos pontos de vista Painel autorizados sobre uma questão Breve discussão entre especialistas à volta controversa de um dado tema sobre o qual eles têm diferentes perspectivas; Os auditores colocam questões 9. Permitir a cada participante de um Philips 6.6 – é posta uma questão ao grande grupo. Seguidamente, dividem-se em grupo numeroso que se exprima pequenos grupos de 6 pessoas. Cada grupo tem 6 minutos para discutir o tema. Um porta-voz de cada grupo dá conta brevemente, do debate realizado. 10. Permitir uma mútua troca de ideias Reunião-discussão – debate de um pequeno num pequeno grupo de pessoas, número de participantes (menos de 15) possuidoras elas próprias, de informações sobre o assunto EXTRAIR EFEITOS SINERGÉTICOS Neste quadro apresentam-se 6 técnicas aplicáveis para extrair efeitos sinergéticos do grupo, para aprofundar a aprendizagem do trabalho colectivo, ou para poder usá-lo como instrumento para atingir um dado objectivo exterior. Objectivos a atingir Estratégia de reunião 11. Ajudar um grupo um pouco Método das cartas – os participantes do bloqueado pela timidez a exprimir- grupo (15-20) têm todos diante de si bocados se, no início de uma reunião de papel idênticos. São convidados a exprimir brevemente por escrito, o que pensam de um dado assunto O animador lê os textos anónimos e o secretario aponta as ideias principais Discute-se os textos 12. Facilitar a expressão graças a um Foto-linguagem: técnica de facilitação de suporte simbólico expressão Escolhem uma ou duas fotos simbólicas para si, explicam o porque da escolha e no fim todos reagem a cada fotografia 13. Abordar um problema de modo Estudo de caso: apresenta-se uma situação concreto mas sem se estar característica sob a forma de um texto, de um filme, etc. analisa-se de seguida esta situação efetivamente implicado à procura de resolver o problema concreto que ela encerra 14. Permitir uma aproximação viva e Jogo de papéis: é apresentada uma situação emocionalmente envolvida de um ao grupo. Os membros do grupo desempenham e improvisam o papel dos problema diversos personagens evocados: falam e comportam-se como eles 15. Pôr em comum num grupo maior os Aquário: depois de um trabalho em subgrupos, cada equipa delega um ou dois trabalhos de pequenos grupos porta-vozes que, diante do grande grupo, partilham com os outros delegados o trabalho realizado. O grande grupo assiste sem participar. 16. Pôr em comum os trabalhos de Inter-grupo: divide-se o grupo em subgrupos pequenos grupos permitindo que discutem um tema. Cada grupo elege um ou dois dos seus membros que formam com encontros entre pessoas outros eleitos novos subgrupos que partilham o trabalho realizado. Por fim, voltam a reunir-se os subgrupos primitivos onde se discute a experiencia de inter-grupo acabada de viver. ABORDAGEM CLÁSSICA DO SERVIÇO SOCIAL DE GRUPOS ATITUDES E PROCEDIMENTOS Em convergência com os princípios da homocronia, experimentação e informalidade, Konopka e Kisnerman referem três atitudes básicas que qualquer interventor social deve ter numa situação de serviço social de grupos: optimismo realista, paciência e empatia. A atitude de optimismo realista parte da crença personalista de que todo o ser humano é susceptível de aperfeiçoamento. Tal convicção implica duas atitudes por parte do interventor social: Por um lado, uma atitude de rigor que o habilite a distinguir os seus desejos da viabilidade de os realizar. Trata-se da distinção entre utopia e inédito viável. Por outro, uma atitude de incessante procura do potencial escondido em cada situação de grupo e em cada um dos seus membros, identificando e aproveitando os recursos escondidos, o que implica um esforço criativo continuado. A atitude de paciência é consequência lógica do principio da homocronia, obrigando o interventor social a dar «tempo ao tempo», a respeitar o ritmo e a situação em que se encontra o grupo e cada um dos seus elementos, em vez de ceder à tentação voluntarista de querer manipulá-lo em função dos seus desejos. Esta conduta deve evitar a tendência a uma excessiva não directividade, que prejudicaria o ritmo de funcionamento do grupo. O trabalho do interventor social deve procurar o equilíbrio ótimo entre o seu próprio ritmo de trabalho e os vários ritmos dos elementos do grupo. A atitude de empatia implica um terceiro dilema, entre uma conduta que deve levar o interventor social a pôr-se no lugar do sistema-cliente a fim de tenta sentir como ele os sente, o que o leva a procurar uma crescente aproximação emocional, e o necessário distanciamento que lhe possibilite uma visão de outro ângulo, que porventura possa introduzir algum valor acrescentado na intervenção. Em suma, ao interventor social que trabalha com grupos é exigida uma competência técnica e uma maturidade emocional que lhe permita surfar entre as correntes divergentes do desejo e da realidade, entre a heterocronia dos ritmos de mudança dos protagonistas e entre uma dialéctica constante de envolvimento e distanciamento emocional do grupo cliente. Em todo este processo é fundamental não esquecer que o interventor social tem de transmitir ao sistema-cliente a confiança que tem na possibilidade deste vir a ultrapassar os problemas que o afligem. Não uma confiança apenas fundamentada numa doutrina, mas numa convicção alicerçada na experiencia colhida pelas Ciências Sociais e da Educação. O chamado efeito Mayo mostrou claramente a influencia do interventor sistemacliente, apenas pela expectativa que causa a sua presença; Os resultados de Robert Rosenthal e Lenore Jacobson sobre a influência das expectativas nos resultados escolares dos alunos, conhecidos por alguns autores como efeito Pigmaleão provaram a importância da (des) confiança do interventor no desempenho do sistema cliente. As atitudes que se acabam de referir operacionalizam-se numa abordagem que procura, Travar conhecimento e ganhar confiança dos elementos; Identificar os problemas e avaliá-los com o grupo; Iniciar processo de ajuda, a partir de onde se encontra o grupo, tendo em conta necessidades básicas de pertença, de respeito próprio e de cooperação. O profissional tem de usar a sua capacidade de escuta, observação, empatia, procurando discernir indícios de necessidades de ajuda no comportamento dos elementos do grupo. Isto exige competência nos domínios do saber (Psicologia, psicossociologia, antropologia, sociologia); do saber fazer (técnicas de grupos, metodologia das ciências sociais) e do saber situar-se (inteligência e maturidade emocional). O DIAGNÓSTICO´ Diagnosticar uma situação em serviço social de grupos implica quatro procedimentos distintos: Identificar os actores, as relações que mantêm entre si e com as redes sociais a que pertencem, e as suas necessidades e recursos; Identificar os problemas, relacionando as necessidades e recursos, com o quadro teórico e axiológico do interventor social; Avaliar as suas próprias possibilidades e limitações para poder ajudar o grupo; Desenhar um plano de acção Os dois primeiros procedimentos do diagnóstico exigem a utilização de registos adequados, memórias indispensáveis para capitalizar a experiencia que se vai adquirindo sobre o grupo e a evolução de cada um dos seus membros. Ao avaliar as suas próprias possibilidades e limitações para poder ajudar o grupo, o interventor deve interrogar-se com seriedade sobre o seu nível de conhecimentos acerca do problema, sobre a sua competência no uso das técnicas de intervenção que se supões vir a usar e sobre o grau de envolvimento/distanciamento emocional do grupo. É em função deste juízo que deverá tomar a decisão de encetar o processo de intervenção ou de encaminhar o grupo para uma ajuda especializada. No caso de considerar aconselhável uma intervenção directa da sua parte, o interventor deverá elaborar um plano de acção que procura Definir rumos de solução Identificar os meios necessários à acção e articulá-los para atingir os objectivos: Equacionar modos de avaliar a eficácia e a eficiência da acção O PROCESSO DE AJUDA Feito o diagnóstico e traçado um plano de acção, o interventor social fica em condições de criar e estimular uma relação de ajuda, tal processo realiza-se através da alteração da dinâmica de grupo, de acordo com um dispositivo de intervenção e que integra dois tipos de estratégias comunicacionais – verbais e não-verbais – aplicáveis em três tipos de contextos de interacção: entre si e o grupo, entre o grupo e cada um dos seus membros e entre si e cada um dos elementos. Através da sua actuação o interventor procura proporcionar novas experiencias, ao grupo e a cada um dos seus elementos, através de exercícios e programas, e promover A experimentação de situações de participação cooperativa, em detrimento de desempenhos competitivos, muitas vezes auto-destrutivos; A descoberta e a otimização dos recursos do grupo e de cada um dos seus membros, permitindo a autonomização progressiva de um e dos outros na resolução dos problemas identificados pelo diagnóstico; A aprendizagem de como ultrapassar conflitos, sem os evitar nem o dirimir através de custos elevados, mas enfrentando-os e resolvendo-os por meio de estratégias de negociação inteligente. Contextos de intervenção Profissional Indivíduo Estratégias comunicacionais Verbais Não verbais 1. Promover o acesso à palavra Ensinar a quebrar o isolamento 1. Ensinar a usar o discurso não verbal como o jogo, o movimento, a música, o drama, tarefas de cooperação Profissional Grupo Grupo Meio Ensinar a objetivar os problemas 2. Promover o potencial individual em favor do grupo Ensinar a servir os outros sem se servir deles 3. Criar confiança no grupo Intensificar as oportunidades de interajuda Apoiar a emergência controlada das situações de competição e conflito 4. Mobilizar as energias do grupo para o seu próprio amadurecimento 5. Mobilizar as energias do grupo para que seja mais eficaz e eficiente face a objectivos externos 2. Ensinar a lidar com o problema da transferência 3. Propiciar a vivência de experiências positivas em grupo através de programas. Em contexto de lazer: acampamentos, festas, colónias, trabalhos manuais Em contexto de trabalho: clubes de emprego, campos de trabalho, programa de autoconstrução ESTRATÉGIAS DE INTER VENÇÃO COM GRUPOS DE AJUDA MÚTUA Existe uma grande variedade de outras técnicas de intervenção com grupos de desenvolvimento que exigem uma preparação longa e especializada do interventor. Sobressaem aquelas que visam o simples aperfeiçoamento do desempenho das pessoas em várias situações de grupo, como os grupos de encontro e as que se integram na psicoterapia. Um tipo de grupos resultantes da tendência actual para a emergência de organizações descentralizadas, é o que integra pessoas que se unem para se ajudarem mutuamente. Não se tratando de um fenómeno novo na história humana, os grupos de ajuda mútua ou autoajuda, têm vindo a tornar-se cada vez mais visíveis. O QUE SÃO GRUPOS DE AJUDA MÚTUA? Todos podem considerar-se grupos D ou de Desenvolvimento uma vez que o seu principal objetivo é facultar condições para o desenvolvimento pessoal ou social dos seus membros. O que os distingue dos outros grupos D é o facto de terem como pressuposto básico a autonomia dos seus membros face a qualquer sistema interventor exterior e como estratégia comum a ajuda mútua que é considerada como principal recurso. Os grupos são, com frequência, muito eficazes, apresentando no entanto algumas caractacteristicas que podem reduzir os seus efeitos benéficos. É o que acontece quando, por vezes, há necessidade de intervenções exteriores de natureza mais especializada, para complementar a acção permanente do grupo sobre os seus membros. É recomendável que a acção do interventor social junto de grupos de ajuda mútua seja pautada por algumas regras que não deverá esquecer sob pena de, não só a acção ser ineficaz na situação em presença como hipotecar intervenções futuras pelo efeito vacina que cria no grupo: Deverá respeitar a autonomia do grupo de ajuda mútua e certificar-se que essa sua atitude é reconhecida; a sua intervenção não deverá nunca competir coma acção do grupo junto dos seus elementos, mas apresentar-se como o seu complemento; o papel do interventor social deverá ser claramente negociado com o grupo, de modo a poder ser reduzido ao mínimo o risco de conflito decorrente de perceções diferenciadas sobres os seus limites de actuação. TIPOS DE GRUPOS DE AJUDA MÚTUA Podem distinguir-se dois tipos de grupos de ajuda mútua, de acordo com as situações que lhe deram origem: aqueles que foram formados para responder a situações agudas e aqueles que se constituíram para apoiar problemas crónicos dos seus membros. São exemplos de grupos de ajuda mútua constituídos para apoio em situações de crise aguda, as associações de pais de crianças e jovens vítimas de acidente ou doença mortal e as associações de vítimas de violência domestica. O grupo desempenha um papel fundamental de empowerment dos seus membros, permitindo-lhes enfrentar solidariamente a situação traumatizante, com apoio de outras pessoas que já passaram por ela. A experiencia tem demonstrado que o apoio de pares nestas circunstâncias é de um valor inestimável, uma vez que as tragédias pessoais têm tendência a ser interpretadas pelos próprios como situações únicas, constrangendo-os a isolar-se numa solidão crescente que dificilmente se libertam. O apoio de pessoas que viveram na pelo um choque traumático análogo ao que acabam de sofrer, confere-lhes uma legitimidade que ajuda a enfrentar o choque inicial muitas vezes agudizado pelo fator surpresa e a reorganizar a vida. Exemplos de grupos de ajuda mútua para situações crónicas são os clubes de desempregados de longa duração, doentes crónicos, toxicodependentes, deficientes, doentes mentais crónicos, etc. O objectivo destes grupos consiste em procurar pela ajuda mútua, propiciar ao associado o recursos de uma rede social de apoio, que lhe permita enfrentara situação, melhorar a sua qualidade de vida apesar das limitações impostas ou mesmo ultrapassar o prolema que se tornou crónico. TRABALHO COM GRUPOS DE ACÇÃO SOCIAL – HERMANO CARMO REUNIÕES DE INFORMAÇÃO Uma situação muito comum é aquela em que uma ou mais pessoais têm de transmitir informações a um dado grupo – reunião de informação. O seu principal objectivo é partilhar um conjunto de informações sistematizadas de forma eficaz e eficiente. É necessário que o interventor social respeite um conjunto de procedimentos que garantam uma boa comunicação e que lhe permitam avaliar se a sua recepção foi efectivamente conseguida com economia de tempo e meios. As duas principais variáveis a controlar numa reunião de informação são o nível de participação e a qualidade da comunicação. A QUESTÃO DA PARTICIPAÇÃO Qualquer comunicação de qualidade exige um retorno mínimo de informação, sem o qual o emissor não pode corrigir eventuais erros, decorrentes de filtros comunicacionais criados pela forma como a informação foi codificada, partilhada ou recebida pelos destinatários. Isto implica que, para que a comunicação alcance os resultados que se propõe, ou seja, informar um dado conjunto de pessoas, precisa de promover um nível de participação mínimo dos protagonistas. Em contraposição com esta necessidade, numa reunião de informação o interventor social tem de procurar alcançar os objectivos propostos com a mínima economia de maios, procurando fazê-lo num tempo mínimo e com economia de recursos. Em suma, numa reunião de informação cabe ao interventor social o difícil papel de promover a participação dos protagonistas, de modo a garantir a sua eficácia mas sem prejudicar a sua eficiência. O AMBIENTE FÍSICO DA REUNIÃO O ambiente é uma das variáveis que condiciona o comportamento humano. O interventor deve organizar cuidadosamente a envolvente física da reunião, de acordo com o tipo de participação que deseja obter, tendo em conta, entre outros, os seguintes pormenores: O local deve permitir o conforto físico adequado: sem alas excessivamente frias, quentes ou húmidas, as pessoas têm tendência a distrai-se e a não participar; As paredes e a decoração não devem ser distractivas, permitindo a concentração no trabalho a realizar; A disposição das cadeiras e mesas deve ser adequada à participação desejada; Quando for necessário equipamento de apoio à comunicação este deverá ser previamente testado e posicionar-se junto ao animador da reunião, de modo a que o seu manuseamento seja fácil e discreto, evitando contribuir para distrair os participantes da temática central da reunião; O equipamento de comunicações deverá ser desactivado, a fim de evitar interrupções. O AMBIENTE DINÂMICO DA REUNIÃO O interventor social que vai animar uma reunião de informação tem de criar condições psicológicas para que a participação se verifique. Tal preocupação deve procurar obter-se desde o primeiro minuto, através do estabelecimento de um diálogo informal com os participantes e, em certas ocasiões, pedindolhes para procederem à sua apresentação. Em situações de aula, o pedido para alguém fazer uma síntese da sessão anterior tem vindo a revelar-se um bom meio de reactivar a participação do grupo, sublinhando o essencial do que já foi dado, bem como de permitir ao professor aperceber-se de dificuldades de compreensão de matérias anteriormente ensinadas e introduzir elementos clarificadores. A criaçã de um clima propício à participação deve obedecer ao principio da adequação. Por exemplo, uma demasiada familiaridade ou, pelo contrário, um demasiado formalismo nas formas de tratamento entre animador e grupo-alvo, ou a sua apresentação exterior, podem contribuir para criar algum mal-estar e crispar a comunicação, ou, pelo contrário, facilitá-la. Podem ser usada várias técnicas para fomentar o diálogo, quer pela determinação de certos momentos para debate, quer pelo modo de motivar as pessoas a intervir, quer ainda pela forma como se responde às interacções. Dois princípios devem ser respeitados: Nunca ridicularizar nem deixar que seja ridicularizada uma intervenção, devendo tirarse partido do seu potencial informativo para optimizar o debate; Perante perguntas embaraçosas, nunca responder através de evasivas, é preferível explicitar o seu desconhecimento ou a sua dúvida do que inventar respostas que só iriam criar um clima de desconfiança. A QUESTÃO DA COMUNICAÇÃO Participar é tomar parte activa, comunicar é pôr em comum uma dada mensagem. Quando se comunica, há que ter em conta que o fazemos simultaneamente em diversos registos, através da expressão verbal, mímico-gestual, com ou sem suportes áudio-visuais sendo necessário orquestrar todos os meios que dispomos, no sentido de atingir o objectivo de informar o grupo. PREPARAÇÃO DA REUNIÃO Uma regra de ouro é a de nunca improvisar o papel de animador: conduzir uma reunião com padrões de excelência exige muita transpiração e, se possível, alguma inspiração e não o contrário. Isto naturalmente, não significa que a preparação da intervenção seja um colete de forças, constrangedor da adaptação às situações dinâmicas e imprevisíveis que necessariamente irão ocorrer. Significa apenas que o interventor, ao preparar-se, constrói um dispositivo de orientação para poder gerir as situações previsíveis e tirar partido do inesperado. O planeamento da estratégia de comunicação visa que esta seja simultaneamente rigorosa e clara: rigorosa, para que o que se pretende comunicar seja efectivamente sem ambiguidades; clara, para que seja recebida por todos os destinatários sem interpretações contraditórias. Eis alguns procedimentos indispensáveis à preparação de uma reunião: Prever o tempo de duração da reunião, assim como o que se pensa dedicar aos seus diversos módulos. Esta precaução é fundamental, não só por razões de respeito pelo tempo dos protagonistas, o qual se sabe é dos recursos mais escassos que existem, uma vez que é irreversível, mas também um imperativo de eficácia e de eficiência. Preparar os conteúdos a transmitir. Isto implica selecionar a informação necessária, trata-la e interpretá-la em função dos objectivos em vista e procurar encadeá-la num esquema coerente. Ensaiar as estratégias de comunicação a adoptar, nomeadamente o estilo do discurso e a orquestração de recursos complementares. Verificar o equipamento a que vai recorrer, procurando prevenir falhas. DURANTE A REUNIÃO O animador deverá procurar fazer uso de todos os meios ao seu dispor para garantir uma comunicação de boa qualidade. A voz. Deve procurar-se adequa-la à situação de grupo, o que obriga a um esforço de colocação quer quanto ao volume quer ao ritmo. Deve evitar-se que o discurso se torne monocórdico. Alterações do ritmo e do volume podem ser usadas para sublinhar certas passagens consideradas importantes. Sempre que ocorra qualquer interferência auditiva é conveniente interromper o discurso, a fim de não se perderem passagens importantes. Muletas oratórias. Na linguagem quotidiana observa-se a tendência para o uso repetido de algumas palavras ou frases estereotipadas. Numa reunião de informação as muletas oratórias devem ser evitadas por terem um efeito de dispersão na assembleia. Gestos e posturas. A comunicação humana emprega vários registos em simultâneo, um dos quais é a linguagem do corpo. Há que por esse recurso ao serviço da comunicação, para enquadrar o discurso verbal, sublinhá-lo ou mudar o seu ritmo. Também aqui deve procurar.se uma orquestração equilibrada, uma vez que o excesso de linguagem corporal produz um efeito de dispersão, reduzindo a sua eficácia por torna-lo demasiado artificial. DEPOIS DA REUNIÃO É conveniente estar atento à reacção dos protagonistas, a fim de avaliar se os objectivos foram atingidos e a que custo. Este cuidado permite ao animados aperfeiçoar sistematicamente o seu desempenho. AS QUESTÕES FUNDAMENTAIS RELATIVAS AOS PROCESSOS DE GRUPO – JUSEPH LUFT OS PROCESSOS E O SEU CONTEÚDO Quando um grupo que se reúne para realizar um trabalho determinado, os membros do grupo estão essencialmente preocupados com o conteúdo, a tarefa no sentido literal, a matéria em questão. Contudo, podem surgir no trabalho de grupo dificuldades que nada têm a ver com o conteúdo. Mesmo quando a linguagem utilizada é clara, podem manifestar-se problemas de comunicação: podem nascer sentimentos hostis entre o professor e os alunos, ou a comissão pode atolar-se em disputas estéreis entre facções. Estes problemas laterais estão ligados a “processos”. O observador-participante aprende a considerar estes processos de uma perspectiva neutra, a fim de que eles sejam compreendidos sem que os membros se sintam ameaçados. Todo o aspecto da actividade de grupo pode comportar “processos” particulares. A estrutura, o conflito, a dependência-independência, a função e o “moral são alguns dos termos utilizados para falar destes “processos”. OS PROCESSOS DE BION O psiquiatra inglês Bion chama “modalidades” aos modelos subjacentes à vida do grupo. Quer estas representem ou não obstáculos ao trabalho de grupo, é necessário considerá-las como caracterizando processos psicológicos essenciais. A modalidade ataque-fuga descreve as lutas desencadeadas entre os membros de um grupo em relação com o seu trabalho. Podem produzir-se discussões em vez de trabalho de grupo, por causa de inevitáveis divergências entre as necessidades emocionais dos diferentes membros. O ataque pode ser subtil e escondido, ou aberto e agressivo. A fuga designa os múltiplos modos diferentes como o grupo pode evadir-se ou evitar a tarefa para a qual se organizou. A associação é uma outra modalidade pela qual os membros se reúnem aos pares, muitas vezes sem darem por isso, a fim de enfrentar problemas ou aumentar a satisfação pessoal. A dependência é uma modalidade característica dos grupos que procuram o apoio de uma pessoa ou de uma coisa por eles consideradas mais poderosas que elas. O ESPÍRITO DE GRUPO A questão da “essência do grupo” suscitou vivas controvérsias e críticas. Hoje, o emprego de um constructo referente ao grupo na sua totalidade provoca menos resistência, contanto que se tende a dar-lhe uma definição operacional, como se faz para outros constructos, tais como a inteligência ou a personalidade. A DEPENDÊNCIA, A INDEPENDÊNCIA E A INTERDEPENDÊNCIA Os indivíduos que tendem a abdicar do juízo próprio e a depender dos outros, sobretudo quando se encontra, em situações ambíguas. Mesmo quando a situação-estímulo não é ambígua, um número considerável de indivíduos abdicará do seu juízo independente. Numerosos estudos revela, como as “variáveis” independência-dependência-interdependência estão ligadas a outras manifestações da vida de grupo. Em situações criadoras de angústia, os grupos organizados reagem melhor que os não-organizados. Isto porque os grupos organizados manifestam mais liberdade social e porque a participação no grupo numa situação de stress é mais igualmente repartida por todos os membros. Se por independência queremos significar deixar-se guiar na acção pelos próprios sentimentos, impressões e juízos e se dependência significa guiar-se pelos “outros”, então devemos admitir como postulado a interdependência como processo significativo num grupo em vias de maturação. A interdependência produz-se à medida que um agrupamento de indivíduos elabora novos modos de proceder, novas normas e valores, adaptados aos fins e às capacidades dos membros do grupo. A interdependência significa repartição do trabalho entre os membros do grupo, e também aprendizagem da dependência, quando há disso uma necessidade objetiva. Os grupos obtêm a interdependência pela resolução das suas divergências e, assim, a cooperação e a colaboração são otimais quando a independência de juízo e de acção é levada ao seu mais alto nível. A ACTUAÇÃO INDIVIDUAL EM OPOSIÇÃO À ACTUAÇÃO DE GRUPO Será que um grupo resolve os problemas de modo mais eficaz que a trabalhar a sós? Numerosas experiencias que compara a eficácia do individuo com a do grupo não conseguiram resolver a questão. É evidente que muitos problemas materiais, estruturais e de processos referentes aos grupos estão em causa nesta questão. Entre as variáveis respeitantes directamente ao problema da actuação e que foram estudadas ao longo de investigações esparsas, encontra-se o tamanho do grupo, a natureza da tarefa, a composição do grupo, os factores de tempo e qualidade, as forças motrizes internas e externas ao grupo, os fins impostos em oposição ao fins escolhidos, a comunicação, as pressões à conformidade ou ao “moral”, os processos de influencia interpessoal. Em certa medida, a questão de saber se a produção individual é superior ou inferior à produção de grupo tem menos importância do que a compreensão do que se passa quando as pessoas trabalham em conjunto. Mesmo quando trabalhamos sós, dependemos de contribuições de outrem, como o provam as influencias e plagiatos entre cientistas ou artistas. Muitas vezes, os esforços individuais e os grupais completam-se. Para certas pessoas o esfoço em grupo é um mal inevitável que inibe, que entrava a liberdade e é causa de uma redução da qualidade do trabalho a níveis medíocres. Uma sociedade profundamente integrada e com fins múltiplos exige a expressão de diversas necessidades individuais e também o abandono das divergências, com vista à solução de certos problemas. Organizar uma nova fábrica, mudar um sistema de imposição fiscal, construir uma escola, são actividades que necessitam de uma grande consciência das necessidades e exigências diversas, bem como dos conselhos de peritos técnicos. VISÃO DE CONJUNTO a) Os grupos apresentam algumas vantagens e certas desvantagens concretas, relativamente à eficácia dos indivíduos no que respeita a solução dos problemas e a produção; b) Quando a solução de um problema exige uma compreensão única e global, ou quando exige uma série de decisões originais, o esforço individual pode ser superior ao de todo um grupo; c) Quando a solução de um problema exige, quer uma grande variedade de competências e informações, quer a convergência de informações e de ideias, o esforço de grupo parece indicado. O feedback e a livre permuta de ideias pode, de facto, suscitar ideias às quais um esforço único não teria chegado; d) Se há fins comuns, há igualmente uma maior probabilidade de cooperação. Por conseguinte há mais probabilidades de que os membros se sintam implicados quando os fins são fixados pelas discussões de grupo em que todos participam; e) Quanto mais desejo de honras e de importância individual houver, menos participação amigável ou “moral” de grupo haverá; f) Uma vez tomada a decisão de trabalhar em grupo, quanto mais as dimensões de grupo forem restritas, melhor ele funcionará, desde que as diversas competências e recursos necessários à conservação do grupo estejam presentes; g) Um grupo pode ser o terreno de fortes estimulações interpessoais, mas ele origina igualmente pressões em direcção à conformidade; h) Uma sociedade que liga maior importância ao valor e à liberdade do individuo encoraja igualmente a maior independência de pensamento, de trabalho e de responsabilidade. Um dos fins próprios de um grupo que “vau bem” é, portanto, reafirmar a verdadeira independência sem deixar de satisfazer as necessidades do grupo. A ESTRUTURA Por estrutura, entende-se a organização interna e os modos de proceder próprios de um grupo. Não se trata unicamente do grau de estruturação, mas também de decidir se o grupo definirá as suas próprias regras, limites e modos de proceder convenientes às necessidades particulares. O grupo mais estruturado procedia de um modo mais directo e aberto, dava mais importância às tarefas e menos aos processos, parecia orientar-se rapidamente no sentido de uma comunicação e de relações superficiais e testemunhava mais deferência ao poder e à autoridade. Os membros do grupo pouco estruturado interessavam-se menos pelas tarefas e mais pelos processos, estavam mais dispostos ao auxílio mútuo e mais inclinados à interpretação nos sentimentos do grupo e dos membros. CONFLITO Cinco meios pelos quais os grupos podem resolver os seus conflitos: 1. 2. 3. 4. 5. Eliminando a oposição, Subjugando a oposição, Formando uma aliança para dominar a oposição, Chegando a um compromisso com os opositores, Integrando as ideias opostas com vista a novas soluções. Verifica-se que o conflito e o consenso desempenham um papel determinante e poderoso na dinâmica de todos os grupos. O conflito é inevitável em todos os grupos porque na civilização, em sentido lato, há uma luta perpétua entre a competição e a cooperação, a individualidade e a conformidade, a liberdade de expressão e a inibição dos sentimentos. O “PAPEL” O conceito de “papel” designa o modelo de comportamento que caracteriza o lugar do individuo no grupo. O papel desempenhado por um individuo em grupos diferentes exerce uma influência muito forte sobre o seu desenvolvimento individual: a pertença a grupos múltiplos é a chave que permite compreender as motivações do individuo no seu comportamento social. Um dos problemas interessantes relativos aos papéis é a identificação dos princípios subjacentes às mudanças de papel por parte de um membro do grupo. Podem utilizar-se questionários sociométricos para saber como cada membro vê os outros e se vê a si mesmo, e isto nos diferentes momentos da vida do grupo. A “REPRESENTAÇÃO DO PAPEL” É um método que permite estudar as atitudes e os sentimentos dos indivíduos em situações simuladas. A representação de papéis é, habitualmente, seguida de uma discussão livre sobre o que se passou e o que os actores e observadores ressentiram com as interacções. Podem assim adquirir-se produtivas visões de conjunto e ideias novas. A representação de papéis como com forma de psicodrama, é mais complexa do que pode parecer e seria imprudente organizar tais sessões sem a supervisão de uma pessoa experimentada. A representação corre o risco de ser mal manejada e ser mais fonte de angústia e confusão do que de ajuda à aprendizagem dos participantes. A representação de papéis pode ter um valor particular como meio de diagnóstico em situações de investigação controlada. O “MORAL” O “moral” de um grupo significa que os seus fins são suficientemente elevados para serem reflexos dos ideais do grupo, mas que, contudo, o trabalho em função de objectivos a curto prazo está ligado à realidade. O termo “moral” descreve o nível de eficácia do grupo e também o modo como os membros ressentem a sua presença ao grupo. Pode descrever-se o moral em termos de “sentido de nós”, de sentimento de solidariedade ou de espírito de corpo. Um grupo de moral elevado pode suportar graves conflitos e uma tensão forte sem sofrer seriamente com isso, sem se desintegrar. Há, portanto, dois aspectos do moral de um grupo, ligados entre si: o grau de satisfação das necessidades pessoais e a eficácia com que o grupo realiza os seus próprios objectivos. Todos os grupos são motivados por necessidades compreendidas em duas categorias: a psicológica e a sociológica. Alguns indivíduos têm um modo de comportamento em grupo caracterizado em termos de satisfação das necessidades pessoais e emocionais. Outros membros preocupam-se menos com as necessidades emocionais ou então estão menos à vontade ao manejar sentimentos. Preferem, muitas vezes sem prestar mais atenção aos aspectos sociológicos da actividade de grupo que se referem directamente ao trabalho. A maior parte dos esforços para elevar a moral com meios superficiais estão destinados ao fracasso. A satisfação do individuo no grupo depende do facto de ele reconhecer certas forças de motivação e se acomodar a elas. Estas motivações, manifestas e latentes, provêm a mesmo tempo dos próprios membros e do grupo considerado como um todo. Se compreendemos a importância de tais forças, podemos começar a apreciar a complexidade deste processo. P.49-52 LEADERSHIP A COMUNICAÇÃO X É impossível falar de comunicação sem a ligar a todos os fenómenos da vida de grupo. Por comunicação entende.se, ao mesmo tempo, o que é expresso verbalmente e o que é nãoverbalmente. O tempo aplica-se assim às palavras e pensamentos articulados e também aos sentimentos não articulados; a comunicação refere-se às intensões daquele que comunica, do mesmo modo que às impressões recebidas por aqueles a quem é dirigida. Pode ser formal, como quando são distribuídas informações numa organização pelos canais regulares, ou informal, como as interacções entre amigos reunidos à volta de uma mesa de café. As dificuldades de comunicação podem ser o resultado de ameaças reais ou imaginárias que pesam sobre os membros de um grupo e devem ser consideradas em relação com as questões de poder e de influência. Os canais de comunicação podem ser incorporados à estrutura de um grupo, como nas organizações industriais ou militares, ou então podem desenvolver-se de uma maneira espontânea, em função de necessidades e conflitos interpessoais. Escutar os outros é uma qualidade de primeira importância para a vida do grupo. Solucionar problemas e tomar decisões podem ser considerados aspectos de solução dos conflitos de comunicação. A comunicação formal no ensino ou indústria, pode ser deformada ou bloqueada pelas necessidades e os problemas do sistema informal de comunicação. A ESCUTA X Escutar pode ser uma actividade muito simples, mas coisas passam-se de modo diferente num grupo onde as pessoas se reuniram para trabalhar na solução de problemas importantes. A capacidade de escutar está ligada à atitude para com um grupo directamente presente e tem uma relação significativa com as qualidades pessoais do individuo. Escutar toma tempo e exige o esforço de prestar atenção Àquele que fala e ao processo de comunicação. É surpreendente notar quão poucas vezes as pessoas verificam uma em presença das outras se se compreenderam correctamente. A preocupação do “recetor” com os seus próprios sentimentos ou solicitudes, bem como a ignorância de importantes processos de grupo, podem apresentar obstáculos à escuta. COMUNICAÇÃO NOS GRUPOS A comunicação humana só existe realmente quando se estabelece entre duas ou mais pessoas um contacto psicológico. No é suficiente que as pessoas com desejo de comunicação se falem, escutem-se ou mesmo se compreendam. É preciso mais. Há vários tipos de comunicação humana. A comunicação varia segundo os instrumentos utilizados para estabelecer o contacto com o outro, segundo as pessoas em processo de comunicação e segundo os objectivos em vista. 1. Os instrumentos. A comunicação pode ser verbal se alguém utiliza linguagem oral ou escrita para iniciar e estabelecer o contacto com o outro. A comunicação verbal é a mais frequente. Todo o recurso a outro instrumento que permita ou favoreça o contacto com o outro é classificado pelo termo genérico de comunicação não-verbal. Pertencem a esse tipo de comunicação os gestos, as expressões faciais, as posturas. Mesmo os silêncios, as ausências no interior de certos contextos podem tornar-se significativos e carregados de mensagens para o outro. Comunicação verbal e não-verbal estão sempre sincronizadas no mesmo individuo. Às vezes, o não-verbal está em dissonância com o verbal, trai o que o íntimo tenta camuflar. 2. As pessoas. É preciso distinguir entre a comunicação a dois e a comunicação de grupo. As comunicações a dois podem ser pessoais, quando constituem um encontro entre dois seres que se percebem em relação de reciprocidade ou de complementaridade, como na amizade, no amor ou fraternidade. Essa comunicação, se autêntica, tende a durar e aspira à permanência. No entanto, as comunicações a dois podem ser autênticas, mesmo quando provisórias. O profissional e a pessoa consultada estabelecem entre si comunicações verbais: o profissional dá, o consultante recebe. O primeiro deve dar provas de competência e de consciências, e o segundo possui direitos a serviços profissionais adequados. Esse tipo de comunicação entre duas pessoas, por sua própria natureza, não poderia ser senão temporária e provisória pela voa razão de que tende a fazer evoluir o consultante e a torna-lo autónomo em relação ao profissional. 3. Os objectivos. Podemos distinguir entre comunicação consumatória e comunicação instrumental. A comunicação consumatória tem por fim exclusivo a troca com o outro. Ela pode apresentar-se sobre formas prosaicas, “falar por falar” ou adotar formas evoluídas, como no caso do espírito criativo que, habitado por um sonho constante, sente a imperiosa necessidade de comunicar ao outro seu universo pessoal, este tipo de comunicação é sempre acompanhado de gratuidade e espontaneidade. A comunicação instrumental, ao contrário, é sempre utilitária e comporta sempre segundas intenções. A troca com o outro é procurada, preparada e estabelecida para fins de manipulação, mais ou menos confessáveis (slogans). Na comunicação consumatória, o outro é percebido como um sujeito ao encontro que quem se vai e com que se deseja comunicar; na comunicação instrumental, o outro é percebido como um objecto a explorar, a seduzir ou a enganar, com o objectivo de assegurar certos ganhos e satisfazer alguns interesses. 1) Quanto mais o contacto psicológico se estabelece em profundidade, mais a comunicação humana terá possibilidade de ser autêntica. 2) Quanto mais expressai conseguir integrar-se à comunicação verbal e não-verbal, mais a troca com o outro terá condições de ser autêntica. 3) Quanto mais a comunicação se estabelece de pessoa a pessoa para além das personagens, das máscaras, dos status e das funções, mais terá possibilidade de ser autêntica. 4) Quanto mais as comunicações intragrupo forem abertas, positivas e solidárias, mais terão possibilidades, em consequência, de ser autênticas e de não servirem de evasão ou de compensação a uma falta de comunicação interna no próprio grupo. 5) Quanto mais as comunicações humanas forem consumatórias, menos elas serão instrumentais e mais possibilidades terão de se tornarem alocêntricas e autênticas. Componentes essenciais. Para quem quer entra em comunicação com o outro, constitui um requisito que ele tenha sabido assinalar e identificar as vias de acesso mais seguras e, se preciso, haja reduzido ou abolido, graças aos meios fundamentais e adequados, as distancias físicas entre ele e o outro. A comunicação só se estabelecerá, em seguida, se um emissor e um recetor conseguem transmitir mensagem com ajuda de um código e segundo modalidades adaptadas aos fins em vista. A partir de Kurt Lewin, a dinâmica de grupos define assim os seis componentes essenciais de toda a comunicação humana: 1. Emissor. É aquele que tem a iniciativa da comunicação. Ele deve ser capaz de perceber e discernir quando, em que e como outro lhe é acessível. Ele deve poder transmitir a sua mensagem em termos que sejam inteligíveis para o outro. Os seus comportamentos e as suas atitudes ao longo da comunicação devem, para ser funcionais, obedecer às leis psicológicas da motivação, percepção e de expressão. 2. Recetor. É aquele a quem se dirige a mensagem. Ele a captará à medida que estiver psicologicamente sincronizado e sintonizado com o emissor. Se ele quiser favorecer a tomada de contacto iniciada pelo emissor, deverá estar psicologicamente em estado de abertura para o outro. De outro modo, poderá entender a mensagem, compreendê-la, mas não captá-la ou aceitá-la. 3. A mensagem. Constitui o conteúdo da comunicação. Se ela consiste unicamente numa informação, então trata-se de uma mensagem ideacional. Se ela exprime sentimento ou ressentimento, trata-se de uma mensagem afectiva. Ela pode enfim comportar elementos tanto intelectuais como afectivos. A mensagem é, nesse caso, chamada vital, porque quer transmitir uma informação de importância vital para o recetor. 4. O código. é constituído pelo grupo de símbolos utilizados para formular a mensagem de tal modo que ela faça sentido para o recetor. A linguagem, escrita ou oral, é, sem dúvida, o código mais frequentemente utilizado. Contudo, a música, arte, dança, mímica, são outros tantos códigos que nos permitem transmitir mensagens. 5. Destaque ou camuflagem. Consiste no conjunto das decisões que o emissor deve tomar, antes de entrar em comunicação, quanto ao conteúdo da mensagem e quanto ao código utilizado. Cabe a ele decidir o modo de apresentação da mensagem. 6. Codificador-decodificador. Na comunicação humana, a mensagem existe na tradução de ideia, objectivos e intenções num código, num conjunto sistemático de símbolos. O codificador é responsável por captar as ideias na fonte em forma de mensagem. Na comunicação de pessoa para pessoa, a função codificadora é executada pelas habilidades da fonte – o seu mecanismo vocal-, o sistema muscular da mão, os sistemas musculares das outras partes do corpo. Assim como a fonte precisa do decodificador para traduzir os seus objectivos num código, o recebedor precisa de um decodificador para retraduzir, para decifrar a mensagem e pô-la de forma que se possa usar. O processo de recebedor-decodificador pode ser tratado e termos de habilidades comunicadoras. Se o recebedor não tem capacidade de ouvir, ler, de pensar, não sará capaz de receber e decodificar as mensagens que o codificador fonte lhe transmitiuAUXÍLIO E BARREIRAS À COMUNICAÇÃO A comunicação realiza-se adequadamente se a mensagem for interpretada da mesma maneira pelo comunicador e pelo recebedor da comunicação. O comunicador pode verificar a precisão da sai comunicação, a única forma possível consiste em observar a resposta de que recebe a comunicação. A verificação da precisão de comunicações que incluem pensamentos e sentimentos é ainda difícil. O comunicador precisa basear-se fundamentalmente na natureza da resposta da comunicação do outro, diante da sua comunicação inicial. Quando a comunicação se estabelece mal, ou não se estabelece entre pessoas ou entre grupos, resultam alguns fenómenos psíquicos, chamados bloqueios, filtragens e ruídos. Quando a comunicação é completamente interrompida, há bloqueio. Ao contrário, quando não é comunicada senão uma parte do que os interlocutores sabem, pensam ou sentem, a comunicação subsiste, mas acompanha-se de filtragem. Bloqueios ou filtragens podem ser provisórios, desde que surge um bloqueio, ele obriga os interlocutores a questionar as suas comunicações e geralmente permite-lhes reatá-las e restabelece-las num clima mais aberto e numa base mais autêntica, cada interlocutor tendo tomado consciência que neles e entre eles constitui obstáculo às suas trocas. Em caso de filtragem, enquanto a confiança diminui, ela tende a acompanhar-se de reticências e de restrições mentais, degradando-se pouco a pouco, em troca de mensagens cada vez mais ambíguas e equívocas. A comunicação corre o risco de tornar-se artificial, por vezes irreversível. Quando os bloqueios e as filtragens se tornam provisório, o observador vê aparecer entre os interlocutores muros ou barreiras psicológicas. Zonas de silêncio estabelecem-se entre eles, ou quando muito, zonas de trocas superficiais que recobrem, quando não dão lugar a uma proliferação de zonas de conflitos e de tensões. Qualquer que seja a sua duração, os bloqueios e as filtragens perturbam de si e dos outros, tornam falsas as atitudes e os comportamentos interpessoais. Se bloqueios e filtragens aparecem no grupo de trabalho, as discussões e as deliberações provocam, então, abordagens penosas, agravadas geralmente por conflitos de prestígio. Quanto mais esses bloqueios e essas filtragens persistem, mais as relações entre colegas ou com o responsável de grupo arriscam tornar-se sistematicamente negativas, inautênticas, em consequência de mal-entendidos, equívocos ou ressentimentos que aparecem como irredutíveis. PERTURBAÇÕES E DISTORÇÕES DE COMUNICAÇÃO EM GRUPO Três possíveis fontes de bloqueio e de filtragens, comuns a qualquer tipo de comunicação humana, foram identificadas: 1. Referente ao emissor: as filtragens podem dever-se às inibições interiores. A mensagem a transmitir evoca nele lembranças penosas, não eliminadas ou não assimiladas. É o caso de indivíduos cujo passado foi traumatizante. Se o passado é evocado, eles tornam-se incapazes de se comunicar um com o outro, ou, se o fazem, é de modo impessoal. 1.1 O emissor pode também experimentar bloqueios e filtragens nas suas comunicações por razões extrínsecas. Pode sentir-se constrangido e permanecer em silêncio ou não falar senão com reticência e circunspeção em virtude de tabus exteriores (expressão explicita ou não de proibições coletivas ou censura de grupo). 2. Referente ao código: os bloqueios e as filtragens ocorrem por causa das diferenças culturais. Os mal-entendidos surgem pelo facto de os interlocutores em presença suporem que utilizam o mesmo código, quando, os símbolos utilizados têm para eles conotações subjetivas ou coletivas distintas ou mesmo contrárias. 3. Referente ao recetor: há bloqueios e filtragens quando ele não capta ou capta mal as mensagens que lhe são endereçadas. Essa falta ou ausência de recetividade pode ocorrer por três razões possíveis: 3.1. Percepção seletiva: o recetor tem uma perceção seletiva não captando senão as mensagens que possuem para ele, no momento em que são emitidas, ressonâncias afectivas ou implica situações pessoais. 3.2. Estados de alienação: o recetor pode conhecer estados de alienação, seja pelo fato de estar absorvido por uma alegria intensa que o cumula, seja por se sentir invadido por forte angústia. Torna-se então incapaz de perceber as, mensagens que lhe são dirigidas, pois está perturbado emotivamente. Não apenas não compreende, com também não escuta mais. 3.3. Sensibilizado para a comunicação verbal: pode o recetor, em razão do contexto cultural, em se se socializou, ter-se tornado exclusivamente sensibilizado para a comunicação verbal a ponto d enão captar ou captar mal as mensagens não-verbais que lhe são dirigidas. CAUSA DE BLOQUIOS E FILTRAGENS 1. Hostilidade autista. O autocrata em posse de um poder absoluto sobre os membros do seu grupo regride muito cedo nas suas relações com o outro a ponto de tornar-se inconsciente da existência dos outros. O seu egocentrismo degenera cedo ou tarde em autismo ao ponto em que só o seu interesse é lei e o grupo não tem, a suas olhos, razão de existir ou de evoluir senão para a sua glória. 2. Transmissão seletiva. Explica os bloqueios e filtragens observados nos membros de grupos autocráticos. O autocrata, reservando para si todas as decisões, assumindo sozinho o controlo das estruturas de poder, desencoraja a liberdade de expressão entre os que trabalham ou vivem com ele. INSTRUMENTOS DE SERVIÇO SOCIAL MEIOS AUXILIARES DO PROCESSO DE GRUPO CONSIDERAÇÕES GERAIS Organizar grupos que se transformem em forças propulsoras de mudanças, através de acção consistente, racional e produtiva na comunidade, é uma das grandes preocupações do Serviço Social. Um treino dá-se numa determinada fase de desenvolvimento ou criação de um grupo, num determinado contexto social ou comunitário, quando uma instituição ou um grupo está a ser criado, ou passa por determinados problemas como de ampliação, mudança de perspectivas, problemas de sobrevivência, readaptação, etc. Os treinos, são processos de capacitação a curto prazo, criam a possibilidade de participação efectiva de um maior número de grupos no estudo, análise e solução integral das causas dos problemas que dificultam ou impedem o normal desenvolvimento da pessoa humana. A curta duração da experiencia não significa que ela tenha menos importância para os membros do grupo de maior duração. No treino, o grupo passa por todas as fases de desenvolvimento apenas de maneira mais intensa e de forma condensada. O conhecimento da duração da actividade é um factor importante na determinação dos objectivos por parte dos membros e na criação da necessidade de viver mais intensamente a experiencia. CONCEITO-OBJECTICOS-CARACTERISTICAS O treino é toda a intervenção planeada sistematicamente numa situação grupal ou comunitária, no sentido de implementar, criar, modificar comportamentos e atitudes, com vistas a atingir determinados objectivos. Os principais objectivos de treino em Serviço Social são: Ajudar pessoas a imprimirem mudanças construtivas no desempenho dos seus papéis sociais, através da análise das suas experiencias presentes e imediatas; Habilitar pessoas a trabalharem em conjunto, capacitando-as a atingirem o conhecimento, a compreensão, as atitudes e habilidades vitais para uma participação efectiva nos grupos e na comunidade. O treino para o desempenho de papéis caracteriza-se por: a) Ser sempre realizado em grupo; b) Constituir-se de uma sequência de sessões programadas por determinado espaço de tempo; c) Não considerar a homogeneidade do grupo como factor determinante para a atuação; d) Propiciar condições de “aprendizagem vital”, isto é, envolvimento emocional com os temas e as situações; e) Propiciar um número de informações teóricas que permita aos indivíduos analisar e avaliar racionalmente as alternativas de acção; f) Visar mudança de atitudes, partindo de análise e reflexão sobre fatos da vida quotidiana; g) Requerer grande percepção e habilidade por parte do técnico para os fenómenos de grupo; h) Não constituir um actividade de efeito instantâneo exige certo tempo para apresentar resultados METODOLOGIA A organização de um programa de treino é um processo que passa por quatro fases consecutivas e interligadas. A. B. C. D. Planeamento; Elaboração; Aplicação; Avaliação. A. Planeamento O planeamento de um programa desta natureza não deve basear-se apenas em impulsos ou no entusiamos passageiro de pessoas, e nem ser realizado sem uma determinação de necessidades cuidadosas, sob pena de se transformar num fim em sim mesmo. A determinação destas necessidades é feita a partir de um diagnóstico convencional ou não de uma dada situação. O treino é mais produtivo quando parte de necessidades e problemas verdadeiros em relação ao trabalho de grupo. Para planear devemos: Fixar os objectivos com clareza, levando todos os interessados a trabalharem na consecução dos mesmos; Estabelecer a forma de distribuição dos recursos disponíveis e da sua complementação, quando necessária; Traçar ordem de prioridade das iniciáticas; Analisar as funções visadas pelo plano de treino e determinar os padrões de eficiência que se tem em vista obter; Selecionar o publico a ser atingido e definir a forma de recrutamento a ser realizada. B. Elaboração A elaboração compreende: Discriminação da natureza e grau dos conhecimentos a serem ministrados. Supões um diagnóstico social do grupo, partindo da análise de factos interrelacionados. Seleção das técnicas que melhor se prestem à finalidade do treino. As técnicas são empregadas com a finalidade de atingir, da melhor maneira possível, os objectivos do grupo. Deve-se fazer uma previsão das variáveis que podem ocorrer em cada situação. A clareza dos objectivos que se tem em vista alcançar com o treino é fundamental para a seleção dos métodos e técnicas apropriadas. C. Aplicação É a parte executiva do treino propriamente dita e está na dependência directa da competência do técnico. Considerada aqui como a capacidade de verificar as necessidades do grupo com a qual está trabalhando e de ajudar a planificar sistematicamente as actividades de treino que respondam a tais necessidades. “Nenhuma actividade de treino terá muita significação se os membros do grupo não tiverem identificado um problema que todos partilham e a cujo respeito se sentem curioso, interessados, preocupados, inibidos ou insatisfeitos”. O técnico tem a responsabilidade de tornar os indivíduos sensíveis a problemas implícitos, ajudando-os a explica-los, sem, no entanto, tentar dirigir mentalmente o grupo. O processo de dinâmica de grupo é o instrumento básico do técnico, e da sua utilização eficiente dependerá maior ou menor produtividade e eficiência do treino. D. Avaliação O treino, como qualquer empreendimento educativo, exige gastos de tempo, energia e dinheiro. É necessário saber se tal investimento valeu a pena. A avaliação é um processo que tem por fim verificar se certas acções produziriam as consequências desejadas. Antes, durante e depois da experiencia de treino, as informações serão coligidas através de instrumento de medida que o técnico selecionou, adaptou e elaborou para os seus objectivos. A utilização de formulários pode facilitar o processo de avaliação. Esta, na intervenção é um processo contínuo. Não existem e nem são desejáveis padrões rígidos de avaliação, mas é importante que se procure aplicar processos cada vez mais sistematizados. Concluímos que um programa de treino não constitui um conjunto de informações teóricas que devam ser despejadas em público passivo. Porque o mesmo visa, sobretudo, uma mudança de atitudes, partindo da analise e reflexão sobre factos da vida quotidiana, no sentido de levar a uma actuação no sistema social mais amplo. CAPÍTULO 5 – PROCESSOS DE GRUPO Os processos com que estamos preocupados em abordar são respostas, comportamentos e reacções que ocorrem em diferentes estágios da vida de um grupo, especialmente em termos de como isso influencia as nossas decisões sobre a facilitação e a estrutura desde o planeamento à avaliação. ENTENDER O PROCESSO RECONHECER O PROCESSO Entendemos aqui o processo como um fenómeno de grupo, o qual devemos perceber e estar atentos. Em grupos, devemos esperar que o processo de grupo altere de alguma forma o grupo em si. O processo pode tanto trabalhar a favor do resultado pretendido ou até contra ele. Tal como um padeiro pode alterar o processo de fazer o pão, o facilitador do grupo pode trabalhar com os processos de grupo para se assegurar que há um resultado mais favorável. Douglas explica que todo o “processo” significa: “que existem padrões distintos de comportamento que tendem a emergir em grupos ao longo do tempo e parecem focar-se em certos aspectos do comportamento do grupo”. O mais fundamental dos processos é a interacção. Douglas diz que o temos “processo” é usado para mencionar todas as coisas que acontecem na comunicação entre indivíduos, mas não as próprias palavras. Processo relaciona-se cm o que ocorre como resultado das palavras. Benson explica que processo é sobre como as pessoas reagem a certas circunstancias ou se relaciona uns com os outros, ou como o grupo actua em conjunto. É preciso distinguir entre conteúdo e processo, conteúdo refere-se ao que o grupo experiencia – o que as pessoas dizem ou fazem, ou o que vão fazer. Conteúdo é a substancia daquilo que está a acontecer no grupo. Processo, no entanto, acontece debaixo da superfície, raramente é visto ou ouvido, mas pode ser experienciado e sentido. PROCESSOS NO GRUPO Todos os grupos possuem processos. Quando as pessoas se juntam, tornam-se conscientes da presença de todos, e gradualmente e subtilmente mudam o tipo de resposta em ralação ao comportamento dos outros. Chamamos a este fenómeno processos de grupo. Os processos de grupo desenvolvem-se primariamente como consequência de um largo número de interacções e inter-relações numa sala. Quando estamos em grupo e dizemos algo, podemos ativar uma cadeia de reacções à medida que as pessoas vão respondendo ao que está a acontecer. Os processos podem ser experienciados tanto emocionalmente como fisicamente, e quando se é capaz de reconhecer, o AS está no primeiro passo para desenvolver as capacidades de trabalhar com isso e tornar-se mais aberto e recetivo ao que está a acontecer. Ao ter alcançado esta consciência o AS está numa posição de intervir de maneira a influenciar o processo de grupo e promover a mudança positiva. O AS pode afetar processos da maneira que escolher estruturar a facilitação, e usar as intervenções como ferramentas. Douglas identifica 9 processos que ocorrem em grupo e classifica esses processos por grupos: Processos estruturais: Desenvolvimento de grupo, estabelecimento de papéis, formação de subgrupos; Processos operacionais: formação de fins, tomada de decisões, uso de recursos; Processos de regulação: ajustamento de normas e valores, desenvolver a coesão, adquirir influência, desenvolver esprito de grupo. MODELOS DE PROCESSOS DE GRUPO Benson usa as polaridades do Amor e da Vontade. Usa o amor para se referir ao desejo natural humano de estar integrado, de se sentir parte de uma grande unidade e participar numa experiencia social mais que ele próprio. Vontade é a necessidade de se sentir um individuo com identidade própria. Em grupos existe sempre experiencias individuais que competem entre estas polaridades. O amor manifesta-se em coisas tal como fazer amigos, participar, conversar, partilhar e confiar. Também pode trazer distorções, tais como timidez, vergonha, medo da rejeição, inveja e desconfiança. A vontade resulta de comportamentos individuais de começar coisas, organizar, liderar, resolver problemas, o lado maus trás coisas como rivalidade, teimosia, egoísmo, bullying, apatia, etc. cada individuo no grupo tem de conseguir resolver estas impulsões que competem entre si e é através desta resolução que o grupo encontra novos comportamentos, segue em frente, cresce e matura-se. Por vezes um impulso surge no grupo, Whitaker chama a isto um motivo perturbador. Isto pode ser um desejo ou uma vontade. Se não existe nada no seu caminho, este desejo partilhado é expressado abertamente e torna-se um tema para discussão. No entanto, estes desejos são normalmente acompanhados por um medo ou culpa, as pessoas têm medo de que possam ser magoadas e isto faz com que o grupo tenha de encontrar uma solução. É chamado um motivo de reacção. O grupo poderá encontrar uma solução restrita, que se significa que trata do medo à custa do desejo, ou então uma solução habilitadora, que trata do medo mas também da expressão do desejo. Desta maneira, os medos estão contidos e o grupo é capaz de explorar os impulsos e emoções associados. Whitaker argumenta que o conflito se pode estabelecer num grupo onde alguns membros pressionam para uma determinada solução (restrita ou habilitadora) e outros lutam contra ela. ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DE GRUPO Os grupos modificam-se ao longo do tempo e todos os grupos têm um princípio, meio e fim. As mudanças que ocorrem ao longo das fases têm um efeito diferente no papel de cada membro, na sua interacção com os outros e na maneira de comunicar. As teorias de desenvolvimento de gruo normalmente resumem-se a duas categorias: modelos lineares que supões que o desenvolvimento de grupo é progressivo como numa linha linear; e modelos cíclicos que implicam que o desenvolvimento de grupo ocorra e forma circular ou espiral ao longo de vários estágios. O modelo de Tuckman é o mais conhecido dos modelos lineares, identifica cinco estágios: a formação, a tempestuosidade, a norma, a performance e a melancolia. FORMAÇÃO Neste estágio o objectivo do facilitador é ajudar os membros a se sentirem seguros e a se juntarem de forma a que sintam atracção pelo grupo. A primeira sessão em grupo é importância crucial. Quando se junta um grupo, é frequente que existam ansiedades que ocorrem: Ansiedades de aceitação Ansiedades de orientação Ansiedades de execução Estas ansiedades podem ser sentidas através de borboletas no estômago, aumento da pulsação ou temperatura, altera-se a respiração que se traduz em nervosismos quando se fala. Planar a primeira sessão Schwartz sugere que as tarefas essenciais para os AS na primeira sessão são: Explicitar claramente quais são os propósitos do grupo; Descrever o papel dos facilitadores em termos simples; Procurar feedback para saber se estão de cordo com os propósitos do grupo e se estes coincidem os seus próprios propósitos; Ajudar o grupo a chegar a um consenso naquele que será o propósito do grupo. Brown adiciona: Começar a criar uma cultura de grupo, por exemplo em relação a ajuda mútua e uma atmosfera de segurança relativa e de confiança. Button sugere o seguinte para criar segurança no grupo: Explicar e desenvolver regras básicas, isto inclui elementos práticos até aos problemas de confidencialidade e de compreensão do propósito de grupo; Encorajar a participação e aceitação activa ou rejeição de sugestões. Para que os participantes ganhem ensinamentos significantes e compreensão a partir do grupo, precisam de se sentir seguros, protegidos e preparados para arriscar. TEMPESTUOSIDADE À medida que as pessoas começa a sentir-se mais confortáveis e seguras dentro do gruo, os membros começam a procurar papéis individuais e espaço. Podem ocorrer competição para posições de poder no grupo. Ao nível das tarefas, existe muita incerteza sobre o que é que pode ser atingindo, neste estágio é importante para os facilitadores, saber porque é que se está a fazer o que se está a fazer. Para ajudar com a tempestuosidade, pode ser útil ter a certeza de que existe actividades de grupo suficientes para que toda a gente possa estar envolvida e que as pessoas possam experienciar sucesso naquilo que fazem. Feedback positivo é muito valioso neste estágio. Jogos fáceis, seguros mas interessantes e exercícios que criem senso de realização. NORMA Depois de explorarem e de testar papéis, e tendo resolvido problemas de poder e questões acerca do valor do grupo, os membros começam a ter a sensação de o que é requerido e as regras e normas estão a começar a se estabelecer. Isto pode ser tanto positivo como negativo em termos dos objectivos do grupo, e os facilitadores podem ter um papel de garantir que as normas que são desenvolvidas são construtivas. O design do programa deve enfatizar as ligações entre o que está a acontecer dentro do grupo e a vida real. PERFORMANCE Os membros estão agora preparados para a cooperação e contribuição das tarefas de grupo, os objectivos de grupo estão a ser vividos através da vida e dos processos de grupo, e a influência do grupo nos indivíduos é alta. O grupo é largamente auto-suficiente, usando todas as capacidades e potenciais dos membros para resolver os seus problemas. MELANCOLIA Os membros podem experiencia uma sensação de perda de suporte valioso, feedback e oportunidade de desenvolvimento pessoal quando um grupo acaba. Pode reagir de variadas maneiras: o grupo pode revertes aos comportamentos anteriores, pode existir euforia sobre aquilo que foi atingido, pode haver frustração sobre aquilo que não foi atingido. Para nos assegurarmos que o grupo acaba de maneira sucedida, o facilitador deve ter a certeza que o fim é propriamente reconhecido e deve forncer uma estrutura capaz de tornar isto possível. Algumas sugestões: Manter o fim à vista; Relembrar o que se passou; Avaliar; Despedir-se dos outros membros; Preparar o grupo para quando deixar de haver grupo; Criar um ritual de término. O modelo de Tuckman assume uma progressão sequencial ou linear de desenvolvimento do grupo. Mas os grupos na realidade, movem-se sequencialmente através de fases lineares, mas também por vezes pode tornar-se caótico, de trás para a frente, para os lados e para baixo e para cima. Poole, por exemplo, argumenta que os grupos saltam de trás para a frente entre três estágios: a tarefa, o tópico e a relação; Schutz oferece outra alternativa, diz que é um modelo cíclico com três estágios; inclusão, controlo e afeto. Brown relembra-nos que os processos de grupos como conceito aplica-se não apenas ao grupo durante o seu período de existência, mas também a cada sessão feita. Conhecer a teoria por detrás do desenvolvimento de grupo ajuda o facilitador a decidir o programa para o grupo. DESAFIOS DA FACILITAÇÃO NOS PROCESSO DE GRUPO Problemas relacionados com género, raça e etnicidade têm sido todas influências chave no desenvolvimento de uma teoria sobre trabalho com grupos na GB, principalmente como resultado de preocupações com práticas anti-discrimanorias e anti-opressivas. IDENTIFICAR PROBLEMAS DE PROCESSO Ao aprender e compreender a identificar e facilitar processos, torna-se ainda mais importante que se desenvolva uma consciência de nós mesmo, e reconhecer e perceber o impacto do nosso próprio género, identidade e estilos de comunicação, personalidade. É provável que seja para nós difícil “ver” ou “sentir” problemas de processos se nós próprios crescemos na cultura dominante e nunca fomos capazes de desafiar as nossas próprias ideias. Ao sermos capazes de identificar um problema escondido, podemos estar a confrontarnos com uma área difícil para o grupo e isso estra presente no grupo todo, aumente a ansiedade que sentimos quando confrontando um individuo.