INSTRUMENTOS O Braço Direito da DAW Devido à ótima receptividade por parte de alguns leitores da coluna publicada na edição 150, de maio de 2007 (Mixando Idéias), foi criado um campo de discussões sobre um dos assuntos abordados. Praticamente a maioria dos softwares híbridos atuais oferece mais ferramentas que seriam necessárias para um confortável ambiente de trabalho. Luciano Freitas é profissional de áudio, fez curso de piano erudito, Full Masterering no Füller Studios (Miami). É técnico em áudio na Pro Studio Americana e foi professor de teclado no Conservatório Musical Joelson Vieira. 30 www.backstage.com.br G igantescas listas de plug-ins (processadores virtuais de áudio) para computadores muitas vezes impossibilitam sua utilização desejada conforme a criatividade. Tendo esse item como “pedra no sapato” de muitos aficionados por áudio, vemos aumentar a diversidade de um produto que tem como objetivo suprir o processamento não atingido pelas CPUs dos computadores. Esses equipamentos têm o objetivo de emprestar seu processamento executando plug-ins utilizados nos softwares de gravação. Dos clássicos PowerCore (da TC Electronic) e UAD (da Universal Audio) aos revolucionários Liquid Channel (da Focusrite) e Duende (da SSL), vemos a tentativa desses fabricantes de proporcionar a um sistema nativo, por um custo bem inferior, um dos grandes diferenciais de um sistema TDM da Digidesign. Indo mais longe, acredito que esses equipamentos marcarão as inovações de áudio dessa década. Porém, enquanto vejo muitos fabricantes sabiamente buscando essas soluções e oferecendo como foco algoritmos de equalização e dinâmicas mais próxi- mos a hardwares analógicos, vejo a lacuna aberta quanto aos instrumentos virtuais VSTi (plug-ins que geram timbres simulando instrumentos musicais reais). A Muse Research, desde 2003, acaba tendo o monopólio desse tipo de equipamento com seu Receptor, um sistema que oferece o melhor de dois mundos (hardware e software), criando um instrumento musical extremamente versátil para trabalhos em estúdios e também em palcos. Receptor Primeiramente podemos classificá-lo como um módulo de sons e efeitos de arquitetura aberta, ou seja, um instrumento musical capaz de se transformar em um sintetizador, um módulo de bateria eletrônica, um processador de guitarras ou mesmo um periférico para masterização, que não ficará limitado à configuração que sai da fábrica, tanto em seu hardware como em seu software. Nos modelos atualmente comercializados temos um ambiente preparado para reprodução de plug-ins VSTi (instrumentos virtuais) e VST (efeitos) otimizados para seu sistema operacional (uma versão do Linux otimizada INSTRUMENTOS para aplicações multimídias que é capaz de realizar seu Boot em 5 segundos) ou para plug-ins no formato Windows. Sua multitimbralidade é de 16 canais, e cada canal poderá executar um instrumento virtual (VSTi) e três plug-ins (VST) geradores de efeitos (totalizando com seus dois canais auxiliares e seu máster, 57 efeitos simultâneos), podendo ainda o usuário escolher a combinação de rota que o instrumento será processado. Dentre suas conexões temos: Áudio analógico: entrada e saída estéreo balanceada, saída para fones de ouvido e entrada Hi Z frontal para conexões de instrumentos como baixos e guitarras (com conversores AD/DA de 96kHz/24Bits). Através da entrada MIDI:in, out, thru Multimídia: portas para mouse, teclado, monitor VGA, Ethernet e 5 USBs (sendo 1 frontal). Muitos ao verem essas configurações podem dizer que o equipamento não passa de um computador com uma interface de áudio. O conceito do Receptor vai muito além; ser uma plataforma dedicada (e por isso otimizada) à música, não um computador onde você lê seus emails, visualiza suas fotos e ainda instala seus softwares de áudio (seu conceito é auxiliar o computador, e não substituílo). Graças a todo esse meticuloso processo utilizado desde sua concepção, essa workstation proporciona baixa latência (inferior a 2ms) capaz de levá-lo perfeitamente aos palcos como qualquer outro “Nos modelos atualmente comercializados temos um ambiente preparado para reprodução de plug-ins VSTi e VST otimizados para seu sistema operacional ou para plug-ins no formato Windows” Hi Z (alta impedância), o usuário poderá utilizar qualquer canal do Receptor como um multiefeitos de guitarra ou baixo, utilizando plug-ins como o Guitar Rig (da Native Instruments) ou Amplitube (da IK Multimedia), e selecionando a entrada frontal como fonte sonora ao invés de selecionar um VSTi (permitindo que diferentes músicos utilizem simultaneamente o mesmo equipamento). Áudio Digital: em formato SPDif coaxial (estéreo) e ADAT lightpipe (com 8 canais I/O em 48kHz). módulo, com a vantagem perante seus concorrentes, que têm seus timbres gravados em chips (wavetables), de em poucos anos não se tornar obsoleto. Disponível atualmente em três versões (Standard Rev C, Pro Jr e Pro), todas equipadas com 2 Gbs de memória RAM otimizadas (PC 3200/400Mhz), tem em seu tamanho de disco rígido (respectivamente 160, 400 e 750 Gb) e seus processadores (Turion 64 Bits na linha Pro, o que o torna 33% mais rápido que o modelo Standard) suas principais diferenças (usuários da versão Standard podem www.backstage.com.br 31 INSTRUMENTOS a qualquer momento fazer um upgrade de hardware para a versão Pro). Muito mais resistente que qualquer laptop (pois é construído em uma embalagem de metal que ocupa duas unidades de rack 19”, possuindo um robusto gerenciador de energia e sistema de ventilação silencioso), a segurança que ele proporciona para quem quer cair na estrada é superior tanto em seu hardware como em seu software (por ser um sistema operacional dedicado, estará mais protegido contra as anomalias dos sistemas operacionais multipropósitos). Através de seus controladores frontais o usuário terá uma interface amigável capaz de realizar qualquer função que o sistema lhe proporcione, porém, se o usuário preferir instalar um monitor, mouse e teclado, o processo pode se tornar mais rápido com acesso às telas originais dos plug-ins. Agora, para quem deseja utilizá-lo no estúdio, certamente terá nele o braço direto de sua Daw. Explanando suas capacidades, fica fácil ver suas vantagens quanto a adicionar um segundo computador ao setup (pense que não é apenas outro computador, e sim, outra interface de áudio, outra interface MIDI, outro monitor para ficar visualizando, outra cópia do seu software para hospedar seus plug-ins VST e VSTi). Através de sua tecnologia UniWire, a integração com sua Daw será realizada por um único cabo ethernet (pela porta de rede) transmitindo simultaneamente MIDI e áudio dos 16 canais (os quais passariam a ser editados e visualizados no monitor da Daw). É a experiência de ter tudo unificado em apenas um computador, porém sem consumir seu desempenho (poupando para seu software de gravação). Para 32 www.backstage.com.br quem trabalha com os softwares Pro Tools ou Digital Performer, que originalmente não são compatíveis com plug-ins VST e VSTi, representa uma economia de gastos com softwares adaptadores para esse formato. Outro fator que ainda deve ser destacado é que, através do protocolo UniWire, até 10 Receptors podem traba- Através de seus controladores frontais o usuário terá uma interface amigável capaz de realizar qualquer função que o sistema lhe proporcione lhar simultaneamente através da conexão ethernet (com o auxílio de um roteador) proporcionando 160 canais (instrumentos virtuais) e 20 auxiliares de efeitos estéreo (o que certamente será importante para arranjadores de peças para orquestras). Os usuários do Receptor também contam com o auxílio do site Plugorama (www.plugorama.com). Nesse site é possível realizar todo o gerenciamento do ins- trumento, inclusive a compra de novos plug-ins (em versões Receptorized, exclusivamente adaptadas para o Receptor), autorização de plug-ins que já vêm instalados de fábrica em seu disco rígido (contando com vários plug-ins gratuitos e vários outros com preço inferior ao fabricado para outras plataformas), e instruções para realizar upgrade em seu hardware. Como já citado, uma grande quantidade de plugins em versão Receptorized sai de fábrica instalada no disco rígido do Receptor; para esses plug-ins (que têm 30 dias de período de teste gratuito), o usuário pode adquirir suas licenças diretamente no site e transferi-las para um ILok (um dispositivo USB parecido com uma pen drive que armazena licenças de até 100 softwares) e ter total mobilidade para utilizar seus plug-ins em outro Receptor, sem ter que ficar baixando softwares. O Plugorama ainda fornece atualizações de softwares já instalados que podem ser baixados gratuitamente. Quando o plug-in desejado não estiver disponível no Plugorama, apenas adquira uma cópia para Windows e arraste-a para a pasta “Drop Installers Here” do Receptor que aparecerá como um disco rígido em seu computador (as versões Receptorized, além de possuírem preços inferiores a outras versões, ainda possuem um processo único para instalação, onde todos os plugins são instalados igualmente, facilitando ao usuário). Graças a todo esse potencial, o Receptor possui em seu time de usuários nomes de peso com Herbie Hancock (lenda do Jazz), Jordan Rudess (tecladista do Dream Theater), Simon Phillips (baterista do Toto), e Terry Lawless (tecladista e programador do U2), entre outros. e-mail para esta coluna: [email protected]