Aplicabilidade da Engenharia Simultânea na Indústria da

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V CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Ponta Grossa, PR, Brasil, 02 a 04 de Dezembro de 2015
Aplicabilidade da Engenharia Simultânea na Indústria da Construção
Civil
Leandro Perotti (UTFPR – Ponta Grossa) [email protected]
Rosângela F. Stankowitz (UTFPR – Curitiba) [email protected]
João Luiz Kovaleski (UTFPR – Ponta Grossa) [email protected]
Marcos William Kaspchak Machado (UTFPR – Ponta Grossa) [email protected]
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo, avaliar a possibilidade de implantação da Engenharia Simultânea
(ES) para desenvolvimento de projetos da indústria da construção civil. Em um ambiente cada vez mais
competitivo, novos métodos de gestão de projetos são necessários na busca de otimização de tempo e
recursos para o desenvolvimento de novos produtos com diferenciação e melhor qualidade. Neste
contexto, destaca-se a ES como alternativa para otimizar os processos de projetos em empresas que
desenvolvem produtos constantemente, como é o caso da indústria da construção civil. Através da
revisão bibliográfica aqui apresentada concluiu-se que a ES é realmente eficiente no que se propõe,
desta forma, pode ser útil na de minimização de prazos, redução de custos e perdas no processo
produtivo, melhoria da qualidade das obras, melhor atendimento às necessidades e requisitos dos
clientes e redução do stress entre os setores de projeto e produção em diversos setores produtivos. Na
construção civil, conforme visto em diversos estudos, apesar das suas particularidades, certamente
podem ser aplicadas as boas práticas da ES, basta adapta-las à realidade de cada empresa.
Palavras-chave: Engenharia Simultânea, Construção Civil, Projetos, Desenvolvimento de Produtos.
Applicability of Concurrent Engineering in Construction Industry
Abstract
This study aimed to assess the possibility of implementation of Concurrent Engineering (CE) for better
development of the construction industry projects. In an increasingly competitive environment, new
project management methods are need in the search for optimization of time and resources to develop
new products with best quality and differentiation. In this context, there is the CE as an alternative to
optimize design processes in companies that develop products constantly, such as the construction
industry. Through literature review presented here it was concluded that the CE is really effective when
it proposes, therefore, may be useful in times minimizing, reducing costs and losses in the production
process, improve the quality of works, the best care customer needs and requirements and reducing
stress among the sectors of design and production in various productive sectors. In construction, as seen
in several studies, despite its peculiarities, they can certainly be applied good practices of CE, simply
adapts them to the reality of each company.
Key words: Concurrent Engineering, Construction, Projects, Product Development.
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1. Introdução
As mudanças ocorridas na economia brasileira das últimas décadas, devido à concorrência
global, têm levado vários setores a se adaptarem a essa nova realidade. A construção civil
tardiamente tem percebido essas mudanças e começou a se posicionar de forma diferente em
relação ao mercado. Setores como o automobilístico há tempos já utilizam ferramentas
avançadas de gestão de projetos e produção como é o caso da Engenharia Simultânea (ES). As
empresas da indústria da construção civil, diante dos novos desafios de um mercado cada vez
mais acirrado, com redução recente do nível de aquecimento do setor está carente do uso de
ferramentas avançadas para conseguir um diferencial diante da concorrência e se manterem
competitivas.
Num contexto de acirramento da competição e de valorização da estratégia de diferenciação
pela melhoria da qualidade, do desenvolvimento tecnológico e da inovação, ganham
importância a capacidade e a agilidade das empresas em desenvolver novos produtos e serviços,
e os métodos de gestão do processo de projeto passam por revisões de forma a orientar o projeto
aos novos condicionantes da competitividade industrial (FABRICIO, 2002).
Os métodos tradicionais de desenvolvimento de projetos na construção civil por etapas
sequenciais já não são mais suficientes para atender a uma demanda cada vez maior de obras
com prazos cada vez menores e margens reduzidas. A produtividade dos setores de
desenvolvimento de produtos tem sido questionada e exigida para que se torne mais eficiente
para agilizar a conclusão dos projetos em tempo recorde, com menor quantidade de erros.
Diante desta perspectiva, surge a ES como alternativa para uma melhor organização das
atividades de projeto com o objetivo de minimização de prazos, redução de custos, minimização
de perdas no processo produtivo, melhoria da qualidade das obras, melhor atendimento às
necessidades e requisitos dos clientes e redução do stress entre os setores de projeto e produção.
Os setores de projetos também são responsáveis pelas inovações tecnológicas lançadas no
mercado, e neste assunto a construção civil deixa a desejar, pois é reconhecidamente um dos
setores da economia que menos inova, porém, assim como em outros setores isto está mudando,
o ciclo de vida dos produtos, está ficando cada vez menor e exigindo alterações constantes para
as empresas permanecerem competitivas.
Em resposta às demandas, as empresas passaram a utilizar práticas relacionadas à organização
simultânea do desenvolvimento do produto. De sua parte, a comunidade acadêmica tem
procurado entender este novo processo através da busca de um referencial teórico, bem como
buscar soluções que permitam a aplicação prática do conceito estabelecido. A partir dessas
novas abordagens vários trabalhos têm sido desenvolvidos no sentido de contribuir para a
melhoria do processo de produção. Entretanto, um assunto que deve ser investigado é o porquê
de as empresas ainda não conseguirem aplicar as abordagens da ES no processo de projeto
desde a concepção do produto (PEDRINI, 2012).
O objetivo deste trabalho é avaliar a possibilidade de implantação da ES para desenvolvimento
de projetos da indústria da construção civil. Para atingir este objetivo, realizou-se uma pesquisa
qualitativa, exploratória, através do levantamento bibliográfico das principais publicações e
trabalhos já elaborados sobre o tema ES. Serviram de suporte para o estudo, livros, teses, e
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artigos de periódicos. A partir da revisão bibliográfica, identificaram-se vários trabalhos que
transcreveram a teoria e aplicação da ES.
Além da breve introdução já apresentada e desta descrição da metodologia utilizada, o artigo
apresenta mais cinco seções. A terceira seção define a ES sob a ótica de diversos autores. A
seção quatro, apresenta cinco trabalhos onde os autores descreveram os resultados de trabalhos
recentes realizados sobre o tema em empresas de diversos ramos de atividade. A quinta seção,
trata da ES na construção civil, abordando características deste setor de produção e conciliando
com as teorias da ES. A seção seis, realiza uma breve explanação sobre os maiores desafios
para implantação da ES na visão dos autores pesquisados. Para finalizar, apresenta-se as
considerações finais dos autores deste trabalho e conclusões acerca da aplicabilidade da ES para
melhor desenvolvimento de projetos da indústria da construção civil.
2. Engenharia simultânea
A engenharia sequencial, ou tradicional, como também é conhecida, é o modelo que por muito
tempo, tem sido utilizado pelas empresas, provavelmente pela sua simplicidade na divisão de
tarefas dos seus integrantes, mas isto está mudando. A nova proposta de ES defendida por
diversos autores, com algumas pequenas divergências entre as teorias, provavelmente seja o
que há de melhor na gestão de projetos e há um consenso de que esta teoria é muito melhor que
a anterior.
Na abordagem tradicional o projeto do produto é desenvolvido de forma sequencial, cada etapa
só se inicia após a conclusão da etapa anterior. Esta abordagem é um reflexo da divisão do
trabalho, onde o trabalhador é especializado e focado apenas em sua atividade isolada. A
engenharia sequencial, também conhecida como “engenharia por cima da cerca”, projeta os
produtos que, quando concluídos, são “atirados” por cima do muro do departamento de
engenharia de produção. Quando os engenheiros de produção identificam possibilidades de
melhoria, o projeto já se encontra em etapas avançadas, onde as possibilidades de alterações no
produto se tornam mais difíceis e mais onerosas. Segue-se um período de pânico devido à
necessidade de retrabalhar os componentes para que a produção possa iniciar. Essas alterações
implicam em produtos de qualidade duvidosa e fazem com que as pessoas responsáveis em
gerir essas mudanças gastem esforço e tempo consideráveis com retrabalho (HARTLEY, 1998).
Os primeiros estudos de ES, tal como é entendida hoje, e a sua utilização por empresas
ocidentais aconteceram no início da década de 1980, quando foi iniciado um estudo conduzido
pela DARPA (Defense Advanced Research Project Agency), uma agência do governo
americano, sobre formas de se aumentar o grau de paralelismo das atividades de
desenvolvimento de produtos. O resultado desse trabalho definiu o termo “Concurrent
Engineering”, tornando-se uma importante referência para novas pesquisas nessa área
(PEDRINI, 2012).
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Uma das figuras que melhor representa a sistemática da ES é a descrita por Back e Ogliari
(2001) conforme exposto abaixo, onde podemos observar como é possível a redução do prazo
de entrega de um projeto por meio da sobreposição das atividades envolvidas no seu
desenvolvimento.
Fonte: Adaptado de (BACK; OGLIARI, 2001)
Figura 1 - Engenharia Sequencial x Engenharia Simultânea
A principal motivação para a introdução da engenharia simultânea é a necessidade de reduzir o
tempo de desenvolvimento (lead time) de novos produtos e de desenvolver melhores produtos
do ponto de vista tanto dos clientes externos como internos. A redução de prazos é alcançada
normalmente pela sobreposição das etapas subsequentes do processo de desenvolvimento do
produto (por exemplo, concepção, projeto, protótipo, etc.). Ao mesmo tempo, esta sobreposição
cria oportunidades de interação entre os profissionais envolvidos nas diferentes etapas do
processo, possibilitando melhorar a captação de requisitos (FORMOSO et al., 2006).
Engenharia Simultânea pressupõe a integração das atividades de desenvolvimento de produtos,
em uma abordagem sistemática, onde todos os processos, desde a manufatura até o suporte
estão relacionados. Desse modo, os agentes envolvidos nos processos têm uma visão holística
da produção, levando em consideração desde o planejamento, o desenvolvimento e a concepção
do produto, conhecendo as exigências e requisitos dos clientes (PEDRINI, 2012).
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A figura 2, adaptada de Kruglianskas (1993), representa o ciclo de vida dos projetos na
engenharia sequencial e na ES, onde os custos de projeto na ES são antecipados para a fase de
concepção e estruturação, porém não são prolongados e reincidentes e os projetos são
concluídos em menor tempo. Na engenharia tradicional os custos se tornam maiores devido ao
arrastamento ao longo do tempo e a inúmeras revisões de projetos necessárias nas fases de
execução e encerramento para a produção.
Fonte: Adaptado de (KRUGLIANSKAS, 1993)
Figura 2 - Ciclo de vida de um projeto de desenvolvimento do produto
A ES tem, e deve ter, como ponto de partida, identificar novas necessidades e desejos dos
clientes e atendê-los rapidamente por meio de um processo de projeto que garanta agilidade na
geração e materialização de novos conceitos de produto. Associada à redução do tempo de
desenvolvimento do produto está a busca pela introdução de inovações tecnológicas que
agreguem valor ao produto e atendam a novas demandas dos clientes (FABRICIO, 2002).
3. Resultados de trabalhos recentes
Trabalhos recentes nos mostram que onde foram aplicados os princípios da ES, houveram
significativos ganhos em termos de tempo, qualidade e custo de projetos. Na sequência temos
alguns dos principais trabalhos desenvolvidos e aplicados em empresas de diversos segmentos.
Soares e Nunes (2015), aplicando a metodologia da ES no desenvolvimento de projetos de
moldes de injeção, concluíram pelos resultados obtidos que, houve viabilidade da metodologia
aplicada, resultando em menores custos de produção, melhoria no processo de produção,
redução de retrabalhos e menor tempo de desenvolvimento de projeto.
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Lotif e Elias (2013), aplicando a ES em uma indústria de confecção no estado do Ceará,
concluíram que com a integração dos setores, o produto é desenvolvido com um custo mais
baixo devido a tomada de decisões em conjunto em etapas iniciais do projeto obtendo um
produto com a melhor relação custo/benefício. Dessa maneira, evitou-se retroceder no fluxo de
desenvolvimento e consequentemente o retrabalho de toda a equipe. A maior dificuldade por
eles encontrada foi a resistência às mudanças, afinal, mudar a cultura de uma organização e a
forma de pensar das pessoas é um grande desafio e exige muito trabalho de treinamento,
conscientização e motivação até que a nova forma de trabalhar seja assimilada e se torne rotina
natural de trabalho.
Pedrini (2012), analisando o nível de aplicação dos conceitos de ES em duas grandes empresas
de construção civil concluiu que 47,15% das questões totais avaliadas pelos profissionais, têm
conceito “não bom”, que é significante o suficiente para evidenciar que é preciso promover
mudanças. Desta forma, fica evidente a necessidade de aplicabilidade do paradigma
contemporâneo de desenvolvimento integrado de produto, enfatizando a realização precoce e
concomitante de todas as especialidades e profissionais de projeto, com decisões tomadas
multidisciplinarmente. A valorização do projeto, o envolvimento e a integração dos agentes
desde a concepção do produto, o investimento em recursos tecnológicos e a gestão do processo
são fatores, na abordagem da ES, importantes, indispensáveis e diferenciais no
desenvolvimento do produto que precisam ser aplicados na construção civil.
Pereira et al. (2010), ao estudarem uma empresa têxtil concluíram que os resultados obtidos
após a implantação da ES foram muito positivos. Ela modificou o relacionamento entre as
pessoas, na organização, deixando de procurar “culpados”, conseguindo antecipar futuros
problemas e resolvendo-os e não apenas na fase de controle. A nova forma de trabalho provocou
um maior comprometimento de todos os envolvidos no processo de solução de problemas.
Rezende e Andery (2009) avaliaram a utilização de princípios da ES no processo de projeto de
um grande viaduto e concluíram que uma maior integração entre projeto e produção, com uma
efetiva participação do construtor no processo de projeto, utilizando pressupostos da ES,
permitiu a racionalização construtiva e a redução de custos da obra.
4. Engenharia simultânea na construção civil
Na construção civil há particularidades com relação aos agentes intervenientes e às lideranças.
Reconhecidamente, o setor trabalha intensamente com muitos agentes de diferentes
especialidades, intervindo em momentos diversos e em profundidades também diversas.
Mesmo na fase de projeto isso é percebido: o projeto de arquitetura é feito em conjunto com
vários outros: os projetos dos sistemas de água, eletricidade, o projeto de estruturas, etc. Cada
qual é feito, em geral, por equipes e até mesmo empresas diferentes (FERREIRA, 2007).
A expressão ES abriga diversos conceitos que defendem, principalmente, ações que levem à
otimização do tempo de produção de bens pela indústria. Na construção civil, a expressão não
foi incorporada, mas as ideias nela contidas passaram a estar, de certa forma, presentes nos
estudos sobre o melhor gerenciamento dos empreendimentos de construção. (PEDRINI, 2012).
Segundo Fabricio (2002), o processo de projeto de edifícios pode ser otimizado e qualificado
pela introdução de novas práticas de gestão baseadas nas premissas da ES, mas devem ser
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adaptadas ao ambiente do setor e às necessidades e possibilidades particulares dos
empreendimentos de edificações.
O processo de desenvolvimento do produto na construção civil é caracterizado por sua elevada
complexidade, principalmente no que diz respeito às características próprias do setor, do
produto e dos diferentes profissionais envolvidos. O processo de desenvolvimento geralmente
se inicia a partir do planejamento realizado de maneira inadequada. Assim, as fases
subsequentes são alimentadas, comumente, com informações inconsistentes, o que leva a
perdas. Além disso, por vezes, a estratégia, o mercado e o produto não estão alinhados
coerentemente (PEDRINI, 2012).
Para que o projeto chegue a termo com eficiência, a necessidade de coordenação e de
colaboração é imensa. Pode-se dizer também que o esforço por colaboração é mais necessário
ainda e a coordenação é mais difícil em empreendimentos de construção civil do que em
indústrias com produção em massa, justamente por não se tratar de uma produção em massa ou
de linha de montagem. Além disso, a colaboração na fase de projeto é essencial para que todos
os outros passos possam ser bem coordenados. Colaborar em outras fases é necessário, mas é
muito mais eficiente quando a colaboração se inicia no projeto. A colaboração no projeto
prepara muita coisa para a colaboração nas fases subsequentes (FERREIRA, 2007).
5. Desafios para implantação da engenharia simultânea
A implantação da ES tem sido bastante discutida na literatura especializada, o que é justificável,
considerando que as profundas mudanças organizacionais e culturais requeridas não são, via de
regra, facilmente aceitas. Assim como existe uma série de relatos sobre o sucesso da
implantação da ES, existe também uma série de exemplos mal sucedidos, devido
principalmente ao pouco cuidado com questões como conscientização, apoio, treinamento e
comprometimento. A espera de resultados imediatos também tem sido uma grande causa para
o descrédito da filosofia (BACK; OGLIARI, 2001).
A prática de desenvolvimento da Engenharia Simultânea requer uma constante e ampla
interação entre departamentos e entre especialidades, de forma a integrar pessoas em grupos
multidisciplinares e interdepartamentais. Para a mobilização de uma força tarefa
multidepartamental é essencial romper com as barreiras hierárquicas rígidas e estabelecer
organogramas matriciais ou funcionais cruzados na conformação das equipes de projeto.
(FABRICIO, 2002).
Projetistas e construtores devem participar ativamente da fase de desenvolvimento do projeto
para que o processo executivo seja contemplado no projeto de forma adequada. O
acompanhamento da execução das obras pelos projetistas é importante para a criação da alça
de retroalimentação capaz de levar soluções de ordem prática para projetos futuros (REZENDE;
ANDERY, 2009).
Para controlar o fluxo de informações geradas no processo de projeto e fomentar a interação
entre os participantes da equipe multidisciplinar, é necessária a presença de um chefe ou
coordenador de projetos que tem a responsabilidade sobre o processo de desenvolvimento do
produto em questão (FABRICIO, 2002).
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Back e Ogliari (2001), propõe várias premissas para que a aplicação da ES seja efetuada de
forma coerente para se obter resultados satisfatórios, dentre elas podemos destacar cinco
essenciais:
a) para não se tornar apenas mais um projeto de engenharia, a implantação da ES deve ser
liderada por um membro da alta gerência. Gerentes médios não possuem poder para a completa
implantação da ES. Além disso, o representante da alta gerência deve estar suficientemente
comprometido, com disponibilidade de tempo para o aprendizado e para trabalhar junto à
equipe;
b) o cálculo da relação custo/benefício para a implantação de um ambiente de ES não é fácil
considerando que os resultados são alcançados a longo prazo e que é difícil estabelecer uma
métrica precisa para a avaliação do progresso e do próprio resultado da adoção da filosofia. O
custo também não é fácil de ser estimado devido ao caráter contínuo do programa de
implantação. Além disso, a tendência para a busca de retornos imediatos e palpáveis é um
grande erro que tem desmotivado, já no início, o esforço para a implantação da ES;
c) os objetivos devem ser claros e bem definidos. Índices de desempenho também devem ser
definidos como, por exemplo, tempo de desenvolvimento. A definição quanto aos objetivos
almejados também é importante para a escolha do modelo de ES a ser adotado. Uma boa
estratégia é definir inicialmente objetivos a curto prazo para o planejamento da implementação
da engenharia simultânea;
d) é importante que os objetivos e a política da empresa sejam esclarecidos e bem entendidos
por todos. Uma boa forma de convencer sobre os benefícios da ES é esclarecer o quanto ela
pode contribuir para que os objetivos da empresa sejam atingidos. A falta de políticas e
objetivos claros é uma grande barreira para a implantação da ES. É importante ainda promover
o envolvimento e o treinamento de todos os integrantes, através de uma gestão participativa, e
procurar envolver de alguma forma clientes e fornecedores;
e) outro ponto importante é o estabelecimento do número de integrantes para a equipe. Os
autores são unanimes ao recomendar que as equipes de projeto multidisciplinares não devem
ser demasiadamente grandes, a fim de evitar problemas como dificuldade de comunicação,
dispersão e baixa produtividade.
Há necessidade de transformação cultural, de maneira que os projetistas entendam a
importância do desenvolvimento paralelo dos projetos; assim como os benefícios da utilização
das ferramentas e inovações tecnológicas para desenvolvimento, comunicação e intercâmbio
de informações entre os envolvidos (PEDRINI, 2012).
As ferramentas de TI como as Intranet, ambientes web e outros meios de compartilhamento de
dados, assim como conferências on-line e programas de compatibilização de projetos também
são de grande importância para alavancar o sucesso de implantação da ES. Nem sempre as
pessoas envolvidas nos processos de um mesmo projeto se encontram no mesmo ambiente,
cidade e até mesmo país, mas com os modernos meios de comunicação essas dificuldades
podem ser superadas.
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7. Considerações finais
Diante das teorias e estudos apresentados neste trabalho, pode-se concluir que quando bem
aplicada, a ES é realmente eficiente no que se propõe. Quanto ao objetivo proposto neste trabalho,
avaliar a possibilidade de implantação da Engenharia Simultânea (ES) para desenvolvimento de projetos
da indústria da construção civil, pode-se perceber que a ES pode ser útil na minimização de prazos,
redução de custos, perdas do processo produtivo, melhoria da qualidade das obras, melhor
atendimento às necessidades e requisitos dos clientes e redução do stress entre os setores de
projeto e produção em diversos setores produtivos. Na construção civil, apesar das suas
particularidades, certamente podem ser aplicadas as boas práticas da ES, basta adapta-las à
realidade de cada empresa. A breve investigação aqui apresentada sobre a ES, não teve como
objetivo esgotar o assunto. Acredita-se que novos trabalhos de pesquisa nesta área são
necessários para demonstrar a sua eficiência e divulgar ainda mais a sua metodologia e
aplicabilidade, principalmente ao setor da construção civil que no Brasil carece de evolução.
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