CARIOLOGIA Profº Natanael 4º Período 16/02/2012 - Aula 1 Moisés Omena 1. INTRODUÇÃO À CARIOLOGIA O QUE É O CARIOLOGIA? CARIO – Cárie LOGIA – Estudo Objetivo: O estudo da doença cárie dentária, no que se refere a sinais (dente escuro, claro, presença de cavidade), sintomas (o que o paciente relata, dor, tudo que é subjetivo), prevenção (dieta, higienização) e tratamento (restauração). A cárie (latim: cavidade) antigamente era reconhecida apenas como uma cavidade. Hoje sabe-se que não é apenas uma cavidade e sim uma doença. 1.1 A CAVIDADE BUCAL É um sistema de crescimento aberto onde nutrientes e microorganismos são repetidamente introduzidos e removidos desse sistema. Quatro aspectos da cavidade oral proporciona condições ecológicas privilegiadas para a colonização e crescimento da microbiota oral: 1. Dentes; 2. Saliva; 3. Fluido crevicular do sulco gengival; 4. Mucosa especializada; Esses aspectos da cavidade oral fazem com que as bactérias fiquem mais nutridas, cresçam, aumentem em número. Com a presença de dentes na boca, bactérias se aderem com mais facilidade favorecendo a uma patologia cariogênica. A saliva pode servir como um meio de defesa para o organismo como também pode ser vir como meio de acondicionar microorganismos, pois possui glicoproteínas e uma série de proteínas que ajudam as bactérias a permanecerem vivas. O fluido do sulco gengival, aquele espaço onde o pH pode ser altamente favorável a colonização de bactérias do tipo periodontopatogênicas. E a mucosa jugal do paciente que não higieniza a boca, o palato duro e mole, a língua. A língua suja retém uma grande quantidade de S. sanguis, S. Oralis e S. mutans e a cada vez que se fala a língua remete essas bactérias no ambiente oral e haver novamente colonização na superfície dos dentes. 1.2 MICROBIOTA BUCAL O equilíbrio de bactérias faz com que não se desenvolvam determinadas doenças, porém, possuir um número exagerado de bactérias de um mesmo grupo desenvolve doença. A cavidade bucal é a área do corpo com o maior número de microorganismos devido à entrada e saída dos mesmos. Existem vários microorganismos com suas características inclusive uns dependendo dos outros e com a vantagem de que com o equilíbrio bucal em número adequados não serão patológicos. A partir do momento em que aumenta o número de bactérias e desequilibra a microbiota tem início o risco de doenças. Dentre essas bactérias tem destaque os cocos Gram + (S. mutans e S. sobrinus) que é responsável pelo início do processo da doença cárie 350 espécies de bactérias; 750 milhões de bactérias por 1ml de saliva; 200 milhões de microorganismos em 1g de biofilme; Cocos Gram + = enterococcus, micrococcus, streptococcus (S. mutans e S. sobrinus - cárie coronária); Cocos Gram - = mais relacionados diretamente com doença periodontal; não possuem relação direta com a doença cárie; Bacilos Gram + = actinomyces (cária radicular), lactobacillus (cárie coronária); Obs.: o lactobacillus é oportunista, onde o S. mutans faz uma desmineralização inicial e o lactobacillus se aproxima aumentando o número e acomete no tecido dentário. São bactérias que vivem em meio ácido. Existem 2 características importantes nas bactérias da cárie que são acidogênicas (produz ácido) e são acidúricas (viver em meio ácido). Bacilos Gram - = periodontal Vibriões e espiroquetas; Fungos = cândida albicans Vírus; Obs.: As bactérias que estão mais envolvidas com a doença cárie são S. mutans, S. sobrinus e Lactobacillus acidófilos. Para que ocorra cárie o pH tem que estar entre 4,5 e 5,5. pH abaixo de 4,5 as bactérias não conseguem sobreviver e desenvolver cárie e acima de 5,5 as bactérias não tem o poder de promover a desmineralização. Apenas algumas bactérias, como as periodontopatogênicas que em meio alcalino ou neutro formam cálculo, calcificação realizada pela saliva (presença de cálcio e fosfato) e bactérias que deixam esse pH alcalino (periodontopatogênicas) aumentando a predisposição de formação de cálculo dental (tártaro). 1.3 BIOFILME X PLACA BACTERIANA Quando tem uma massa devido ao metabolismo bacteriano é dito biofilme, quando ainda está o alimento é chamado resíduo alimentar. Biofilme era o que chamávamos de placa bacteriana onde os cardiologistas achavam que era estático, e quando se observa conclui-se que é uma série de microorganismos agindo uns em simbiose com os outros ou sendo antagonistas existindo uma vida dinâmica sendo denominado de biofilme dental. 1.3 DOENÇAS: COROA, RAIZ E GENGIVA Podemos dizer que temos também através da cárie desenvolvimento de doença que pode atingir a coroa ou a raiz do dente ou até mesmo dependendo do tipo de bactérias que temos no biofilme podemos ter interação gengival característico de doença periodontal. Uma mancha branca é o 1º sinal de cárie. 1.4 AQUISIÇÃO DA MICROBIOTA O habitat bucal sofre modificações em decorrência da fase de vida do indivíduo. O indivídua nasce sem nenhum microorganismo na boca. A partir do momento em que nasce, de forma transitória as bactérias começam a colonizar a boca do bebê, então: Antes da erupção dentária = apenas as mucosas estão disponíveis para colonização; Após a erupção dentária = dentes para adesão microbiana e fluido do sulco gengival como fonte adicional de nutrientes. Mudança da dentição decídua (20 dentes) para permanentes (32 dentes) = o dente aumenta em tamanho e proporciona mais áreas, superfícies para acumular biofilme; 19 a 31 meses de idade (janela de infectividade)= período em que erupciona o 1º dente e o S. mutans irá colonizá-lo, porém, se tiver higienização e dieta não cariogênica não desenvolverá a cárie, mas o risco é precoce; 1.5 CONDIÇÕES QUE PODEM INFLUENCIAR A ECOLOGIA BUCAL Frequência e tipo de alimento consumido = Carboidrato composto de glicose e sacarose servindo como substrato para o S. mutans e S. sobrinhos produzindo biofilme cariogênico; Variação no fluxo salivar = à noite a salivação diminui (glândulas em repouso); Maior salivação, maior proteção em relação ao número de microorganismos; Ao sentir fome, a salivação aumenta; Antibioticoterapia = Diminui e/ou aumenta o número de espécies de bactérias; Extração dentária = Gera um alvéolo aberto que acumula microorganismos; ou ao mesmo tempo remove um grande número de microorganismos naquela estrutura dentária; Inserção de próteses = o indivíduo pode ter cálculo dental na prótese; não pode ter cárie porque deve haver uma troca de minerais entre estrutura viva; modificam a ecologia da boca, é preciso escovar; Tratamento dentário = Raspagem de cálculo; polimento e restaurações; não há transmissão de cárie mantendo a ecologia bucal; 1.6 CÁRIE É MULTIFATORIAL Etiológico = microbiota (bactérias cariogênicas), dente, pH; Determinantes = fazer dieta (alimentação), frequência de alimentação, saliva (quanto secreta saliva), tampão (capacidade de haver uma neutralização dos ácidos), composição (constituintes da saliva, IgA, IgG, IgM, etc.), Uso de flúor (remineralização), tempo; Modificadores = renda, educação, conhecimento, atitude, comportamento, classe social; São fatores que apenas modificam, não determinam, é uma balança. Cárie é uma doença multifatorial, ela não progride de um dia pro outro. É preciso de ácidos na boca para que haja a reação de descalcificação ou desmineralização da estrutura do dente. 1.6.1 Doença de Progressão Lenta Causada por ácidos do metabolismo bacteriano dos carboidratos = todas os alimentos de um modo geral, até alimentos salgados possui carboidratos (substrato para a cárie); Pode sofrer paralização, flúor, antibacteriano = podemos regredir o que iria causar a doença carie com uma boa higienização, uso de flúor, tornando estático seu desenvolvimento; Microorganismos envolvidos: S. mutans e S. sobrinus (cocos Gram +), Lactobacilos e Actinomyces (bacilos Gram +); Obs,: Antibiótico nenhum é responsável pelo desenvolvimento da doença cárie e deixar o dente frágil. Apenas a tetraciclina que é responsável por alterar a estrutura do dente, escuro. Nos antibióticos infantis, o que causa a cárie não é o antibiótico em si, mas sim o açúcar associado ao medicamento. É preciso um fluxo salivar adequado, capacidade de tampão adequada, boa higiene oral, ótima alimentação para o não desenvolvimento da doença cárie. Um indivíduo de regime (anoréxico e com bulimia) ao se alimentar adquire carboidratos e, ao estimular o vômito após, há regurgitação do alimento que volta ácido na boca que deixa o pH da boca baixo aumentando a contribuição para o desenvolvimento da cárie. 1.6.2 Doença Social Influência e cultura, etnicidade, educação e nível sócio-econômico = Cultura de determinado país, nível de educação, isso tudo faz com que bactérias se desenvolvam com mais facilidade. 1.6.3 Doença de Difícil Diagnóstico (Fatores importantes para o diagnóstico da cárie) Ocupação do paciente = Se o indivíduo trabalha com alimentos e come frequentemente influenciando; Estilo de vida = Se alimenta fora de casa e não escovam os dentes; Nível educacional; Problemas físicos que dificultam a higiene = Pacientes com doenças e aumentam a predisposição a ter cárie; Obs.: A cárie é uma doença de difícil diagnóstico pois situações de desenvolvimento do esmalte do dente chamada de amelogênese imperfeita, o esmalte incompletamente mineralizado, rugoso. O indivíduo pode ter alteração tão grave que pode haver falta de parte da dentina que é a dentinogênese imperfeita que não são cáries. São manchas brancas nas extremidades dos dentes, bilateralmente onde na infância ao escovar os dentes deglutia muita pasta e desenvolve um problema dentário chamado de fluorose dentária que é o excesso de flúor que incorporou na estrutura do dente. Um traumatismo da raiz do dente decíduo por uma pancada no futuro dente permanente gera uma hipoplasia gerada por trauma no esmalte em formação. 1.6.4 Doença Biológica Dentes e microorganismos; Influência, dieta, estado nutricional durante a formação dental, flúor favorece a remineralização, saliva e fluído gengival, ácidos causam erosão dental mas precisam de microorganismos para causar cárie; 1.7 GRUPOS DE RISCO DE CÁRIE 1.7.1 Idade 1 a 2 anos Transmissão de S. mutans pela mãe = O pai ou outras pessoas não transmitem, mas a mãe sim. Todo sistema imunológico na gestação são iguais para a mãe e para o bebê. O que é maléfico para mãe é para o bebê. Higiene oral deficiente = A mãe não sabe quando higienizar; Hábitos dietéticos ruins = As mães dão leite, suco, chá, todos com açúcar; Pais com baixo nível de escolaridade = 32 vezes > risco de cárie transmitidos; Alto número de S. mutans; Obs.: O bebê sem dente se faz a higienização com o dedo mínimo envolto à gaze com soro fisiológico. Na presença de dentes ou usa uma dedeira e aumentando o numero de dentes uma escova infantil sem creme dental, só com soro ou água, e ai só começa a usar creme dental quando surgirem os dentes posteriores, primeiramente sem flúor, e depois com flúor. Obs.: Salivação p/min = Acima de 0,7 é normal Abaixo de 0,1 é xerostômico Abaixo de 0,7 temos hiposalivação 1.7.2 Idade 5 a 7 Anos Período de erupção dos 1os molares permanentes = pois é um dente maior e de superfície sulcado aglomerando mais microorganismos; Tempo de erupção 12 a 14 meses; Dentes incompletamente mineralizados = Apenas são completamente mineralizados após a erupção, onde a saliva que faz a maturação pós-eruptiva mineralização; além da mãe higienizar a boca na frente da criança para ela se habuituar e ter a escovação como algo saudável. 1.7.3 Idade de 12 a 14 Anos Período de erupção dos 2os molares permanentes; Tempo de erupção 16 a 18 meses; 1.7.4 Outros Grupos de Risco Idade de 19 a 22 anos = Adultos, jovens (faculdade, mudança de vida); Profissões que requerem prova frequente de alimentos; Obesos; Usuário de drogas = Atinge o SNC e terá pouca saliva; a saliva fica espessa ou sem proteção; Pessoas com problemas psíquicos = Ansiolíticos ou antidepressivos, por exemplo; Pessoas com higiene bucal inadequada; Pacientes gestantes = Ingestão frequente de alimentos e regurgitação; Pacientes com doenças sistêmicas e uso crônico de medicamentos = Que diminuem o fluxo salivar ou contenham açúcar; Imunidade baixa ou alteração no fluxo salivar = Hiposalivação, xerostomia; 1.8 TESTE MICROBIOLÓGICO Teste de contagem de microorganismos. Risco baixo se tiver abaixo de 100.000 e risco alto acima de 1.000.000 de S. mutans. Bem como risco baixo se tiver abaixo de 1.000 e risco alto acima de 100.000 de Lactobacillus. BACTÉRIA BAIXO ALTO S. mutans < 100.000 > 1.000.000 Lactobacillus < 1.000 > 100.000 CARIOLOGIA Profº Natanael 2. SALIVA 4º Período 23/02/2012 – Aula 2 Moisés Omena