1 Marchesan, I.Q.; Junqueira, P. – Atipia ou Adaptação: Como considerar os problemas da deglutição? In: Junqueira, P.; Dauden, A.T.B.C. – Aspectos Atuais em Terapia Fonoaudiológica. São Paulo, Ed. Pancast, Cap. 1, p.11-23, 1997. Atipia ou Adaptação: Como considerar os problemas da deglutição? Irene Queiroz Marchesan Patrícia Junqueira Dra. Irene Queiroz Marchesan Diretora do CEFAC – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica Titulação: Doutor em Educação pela UNICAMP Universidade de Campinas Endereço: Rua Cayowaá, 664 CEP 05018-000 São Paulo – SP Brasil. Telefone: 55- 11 – 36751677 E-mail: [email protected] www.cefac.br I - Deglutição: Normalidade A deglutição tem como função fundamental a propulsão do alimento da boca para o estômago. Basicamente pode - se definir a deglutição como o ato de engolir, isto é, o transporte do bolo alimentar ou de líquidos da cavidade oral até o estômago. Consiste numa atividade neuromuscular muito complexa, que pode ser iniciada conscientemente, o que se completa mediante a integração no sistema nervoso central de impulsos aferentes e eferentes, organizados no centro da deglutição. Considera - se que a deglutição ocorra em três fases sucessivas : oral, faringolaríngea e esofágica. Fase oral : Após a mastigação eficiente, o bolo alimentar é deslocado para um canal transversal no dorso da língua. Os lábios se aproximam passivamente e os músculos temporal, masseter e pterigóideo medial estabilizam a mandíbula em oclusão cêntrica ( dentes intercuspidados ) . A ponta da língua se levanta e encosta contra a papila retroincisiva e face palatina dos incisivos superiores. Logo após, sua parte anterior pressiona contra o palato duro, enquanto sua base se deprime. Nesse momento, produz-se a contração do músculo milo - hióideo, que dispara o processo de deglutição. Como conseqüência da contração do milo -hióideo, produz - se elevação maciça da parte anterior da língua contra o palato duro, deslizando - se o bolo alimentar para trás, seguindo um plano inclinado determinado pela posição da língua. Esses são os movimentos chamados de ondulatórios da língua, que guiam o bolo em seu deslocamento posterior. Finalmente, a parte posterior da língua dirige-se em sentido oposto e para cima abruptamente. O músculo milo -hióideo está contraído, mas acrescenta-se à contração dos músculos estiloglosso e palatoglosso. A pressão exercida pelo bolo alimentar nos pilares anteriores da faringe, na base da língua e palato mole ( circunferência orofaríngea ), determina a geração de impulsos nervosos que, por via aferente, iniciam a ação reflexa que é conhecida como reflexo da deglutição, integrante da segunda fase desta. Fase faringolaríngea : trata-se de um estágio involuntário no qual os músculos supra hióideos, faríngeos, laríngeos e linguais se contraem. Alonga-se a faringe ao mesmo tempo que há parada respiratória. Na passagem do bolo alimentar da cavidade bucal para a faringe, ele atravessa o anel ou circunferência orofaríngea, que regula a passagem de 2 partículas de grande tamanho que não foram satisfatoriamente trituradas na mastigação. Na faringe, o bolo alimentar está numa câmara comum para a respiração e a deglutição, mas o trânsito pela faringe é muito rápido e acompanhado pelo fechamento das vias respiratórias, o que orienta o trajeto do bolo para as vias digestivas, isto é, o esôfago. Fase esofágica : quando o bolo alimentar passa para o esôfago, na altura da clavícula, relaxa-se o músculo milo -hióideo, descendo o hióide. Voltando a laringe à sua posição postural e reinicia-se a respiração normal, que foi interrompida durante um segundo, ou menos, na fase faringolaríngea. II - O Conceito de Atipia Utilizamos “deglutição atípica “ quando encontramos alteração no processo de deglutição da Fase oral . A definição do termo “ deglutição atípica” é descrito por muitos autores. Segundo HANSON & colab. ( 1969 ), a deglutição é considerada atípica quando existe não só interposição lingual, como pressões exercidas pela língua em qualquer grau sobre os arcos dentários. SEGÓVIA ( 1977 ) descreve como características da deglutição atípica a ausência de oclusão dentária, a interposição lingual que pode ser lateral ou anterior, a interposição labial para promover o selamento anterior, que será maior ou menor dependendo do “overjet “apresentado. ALTMAN ( 1990 ) descreve que a deglutição atípica caracteriza-se por qualquer desvio de padrão normal adulto de deglutição. Pode ser definida como o pressionamento da língua contra a superfície lingual dos dentes incisivos e caninos ou protrusão desta entre os dentes da arcada superior e inferior durante o repouso e o ato de deglutir. PETRELLI ( 1992 ) considera deglutição atípica quando há um pressionamento atípico da língua contra os dentes, ausência de contração dos masseteres e da oclusão dental, intensa participação da musculatura perioral e desvios de fonação principalmente dos fonemas T - D - L - N - S e Z. III Controvérsias Há muito tempo observa-se controvérsias com relação ao uso do termo deglutição atípica e época para início do tratamento. Atualmente esse assunto tem merecido maior discussão pelos fonoaudiólogos que buscam um maior entendimento dessa “patologia “ tão freqüente na clínica. Dúvidas como : idade para se iniciar a terapia, relação tipo de oclusão/ deglutição, desenvolvimento do padrão de deglutição com a idade, e até o que considerar como “deglutição normal ou atípica “ na avaliação clínica , surgem no decorrer do atendimento aos pacientes com esse tipo de queixa. Na revista a literatura encontramos algumas referências com relação a essas dúvidas. Alguns autores , FLETCHER & colab.( 1961 ) , ANDERSEN ( 1963) HANSON & colab ( 1969 ) , SEGÓVIA ( 1977 ) e ALTMAN ( 1990 ) afirmam que a ocorrência de deglutição atípica diminue com o aumento da idade. TERRA ( 1996 ) , FLETCHER & colab. (1961 ) , WARD ( 1961 ) , BEL & HALE ( 1963 ) , HANSON (1967 ) , SUBTELNY & SUBTELNY ( 1973 ) , ÀVILA ( 1987 ) , DOMINGOS ( 1994 ) , encontraram uma alta prevalência de deglutição atípica em crianças em fase de dentição mista. Podemos observar em nossa prática clinica que a fase da dentição mista é certamente favorável a presença de deglutição atípica, pois nesta fase há condições 3 anatômicas e fisiológicas que facilitam esta ocorrência. Basicamente devemos relevar os seguintes aspectos : As condições anatômicas, em especial da faringe, são muitas vezes as principais causas que possibilitam as crianças a adquirir uma posição anteriorizada de língua. Portanto essa postura normalmente desaparecerá com a puberdade, pois entre os 8 e os 12 anos de idade, pacientes portadores de hábitos de língua, tendem a atingir um padrão de deglutição adulta normal. Isso é atribuído ao aumento do tamanho do espaço buco faríngeo, com o crescimento dos ramos mandibulares e com a diminuição da quantidade de tecidos linfóide, pois nessa idade, ocorre normalmente uma involução da amígdalas e adenóides ( SUBTELNY & SUBTELNY 1973 , GOMES & colab. 1975 , PROFFIT & MASON 1975, SEGÓVIA 1977 e GARATTINI 1991 ). O crescimento diferencial entre língua e cavidade bucal pode justificar a alta prevalência de deglutição atípica em crianças na fase de dentição decídua. Pois a língua segue a curva de crescimento dos tecidos de origem neural do corpo, crescendo de forma estável e atingindo tamanho máximo aos oito anos de idade. Já a mandíbula tem um crescimento mais lento, atingindo um platô entre os oito e doze anos de idade, acompanhando o crescimento na puberdade e pós - puberdade. A língua, a maxila e a mandíbula só terão uma relação de tamanho equilibrado quando se completar o crescimento ósseo - muscular. A implicação clínica deste crescimento diferencial é uma tendência natural da língua ser posicionada mais a frente na cavidade oral nos primeiros anos de crescimento ( PROFFIT & MASON 1974 , NOGUEIRA 1989 ). Outro aspecto fundamental que deve ser mencionado é a utilização do termo deglutição atípica e a “conseqüência” dessa utilização , para os pacientes portadores de maloclusões. TERRA ( 1996 ) descreve uma prevalência de deglutição atípica nos portadores de maloclusão do segmento dentário anterior de 95,4% , o que confirma a opinião de outros autores como CLEALL ( 1965 ) , RICKETS ( 1968 ) , GARATTINI ( 1991 ) , PADOVAN ( 1996 ) , de que existe uma relação muito grande entre problemas ortodônticos e o padrão de deglutição. Alguns autores ( CLEALL 1965 , SUBTELNY & SUBTELNY 1973 ) relatam ainda que os diferentes padrões dos movimentos da língua adaptam-se funcionalmente às variações de maloclusão. Ou seja, a modificação funcional e a alteração anatômica aparecem associadas. Desta forma o Sistema Estomatognático deve ser avaliado como um conjunto de estruturas que é capaz de realizar funções se adaptando às mudanças existentes. O padrão de deglutição encontrado em indivíduos portadores de maloclusão parece facilmente explicável pelos desvios encontrados na morfologia local de cada tipo de oclusão. Para ocorrer a deglutição assim como as demais funções, estas se adaptam as estruturas existentes. IV - Deglutição Atípica ou Adaptada? Quando e como trabalhar. O conceito de deglutição adaptada não é novo. Se examinarmos alguns autores como Ballard (1959 e 1965), Cleall (1965), Fränkel (1980), Milne e Cleall ( 1970), Subtelny e Sakuda (1964), Tulley (1969), e Van der Linden (1990), observaremos que 4 estes, entre outros autores, entendem que a interposição da língua é a conseqüência de um relacionamento morfológico anormal e, portanto, um fenômeno adaptativo. Não queremos passar a idéia de que os termos, “atípica” ou “adaptada”, empregados para definir determinados modos de deglutição, são o importante neste artigo. Não fará muita diferença se chamarmos a deglutição de atípica quando nosso paciente interpõe a língua no momento da deglutição ou se a chamarmos de adaptada, justificando a interposição por uma alteração que ele possa apresentar como, por exemplo, uma mordida aberta anterior. O importante será, na verdade, sabermos se devemos, ou não, trabalhar para corrigir aquela projeção detectada. Como observamos anteriormente encontramos, na literatura, uma série de autores que consideram normal a projeção da língua na dentição decídua e mista. Entendem esta pseudo alteração como algo transitório e não patológico sendo, portanto, característica de uma época de desenvolvimento normal da deglutição. Assim sendo, antes de qualquer terapia, devemos sempre nos recordar da normalidade. Normalidade esta que tem variações de acordo com a idade e que também é dependente da forma encontrada, ou seja, das características anatômicas. Mesmo com uma oclusão normal observa-se, em estudos videofluoroscópicos, que existem diferentes pontos de apoio para a língua na fase oral da deglutição. O padrão de deglutição do adulto também não é uniforme. A variação é pequena, mas existem diferenças. Estas diferenças provavelmente são adaptativas, isto é, são ajustes para compensar possíveis diferenças de cada face e, conseqüentemente, da cavidade oral. A pergunta que devemos nos fazer é se devemos ou não tratar e, em caso afirmativo, quando iniciar o tratamento? Antes de tratar a deglutição propriamente dita é preciso observar que existem outras funções que devem ser avaliadas. Caso estejam alteradas, e possam ser modificadas com um tratamento, devem ser cuidadas anteriormente à deglutição. A respiração, quando bucal, é a função que mais altera o posicionamento da língua. A língua muda a sua posição quando existem bloqueios anteriores ou posteriores para a passagem do ar. A língua toma uma posição para baixo e para a frente garantindo, desta forma, a passagem do ar. No caso da respiração bucal, a mudança não é só da língua pois, na medida em que ela ocupa o espaço mandibular (ou inferior da boca) e não faz mais contato com o palato observamos que a própria mandíbula também vem para baixo e para a frente. Quando o aumento é apenas das amígdalas palatinas, não necessariamente encontramos os lábios abertos porém, a língua, com certeza, estará posicionada mais anteriormente, freqüentemente entre os incisivos anteriores. Esta postura compensatória da língua ocorre para garantir a função da respiração. Assim sendo, não adiantaria o fonoaudiólogo tratar inicialmente do posicionamento da língua. O primeiro passo seria encaminhar o paciente para um otorrinolaringologista e, após termos certeza de que é possível a respiração pelas vias aéreas superiores, nós o treinaríamos a usar o nariz para respirar. Em geral, a mudança do hábito respiratório por si só pode ser suficiente para levar a língua a uma posição adequada, sem a necessidade de um trabalho direto com esta estrutura. Se, após o restabelecimento da respiração nasal ainda observamos que persiste o mal posicionamento da língua, aí sim, devemos intervir diretamente sobre a língua para que ela obtenha uma posição mais adequada. 5 Além da função de respiração, será importante observarmos possíveis hábitos inadequados que o paciente possa apresentar. Se há sucção de dedo, por exemplo, a língua poderá estar mal posicionada pelo problema do hábito que, evidentemente, deverá ser eliminado antes. Resumindo o que expusemos, observamos que ao receber um paciente com a queixa de “deglutição atípica”, não devemos limitar nosso exame na simples observação de haver ou não projeção da língua entre os dentes ou contra os mesmos. Antes de mais nada, devemos procurar as possíveis razões destas alterações para que possamos tratar das causas e não da conseqüência pura e simples, que é a projeção. Em primeiro lugar, devemos observar se a oclusão permite que a língua permaneça na posição correta, de modo confortável. Se houver mordida aberta anterior, ou se o padrão facial for muito alongado, dificilmente encontraremos a língua bem posicionada. Nas Classes III, de Angle, poderemos observar que a língua ocupará o arco inferior. Durante as trocas dentárias a projeção anterior é bastante freqüente, por ausência dos dentes anteriores. Em seguida, devemos observar a postura da cabeça. Quando encontramos uma cabeça mal posicionada, seja inclinada para trás, para a frente ou para os lados, o posicionamento da língua estará mais ou menos alterado, dependendo do quanto de desvio encontrarmos no posicionamento da cabeça. Caso existam alterações ósseas na face que causem assimetrias, também é possível que exista mal posicionamento da língua pela alteração do espaço interno da cavidade bucal. Após a observação da forma da face, do tipo de arcada e do posicionamento da cabeça e do pescoço, passamos para a observação da função respiratória. Quando há problemas respiratórios encontramos uma forte tendência a um mal posicionamento de língua, que procurará acomodar-se de tal modo que permita a respiração e, conseqüentemente, a própria vida. O tonus é outro fator importante pois, quando alterado, também pode modificar o posicionamento e a mobilidade da língua, devendo portanto, ser trabalhado antes ou ao mesmo tempo em que se trabalha diretamente com a língua. Observar hábitos e padrões familiares também é importante, embora estes fatores tenham menor influência. É interessante observar que há uma tendência natural das pessoas imitarem o jeito de falar, de andar, de parar, de comer, etc., uma da outras, quando convivem com muita proximidade ou quando existe uma relação maior de afeto entre elas. Por isso, conversar com os pais, com os irmãos, ou com outras pessoas que convivam com o paciente, poderá nos dar elementos que indiquem se o problema postural, ou de alterações de funções, é apenas decorrente de uma imitação. A observação de aspectos como idade, oclusão, postura corporal, tonus, hábitos, outras funções orais e de possíveis comportamentos imitativos, pode nos indicar qual o caminho terapêutico mais adequado para o trabalho com a posição da língua e das funções que ela exerce, sem termos que, necessariamente, trabalhar diretamente com ela. Na medida em que organizamos estes outros aspectos pode ser que a língua encontre um lugar mais adequado, sem necessidade de intervenção direta. Se ao examinarmos o paciente concluirmos que a postura inadequada da língua e a deglutição alterada, não são conseqüências de fatores como a idade ou de outras alterações como as que já apontamos, sendo o fator causal apenas um hábito inadequado, passamos para o trabalho direto com a 6 língua. Este trabalho será de reposicionamento da língua no palato, tanto para postura quanto para a realização das funções orais. Poderá ser simples, pois não haverá impedimento mecânico e se houver participação do paciente, também poderá ser rápido. Podemos modificar nossos hábitos em pouco tempo quando estamos interessados na mudança e se acreditamos que estas mudanças serão benéficas para nós. Caberá ao terapeuta ensinar como fazer as mudanças, e qual a importância delas para o paciente. Caberá, ainda, ao terapeuta convencer o paciente de que tais mudanças são de fato importantes para o equilíbrio do sistema estomatognático. Se, ao contrário, constatarmos que a alteração da deglutição é conseqüência de outras alterações caberá ao terapeuta descobrir quais são os problemas que estão levando ao distúrbio da deglutição e tratá-los anteriormente. Se necessário, encaminhar primeiro o paciente para outro profissional como ortodontistas, em caso de alterações oclusais, ou otorrinolaringologistas, em casos de alterações respiratórias. V - Considerações Finais O objetivo deste texto não é o de ditar normas ou de mudar termos já consagrados: “deglutição adaptada” no lugar de “deglutição atípica”. Nosso objetivo é o de refletir sobre aspectos já solidificados em nossas práticas clínicas. O que tem sido observado é que toda deglutição que não ocorra de uma determinada maneira, considerada como padrão, tem sido classificada como atípica e tem sido trabalhada mesmo quando constatamos que não há meios de modificá-la. Queremos propor uma avaliação e um diagnóstico que nos levem a um trabalho mais personificado, com maior objetividade, ou seja, mais adequado às características do paciente. Quando as condições não forem favoráveis, não insistiremos perdendo um tempo precioso que poderia estar sendo utilizado com outro tipo de terapia mais adequada para aquele momento. O trabalho, em qualquer condição, sempre será benéfico, mas as expectativas finais devem estar ajustadas às reais possibilidades do indivíduo. Finalmente, que nome usar? Atípica ou adaptada? Não importa. Importa é saber que a língua se adapta à forma, que outras funções interferem no seu posicionamento, que a idade traz modificações. Importa saber que cada um é um e, assim sendo, os tratamentos padronizados, com terapia igual para todos, devem ser repensados. VI - Bibliografia BALLARD, C. F.: Some observations on variations of tongue posture as seen in lateral skull radiographs and their significance. Trans. Eur. Orthod. Soc. 35:69-78, 1959. BALLARD,C. F..: Variations of posture and behavior of the lips and tongue which determine the position of the labial segments: the implications in orthodontics, prosthetics and speech. Trns. Eur. Orthod. Soc. 67- 93, 1965. CLEALL, J. F.: Deglutition: A study of form and function. Am. J.Orthod. 51:560594, 1965. FRÄNKEL, R.: Lip seal training in the treatment of the skeletal open bite. Eur. J. 7 Orthod. 2:219-228, 1980. MILNE, J. M. , & CLEALL, J. F.: Cinefluorographic study of functional adaptation of the oropharyngeal structures. Angle Ortod. 40:267-283, 1970. SUBTELNY, J. D., & SAKUDA, M.: Open-bite: diagnosis and treatment. Am. J. Orthod. 50:337-358, 1964. TULLEY, W. J.: A critical apraisal of tongue thrusting. Am. J. Orthod. 55:640650, 1969. VAN DER LINDEN, F.P.G.M.: Crescimento e Ortopedia Funcional dos Maxilares. Ed. Qintessence, 1990.