ATENÇÃO CONCENTRADA: Prejuízo no Resulta

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
PRISCILA DANIELA SILVA RAIMUNDO
ATENÇÃO CONCENTRADA: Prejuízo no Resultado do Teste em
Decorrência do Nível de Escolaridade, em Candidatos a Primeira
Carteira Nacional de Trânsito, na Cidade de Aracaju-SE
MACEIÓ - AL
2013
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PRISCILA DANIELA SILVA RAIMUNDO
ATENÇÃO CONCENTRADA: Prejuízo no Resultado do Teste em Decorrência
do Nível de Escolaridade, em Candidatos a Primeira Carteira Nacional de
Trânsito, na Cidade de Aracaju-SE
Monografia apresentada à Universidade
Paulista/UNIP, como parte dos requisitos
necessários para a conclusão do curso de
pós-graduação “lato sensu” em psicologia
do Trânsito.
Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro De
Oliveira Silva
MACEIÓ - AL
2013
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PRISCILA DANIELA SILVA RAIMUNDO
ATENÇÃO CONCENTRADA: Prejuízo no Resultado do Teste em Decorrência
do Nível de Escolaridade, em Candidatos a Primeira Carteira Nacional de
Trânsito, na Cidade de Aracaju-SE
Monografia apresentada à Universidade
Paulista/UNIP, como parte dos requisitos
necessários para a conclusão do curso de
pós-graduação “lato sensu” em Psicologia
do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
__________________________________________________
PROF. MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA
ORIENTADOR:
__________________________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
4
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, a meu esposo e a minha família.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelas oportunidades e por tudo que consigo concretizar.
Agradeço ao meu marido George, aos meus pais Manoel Messias e Maria Pureza, e
a minha família pelo apoio, incentivo e compreensão.
Agradeço aos professores da Especialização de Psicologia do Trânsito, pela
atenção e dedicação.
Por fim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho.
6
“Que
os
vossos
impossibilidades,
esforços
lembrai-vos
desafiem
as
de
as
que
grandes coisas do homem foram conquistadas
do que parecia impossível.”
(Charles Chaplin)
7
RESUMO
A Psicologia do Trânsito visa investigar as variáveis psicológicas e os processos
externos que influenciam os motoristas. Na avaliação psicológica, o profissional
capacitado utiliza vários instrumentos. Um dos instrumentos é o teste psicológico. O
teste AC (Cambraia, 2003), bastante utilizado no contexto do trânsito, afere a
atenção concentrada. No presente estudo, foi utilizado o Teste AC em candidatos a
primeira Carteira Nacional de Habilitação. O objetivo desse trabalho foi analisar se
há prejuízo no resultado do teste AC em decorrência do nível de escolaridade. O
instrumento foi aplicado aleatoriamente em 64 candidatos, de ambos os gêneros e
diversas idades e escolaridade. Os dados foram coletados nos meses de março,
abril, maio, junho e julho de 2013, na Clínica Salud Integrar, credenciada ao
Detran/Se, na cidade de Aracaju, Sergipe. Os resultados apontaram que não há
prejuízo no resultado do teste em decorrência da escolaridade. Concluindo-se que o
instrumento analisado avalia, de forma coerente, os avaliados.
Palavras-chave: Avaliação Psicológica, Atenção Concentrada, Teste AC.
8
ABSTRACT
The Traffic Psychology aims to investigate the psychological variables and external
processes that influence drivers. In psychological assessment, the trained
professional uses various instruments. One of the instruments is the psychological
test. The test AC (Cambraia, 2003), widely used in the context of traffic, assesses
focused attention. In the present study, we used the AC test candidates in the first
driver's license. The aim of this study was to analyze whether there is impairment in
AC test result due to schooling. The instrument was applied randomly in 64
candidates, of both genders and various ages and schooling. Data were collected in
the months of March, April, May, June and July 2013, Salud Clinic Integrate
accredited to the Detran/Se, in the city of Aracaju, Sergipe. The results showed that
there is no loss in test results due to schooling. Concluding that the analyzed
instrument assesses, consistently, the evaluated.
Keyword:Psychological Assessment, Concentrated Attention, ACTest.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 – Desempenho dos Candidatos no Teste AC ............................................ 33
Gráfico 2 – Gênero dos sujeitos da pesquisa. ........................................................... 34
Gráfico 3 – Escolaridade dos sujeitos ....................................................................... 34
Gráfico 4 – Escolaridade e Classificação no Teste AC ............................................. 35
Gráfico 5 – Classificação no Teste Ac dos Candidatos com Ensino Fundamental
Completo/incompleto ................................................................................................. 36
Gráfico 6 – Classificação no Teste AC dos Candidatos com Ensino Médio
Completo/Incompleto ................................................................................................ 36
Gráfico 7 – Classificação no Teste AC dos Candidatos com Ensino Superior
Completo/Incompleto ................................................................................................ 37
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13
2.1 Trânsito ............................................................................................................. 13
2.2 Psicologia do Trânsito ..................................................................................... 15
2.3 Avaliação Psicológica ...................................................................................... 17
2.4 Atenção Concentrada ...................................................................................... 21
2.5 Atenção e Escolaridade ................................................................................... 25
2.6 Teste AC – Atenção Concentrada ................................................................... 26
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 30
3.1 Ética ................................................................................................................... 30
3.2 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 30
3.3 Universo ............................................................................................................ 31
3.4 Sujeitos da Amostra ......................................................................................... 31
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados .................................................................. 31
3.6 Planejamento para Coleta dos Dados ............................................................ 32
3.7 Planejamento para Análise dos Dados........................................................... 32
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 33
5 CONSIDERAÇÕES FINAS ................................................................................... 38
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40
ANEXOS ................................................................................................................... 43
11
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o trânsito é uma importante problemática no Brasil, uma vez que
têm significativos índices de acidentes, e gera altos custos econômicos e sociais.
Para isso, há como medida, pré-requisitos para a restrição ao acesso à Carteira
Nacional de Habilitação. Um desses pré-requisitos é a avaliação psicológica.
Esta avaliação é realizada por profissionais qualificados que podem utilizar
vários instrumentos: entrevista, observação, dinâmicas, testes psicológico.
No contexto do trânsito, a avaliação psicológica visa verificar se o candidato a
C.N.H. possui as condições psicológicas mínimas necessárias para dirigir, como
atenção, inteligência, traços personalidade, entre outras.
Blasco (1994, apud RUEDA; GURGEL, 2008) enfatiza a importância de focar
os esforços para minimizar os índices de acidentes de trânsito, considerando que o
fator humano aparece como uma das principais causas desses acidentes. Assim,
prever e prevenir determinados comportamentos humanos que podemresultar em
acidentes é de extrema importância, pois a melhoria da sinalização e das condições
da via não tem conseguido diminuir os altos números de acidentes no Brasil e no
mundo. Destaca, ainda, que nos últimos anos algumas pesquisas na área têm se
preocupado em contribuir para um maior entendimento e compreensão dos
comportamentos e das características psicológicas dos condutores que poderiam se
envolver em acidentes. Dessa forma, uma vez conhecidas as fontes dos acidentes
de trânsito, medidas de segurança poderiam ser tomadas para promover uma maior
tranquilidade para os usuários da via.
Estudos apontam que a atenção tem um importante papel na ação de dirigir.
Ao dirigir é necessário focalizar a mente em estímulos internos e externos,
selecionando aspectos relevantes que conduzem a ação. Além disso, a atenção
ajuda a aumentar a eficiência mental em relação a outros conteúdos psicológicos,
pois mais atento, o sujeito desempenha com melhor qualidade suas funções
intelectuais, perceptivas, além de outras.
Sendo assim, esse estudo tem como objetivo analisar, no contexto do
trânsito, o teste de Atenção Concentrada – AC – (CAMBRAIA, 2003), uma vez que é
um instrumento psicológico bastante utilizado na avaliação psicológica do trânsito, e
que tem como objetivo avaliar a capacidade do sujeito de manter a atenção
concentrada no trabalho realizado, durante um período pré-determinado.
12
Essa pesquisa pretende verificar se o resultado do teste AC sofre prejuízo em
decorrência do nível de escolaridade do candidato a primeiraC.N.H. Para isso,
observou-se um grupo aleatório de candidatos primeira C.N.H., a fim de responder
se aqueles com baixa escolaridade tendem a não atingir o percentil mínimo
necessário no teste.
Nessa perspectiva, esse trabalho utiliza-se de revisão literária sobre o
trânsito, a psicologia do trânsito e a avaliação psicológica, focando a atenção
concentrada, e de estudo de campo. Os dados coletados aleatoriamente em
candidatos a primeira C.N.H., na Clínica Salud Integrar, na cidade de Aracaju-Se,
credenciada ao Detran Sergipe, servirão de base para análise do proposto na
pesquisa.
Para tanto, esse estudo se revela importante para a Psicologia do Trânsito,
pois visa avaliar o Teste AC, além de conscientizar o profissional, mostrando que o
psicólogo do trânsito não deve ser um mero aplicador de testes. Ele deve, também,
verificar se o instrumento utilizado está sendo efetivo, incentivando, assim, novos
estudos e o aperfeiçoamento para tal instrumento.
13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Trânsito
O trânsito surgiu em função da necessidade do ser humano se locomover,
trocar mercadorias, comercializar produtos, intercambiar conhecimentos, tecnologias
e cultura, aspectos essenciais que possibilitam a sobrevivência e favorecem o
desenvolvimento em sociedade (ROZESTRATEN, 1988).
Os primeiros automóveis e caminhões começaram a circular no Brasil no
início do século XX. A locomoção em massa, realizada por meio de bondes e trens,
foi lentamente substituída pelo uso do automóvel, fruto do apoio da indústria
automobilística no país (LAGONEGRO, 2008). Nos tempos atuais, o uso de veículos
automotores tem influenciado a sociedade de diferentes maneiras, como na
mudança de valores culturais, na percepção de distância, entre espaço e tempo,
cidades e países, nas relações humanas, no comportamento social e nos avanços
tecnológicos (HOFFMANN e CRUZ, 2007).
Apesar da produção e o uso do automóvel ter contribuído para o
desenvolvimento econômico do país, também trouxe um lado negativo, pois,
passaram a existir graves problemas ambientais e de saúde pública (SILVA, 2005).
E, atualmente, o trânsito é considerado uma importante problemática, devido aos
altos custos sociais e econômicos que geram, além dos sofrimentos incontáveis para
vítimas e familiares, decorrentes, principalmente, dos acidentes.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, o trânsito é a utilização das vias por
pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins
de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga (BRASIL,
1997).
Para Rozestraten (1988), o trânsito é um conjunto de deslocamentos de
pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de
normas, que têm por fim assegurar a integridade de seus participantes.
O trânsito é uma disputa pelo espaço físico resultante, na realidade, da
disputa pelo tempo e pelo acesso aos equipamentos urbanos. Uma "negociação"
constante, coletiva e conflitiva, pelo espaço (RUEDA, 2009).
Tebaldi e Ferreira (2009) definem o trânsito ressaltando sua complexidade.
Considerando a quantidade de veículos nas ruas, a precariedade dos espaços das
14
vias e as características comportamentais das pessoas, analisadas em conjunto. O
veículo, ao ser conduzido por um indivíduo, assume sua inteligência, alma,
sensibilidade e comportamento, ou seja, o veículo assume as características da
personalidade do condutor e, dessa maneira, o trânsito deve ser analisado em
conjunto com a cultura, valores e ideais de quem conduz os veículos.
Madeira (2009) conclui que, para que se possa compreender o trânsito não
basta discutir apenas os problemas de congestionamentos e acidentes, mas analisar
a maneira como as pessoas se comportam,considerando seus interesses e
necessidades. O trânsito é caracterizadopor pessoas de uma dada sociedade com
diferenças políticas, sociais eimportâncias diversas, se caracterizando por uma
disputa de tempo, espaço físico eacesso aos equipamentos urbanos.
Os sinistros automobilísticos começaram a se intensificar, no Brasil, na
década de 1940, com a expansão do uso do automóvel, gerando preocupação para
as autoridades, que buscaram desenvolver e implementar medidas junto aos
diversos campos de conhecimento, como a psicologia (ANTIPOFF, apud SILVA,
2010).
Os acidentes de trânsito e a violência em geral constituem uma verdadeira e
urgente questão de Saúde Pública no mundo moderno. O aumento da
morbimortalidade, devido à violência no trânsito, já é considerado uma epidemia,
face à sua extensão e consequências para o indivíduo, para a família e para a
sociedade (JOMAR et. all, 2011). Logo se percebe que o trânsito é uma
problemática essencialmente social. Os problemas não se restringem apenas ao
crescimento do número de veículos e à engenharia do sistema viário, como muitas
vezes é apontado, mas também, e principalmente, ao comportamento do motorista.
Uma das estratégias adotadas no Brasil foi a de restringir o acesso ao
volante, das pessoas propensas a se envolver em acidentes de trânsito, por meio da
avaliação psicológica de condutores. O marco inicial desta atividade no âmbito
rodoviário foi o Decreto-lei n° 9.545, de 5 de agosto de 1946, em vigor em 1951, que
caracterizou o exame psicotécnico para a aquisição da Carteira Nacional de
Habilitação (CNH), sendo aplicado à critério de uma junta médica e sem caráter
eliminatório (SILVA, 2010).
Com a aprovação do novo código de trânsito, o processo de avaliação até
então chamado de exame psicotécnico, passou a ser denominado Avaliação
Psicológica Pericial. Essa mudança baseou-se na Resolução n°80/98 do CONTRAN
15
que apresentou algumas mudanças no processo. As principais alterações se
basearam no fato de que a avaliação psicológica pericial para o trânsito deveria ser
realizada por Peritos de Trânsito que tivessem o respectivo curso, e a finalidade do
exame passaria a ser investigar adequações psicológicas mínimas para o correto e
seguro ato de dirigir um veículo automotor.
O código de trânsito atual define, de maneira geral, que o processo de
avaliação
psicológica
é
uma
etapa
preliminar,
obrigatória,
eliminatória
e
complementar para todos os candidatos à obtenção da habilitação, assim como na
renovação desse documento no caso dos motoristas que trabalham exercendo
atividade remunerada conduzindo veículos (Brasil, 2002, apud SILVA, 2010). Nesse
contexto, o objetivo da avaliação psicológica é o de verificar as condições
psicológicas mínimas dos indivíduos para dirigir (como: atenção, inteligência,
personalidade) a fim de identificar se eles são capazes ou não de dirigir sem perigo
para a própria segurança e de terceiros (CÔRTES, 1952; LAMOUNIER& RUEDA,
2005, apud SILVA, 2010).
A avaliação pericial para o trânsito considera como princípio o fato de que
conduzir um veículo não é um direito do cidadão, mas uma concessão, que pode ser
feita desde que ele atenda a diversos critérios, como ter condições físicas e
características psicológicas adequadas às categorias da Carteira Nacional de
Habilitação (conforme a complexidade e o tipo de veículo), conhecer as leis de
trânsito e ter noções de mecânica e domínio veicular (Governo Federal, 1998).
Nesse processo, as investigações dos fenômenos psicológicos, ou seja, tanto das
capacidades gerais como das específicas do indivíduo, são de suma importância,
pois fornecem indicadores que auxiliam o processo de tomada de decisões em
relação às condições de esse indivíduo estar apto ou inapto para dirigir (SAMPAIO;
NAKANO, 2011).
2.2 Psicologia do Trânsito
A
Psicologia
de
Trânsito
teve
início
em
meados
do
século
XX,
aproximadamente em 1920, conforme afirmam Hoffmann, Cruz e Alchieri (2003,
apud LAMOUNIER; RUEDA, 2005). Foi nos últimos anos da década de 1950 e no
começo dos anos 1960, porém, que a psicologia do trânsito começou a se
desenvolver. Enquanto diversos países do mundo, como Inglaterra, Finlândia,
16
Áustria, Holanda, Suécia, França, Canadá e Estados Unidos, começaram a
estruturar centros de pesquisa para estudar essa área e o comportamento humano
nesse contexto, no Brasil pouco foi desenvolvido (LAMOUNIER; RUEDA, 2005).
Seu início no Brasil foi marcado pela contratação de psicólogos pelo DetranRJ, na década de 1950, com a finalidade de estudar o comportamento dos
condutores. Isso ocorreu em virtude de o diretor do Detran-RJ, na época, se
interessar por conhecer as causas humanas que provavelmente estavam envolvidas
na ocorrência de acidentes. Assim, foi sancionada a Lei 9545, que instituía o Exame
Psicotécnico para candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH), sendo o
Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) o responsável por tal atividade.
Nas décadas seguintes, o Detran-MG contratou a Professora Alice Mira Lopez para
prestar assessoria e treinar seus psicólogos na área de Psicologia de Trânsito
(ROZESTRATEN, 1983, apud LAMOUNIER; RUEDA, 2005).
Assim, a Psicologia do Trânsito pode ser definida como o estudo científico do
comportamento dos participantes do trânsito, entendendo-se por trânsito o conjunto
de deslocamentos dentro de um sistema regulamentado. Este tipo de Psicologia
estuda, portanto, o comportamento dos pedestres, do motorista amador e
profissional, do motoqueiro, do ciclista, dos passageiros e do motorista de coletivos,
e num sentido mais amplo, de todos os participantes do tráfego (ROZESTRATEN,
1981).
A psicologia do trânsito apresenta-se como uma forma de estudar, de uma
maneira concreta, as variáveis psicológicas que poderiam influenciar o modo como
os motoristas se comportarem e de qual forma esse comportamento poderia levá-los
a se envolver em acidentes de trânsito ou se colocar em situações de risco (RUEDA,
2009). Investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos
externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam e o alteram
(Conselho Federal de Psicologia, 2000).
Para Lim, Sayed e Navin (2004) o ambiente do motorista é considerado
complexo, e o fato de cometer ações e tomar decisões contraditórias poderia, muitas
vezes, trazer prejuízos sérios e em muitos casos, até fatais. Segundo os autores, o
papel principal do psicólogo do trânsito é minimizar a ocorrência de tais eventos
contraditórios, promovendo e facilitando ações para a segurança e eficiência dos
motoristas e pedestres inseridos no ambiente do trânsito. E devido ao grande
número de fatores que influenciam o comportamento do motorista, promover essas
17
ações se torna muito difícil, e existiria uma necessidade de aumentar a
compreensão da população de uma formageral sobre a relação existente entre o
motorista e o comportamento motriz, para dessa utilizar essa compreensão na
prática.
Assim, a Psicologia de Trânsito e a Avaliação Psicológica são áreas afins,
uma vez que essa última consiste em um processo técnico-científico de coleta de
dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos
psicológicos, realizado por meio de estratégias psicológicas como métodos, técnicas
e instrumentos que permitem um conhecimento de capacidades cognitivas e
sensório-motoras,
componentes
sociais, emocionais,
afetivos,
motivacionais,
aptidões específicas e indicadores psicopatológicos (NORONHA, 1999). Esse
processo fornece informações cientificamente fundamentadas que possibilita um
diagnóstico visando orientar, sugerir e sustentar o processo de tomada de decisão
em algum contexto específico. Desse modo, os psicólogos de trânsito fazem uso da
avaliação psicológica para investigar as características psicológicas dos candidatos
à obtenção da CNH ou da mudança da categoria da CNH (LAMOUNIER; RUEDA,
2005).
2.3 Avaliação Psicológica
As técnicas da avaliação psicológica utilizadas pelos psicólogos do trânsito
têm como finalidade auxiliar na identificação de adequações psicológicas mínimas
para o correto e seguro exercício da atividade (remunerada ou não) de conduzir um
veículo automotor, para tentar garantir a segurança do condutor, do trânsito e dos
demais envolvidos (Conselho Federal de Psicologia, 2000). Para isso faz uso dos
testes psicométricos como um recurso para verificar habilidades para dirigir,
especialmente para tentar prever a probabilidade de um indivíduo se envolver em
acidentes (GROEGER, 2003, apud SAMPAIO; NAKANO, 2011). Na avaliação
psicológica de trânsito, as investigações das capacidades gerais, bem como das
específicas do indivíduo, são de suma importância, pois proporcionam indicadores
para a tomada de decisões em relação às condições de esse indivíduo estar apto ou
inapto para dirigir. Isso remete à necessidade de uma preocupação, por parte dos
profissionais de psicologia, em atuar de forma preventiva e preditiva no processo de
avaliação psicológica, buscando interferir para que os motoristas evitem a exposição
18
a situações de perigo a si e aos outros (LAMOUNIER; RUEDA, 2005, apud
SAMPAIO; NAKANO, 2011).
O processo de avaliação psicológica inclui alguns passos essenciais, como: o
levantamento dos objetivos da avaliação e particularidades do sujeito ou grupo a ser
avaliado (etapa de escolha dos instrumentos e estratégias adequados para a
avaliação); coleta de informações (por meio de entrevistas, dinâmicas, observações,
testes projetivos ou psicométricos); integração das informações e desenvolvimento
das hipóteses iniciais; indicação de respostas e comunicação dos resultados,
conforme procedimentos éticos e considerando eventuais limitações da avaliação.
O Conselho Federal de Psicologia (2000), com a Resolução CFP nº 012/2000,
realizou uma tentativa de sistematização mais objetiva das características do
condutor que é submetido à avaliação pericial, embora reconhecendo “a
impossibilidade de estabelecer um perfildiferenciado para condutores amadores e
profissionais, o que será objeto de investigaçõesfuturas”. Nessa resolução, ficou
determinado que o perfil psicológico do candidatoà CNH e do condutor de veículos
automotores deve considerar:
• Nível intelectual capaz de analisar, sintetizar e estabelecer julgamento diante de
situaçõesproblemáticas.
• Nível de atenção capaz de discriminar estímulos e situações adequados para a
execuçãodas atividades relacionadas à condução de veículos.
• Nível psicomotor capaz de satisfazer as condições práticas de coordenação entre
asfunções psicológicas e as áreas audiovisiomotoras.
• Personalidade, respeitando as características de adequação exigidas por cada
categoria.
• Nível psicofísico, considerando a possibilidade de adaptação dos veículos
automotorespara os deficientes físicos.
De acordo com Silva (2008), o candidato à CNH pode ser considerado apto
quandoapresentar desempenho condizente na avaliação psicológica para a
condução de veículo na categoria pretendida; apto com restrição quando apresentar
distúrbio oucomprometimento psicológico que estivesse temporariamente sob
controle, fazendoconstar, nesse caso, o prazo de validade para a revalidação da
CNH; inapto temporariamentequando apresentar alguma deficiência psicológica nos
aspectos psicológicosavaliados, que seria passível de recuperação ou correção; ou,
ainda, inapto quandoapresentar inadequação nas áreas avaliadas que estejam fora
19
dos padrões da normalidadee de natureza não recuperável. Entretanto, as
exigências pela avaliação dessesconstrutos nos levam a uma indagação: “Será que
um indivíduo que obtém resultadosdos testes „na média‟ pode ser considerado um
condutor seguro, mesmoas tabelas normativas fazendocomparações do indivíduo
com a populaçãoem geral, não sendo específicas para o contexto do trânsito?”.
Embora a psicologia do trânsito seja reconhecida socialmente, sérios debates
têm ocorrido acerca dos métodos de avaliação que vêm sendo empregados nesse
processo e do papel do psicólogo no desenvolvimento, aperfeiçoamento e seleção
de motoristas. De acordo com apontamentos de Gouveia et al. (2002, apud
SAMPAIO; NAKANO, 2011), as discussões referem-se principalmente a validade
dos testes psicológicos e à capacidade do psicólogo em avaliar o perfil do futuro
motorista. Mas será que a simples existência de estudos de validade e precisão dos
instrumentos é suficiente para atestar a adequação destes para uso nesse contexto
específico?
Para Rozestraten (1983), apesar da atuação do psicólogo do trânsito como
avaliador dos candidatos à CNH ser a face mais visível da contribuição dos
psicólogos ao estudo do comportamento no trânsito, é a partir dela que se pode
afirmar que pouco mudou na atuação do psicólogo do trânsito. E alguns
questionamentos deveriam ser feitos diante dessa atuação, principalmente no que
diz respeito ao processo de testagem, uma vez que os processos de validação e
padronização de instrumentos psicológicos para a realidade do trânsito brasileiro
são escassos.
Noronha, Primi e Alchieri (2004, apud SAMPAIO; NAKANO, 2011) confirmam o
apontamento de Rozestraten (1983), ao afirmarem que a área da Psicologia do
Trânsito não conta com estudos científicos suficientes que predigam a boa atuação
do motorista em relação aos testes utilizados nas avaliações.
Segundo Campos (1978), apesar dos estudos teóricos relacionados ao
trânsito, noBrasil não aconteceu o desenvolvimento e a validação de técnicas para
motoristas e, consequentemente, entre os psicólogos pairavam dúvidas sobre o
valor dos instrumentospsicológicos utilizados na avaliação de motoristas e sobre
quais os requisitosconsiderados indispensáveis para ser um “bom motorista”.
Embora existam alguns instrumentos com evidências de validade para o
contexto do trânsito, a situação atual se depara com algumas barreiras que tendem
a interferir no melhor desempenho dos indivíduos que almejam a CNH. Algumas
20
dessas limitações dizem respeito ao baixo grau de escolaridade dos candidatos,
excluindo-os muitas vezes do perfil proposto da amostra normativa de alguns testes.
Quando um psicólogo faz uma avaliação psicológica fazendo uso de
testespsicológicos, precisa não só saber aplicar e avaliar o instrumento. Precisa,
também, conhecer o teste bem afundo. É importante que, ao escolher um
instrumento, o psicólogo saiba se o mesmo é adequado para avaliar o que ele
pretende e se é indicado para o sujeitoem questão em relação a idade, sexo,
escolaridade e outros aspectos relevantes. Éigualmente importante conhecer os
parâmetros psicométricos do teste (osdados de validade, precisão e a existência de
normas adequadas para aquele sujeito). Deve também considerar qual o tipo de
norma e como foi composta à amostrade padronização, ou seja, com que grupo vai
comparar o resultado obtido.
Rueda e Gurgel (2008) atentam que pode ser observado em muitos manuais
de instrumentos, utilizados na avaliação do condutor, uma normatização em função
da escolaridadee, quando o fazem, do tipo de carteira de habilitação sem que, de
fato, sejacomprovado no instrumento que essas diferenças existem. Assim o que
temos visto é autilização de testes psicológicos que não necessariamente se
ajustam ao perfil do motorista,visto que, segundo opinião de Noronha, Primi e
Alchieri (2004), a área não contacom estudos científicos suficientes que predigam a
boa atuação do motorista em relaçãoaos testes utilizados nas avaliações.
Silva e Alchieri (2008) também apontam a problemática em relação a
composição da amostra. Segundo eles, a maior parte dos estudos desenvolvidos
baseia-se em amostras de candidatos à habilitaçãoapenas, ou seja, de pessoas não
habilitadas. Essa constatação levanta um questionamento:“Como avaliar os
candidatos a condutores com base em uma tabela cujos dadosforam obtidos com
pessoas não habilitadas?”. Poucos estudosinvestigaram motoristas profissionais,
motoristas acidentados, infratores e motoristas jáhabilitados, mas não profissionais.
Outra falha, segundo Risser (2003), é que, no Brasil, embora as avaliações de
motoristas venham sendo empregadas regularmente,pouco esforço vem sendo feito
tanto para discutir caminhos futuros quanto emrelação ao investimento de recursos
na busca de provas que atestem a validade da maneiracomo essa avaliação vem
sendo conduzida. Dessa forma, as críticas feitas à avaliaçãopsicológica realizada no
contexto do trânsito relacionam‑se à falta de padronizaçãoacerca da bateria de
instrumentos a ser utilizada – visto que o CFP somente recomendaquais construtos
21
devem ser considerados na avaliação, pois estes variam muito de umlugar para
outro – e à falta de continuidade da avaliação, já que ela é realizada apenas na
primeira habilitação ou em condutores que exercem atividade remunerada,
diferentemente do exame médico pericial, repetido periodicamente.
Assim, a avaliação psicológica no trânsito mostra-se importante e relevante,
uma vez que pretende verificar as condições psicológicas mínimas necessárias para
dirigir, e dessa forma evitar ou diminuir os acidentes. Mas, percebe-se que há uma
grande defasagem nessa área, falta aperfeiçoamento. E isso pode comprometer o
resultado final da avaliação. Para tanto, é fundamental estudos que ajudem o
desenvolvimento de tal área.
2.4 Atenção Concentrada
A atenção desempenha um papel muito importante na vida das pessoas,
uma vez estímulos são recebidos a todo instante e de diversas direções, que
passam por vários sensores. Porém essa quantidade de informação muitas vezes
está além do que se pode processar. Assim, pode-se afirmar que a principal função
da atenção é selecionar e extrair o estímulo mais importante num determinado
momento (ALLPORT & POSNER, 1993, apud FERNANDES; RUEDA, 2007).
Em relação a sua origem, a atenção pode ser dividida em voluntária e
involuntária. A atenção voluntária envolve a seleção ativa e deliberada do indivíduo
em uma determinada tarefa, onde ele está motivado e interessado em realizá-la, por
exemplo, ler um livro. A atenção involuntária ocorre diante de eventos inesperados
no ambiente, em que o indivíduo não escolhe prestar atenção, não há um controle
consciente e é mediada por um processo automático. O sistema de atenção age
como um filtro que “abre” para as informações a serem atendidas e “fecha” para as
ignoradas.
Para Silva (1999, apud CAMBRAIA, 2003) a atenção é um processo sequencial em
uma série de estágios, com diferentes sistemas cerebrais envolvidos, e a sua
capacidade representa um papel importante para a realização de qualquer tarefa,
pois, sem ela, não há a seleção de estímulos que representam o foco de maior
interesse em um dado momento. A seletividade dos estímulos e o direcionamento da
atividade mental seriam influenciados pela importância e interesse por uma
22
determinada tarefa, e, ainda, pelo estado emocional da pessoa. Este pode aumentar
ou diminuir o grau de atenção em determinado estímulo.
Logo, a atenção pode ser definida como a direção da consciência, o estado
de concentração da atividade mental sobre determinado objeto. É tomar posse pela
mente, de modo claro e vívido, de um entre uma diversidade enorme de objetos ou
correntes de pensamentos simultaneamente dados. Focalização, concentração da
consciência são a sua essência (DALGALARRONDO, 2000).
Nem todas as pessoas tem o processo de atenção agindo de forma eficiente.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mais comumente identificado
em crianças em idade escolar, é caracterizado pela desatenção, hiperatividade e
impulsividade (ROHDE, 2013).
A desatenção ocorre quando há a dificuldade de prestar atenção a detalhes
ou errar por descuido em atividades escolares e de trabalho; dificuldade para manter
a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parecer não escutar quando lhe dirigem
a palavra; não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domésticas ou
deveres profissionais; dificuldade em organizar tarefas e atividades; evitar, ou
relutar, em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante; perder
coisas necessárias para tarefas ou atividades; ser facilmente distraído por estímulos
alheios à tarefa e apresentar esquecimentos em atividades diárias. (ROHDE, 2013).
Trick, Enns, Mills e Vavrik (2004) afirmaram que a desatenção tem sido uma
das principais causas de acidentes automobilísticos, independentemente da
modalidade de atenção envolvida. Em seu modelo sobre a gênese do
comportamento, Rozestraten (2005) propõe cinco fases, tomada de informação,
processamento de informações, tomada de decisões, fase de ação, do
comportamento ou da resposta e a fase do feedback, uma falha de atenção em
qualquer dessas fases pode ocasionar acidente.
Assim, a atenção se apresenta como um fator importante na fase de tomada
de informação, na qual o estímulo deveria ser detectado, diferenciado e identificado.
O bom desempenho nessa fase inicial interferia no sucesso do processo
subsequente. No processamento da informação, são importantes outros processos
cognitivos, com destaque para a inteligência. Na fase de tomada de decisões o
motorista decide agir ou não segundo as regras, e essa decisão determina o
comportamento manifestado na fase seguinte. E por fim, na fase de feedback, os
resultados são avaliados (STERNBERG, 2000).
23
Em contraste com o déficit de atenção, existe o excesso de concentração,
comum em estudantes e cientistas. Para Caliman (2008), tal excesso de
comportamento atento, característico em homens que se dedicam ao trabalho
intelectual e mental, pode levar ao sentimento de melancolia. A direção unilateral e
excessiva da mente é o que pode causar a ruína das funções corporais e a
alienação do mundo natural.
Conforme Rueda (2009), atualmente no Brasil há a aceitação de quatro tipos
de classificação da atenção, no que se refere à sua função ou operacionalização.
Com base nisso, a atenção pode ser classificada em atenção dividida, alternada,
concentrada e sustentada.
A atenção é uma qualidade da percepção, considerando a percepção como a
entrada de todos os materiais do conhecimento, de toda a informação recebida pelo
indivíduo. A atenção é uma função mental que exige um determinado nível de alerta,
de vigília plena, que mantém o cérebro preparado para desempenhar suas funções
em
diversos
contextos.
A
percepção
de
situações
no
trânsito
produz
comportamentos diferentes e, para que sejam produzidos comportamentos
adequados, são necessários estímulos claros, um organismo em condições de
perceber e reagir, assim como conhecimento dos sinais e normas presentes no
contexto do trânsito. Dessa maneira, quando o condutor olhar para uma determinada
placa de trânsito, deve compreender o que o sinal está transmitindo e qual o
comportamento esperado, já que, se não houver a percepção correta do mesmo,
haverá risco de acidente. A atenção aos sinais de trânsito é um dos aspectos que
constroem o comportamento adequado e que deve ser avaliado quando da
avaliação psicológica do condutor (ROZESTRATEN, 1988).
Para tanto, diante do grande número de acidentes de trânsito que acontecem
no país, acredita-se na necessidade de estudos que demonstrem quais
características estão relacionadas com o ato de dirigir. Nesse sentido, foram
realizadas algumas pesquisas que mostraram que a atenção concentrada seria um
atributo importante para aquelas pessoas que desejam dirigir veículos automotores
(LIMA, 2010).
A atenção vem sendo bastante focada nas avaliações no contexto do trânsito.
Tal informação é constatada através da proliferação de instrumentos para sua
avaliação nos últimos anos. Isso porque, dentre as variáveis que podem influenciar o
desempenho das pessoas no trânsito, a literatura vem apresentando pesquisas que
24
indicariam que a atenção tem um papel relevante no ato de dirigir (NORONHA,
SISTO,
BARTHOLOMEU,
LAMOUNIER
e
RUEDA,
2006, apud
NAKANO;
SAMPAIO; SILVA, 2011). Considerando a sua importância enquanto capacidade
seletiva, a qual permite ao sujeito eleger alguns estímulos, diante dos vários que
recebe, e direcionar sua atividade mental no sentido de, ou responder a uma
determinada exigência, ou dirigir sua atenção para ele (CAMBRAIA, 2003).A
atenção se constitui em uma função psicológica que se caracteriza pela capacidade
de monitorar e selecionar aspectos relevantes dentre outros que não são relevantes,
permitindo um estado de alerta para possíveis indícios de perigo. Em consequência,
os condutores tendem a utilizar os aspectos da atenção concentrada durante o ato
de dirigir, ao focalizar o estímulo e considerar outros fatores, tais como movimentos
e demais estímulos presentes no meio ambiente (MONTIEL, FIGUEIREDO,
LUSTOSA e DIAS, 2006, apud NAKANO; SAMPAIO; SILVA, 2011).
Portanto, em qualquer tarefa ou atividade a ser realizada é necessário que o
indivíduo focalize sua atenção concentrada por um maior intervalo de tempo, a fim
de facilitar o processo de aprendizagem, promovendo o bom aproveitamento e a
qualidade de sue trabalho. De acordo com Lima (2005, apud CORTESE et al, 1999),
existem cinco fatores que estão presentes nos testes que avaliam a atenção:
- Vigilância: capacidade de selecionar e focar os estímulos;
- Amplitude: quantidade de estímulos que deverão ser processados na
realização do teste;
- Tracking: rastreamento do material em foco envolvendo processos de
memória de curto prazo;
- Tempo de reação: tempo necessário para a realização da tarefa;
- Alternância: flexibilidade e velocidade no deslocamento da atenção de um
foco para outro.
Assim, é importante avaliar a atenção. Aptidão que se mostra importante e
precisa ser examinada principalmente nos condutores de veículos automotivos de
todo tipo, pois está relacionada com a qualidade com que as pessoas executam as
tarefas que se propõem a realizar no seu dia a dia (CAMBRAIA, 2003).
25
2.5 Atenção e Escolaridade
Piovani (2006) estudou a correlação da escolaridade com a atenção, com
aplicação de testes com tempo pré-determinado. Neste estudo, ele observou que
quanto maior o nível de escolaridade em sujeitos adultos, maior é a precisão da
resposta em detrimento da velocidade. Em relação à velocidade, observou que
pessoas com maior inteligência produzem respostas elétrica-cerebrais mais rápidas
e mais complexas. Porém, atualmente ainda não há uma definição a respeito disso.
Em uma pesquisa realizada em 1974, com uma amostra de 2.348 (dois mil
trezentos e quarenta e oito) sujeitos que foram submetidos ao Teste AC - Atenção
Concentrada, Cambraia (2009) descreve quefoi comprovadoque o nível de
escolaridade do examinando determina padrões de rendimento diferentes, pois
foram encontradas diferenças estatisticamente significantes em várias comparações
realizadas para a variável escolaridade. A partir deste resultado, foram construídas
tabelas de pontuação do desempenho do sujeito para cada nível de escolaridade e
região do país, pois também foram encontradas diferenças estatisticamente
significantes entre as médias do total de pontos comparando diferentes regiões do
país.
Assim, segundo a tabela do teste AC – Atenção Concentrada, há um aumento
no valor da média de pontos dos sujeitos de acordo com a escolaridade, indicando
que o desempenho do avaliando aumenta com a escolaridade. Mas, para isso, é
necessária uma atualização constante dessas tabelas e normas, sendo fundamental
levar em consideração as diferenças regionais e a época em que a pesquisa é
realizada, visto que o Brasil passa frequentemente por mudanças sociais e
econômicas.
No entanto, essa atualização não é realizada constantemente, o que torna
difícil confiar se os resultados das tabelas de pontuação do desempenho se
mantêm.
Assim, é importante que o psicólogo seja mais do que um aplicador de teste.
É fundamental ser especialista em trânsito, para levar em consideração a realidade
do sujeito, as condições da mobilidade e do trânsito, o local de aplicação do teste,
além de ter um olhar crítico em relação ao instrumento utilizado.
26
2.6 Teste AC – Atenção Concentrada
Durante o processo de avaliação para obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação (CNH) no Brasil, um teste comumente utilizado para avaliação da
atenção é o Teste de Atenção Concentrada - AC, segundo apontamento de Noronha
et al. (2006, apud NAKANO; SAMPAIO; SILVA, 2011).
Vários fatores podem contribuir para a ampla utilização doteste AC no âmbito
do trânsito, dentre eles: a fácil aplicação do teste, o tempo paraa correção é curto, o
custo do bloco com asfolhas do teste é relativamente barato secomparados aos
demais testes, além de para a interpretação de resultados existirem tabelas
apropriadas para o grau de instrução de cada candidato.
O Teste de Atenção Concentrada (AC) tem como objetivo avaliar a
capacidade do sujeito de manter a atenção concentrada no trabalho realizado
durante um período determinado. O teste é composto por símbolos. O sujeito deve
localizar, entre todos os símbolos da folha, os três símbolos apresentados como
modelos. A correção é realizada pelo total de acertos, pela avaliação quantitativa e
qualitativa. Existem estudos de precisão, validade e tabelas em percentis para o
público-alvo de acordo com sua escolaridade e idade (CAMBRAIA, 2003).
O Teste de Atenção Concentrada foi criado pelo psicólogo Suzy Cambraia e
publicado pela primeira vez em 1967. Foi desenvolvido como uma alternativa para
retestar os candidatos que já haviam sido submetidos ao teste de Toulouse-Pieron,
que era o único instrumento disponível no Brasil (CAMBRAIA, 2003).
Foram realizados vários estudos pilotos para se chegar à forma que o teste
possui na atualidade, inclusive no campo dos símbolos abstratos a fim de se
selecionar o estímulo mais adequado para o instrumento (CAMBRAIA, 2003).
Após as experimentações iniciais, foi selecionado um símbolo para ser
utilizado como estímulo: um triângulo estilizado, formando uma ponta de flecha, que
pode estar dirigida para as quatro posições básicas (para cima, para baixo, para
esquerda ou para direita). Além da orientação espacial foi introduzida também uma
outra variação: a seta pode ser inteiramente preta, branca na parte interna com um
contorno preto, ou branca com um ponto negro no centro, o que permite um total de
doze combinações diferentes. Dessa doze combinações possíveis foram escolhidas
três, mediante sorteio ao acaso, para servirem de modelos a serem cancelados, as
27
quais aparecem logo em cima na folha de resposta, dentro de um retângulo pequeno
a fim de sobressaírem (CAMBRAIA, 2003).
A linha que aparece na parte da frente da folha de aplicação é um exemplo que se
destina ao treino do examinando. O verso da folha contém a prova propriamente dita
que consiste em 21 linhas, cada qual com 21 símbolos. Em cada linha horizontal
devem ser cancelados os símbolos idênticos aos apresentados. No alto da folha
encontra-se o retângulo com os três estímulos a serem cancelados, para que o
examinando não necessite decorar os estímulos e nem mesmo perder tempo
virando a folha para confirmar os modelos a serem marcados. Encontra-se também
no canto superior direito um espaço para que sejam anotadas as variáveis
importantes do teste, a saber: os acertos, os erros, as omissões, o total de pontos e
o percentil (CAMBRAIA, 2003).
A localização dos símbolos a serem cancelados foi integralmente sorteada ao
acaso, uma a uma. Este procedimento foi adotado para evitar que houvesse uma
ordem na localização dos estímulos a serem cancelados e mesmo, evitar a repetição
de linhas, o que ocorre em outras provas, não sendo raro encontrar examinandos
que percebam rapidamente a forma em que os acertos se encontram colocados em
cada linha, o que compromete o resultado do teste (CAMBRAIA, 2003).
Após a elaboração final do instrumento, foi realizada uma pesquisa com a
finalidade de estimar o tempo mais adequado de aplicação. O teste foi então
aplicado em duzentas pessoas de diferentes níveis de escolaridade com tempo livre,
permitido que todos chegassem ao final do teste e foram assinalados o tempo que
cada um utilizou para chegar ao final do teste. A partir dos resultados encontrados
foi obtido o tempo médio de seis minutos e cinquenta e sete segundos, fixando-se
posteriormente o tempo de aplicação de cinco minutos (CAMBRAIA, 2003).
Embora o Teste AC não tenha sido criado para ser um instrumento específico
para a avaliação de motoristas, mas sim um teste de atenção concentrada para ser
utilizado em diversas avaliações, atualmente sua utilização é bastante comum na
realização da avaliação psicológica para a obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação (CAMBRAIA, 2003).
O Teste AC pode ser aplicado de forma individual ou coletiva. No caso de
aplicação individual, o psicólogo deve estabelecer um rapport com o examinando,
antes da aplicação do teste. Para aplicação coletiva é importante ser dada uma
explicação geral para os examinandos do motivo da realização do teste, sugerindo-
28
se um máximo de trinta candidatos em uma sala, e os candidatos devem sentar-se
em carteiras que apresentem uma distância entre elas que permitam a passagem do
examinador durante o teste (CAMBRAIA, 2003).
As instruções do teste são padronizadas e devem ser lidas pelo psicólogo sem
introduzir modificações, pois essas modificações podem invalidar a aplicação do
instrumento.
Em pesquisa utilizando o Teste AC, Nakano, Sampaio e Silva (2011) apontou,
em relação à escolaridade, que sujeitos que possuem Ensino Superior apresentam
média maior em atenção do que os participantes dos demais níveis educacionais,
tanto em relação à pontuação total quanto no número de acertos. Participantes com
Ensino Médio apresentam média mais alta em erros e participantes com Ensino
Fundamental apresentam mais omissão que os demais. Com base nesses
resultados os autores sugeriram o desenvolvimento de normas específicas para a
interpretação dos resultados desse instrumento em função da escolaridade, pois as
tabelas com níveis de escolaridade seriam insuficientes para um resultado com
precisão. Assim, aqueles autores concluíram que o Teste AC sofre influência em
relação à escolaridade, visto que o aumento nos anos de escolaridade parece estar
associado a uma maior capacidade de atenção.
Lacunas em relação à avaliação psicológica no trânsito podem ser notadas de
forma que se verifica a importância do desenvolvimento de mais estudos para que a
avaliação realizada na área do trânsito possa ser aperfeiçoada, aliada a um maior
cuidado por parte dos autores no momento de seleção da amostra normativa dos
instrumentos, de modo que seja condizente com o trânsito.
Para Rozestraten (2000, apud SAMPAIO, 2012), a dificuldade para realizar
uma avaliação confiável ocorre, em partes, pelo fato de que, muitas vezes, o
psicólogo de trânsito é um mero aplicador de testes, enquanto deveria, pelo menos,
questionar a fidedignidade e a validade desses instrumentos em relação aos
candidatos a motorista. Nesse sentido, Christ (2003, apud SAMPAIO, 2012)
argumenta que os padrões de desempenho exigidos devem diferir de acordo com a
tarefa que o motorista irá realizar. Dirigir profissionalmente exige mais do que dirigir
não profissionalmente. Para tanto, dirigir exige uma relação complexa entre
capacidade, atitudes e hábitos, de modo que um procedimento de seleção deveria
também tentar avaliar os riscos de segurança que resultam dessas interações.
29
Silva e Alcheri (2207, apud SAMPAIO, 2012) afirmam que as pesquisas sobre
condutores são escassas e restritas a generalizações, de forma que uma melhora na
área só será possível a partir do desenvolvimento de melhores instrumentos de
avaliação, desenvolvimento de perfil de motoristas, amostra mais representativa dos
motoristas e ações integradas ou parcerias entre instituições de ensino e aquelas
responsáveis pelo transporte coletivo, individual e empresas de transporte.
Para tanto, estudos das técnicas e dos instrumentos utilizados na avaliação
psicológica no contexto do trânsito são fundamentais para aprimorar o desempenho
dos profissionais, e assim, proporcionar maior segurança para aqueles que dirigem
e, também, para aqueles que não dirigem mas fazem parte do trânsito.
30
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ética
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais
conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº
93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos:
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa
a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao
responder o questionário. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Foram coletados dados a respeito dos resultados do Teste AC
– Atenção Concentrada, para obter maiores informações sobre a população
pesquisada.
3.2 Tipo de Pesquisa
Esta pesquisa foido tipo qualitativa. Esse tipo de pesquisa considera que há
uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável
entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em
números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas
no processo da pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas (SILVA; MENEZES, 2005).
Os dados descritivos são obtidos mediante contato direto e interativo do
pesquisador com a situação objeto de estudo (NEVES, 1996). O ambiente natural é
a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É
descritiva. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem
(SILVA; MENEZES, 2005).
É frequente que o pesquisador procure entender os fenômenos segundo a
perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí, situe sua
interpretação dos fenômenos estudados (NEVES, 1996). Segundo Maanen (1979,
apud NEVES, 1996), a pesquisa qualitativa compreende um conjunto de diferentes
técnicas interpretativas que visam descrever e decodificar os componentes de um
sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido
31
dos fenômenos do mundo social. Trata-se de reduzir a distância entre teoria e
dados, entre contexto e ação.
O desenvolvimento de um estudo de pesquisa qualitativa supõe um corte
temporal-espacial de determinado fenômeno por parte do pesquisador. Esse corte
define o campo e a dimensão em que o trabalho será desenvolvido (NEVES, 1996).
Além disso, é uma pesquisa bibliográfica, uma vez que o levantamento
bibliográfico é fundamental para qualquer estudo.
3.3 Universo
O presente estudo abrangeu a cidade de Aracaju-SE. A coleta de dados
ocorreu na Clínica Salud Integrar, credenciada ao Detran-SE, em 64 (sessenta e
quatro) sujeitos, no período de maio à agosto de 2013.
3.4 Sujeitos da Amostra
Os sujeitos deste estudo foram 64 candidatos a primeira CNH, escolhidos de
forma aleatória, de ambos os sexos e diversas faixas etárias e escolaridade,
atendidos na Clínica Salud Integrar, em Aracaju-SE. Foram analisados o teste AC –
Atenção Concentrada, destes candidatos, considerando o nível de escolaridade e a
pontuação do resultado do desempenho no teste, conforme tabela apresentada no
manual de tal instrumento.
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foi entrevista estruturada
e os resultados do teste AC – Atenção Concentrada -, de Cambraia (2003), aplicado
nos candidatos a primeira CNH, na Clínica Salud Integrar.
O teste AC avalia a capacidade que uma pessoa possui para selecionar um
estímulo dentre muitos e focar sua atenção nele por um intervalo de tempo
específico (cinco minutos). Tal instrumento foi utilizado conforme padronização de
aplicação e correção estabelecida no manual, a fim de obter uma maior
fidedignidade.
32
3.6 Planejamento para Coleta dos Dados
A coleta de dados foi realizada em amostra aleatória (ambos os sexos e
diversas faixas etárias) entre os meses de março, abril, maio, junho e julho de 2013,
em candidatos a primeira Carteira Nacional de Trânsito, na Clínica Salud (clínica
credenciada ao DETRAN-SE), na cidade de Aracaju-SE.
O teste AC foi aplicado de forma coletiva, por psicólogo perito em trânsito, em
clínica credenciada para tal fim.
3.7 Planejamento para Análise dos Dados
Para Baptista e Cunha (2007), a ação de coletar dados para um estudo
qualitativo envolve mais do que a obtenção de informações. O pesquisador deve
começar um processo que envolve movimentos reiterados e cíclicos entre a coleta
de dados e a sua análise. A coleta de dados faz parte do processo, e requer
constantes julgamentos analíticos.
Assim durante a coleta de dados, foi feita uma tabulação, com o auxilio do
software Word, para quantificar os resultados obtidos no teste AC, considerando o
gênero, a idade e a escolaridade dos candidatos a primeira CNH. Em seguida, os
resultados foram organizados em gráficos, para destacar os dados obtidos, e assim,
buscar resposta para esse estudo.
33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Cambraia (2003) afirma que, no teste AC, a interpretação de um percentil
igual a 60, por exemplo, indica que o resultado obtido pelo sujeito é igual ou superior
a 60% da população da amostra de padronização. Concluindo-se que a capacidade
de atenção concentrada é mediana.
Na análise dos resultados desta pesquisa, observou-se que, dos 64
candidatos a primeira C.N.H., 55 atingiram o percentil mínimo necessário no teste
AC, conforme tabela do manual do teste. E 9 candidatos não atingiram o percentil
mínimo necessário. Esse resultado é demonstrado no Gráfico 1.
Gráfico 1 – Desempenho dos Candidatos no Teste AC
Fonte: Dados da Pesquisa. Aracajú/SE. 2013.
Rueda (2009) afirma que um desempenho insatisfatório em um teste que
avalia atenção, pode estar relacionado a um elevado índice de acidente veicular.
Portanto, o profissional deve estar atento a esse desempenho.
Observou-se que a maior parte dos candidatos a primeira C.N.H. atingiu o
percentil mínimo necessário no Teste AC.
Quanto ao gênero, verificou-se que dos sujeitos analisados, 27 foram do
sexo feminino e 37 do sexo masculino, conforme demonstram os resultados no
Gráfico 2.
34
Gráfico 2 – Gênero dos sujeitos da pesquisa.
Fonte: Dados da Pesquisa. Aracajú/SE. 2013.
Em relação à escolaridade, 18 dos candidatos desta pesquisa apresentaram
ensino superior completo ou incompleto, 35 apresentaram ensino médio completo ou
incompleto e 11 apresentaram ensino fundamental completo ou incompleto,
conforme demonstra o Gráfico 3.
Gráfico 3 – Escolaridade dos sujeitos
40
35
35
30
Ensino Superior
Completo/Incompleto
25
20
Ensino Médio
Completo/Incompleto
18
15
10
5
0
Fonte: Dados da Pesquisa. Aracajú/SE. 2013.
11
Ensino Fundamental
Completo/Incompleto
35
Na avaliação do Teste AC, dos 18 candidatos com ensino fundamental
completo/incompleto,
1
candidato
obteve
classificação
muito
superior,
1
classificação superior, 2 classificação médio superior, 5 classificação média e 2
classificação médio inferior.
Dos
candidatos
com
ensino
médio
completo/incompleto,
1
obteve
classificação muito superior, 1 classificação superior, 7 médio superior, 22 média, 1
médio inferior e 3 inferior.
E dos candidatos com ensino superior completo/incompleto, 4 obtiveram
classificação médio superior, 11 média, 1 médio inferior e 2 inferior.
Tais dados estão demonstrados nos Gráficos 4, 5, 6 e 7.
Gráfico 4 – Escolaridade e Classificação no Teste AC
Fonte: Dados da Pesquisa. Aracajú/SE. 2013.
36
Gráfico 5 – Classificação no Teste Ac dos Candidatos com Ensino Fundamental
Completo/incompleto
6
5
5
Muito Superior
4
Supeior
3
Médio Superior
2
2
1
2
Médio
Médio Inferior
1
1
Inferior
0
Ensino Fundamental
Fonte: Dados da Pesquisa. Aracajú/SE. 2013.
Gráfico 6 – Classificação no Teste AC dos Candidatos com Ensino Médio Completo/Incompleto
Fonte: Dados da Pesquisa. Aracajú/SE. 2013.
37
Gráfico
7
–
Classificação
no
Teste
AC
dos
Candidatos
com
Ensino
Superior
Completo/Incompleto
Fonte: Dados da Pesquisa. Aracajú/SE. 2013.
Observa-se uma maior prevalência de candidatos com ensino médio, seguido
de candidatos com ensino superior e, por fim, com ensino fundamental. Com base
nos dados dos sujeitos desse estudo, observa-se, ainda, que dos 9 candidatos, que
não atingiram o percentil mínimo necessário, 3 têm ensino superior, 4 têm ensino
médio e 1 tem ensino fundamental. Tais dados mostram que não há prejuízo no
resultados do Teste AC em decorrência do nível de escolaridade, uma vez que há
um equilíbrio no número de candidatos que não atingiram o percentil mínimo
necessário e a escolaridade.
Porém, um estudo realizado por Rueda e Gurgel (2008) revelou que
candidatos com escolaridade mais elevada, apresentaram maior aptidão no que diz
respeito à atenção concentrada.
Já Cambraia (2009) afirmou que pesquisas evidenciam que o nível de
escolaridade do examinando determina padrões de rendimento diferentes em cada
nível. Portanto, para cada nível de escolaridade deve existir uma tabela, reforçando
assim, a necessidade de normas para as diversas regiões do Brasil onde o teste é
aplicado, bem como a constante atualização dessas normas e tabelas.
38
5 CONSIDERAÇÕES FINAS
Conforme aponta a bibliografia, a atenção influencia significativamente o
desempenho do sujeito no ato de dirigir. E a avaliação psicológica no trânsito visa
identificar características e habilidades psicológicas mínimas necessárias para tal
ato.
Assim, Cambraia (2003) desenvolveu um instrumento (Teste AC) que
pretende medir a atenção concentrada. O Teste AC tem como foco avaliar a
capacidade do indivíduo de manter a atenção concentrada no trabalho realizado,
durante um tempo pré-determinado. Alguns estudos, como o de Nakano, Sampaio e
Silva (2011), apontaram que, em relação à escolaridade, sujeitos que possuem
Ensino Superior apresentam média maior em atenção do que os participantes dos
demais níveis educacionais, tanto em relação à pontuação total quanto no número
de acertos. Participantes com Ensino Médio apresentam média mais alta em erros e
participantes com Ensino Fundamental apresentam mais omissão que os demais.
Com base nesses resultados os autores sugeriram o desenvolvimento de normas
específicas para a interpretação dos resultados desse instrumento em função da
escolaridade. Assim, aqueles autores concluíram que o Teste AC sofre influência em
relação à escolaridade, visto que o aumento nos anos de escolaridade parece estar
associado a uma maior capacidade de atenção.
Para tanto, essa pesquisa objetivou analisar se há prejuízo no resultado do
Teste AC em decorrência da escolaridade, em candidatos a primeira C.N.H., na
cidade de Aracaju-SE, uma vez que esse instrumento é
bastante utilizado nas
clínicas responsáveis pela avaliação psicológica dos candidatos à C.N.H.
No presente estudo, a maioria dos sujeitos apresentou desempenho
satisfatório no resultado do Teste AC, independente da escolaridade. Portanto,
conclui-se que esse instrumento tem validade, conforme aponta seu manual.
No entanto, fica clara a necessidade constante de atualizações das normas e
das tabelas de avaliação. Além disso, no Brasil, país com uma vasta diversidade
cultural, diferenças regionais trazem como consequências diferenças abundantes,
em vários aspectos. Assim, é importante tabelas de padronização dos resultados
para cada cidade, levando em consideração a regionalização, e estudos com foco
em motoristas.
39
Dessa forma os profissionais podem trabalhar com maior segurança, e a
avaliação psicológica, no contexto do trânsito, mais fidedigna.
40
REFERÊNCIAS
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ANEXOS
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