CORDÃO DE PRATA E FLUIDO VITAL Quem é adepto aos estudos espiritualistas, e sobretudo espíritas, sabe bem que pensar apenas em corpo e espírito é algo bem simplista. Os materialistas já sentem dificuldade de entender esta dualidade, e não conseguem supor que cada um é corpo e espírito o tempo todo, e não em momentos compartimentados. Agora, para complicar um pouquinho, alguns convencionam que temos sete e até mais corpos astrais, numa subdivisão infinita entre o que é a matéria e o que é o espírito. É importante esclarecer que no mundo das coisas invisíveis, assim como no mundo material, temos de fazer nossas escolhas de crenças e afinidades. Kardec nos trouxe a explicação trazida pelos espíritos, que entre o corpo físico e o espírito há um revestimento semimaterial, que vai quintessenciando a medida do aperfeiçoamento do espírito, isto é sua libertação e evolução a partir das numerosas reencarnações pelas quais passa . Esse revestimento chama-se “Perispírito” e reveste o que se chama de duplo etérico, isto é, uma cópia dos órgãos no plano astral. No capítulo IV do “Evangelho segundo o Espiritismo”, o espírito São Luiz afirma que o próprio perispírito sofre transformações sucessivas, eterizando-se cada vez mais até a depuração completa que caracteriza os espíritos puros. O perispírito está ligado ao duplo etérico e ao corpo, através do cordão de prata. O espírito quando se desdobra em viagens astrais, leva o seu perispírito e o cordão de prata, que enquanto o ser está vivo, nunca se desconecta do corpo material. Há um outro cordão energético que liga o corpo astral ou etérico + perispírito ao corpo mental, que pertence ao espírito. E é no espírito onde existe a sede da inteligência e a personalidade única em todo o Universo. Não há dois espíritos iguais no Cosmo, assim como não há dois corpos físicos 100% idênticos, por mais que tentem. Mesmo os gêmeos mais perfeitos, os clones mais absolutos, possuirão espíritos únicos, personalidades próprias. Mas estes termos todos, perispírito (ou psicossoma, como chama Emmanuel), duplo etérico, corpo astral, corpo mental, cordão de prata, cordão de ouro, mesmo a matéria, de onde vem? Aí, temos que consultar os escritos de Allan Kardec, que nos ensina sobre PRINCÍPIO VITAL ou FLUIDO VITAL, a origem disso tudo. Vejamos: FLUIDO UNIVERSAL A) Questões 1 e 27 de «O LIVRO DOS ESPÍRITOS» “Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, é a trindade Universal.” “Deus é a inteligência suprema causa primária de todas as coisas.(q. 1 – LE)” “O Espírito (Alma) é o princípio inteligente.” “…Para que o Espírito possa exercer ação sobre a matéria tem que se juntar o fluido universal, pois, é ele que desempenha o papel intermediário entre o Espírito e a matéria grosseira.” “…É lícito até certo ponto, classificar o fluido universal com o elemento material, porém, ele se distingue, deste por propriedades especiais. Este fluido deve ser considerado como sendo um elemento semimaterial, pois, está situado entre o Espírito e a matéria.” “Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza; é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. “ B) Na “Revista Espírita”, junho de 1858, publicada por Allan Kardec,o espírito São Luiz explica: “O fluido universal é semi-material e é ele que faz a ligação entre o Espírito e a matéria. O fluido universal é o elemento do fluido elétrico, cujo efeito conhecemos. A substância etérea que existe entre os planetas e que os envolve é o fluido universal. Esse fluido possui o mesmo princípio em todos os planetas, é mais ou menos eterizado, conforme a natureza dos mundos. O fluido universal é a fonte da vida, porém, não é a fonte da inteligência, ele apenas anima a matéria.” FLUIDO VITAL Allan Kardec na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita (O LIVRO DOS ESPÍRITOS) e em nota referindo-se as questões de 68 a 70 LE. “O fluido vital é o mesmo que o fluido elétrico animalizado, designado, também, sob os nomes de fluido magnético, fluido nervoso, etc. A quantidade de fluido vital não é fator absoluto para todos os seres orgânicos; varia segundo as espécies e, não é fator constante, seja no mesmo indivíduo, seja nos indivíduos da mesma espécie. Existem alguns que são, por assim dizer, saturados, enquanto outros dispõem apenas de uma quantidade suficiente; daí, para alguns, a vida é mais ativa, mais vibrante e, de certo modo superabundante. A quantidade de fluido vital se esgota; pode a vir a ser insuficiente para manter a vida, se não renovado pela absorção e a assimilação das substâncias que o contém. O fluido vital se transmite de um indivíduo para o outro. Aquele que tem o bastante, pode dá-lo aquele que tem pouco e, em certos casos restabelecer a vida prestes a se apagar. “ O assunto é fascinante e extenso, mas para não ficar cansativo, vamos finalizando, lembrando o espírito André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier, no livro “Entre a Terra e o Céu”, onde ele descreve o perispírito denominando-o “corpo astral” , formado por matéria rarefeita, “intimamente regido por sete centros que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas que podemos definir como um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. Wagner Borges relata que “cordão de prata” é um temo simbólico, tendo sua origem na Bíblia, em Eclesiastes 12: 6-8: 12:6 Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço, 12:7 E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu. 12:8 Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade. Porém não é um cordão, mas um conjunto de filamentos energéticos que se agregam formando visualmente ( para os médiuns videntes) um único cordão, que sempre nos traz de volta ao corpo físico. È impossível romper o cordão de prata. Ele somente se “desfaz” no momento do desencarne. Há controvérsias quanto ao principal local onde o cordão de prata se fixa. Alguns citam o chacra umbilical, outros, que se acha profundamente enraizado ma glândula pineal. O mais provável é que ele se enraíza em um local chamado “paranuca”, na base do pescoço, de acordo com a sensação narrada por sensitivos em relação a esta região. DESLIGAMENTO DO CORPO FÍSICO Comentamos anteriormente sobre o cordão de prata, o cordão de ouro, as ligações entre o corpo material e o perispírito ou psicossoma, e do perispírito com o próprio espírito, também chamado corpo mental. Trataremos agora do desligamento do corpo físico, isto é, o processo da morte. E há um trecho no livro “Obreiros da Vida Eterna” do espírito André Luiz e psicografado por Francisco C. Xavier, que esclarece magistralmente: Obreiros da Vida Eterna, Capítulo XIII: “…Ordenou Jerônimo que me conservasse vigilante, de mãos coladas à fronte do enfermo, passando, logo após, ao serviço complexo e silencioso de magnetização. Em primeiro lugar, insensibilizou inteiramente o vago, para facilitar o desligamento nas vísceras. A seguir, utilizando passes longitudinais, isolou todo o sistema nervoso simpático, neutralizando, mais tarde, as fibras inibidoras no cérebro E porque eu indagasse, tímido, por onde iríamos começar, explicou-me o orientador: - Segundo você sabe, há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: o centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro. Aconselhando-me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa porção de substância leitosa extravasava do umbigo, pairando em torno. Esticaram-se os membros inferiores, com sintomas de esfriamento Jerônimo, com passes concentrados sobre o tórax, relaxou os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do coração, que passou a funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância desprendia-se do corpo, do epigástrio à garganta, mas reparei que todos os músculos trabalhavam fortemente contra a partida da alma, opondo-se à libertação das forças motrizes, em esforço desesperado, ocasionando angustiosa aflição ao paciente. O campo físico oferecia-nos resistência, insistindo pela retenção do senhor espiritual. … O Assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu potencial de energia na fossa romboidal (no cérebro), Jerônimo quebrou alguma coisa que não pude perceber com minúcias e brilhante chama violeta-dourada desligou-se da região craniana, absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada. Quis fitar a brilhante luz, mas confesso que era difícil fixá-la, com rigor. Em breves instantes, porém, notei que as forças em exame eram dotadas de movimento plasticizante. A chama mencionada transformou-se em maravilhosa cabeça, em tudo idêntica à do nosso amigo em desencarnação, constituindo-se, após ela, todo o corpo perispiritual de Dimas, membro a membro, traço a traço. E, à medida que o novo organismo ressurgia ao nosso olhar, a luz violeta-dourada, fulgurante no cérebro, empalidecia gradualmente, até desaparecer de todo, como se representasse o conjunto dos princípios superiores da personalidade, momentaneamente recolhidos a um único ponto, espraiando-se, em seguida, através de todos os escaninhos do organismo perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão dos diferentes átomos, das novas dimensões vibratórias. Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto. Para os nossos amigos encarnados, Dimas morrera, inteiramente. Para nós outros, porém, a operação era ainda incompleta. O Assistente deliberou que o cordão fluídico deveria permanecer até ao dia imediato, considerando as necessidades do “morto”, ainda imperfeitamente preparado para desenlace mais rápido.” Raríssimos espíritos encarnados tem a capacidade de auto-desligamento, ou seja, de desligar os laços que o prendem ao corpo físico. No Brasil, cita-se o caso do grande médium Eurípedes Barsanulfo. Aliás, este grande educador, médium das primeiras horas do Espiritismo brasileiro, que alem de farmacêutico, mantinha em Minas Gerais uma escola nos moldes daquela que educara Allan Kardec, cujo professor foi nada menos que Pestallozzi. Seu desencarne ocorreu com apenas trinta e oito anos, vitima da gripe espanhola, após ter exaustivamente ajudado a todos também acometidos. Diz-se que ele não precisou de ajudar para libertar seus laços perispirituais, e logo estaria participando de comunicações Estranhamente, em sincronia ao ano 1918, também desencarnaram: a médium Italiana Eusápia Palladino, primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experiências por cientistas, Alexandre Aksakof, César Lombroso, Charles Richet, Enrico Morselli dentre outros exponentes da época, como se tivessem sido chamados a um só tempo, em missão para o astral. Quando o espírito é merecedor de auxílio durante seu desencarne, aqueles espíritos que tem a tarefa de auxílio nesta área realizam as seguintes tarefas: • Preparação – O ambiente doméstico, os familiares e o próprio espírito que desencarnará em breve recebem visitas quase que diárias para auxílio magnético e preparação. Alguns recebem uma aparente melhora para consumação das sua últimas tarefas e para o último contato com os que lhe são queridos. • Proteção – Existem vampiros, obsessores e equipes das trevas especializadas em “vampirizar” os recém-desencarnados. A equipe espiritual tem como tarefa proteger o corpo físico e etérico (até o desligamento total) e o espírito contra as investidas das trevas. • Desligamento – já descrito acima. • Encaminhamento – Os espíritos recém-desencarnados são auxiliados para o encaminhamento ao local onde serão amparados, seja um Posto de Socorro, uma Colônia Espiritual ou, infelizmente, deixados por sua conta,mas isso só acontece com os que não podem ser auxiliados, devido a grandes débitos ou apego em que se encontra. Como durante a vida encarnada, atrairá com seus pensamentos aquela realidade com a qual se afiniza. No livro “Voltei” já em espírito, Bezerra de Menezes, em psicografia de Francisco C. Xavier, esclarece que na maioria dos casos, não seria possível libertar os desencarnados tão apressadamente, e que a rápida solução do problema liberatório dependeria, em grande parte, da vida mental e das idéias a que se liga o homem na experiência terrestre. Até o rompimento do cordão de prata o espírito encontra-se como um balão cativo (palavras de Bezerra de Menezes), e fica mais suscetível à influência do ambiente onde se encontra, também menos consciente e fraco. Após o rompimento, ocorre um gradual aumento da consciência e fortalecimento. Quanto à necessidade de existir guardiões na calunga pequena protegendo os recém desencarnados, é fato freqüente, descrito nos livros de Rubens Saraceni e Robson Pinheiro, entre outros. Criaturas trevosas rondam buscando meios de roubar os restos de ectoplasma que ainda persiste algumas horas após o desenlance. Este ectoplasma é o mesmo fluido vital que permeia corpo físico, ligando-o ao perispírito, e pode ter uma utillização incorreta. Felizmente os protetores na grande maioria das vezes conseguem impedir tais cometimentos. Algumas pessoas, por estarem muito apegadas à matéria, levam às vezes quase 48 horas para finalizar seu processo de desligamento, daí ser o ideal, em caso de cremação, que ela ocorra após este período. Poderemos voltar a escrever sobre isso posteriormente. No livro “Evolução em Dois Mundos”, André Luiz, espírito, em psicografia de nosso querido Chico e Waldo Vieira, fala da “Segunda Morte”, condição em que o espírito afundou tanto na lama de seus erros e vibrações inferiores, que perde a capacidade de manter seu perispirito, passando a ser um “ovóide”, ser com a mente atrofiada, sem vontade própria, que geralmente se torna prisioneiro de senhores da escuridão. No entanto, autores de textos relacionados à Fraternidade Branca, também falam da “Segunda Morte”, num sentido mais elevado, onde o espírito, por seu grau evolutivo, perde o envoltório constituído pelo perispírito, que não deixa de ser um tipo de matéria, e se torna praticamente, só Luz. Seria a morte de qualquer resíduo de materialidade, para a ascensão. http://povodearuanda.wordpress.com/tag/cordao-de-prata/