SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED - MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Virginea Aparecida de Lorena A CONTRIBUIÇÃO DAS MÍDIAS PARA A VALORIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR: ESTUDO DE CASO REALIZADO NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL MARIA NILDA SALAI STAHELIN EM JARAGUÁ DO SUL. Jaraguá do Sul 2010 Virginea Aparecida de Lorena 2 A CONTRIBUIÇÃO DAS MÍDIAS PARA A VALORIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR: ESTUDO DE CASO REALIZADO NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL MARIA NILDA SALAI STAHELIN EM JARAGUÁ DO SUL/SC. Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande, como requisito para a obtenção do Título de Especialista em Mídias na Educação. Orientadora: Msc. Letícia Vianna do Nascimento 2010 3 DEDICATÓRIA Aos alunos e educadores da Escola Maria Nilda Salai Stahelin, por acreditarem nesta proposta de trabalho e envolverem-se na construção desta prática pedagógica com credibilidade e seriedade. 4 AGRADECIMENTOS A DEUS, pela Sabedoria que nos proporciona a cada instante; A ORIENTADORA LETÍCIA, pela paciência e conhecimento dedicado durante todo este período de elaboração do trabalho; AOS TUTORES, pela fundamentação e referencial teórico nos apresentado durante todo o curso; AOS FAMILIARES, pelo apoio e compreensão nos momentos de incessante trabalho. 5 RESUMO O presente Trabalho apresenta a utilização das Mídias como aliadas para valorização da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Nilda Salai Stahelin localizada em Jaraguá do Sul – Santa Catarina, visando a utilização destes recursos como proposta inovadora para a construção significativa do conhecimento, contribuindo para a valorização da comunidade escolar através da divulgação da prática pedagógica presente no cotidiano escolar. O trabalho aborda a importância do educador como mediador no processo de construção do conhecimento envolvendo a utilização das mídias como recursos didático-pedagógicos. Contempla a importância da comunicação da escola com a comunidade escolar para promover laços de cooperação e construção efetiva da identidade escolar visando um maior esclarecimento às famílias do processo de construção da aprendizagem no qual seus filhos estão inseridos. O trabalho apresenta a prática da produção de vídeos, desenvolvida com alunos da escola utilizando alguns recursos midiáticos, considerando o ser humano em constante evolução, integrado a uma sociedade rica em diversidades. Palavras-chave: Educação, Mídia, Família, Comunidade Escolar. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------- 08 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral------------------------------------------------------------------------ 10 2.2 Objetivos Específicos-------------------------------------------------------------- 3 10 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 A família na sociedade contemporânea--------------------------------------- 11 3.2 Construindo conhecimento na Era Tecnológica----------------------------- 13 3.3 O Construtivismo de Piaget e o Construcionismo de Papert------------ 14 3.3.1 O Construcionismo, o Empowerment e as Concepções de 15 Aprendizagem----------------------------------------------------------------------------3.4 O papel das mídias na interação dos sujeitos------------------------------3.4.1 Recursos didáticos: estratégias midiáticas atraentes para o 17 17 processo de construção do conhecimento---------------------------------------3.4.1.1 O uso e a produção de vídeo como recurso didático----------- 19 4 METODOLOGIA-------------------------------------------------------------------------- 21 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO------------------------------------------------------- 24 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS----------------------------------------------------------- 7 REFERÊNCIAS--------------------------------------------------------------------------- 33 ANEXOS----------------------------------------------------------------------------------- 30 35 7 EPÍGRAFE “Educação é ação. Um princípio básico é que toda ação inteligente se realiza mediante estratégias que são definidas a partir de informações da realidade. Portanto, a prática educativa, como ação, também estará ancorada em estratégias que permitem atingir as grandes metas da educação”. (D’ Ambrósio, 1999: p.5) 8 1 INTRODUÇÃO Os desafios do mundo contemporâneo exigem uma educação respaldada na concepção progressista de aprendizado, capaz de sistematizar e organizar a diretriz pedagógica da escola de forma simultânea e coerente com o momento histórico e com as concepções determinantes do processo educacional e didático. Diante disso, a função da escola deve estar associada ao comprometimento social, assegurando conteúdos concretos e indissociáveis da realidade do aluno e construídos historicamente. Conforme Libâneo(1996, p. 17) “a educação ofertada pela escola, deve ser uma atividade mediadora no seio da prática social global, através da intervenção do professor”. Para tal objetivo e ação pedagógica, é imprescindível entender o homem numa perspectiva dialética, ou seja, como indivíduo capaz de ser criador da sua história, agindo conscientemente sobre ela e fazendo escolhas diante das várias possibilidades que lhe são apresentadas. Por isso, é fundamental partir das condições reais de sua existência, seus limites, habilidades e atitudes para então mediar o seu saber cotidiano com o saber sistematizado proposto pelo currículo escolar. Os conteúdos e métodos apresentados devem estar pautados na construção consciente, por parte do professor, de condições e alternativas pedagógicas que favoreçam a relação dialógica entre professor e aluno, visando através da problematização, interação e intervenção, a reconstrução, re-estruturação e reorganização dos saberes já existentes com os propostos pelo saber escolar. Nesta dinâmica, o educando terá condições de compreender a essência do saber e suas complicações e dimensões no contexto social em que vive. A escola deve objetivar sua prática trilhada pelas competências propostas nos objetivos básicos para a educação contemporânea no chamado Relatório Delors(1998) e que constituem os quatro pilares da educação: Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a conviver e Aprender a ser. Esta base constitui-se como ponto de partida para a elaboração da metodologia de trabalho de cada profissional que nela está inserido, com vistas à concretização e sistematização do processo dialético de construção e reconstrução do saber em seu contexto real e situacional. 9 Também, o estabelecimento de vínculos é próprio do ser humano, e por isso, escola e família são instituições sociais interligadas, de modo que, nenhuma sobrevive sem a outra. Por isso, faz-se necessário criar uma relação prazerosa de convivência entre ambas, para que o processo de aprendizagem ocorra efetivamente. Neste sentido, o papel da escola diante das mídias exerce fundamental importância para atrair os estudantes na articulação daquilo que aprendem nesta, com a realidade cotidiana familiar em que estão inseridos. Por isso, a contextualização desta aprendizagem exerce forte influência na formação de valores, sejam eles positivos como também alienadores, cabendo a escola junto à família envolver estes “meios” no processo educativo, contextualizando-os diante de suas funções na formação da sociedade. A mídia, como recurso pedagógico favorece a concretização das experiências referentes aos conteúdos propostos na grade curricular. Para tanto, cabe à escola inserir estes “meios” como integradores na formação do individuo. Rumo a uma sociedade mais fundamentada e com uma compreensão mais sólida daquilo que reconhece como aprendizagem significativa. Visto que, “a família não é algo concreto, mas algo que se constrói a partir de elementos da realidade” (Petrini, 2003), é primordial que a escola mantenha comunicações eficientes e claras com a família em relação ao que pretende desenvolver em seu contexto pedagógico, inserindo esta como parte integrante e ativa para a construção de uma sociedade mais integrada e coerente para o ser humano. Assim, quanto mais confiante for a família em relação à escola, maior será o envolvimento entre ambas. O sucesso e construção da sociedade depende da maneira como relacionamos o conhecimento aos acontecimentos diários. Daí a importância de se estabelecer uma abordagem diversificada dos assuntos presentes nos bancos escolares, com trabalhos realmente significativos para os alunos, integrando a construção de conhecimento às mais variadas mídias. "Ter acesso à informação não basta. É necessário saber lidar com ela: analisá-la, aprofundá-la, decodificá-la e, após, fazer uma síntese do que realmente interessa, do que é útil, do que transmite de novo, das relações que podem ser estabelecidas, aí, então, se estará construindo conhecimento. Ao contrário, ter-se-á um acúmulo desnecessário de materiais e recursos, sem saber o que fazer com eles". (Revista Nova Escola - Reflexões sobre a construção do conhecimento em ambientes de pesquisa, V.1 Nº2, setembro, 2003) 10 2 OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Integrar as mídias como aliadas no resgate e valorização da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Nilda Salai Stahelin localizada em Jaraguá do Sul/SC. 2.2. Objetivos Específicos Produzir documentários contendo assuntos referentes ao cotidiano escolar para serem utilizados em sala de aula, refletindo sobre as atitudes abordadas nestas produções, utilizando recursos midiáticos como: TV e DVD, CD, máquina digital, projetor multimídia, Internet e material impresso; Resgatar a auto-estima da comunidade escolar; Pesquisar na comunidade escolar de que forma reconhecem a escola neste contexto; Verificar quais as mídias mais acessíveis no ambiente familiar; 11 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 A família na sociedade contemporânea Nos últimos tempos, as mudanças ocorridas no aspecto sócio-econômicocultural, embasadas na teoria capitalista, estão interferindo no processo de estrutura familiar alterando seu tradicional padrão de organização. No entanto, a diversidade de conceitos que compõem as relações familiares tem se expandido cada vez mais na sociedade. Assim, família pode ser caracterizada como um grupo de pessoas com laços sanguíneos que convivem num mesmo lar ou casa. Como também um grupo de indivíduos que se relacionam cotidianamente gerando uma trama complexa de emoções. Tudo depende do contexto social ou cultural em que ela está inserida. Entretanto, varia segundo as épocas, permanecendo o chamado “sentimento de família” que para Amaral (2001) se forma a partir de um emaranhado de emoções e ações pessoais compondo um universo único para cada família. Mas, que interage com o meio social existente. “A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal; é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e morais, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais”. (Kaloustian & Ferrari, 1994) Contudo, a família não está composta simplesmente por elos afetivos, mas é parte principal de uma identidade social, uma base que estrutura o mundo. É matriz do processo civilizatório, condicionando a humanização e a socialização das pessoas. “A educação bem-sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. A família tem sido, é, e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas”.(Petrini, 2003) 12 De acordo com Petrini, entende-se que grande parte da formação cidadã depende da atuação e comportamento das famílias. Bem como, do seu envolvimento com a educação de modo geral. Para Rego (2003) as funções sociais, políticas e educacionais são compartilhadas tanto pela família quanto pela escola e, dessa forma, contribuem para a formação do cidadão. Ambas emergem como duas instituições fundamentais para a evolução das pessoas. Nas duas instituições o contexto de desenvolvimento humano está presente e a importância do estabelecimento de relações apropriadas entre ambas deve ser ressaltada. Visto que, a família é um dos primeiros ambientes de socialização do indivíduo, atua como mediadora principal dos padrões, modelos e influências culturais. Além de ser considerada a primeira instituição social que, em conjunto com outras, busca assegurar a continuidade e o bem estar dos seus membros e da coletividade, incluindo a proteção e o bem estar da criança. “A família é vista como um sistema social responsável pela transmissão de valores, crenças, idéias e significados que estão presentes nas sociedades”. (Kreppner, 2000). Por essa razão tem influência significativa no comportamento dos indivíduos, sobretudo nas diferentes formas construir as suas relações sociais. A família constitui a unidade dinâmica das relações afetivas, sociais e cognitivas, imersas nas condições materiais, históricas e culturais de um dado grupo social. Essas vivências integram a experiência coletiva e individual e é por meio das interações familiares que se concretizam as transformações nas sociedades que, por sua vez, influenciam os diferentes sistemas sociais, dentre eles a escola. Portanto, ela é a principal responsável por incorporar transformações sociais ocorridas ao longo do tempo. “É nesse ambiente familiar que a criança aprende a administrar e resolver os conflitos, a controlar as emoções, a expressar os diferentes sentimentos que constituem as relações interpessoais, a lidar com as diversidades e adversidades da vida”. (Wagner, Ribeiro,Arteche & Bornholdt, 1999). Coerente com essa concepção, a escola deve levar em consideração o ambiente familiar articulando atividades sistemáticas às experiências acumuladas e as formas de pensar, agir e interagir do educando no mundo, oriundas das experiências familiares. Neste sentido, o fortalecimento de vínculos entre a escola e 13 a família permite o sucesso do educando e contribui para a construção da identidade da comunidade escolar. 3.2 Construindo conhecimento na Era Tecnológica O uso de recursos multimídias está disseminado em vários setores sociais. Estes "muitos meios", ou seja, a utilização de múltiplos recursos como: textos, imagens, sons, animações e gráficos apresentados através do Rádio, TV e Vídeo, Computadores, Internet e Materiais impressos, contemplam diferentes percepções do ser humano, integram atividades e atualizam competências que anteriormente poderiam ser consideradas como independentes. Nesse sentido, Valente (1999) propõe a interconexão de várias ações: "O uso do computador permite a realização do ciclo descrição-execuçãoreflexão-depuração-descrição, no qual novos conhecimentos podem ser adquiridos na fase da depuração. Quando uma determinada idéia não produz os resultados esperados, ela deve ser urilada, depurada ou incrementada com novos conceitos ou novas estratégias. Esse incremento constitui novos conhecimentos, que são construídos pelo aluno". (Valente, 1999: p. 108) Diante disso, a educação tem o grande desafio de utilizar esses diversos recursos que potencializam interações antes não imagináveis em seu contexto pedagógico, fazendo bom uso dos mesmos para auxiliar seus educandos na construção do conhecimento, visando ao desenvolvimento dos processos cognitivos e intelectuais. O educador poderá contribuir para a construção do conhecimento didático aliado aos recursos tecnológicos propondo, testando e avaliando formas de utilização desses meios ao apresentar momentos de desenvolvimento de atividades criativas, reflexões sobre conceitos e mediar novos significados para os conhecimentos acessados na escola através dos conteúdos explanados, o que facilitará a estimulação dos novos pensamentos e habilidades sóciocognitivas no educando. 14 3.3 O Construtivismo de Piaget e o Construcionismo de Papert. Definido por Piaget (1975), o construtivismo é uma das correntes teóricas empenhadas em explicar como a inteligência humana se desenvolve partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio. A idéia é que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio, isto é, ele interpreta os estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada. Dessa forma, a construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio, resultam em assimilação (incorporação de elementos do meio externo (objeto, acontecimento... ou acomodação (modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das particularidades do objeto a ser assimilado) dessas ações e, assim, em construção de esquemas ou conhecimento. Em outras palavras, uma vez que a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta fazer uma acomodação e após, uma assimilação e o equilíbrio é, então, alcançado. O Construcionismo de Papert surgiu no final da década de 1960. Dois aspectos sustentam a aprendizagem de acordo com o construcionismo: desenvolvimento de materiais que permitem uma atividade reflexiva do aluno e a criação de ambientes de aprendizagem, favorecendo o aprender com e não o aprender sobre. Assim, a tecnologia é vista como um meio para aprender significativamente e não um mero objeto ou recurso. Para Papert existem apenas duas idéias do Construcionismo que diferem do Construtivismo de Piaget no que tange a construção do conhecimento: primeiramente o aprendiz constrói alguma coisa fazendo e colocando a mão na massa e a segunda é o fato de que estar construindo algo do seu interesse estará motivado. Papert enfatiza os objetos como participantes do processo de construção de conhecimento, tal como as engrenagens na sua infância e os computadores atuais. O processo de correção do erro constitui oportunidade única para a aprendizagem de um determinado conceito envolvido na busca de solução para o problema, portanto, a intervenção de um profissional na interação aluno-computador 15 fará com que o processo de construção do conhecimento aconteça, facilitando ao aprendiz o pensar sobre seus mecanismos de raciocínio e de pensamento, estimulando o exercício ativo do aprender a aprender. 3.3.1 O construcionismo, o Empowerment e as Concepções de Aprendizagem. Partindo do pressuposto de que o aprendiz é quem deve desenvolver atividades para a construção ou realização de um produto, com o auxílio do computador, o construcionismo defende a relação deste produto a ser construído, com o contexto social em que o aluno está inserido. Isto facilitará o envolvimento do mesmo na criação e oportunizará a prática dos conhecimentos que já possui. De acordo com estas idéias, pode-se afirmar que ao desenvolver atividades envolvendo não só o computador, mas as diferentes mídias, o educador estará facilitando a construção do conhecimento do aluno, à medida que os oportuniza a trilhar caminhos diferenciados de pesquisa. Dessa forma, a motivação para buscar aquilo que ainda não sabe e aprender a utilizar e explorar diferentes recursos contribui para o sentimento do empowerment, ou seja, o sentir-se capaz de desafiar-se diante de novas situações para continuar aprendendo e aperfeiçoando suas idéias, no intuito de progredir ao longo da vida. Diante dessa possibilidade metodológica, professor e aluno são estimulados a acreditarem em seu potencial transformador. Isto implica em novas posturas mediadoras por parte do educador, além de flexibilidade na intervenção docente. “O principal objetivo da escola compatível com a sociedade do conhecimento é criar ambientes de aprendizagem que propiciem a experiência, denominado por valente de "empowerment"(oportunidade dada às pessoas para compreenderem o que fazem e perceberem que são capazes de produzir algo que era considerado impossível). A utilização de ambientes que favoreça a ampliação dos espaços onde trafega o conhecimento e as mudanças no saber, ocasionadas pelos avanços das tecnologias da informação e suas diversas possibilidades de associações, vem exigindo novas formas de simbolização e de representação do conhecimento, gerando novos modos de conhecer, que desenvolvem muito mais a imaginação e a intuição. (Valente, 1998: p.56) No entanto, não é favorável uma concepção de aprendizagem Instrucionista, onde ensinar é mera transmissão e aprender apenas uma assimilação passiva de 16 informações. O que se pretende é despertar nas instituições educacionais uma transformação efetiva e eficaz em relação ao tipo de cidadão necessário para atuar nesta nova sociedade, instável, infinita nas relações e com visões não-lineares a respeito de tudo. Para tornar o aprendizado verdadeiramente eficaz, é necessário atrair os alunos para a construção permanente do conhecimento, o que implica no estabelecimento de novas posturas docentes. O ensinar é fundamental para criar condições favoráveis ao processo da aprendizagem e deve ocorrer de forma mediadora, respeitando a interação entre aluno-aluno, aluno-professor, professor-professor. Sem este envolvimento a educação torna-se fragmentada e sem objetivo. Diante disso, a metodologia utilizada para trilhar será o diferencial neste acontecer pedagógico, é através dela que o educador efetivará sua habilidade docente para lidar com esta construção da aprendizagem. As considerações do sujeito, enquanto cidadão inserido num contexto social permitirá ao mediador, um maior aproveitamento do seu ensinar. Neste sentido, despertar o espírito pesquisador e criativo do individuo não é apenas mais uma concepção teórica de aprendizagem, mas uma postura mediadora indispensável a todos os profissionais da educação. Porém, esta nova postura requer autonomia, interdisciplinaridade e currículo bem analisado e elaborado. Trabalhar de forma interdisciplinar requer dedicação, disponibilidade de interação, flexibilidade e determinação clara de onde se pretende chegar. Afinal, mediar é estar disposto a desempenhar um papel de pesquisador incansável de novas aprendizagens e acessar informações infinitas a respeito de um determinado assunto ou de vários assuntos ao mesmo tempo. Para isso, devemos estar atentos e abertos à troca incessante de informações, seja com os colegas de trabalho de forma interdisciplinar, seja através de novas leituras, utilização de diversos recursos na mediação constante com o educando. Outro aspecto relevante é o fato de compreender o currículo como ponto de partida para a construção de novos saberes pautados em ritmos diferenciados de busca e aprofundamento do saber. Os educandos não têm ritmos iguais de aprendizagem, independente do método a ser utilizado, por isso, quanto mais significativa e instigante for a mediação, despertará nos mesmos o interesse e 17 dedicação mais acelerados para encontrar as respostas para aquilo que é problematizado. Apesar de não ser tarefa fácil, a construção da autonomia só é possível com atividades práticas e vivências constantes no processo de ensino/aprendizagem. 3.4 O papel das mídias na interação dos sujeitos É dever do profissional da educação orientar para o desenvolvimento integral dos indivíduos e isso implica em novas visões de mundo e na contextualização de uma sociedade dentro e fora da escola. O educador deve ser o articulador na construção dos princípios e atitudes voltados para a formação de cidadãos conscientes e éticos, independente se a forma como se relacionam é virtual ou presencial. As comunicações de hoje apresentam-se de forma não-linear, onde se pode acessar muitas coisas ao mesmo tempo, o que caracteriza uma sociedade sem limitações, voltada para a amplitude de conhecimentos diversificados e não selecionados. Assim cabe ao educador, mostrar e utilizar as mídias de formas atrativas para demonstrar aos educandos o que existe de bom nestes recursos e que é possível construir conhecimentos curriculares através destes meios, além de prepará-los criticamente para este acesso. Também é preciso estar disposto a crescer junto com os educandos nesta exploração adquirindo o domínio tecnológico com estes, muitas vezes, mas mediando o que eles ainda não sabem ou ingenuamente não perceberam. Assim, a aprendizagem consistirá em uma troca de conhecimentos, embasada na mediação e construção integralmente voltada para todo o contexto social. 3.4.1 Recursos didáticos: estratégias midiáticas atraentes para o processo de construção do conhecimento. Para Valente (1998), a teoria de Papert contribui para a construção do conhecimento através do computador utilizado como um recurso didático de aprendizagem. 18 “Na noção de construcionismo de Papert existem duas idéias que contribuem para que esse tipo de construção do conhecimento seja diferente do construtivismo de Piaget. Primeiro, o aprendiz constrói alguma coisa ou seja, é o aprendizado por meio do fazer, do "colocar a mão na massa". Segundo, o fato de o aprendiz estar construindo algo do seu interesse e para o qual ele está bastante motivado. O envolvimento afetivo torna a aprendizagem mais significativa”. (Valente, 1998: p.2) Neste sentido, Papert propõe um ciclo: descrição – execução – reflexão – depuração – descrição, que é de extrema importância na aquisição de novos conhecimentos. Através dele, o educando ao ser submetido a produzir algo, o computador executará da forma como ele lançou e apresentará o resultado, diante disso, o mesmo terá que refletir sobre sua ação e depurar o que impediu ou facilitou a concretização do resultado almejado, levando-o a tentar novamente através da descrição e assim por diante até completar o ciclo novamente e chegar ao resultado desejado. Este processo contribuirá para construção efetiva do conhecimento através da prática constante do aprender fazendo. Além do computador, os demais recursos didáticos e midiáticos são os diferenciais pedagógicos na escola, através deles se pode “temperar” as aulas com o sabor significativo do aprender a aprender. Não há ser humano que despreze um bom equipamento tecnológico ou mesmo um bom livro. Por isso, quanto mais o educador ousar ao planejar as aulas estará utilizando a mesma estratégia de marketing que os grandes estabelecimentos comerciais usam para atrair seus clientes. Ao utilizar-se destas estratégias o educador deve planejar a construção atrativa dos conhecimentos essenciais para contribuir num processo de transformação emancipatória do cidadão. O processo de ensino-aprendizagem deve ser constantemente e sistematicamente planejado de forma flexível junto aos educandos, objetivando atender suas reais necessidades e definindo conceitos essenciais para a vida dos mesmos. “O conhecimento não procede apenas da experiência única dos objetos e nem de uma programação inata do sujeito, mas são resultados tanto da relação recíproca do sujeito com seu meio, quanto das articulações e desarticulações do sujeito com seu objeto. Dessas interações surgem construções cognitivas sucessivas, capazes de produzir novas estruturas em um processo contínuo e incessante”.(Piaget e Vygotsky, 1996: p.37) 19 Portanto, não há limitação para a utilização de recursos didáticos, pois a infinidade de recursos que estimulam os sentidos e a interação entre sujeito e objeto vai além da imaginação. O fazer pedagógico ultrapassa os bancos escolares, visto que, todo lugar é espaço de aprendizagem. Isso implica dizer que o educando é um sujeito contextual, pois estabelece relações sociais e está aberto aos mais diversificados estímulos externos. Os recursos didáticos têm função primordial na metodologia do professor, são eles que determinam o envolvimento com o conteúdo apresentado. Diante destes meios o professor tornará mais significativo o processo de construção do conhecimento. 3.4.1.1 O uso e a produção de vídeo como recurso didático Dentre as possibilidades de utilização das mídias em sala de aula está a utilização e a produção de vídeo. “O vídeo parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexe com o corpo, com a pele -nos toca e"tocamos" os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. Pelo vídeo sentimos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, nós mesmos”. (Moran, 2003: p.48) De acordo com José Manuel Moran o vídeo é um dos recursos mais completos para despertar e tocar os sentidos das pessoas. Visto que, explora o ver, o visualizar, o ter diante de nós as situações, as pessoas, os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo-distante, alto-baixo, direita-esquerda, grande-pequeno, equilíbrio-desequilíbrio). Além de desenvolver muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou movendo-se, imagens ao vivo, gravadas ou criadas no computador. Para esse autor o vídeo também promove um ver situado no presente, mas que o interliga não linearmente com o passado e com o futuro. Com isso, aproxima o vídeo do cotidiano das pessoas em sua maneira de comunicar-se habitualmente através dos diálogos que expressam a fala coloquial, enquanto o narrador organiza 20 as cenas, as outras falas, dentro da norma culta, orientando a significação do conjunto. Também os recursos audiovisuais são grandes intervenientes nos sentidos dos telespectadores através das músicas e efeitos sonoros que conduzem os mesmos às lembranças, expectativas e associações pessoais, que promovem reações e informações, principalmente nas novelas. Para organizar um bom vídeo também faz-se necessário a elaboração de textos, legendas, citações aparecem cada vez mais na tela, principalmente na organização de roteiros ou papeis a dramatizar. Por isso, o vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Nos atingem por todos os sentidos e de todas as maneiras. “O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras realidades (no imaginário) em outros tempos e espaços. O vídeo combina a comunicação sensorial-cinestésica, com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional”. (Moran, 2003: p.63) Foi com base neste emaranhado de sensações que se desenvolveu o trabalho com a produção de vídeos no contexto escolar em estudo. Para que os alunos pudessem vivenciar todas as etapas desta produção, bem como, percebessem a importância e a contribuição desta mídia para o processo de construção do conhecimento. 21 4 METODOLOGIA O trabalho foi desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Nilda Salai Stahëlin, localizada no Bairro Tifa Martins na cidade de Jaraguá do Sul. A Escola iniciou suas atividades no Bairro Tifa Martins no ano de 1992 e cresceu conforme seu entorno foi se desenvolvendo. A escola atende a cerca de 800 alunos que residem nos bairros Tifa Martins e Chico de Paulo. Oferece Educação Infantil sendo Pré I e Pré II e todo o Ensino Fundamental. Atualmente o quadro de funcionários está composto por 58 colaboradores. As atividades foram desenvolvidas com as turmas de 6ºs e 7ºs anos e com o Grêmio estudantil e alunos monitores do Ambiente Tecnológico da Escola, aproximadamente 50 alunos no total. Teve como parceiras as professoras de Português, Educação Física, Artes e toda a Equipe gestora da escola. Primeiramente foi aplicado um questionário aos pais de todas as turmas (Pré ao 9º ano) objetivando atualizar o perfil da comunidade escolar no Projeto Pedagógico da escola e dentre as perguntas inseridas no questionário foram elaboradas algumas questões visando obter informações específicas como: quais as mídias que possuem em suas casas, qual o posicionamento das famílias em relação à escola e grau de satisfação em relação à comunicação da escola com a comunidade escolar de modo geral. Para o desenvolvimento do trabalho, foi instituído o Grêmio Estudantil na escola, através de eleições entre os alunos. Também foi criado e efetivado o Projeto Aluno Monitor do ATE – Ambiente Tecnológico da Escola. Ambos os grupos tiveram participação direta na elaboração e produção dos vídeos. Foram envolvidas no projeto as seguintes mídias: TV e DVD, CD, computador, Internet, máquina digital e materiais impressos. Primeiramente fez-se uma sondagem com os alunos para verificar o conceito de mídias que os mesmos tinham até o momento. Em seguida foram feitas mediações da construção deste conceito pelos alunos, através de discussões. Após este conceito, foi proposto aos alunos a pesquisa e o estudo de alguns temas relacionados ao cotidiano escolar e a elaboração de vídeos referentes aos temas abordados. 22 Assim, os alunos das turmas de 6º e 7º ano foram divididos em pequenos grupos, os quais definiram os temas que desejavam pesquisar e abordar em relação ao contexto escolar. Os alunos do Grêmio Estudantil ficaram responsáveis pela montagem do vídeo utilizando o programa Windows Movie Maker. Este recurso é um software de edição de vídeo da Microsoft, que permite às pessoas adicionarem efeitos de transição, textos personalizados e áudio em seus filmes. Ou seja, é um software que aperfeiçoa os filmes produzidos em filmadoras ou máquinas digitais além de possibilitar cortes de filmagem e ajustes, no intuito de tornarem seus filmes mais qualificados e aprimorados. E os monitores do Ambiente Tecnológico pesquisaram sites e programas para a construção de vinhetas e criaram a vinheta da escola: NILDA NEWS, nome criado por eles e aceito pelos demais envolvidos. A professora de Português ficou responsável pelas pesquisas dos temas articulando ao projeto alguns gêneros textuais como a entrevista, realizada por todos os grupos. Os temas trabalhados com vistas à reflexão sobre o cotidiano escolar e a divulgação dos aspectos positivos da escola foram: recreio escolar, uso do uniforme, merenda escolar, brigas entre alunos, uso de guloseimas, entrevistas com alguns funcionários e aniversário da escola, tema este dividido em subtemas como: história da Patronesse, história da escola, razões para gostar da escola, organização de murais com fotos. Este último tema envolveu vários grupos, a parceria das professoras de Artes e Educação Física e toda a Equipe Gestora da escola. Ao estarem definidos os grupos e temas os alunos do 6º e 7º ano planejaram seus roteiros e assuntos a pesquisar utilizando-se de recursos como: livros e Internet para explorarem os gêneros textuais principalmente a entrevista, posteriormente utilizando a máquina digital foram fazer os registros, colocando em prática o que haviam planejado. Após a coleta de dados dos alunos acima, o Grêmio Estudantil junto aos Monitores do Ambiente Tecnológico da escola fizeram as montagens destes vídeos no Programa Movie Maker e criaram vinhetas para tornar suas filmagens mais atrativas, além de explorarem os recursos que estas mídias propõem. Para isso ouve a mediação constante dos professores parceiros, bem como, aprofundamento 23 através de leituras voltadas para esta mídia e os assuntos abordados nos temas, sobretudo em relação ao resgate histórico da escola e Patronesse. Assim todos foram envolvidos na utilização de Internet, máquina digital, computador e materiais impressos. Os alunos responsáveis pelos murais organizaram fotos para divulgar trabalhos pedagógicos realizados na escola e aproveitaram para contribuir na organização dos preparativos para comemorar o aniversário da escola, dia 21 de setembro (17 anos). Evento este que até então não havia sido organizado na escola. Os aprofundamentos e estudos destas mídias foram trabalhados paralelamente às aulas de português e explorados pelas respectivas professoras envolvidas no projeto e orientadoras da escola. Além do trabalho em sala, foram organizados horários extra-classe destinados à elaboração e organização das produções, bem como, para receberem dos professores parceiros as mediações necessárias. 24 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a pesquisa realizada pela escola e respondida por 440 famílias da comunidade escolar, registrou-se que 83% das famílias não assinam nenhum tipo de meio de comunicação impresso. Apenas 15% faz assinatura de Jornais ou revistas e 2% das famílias não respondeu a questão. Além disso, 55% dos respondentes afirmou possuir computador e 45% ainda não tem este recurso. Em relação a Internet, 63% não tem acesso à mesma, somente 37% tem este acesso. (Anexo I) Em relação a comunicação entre família e escola, a maioria dos pais (79%) que responderam o questionário afirma que esta é boa, porém, manifestaram interesse em conhecer melhor as propostas de trabalho da escola e as atividades pedagógicas que seus filhos realizam dentro da mesma. (Anexo II) As famílias se disponibilizaram a contribuir para a melhoria nesta comunicação e 88% demonstrou interesse em receber um Jornal Impresso com as notícias da escola. (Anexo III) Neste questionário os pais conceituaram o que consideram uma escola de qualidade e mediante este conceito responderam se a escola Maria Nilda é de qualidade para seus filhos, estes resultados estão como depoimentos no anexo IV. As produções de vídeo foram apresentadas pelos grupos construtores e utilizadas em diversas turmas como forma de estudo e reflexão dentro do ambiente escolar e a divulgação dos mesmos foi realizada em reuniões pedagógicas, assembléia de pais e aulas no Ambiente Tecnológico da escola. Estas produções foram muito significativas para o contexto escolar se tornando um hábito na escola e sua utilização já atingiu mais professores em suas atividades cotidianas dentro da sala de aula. No decorrer das apresentações e no processo de montagens dos vídeos os alunos puderam depurar, refletir e descrever suas posturas e melhorias necessárias para os próximos vídeos, por isso, já no primeiro vídeo elaborado os mesmos foram mediados pelos educadores sobre os aspectos que deveriam ser revistos como: necessidade de melhor elaboração de roteiro para entrevista e busca dos temas, visto que, diante da ansiedade ao se depararem com a filmagem esqueciam o que perguntar ao entrevistado. Para José Manuel Moran (2003, p. 38), “a sociedade está deslumbrada com o computador e a Internet na escola e, conseqüentemente, está deixando de lado a 25 televisão e o vídeo, como se já estivessem ultrapassados e não fossem mais importantes”. Isso implica em desconsiderar esse meio que, como os demais recursos didáticos, também fala da vida real e cotidiana dos educandos. Além de ser o meio mais acessível na sociedade atual. Diante da experiência obtida durante as produções, pode-se afirmar que realmente este recurso expressa ricamente a dramatização, o jogo, a paráfrase, o concreto e a imagem em movimento. O que permite ao telespectador a estimulação mais aguçada dos sentidos, mexendo com imediato e o palpável através do jogo dessas imagens apresentadas. Esta fundamentação foi comprovada quando os alunos socializaram os vídeos produzidos, onde puderam fazer uma análise de suas posturas durante as gravações e rever o que era necessário mudar. A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-los na sala de aula, discutindo-os com os alunos, orientandoos para que percebam os aspectos positivos e negativos das abordagens ali representadas. A relação Comunicação, Meios de Comunicação e Escola pode ser pensada em três níveis: organizacional, de conteúdo e comunicacional. No nível organizacional escola pode ser apresentada a mais participativa, menos centralizadora, menos autoritária, mais adaptada a cada indivíduo. Já no nível de conteúdo: é preciso promover uma escola que fale mais da vida, dos problemas que afligem os jovens. Tem que preparar para o futuro, estando sintonizada com o presente. É importante buscar nos meios de comunicação abordagens do cotidiano e incorporá-las analiticamente nas aulas. No nível comunicacional: deve-se conhecer e incorporar todas as linguagens e técnicas utilizadas pelo homem contemporâneo. Valorizar as linguagens audiovisuais, junto com as convencionais. Ao enfatizar a questão do conhecimento como essencial para uma boa educação, é mister ajudar o educando a desenvolver sua(s) inteligência(s), a conhecer melhor o mundo que o rodeia. E com isso, promover uma educação voltada para o desenvolvimento de habilidades como: "Aprender a aprender", saber comparar, sintetizar, descrever, se expressar. Para buscar informações o aluno nem precisa ir à escola, porém, para interpretá-las, relacioná-las, hierarquizá-las, contextualizá-las, o educador terá papel importante, que ajudará a questionar, a procurar novos ângulos, a relacionar dados, a tirar conclusões que só as tecnologias não serão suficientes. 26 Diante disso, o vídeo não poderia deixar de ser uma das formas multilinguísticas de aprendizagem e comunicação da sociedade contemporânea, de superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais, mais próxima da sensibilidade e prática do homem e que também introduz a necessidade de abordar novas questões no processo educacional. Para Burmark (2004) “pode-se considerar a utilização de vídeos como uma das alternativas possíveis, para tornar mais atraente as propostas escolares. Práticas tradicionais não podem mais competir ao nível do lazer atual”. Além da utilização de vídeos como fonte de pesquisa, outra alternativa, é envolver os estudantes também na produção desses vídeos, fazendo com que eles produzam imagens, imagens em movimento (animações) e vídeos, utilizando-se de máquinas digitais ou filmadoras. Se a sala de aula se tornar um local de aprendizagem onde os professores se tornam à audiência e o crítico, e os estudantes assumem os papéis de dramaturgos, atores, desenhistas, produtores de animações e vídeos, eles estarão dispostos a aprender. Conseqüentemente, deixam de ser passivos para tornarem-se efetivamente ativos no processo de construção do saber. Nesta perspectiva o diferencial deste recurso na construção do conhecimento é denominado por Papert de Construcionismo que permite ao aprendiz a construção do seu conhecimento utilizando-se do computador e das demais mídias. Nesta concepção, a construção do conhecimento só acontece quando o aluno constrói um objeto de seu interesse, ou seja, quando está motivado. Nesta prática também se tornou evidente a abordagem de José Manuel Moran (2003) quando apresenta algumas etapas relevantes na utilização e elaboração de vídeos em sala de aula: sensibilização, ilustração, conteúdo de ensino, intervenção, expressão e avaliação. Com base nas etapas propostas por Moran (2003), o trabalho envolvendo a produção de vídeo promoveu a sensibilização, despertando a curiosidade e a motivação para novos temas. Também teve caráter ilustrativo, favorecendo a composição de cenários já conhecidos pelos alunos, porém, situando-os num determinado tempo histórico. A vida se aproxima da escola através do vídeo. Apresentou conteúdo de ensino ao possibilitar o estudo e aprofundamento dos gêneros textuais e temas cotidianos da escola que permitiram abordagens interdisciplinares. E envolveu produção na organização dos documentários, registro 27 de eventos, de aulas, de estudos do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos. Além disso, contemplou a intervenção do mediador ao utilizar os Programas, permitindo ao professor acrescentar novos dados, novas interpretações, aproximando contextos à realidade. A expressão apareceu como nova forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente das crianças e dos jovens. As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem uma dimensão moderna e lúdica. Moderna, como um meio contemporâneo, novo e que integra linguagens. Lúdica, pela miniaturização da câmera, que permite brincar com a realidade, além de levá-la junto para qualquer lugar. Filmar é uma das experiências mais envolventes tanto para as crianças como para os adultos. Os alunos puderam a partir destas experiências, ser incentivados a produzir dentro de uma determinada matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também foram oportunizados a produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em lugares visíveis dentro da escola e, em horários onde muitas crianças assistiram. Houve, sobretudo a avaliação de toda a comunidade escolar, desde o processo até o resultado final. Isto favoreceu a análise do grupo e dos papéis de cada um, para acompanhar o comportamento de cada um, do ponto de vista participativo, para incentivar os mais retraídos e pedir aos que falam muito para darem mais espaço aos colegas. Além disso, foi de grande utilidade para o professor se ver, examinar sua comunicação com os alunos, suas qualidades e defeitos também. Contribuindo para a integração de todos os envolvidos para ampliar o conhecimento de todas as mídias. Portanto, a postura dos educadores foi fundamental ao propor análises baseadas em perguntas chave sobre alguns aspectos do vídeo apresentado, como: uso da linguagem, informações relevantes, posturas, período e local histórico, situação contextual em que ocorre e motivos. Através desta prática inovadora de utilização das mídias alguns aspectos já se tornaram parte da rotina escolar como: comemoração do aniversário da escola, Grêmio estudantil e Aluno monitor do Ambiente Tecnológico da escola, projetos que não existiam até então e sua criação surgiu da necessidade em manter estas informações atualizadas para serem divulgadas regularmente no contexto escolar. Constatou-se que ao receber as informações através de vídeos, a 28 comunidade tem se sentido mais atraída para conhecer os aspectos cotidianos da escola. Além do orgulho ao observarem seus filhos envolvidos no processo de produção e organização das informações. As festividades em relação ao aniversário da escola foram um marco bastante relevante para a comunidade escolar que até então, nunca havia comemorado. Visto que, muitos membros desta comunidade nem conheciam a história da escola. Os vídeos produzidos pelos alunos em relação a este evento foram “17 anos de Maria Nilda, 17 razões para gostar da escola” e “Fazendo história”. Também foi elaborado um mural contendo fotos de vários eventos e trabalhos pedagógicos ocorridos nestes 17 anos de história. (Anexo V) Ao promover estas ações pedagógicas, pode-se confirmar os estudos acima fundamentados em relação ao Construcionismo de Seymour Papert e os estudos de José Armando Valente. Visto que, o uso das mídias no processo de construção do conhecimento vai além do simples contato com este recurso, elas devem ser mediadas de forma responsável e utilizadas efetivamente pelo educando respeitando os pilares da educação referentes ao aprender fazendo para aprender a aprender. E esta concepção processual de construção do conhecimento está amplamente fundamentada na teoria de aprendizagem proposta por estes autores. No entanto, o que é necessário para a prática pedagógica tornar-se efetivamente eficaz não é a utilização destes recursos, mas a metodologia e o planejamento para esta utilização. Diante disso, a condução e mediação do processo de ensino aprendizagem é fundamental para tornar o conhecimento verdadeiramente significativo para o educando. As mídias estão se tornando grandes aliadas na divulgação e promoção das atividades pedagógicas desenvolvidas pela comunidade escolar, favorecendo uma maior comunicação com os pais, que muitas vezes não tem acesso direto na escola. Ao analisar a participação dos alunos nesta prática de inserção de novos recursos multimídias através da produção de vídeos percebeu-se um empenho muito maior para fazer as atividades de forma prazerosa e diversificada, o que contribuiu significativamente para enriquecer a reflexão sobre suas atitudes em relação ao contexto escolar. Além de favorecer o aprendizado em relação aos gêneros textuais explorados nas aulas de português. Estas atividades também estão contribuindo para a autoestima dos educandos que, ao visualizarem-se atuando 29 fazem uma retrospectiva dos aspectos a melhorar e refletem o quanto são capazes para criar e ousar diante dos desafios. Neste contexto o sentir-se capaz favoreceu o sentimento do Empowerment, termo apresentado por José Armando Valente (1998) que significa “oportunidade dada às pessoas para compreenderem o que fazem e perceberem que são capazes de produzir algo que era considerado impossível”. Ao assistirem os vídeos produzidos os alunos depararam-se com a necessidade de melhorar suas posturas e os pais puderam conhecer de forma bem ilustrativa o que acontece dentro da escola. Muitas famílias têm procurado a escola para solicitar cópias destas produções no intuito de valorizarem as habilidades diversas que foram desenvolvidas em seus filhos neste processo. Através desta prática foi evidenciada a fundamentação de Seymour Papert nos estudos de José Armando Valente(1999) em relação ao ciclo descriçãoexecução-reflexão-depuração-descrição no qual os autores fundamentam que novos conhecimentos podem ser adquiridos na fase da depuração. Esta abordagem é clara quando se promove um fazer pedagógico com base na mediação entre educador e educando, considerando-os como sujeitos ativos no processo de construção do conhecimento, em que cada um, diante das muitas possibilidades interage com o erro e retoma cada conquista ou dificuldade percebendo a importância de cada etapa para se chegar ao resultado desejado. O sucesso deste trabalho de produção de vídeo, nos permitiu ir além do previsto em relação a utilização das mídias, pois a partir deste projeto, os alunos já criaram a homepage da escola e estão em fase de acabamento do jornal impresso, este último foi apresentado no questionário respondido pelos pais como um recurso de grande interesse para os mesmos. Apesar do pouco acesso das famílias à Internet, não deixaremos de investir na construção da homepage, visto que, precisamos considerar que o acesso poderá ser lento, mas gradativo e evolutivo. No entanto, a utilização e inserção gradativa destas mídias, vem contribuindo significativamente para o diálogo entre a comunidade escolar e é um exercício que deve permanecer constantemente na escola visando o aperfeiçoamento desta rica estratégia de valorização escolar. 30 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste Trabalho foi apresentar uma nova proposta pedagógica com base na produção de vídeos utilizando-se das diversas mídias existentes no contexto escolar, com vistas a contribuir para a valorização da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Nilda Salai Stahelin, localizada no bairro Tifa Martins na cidade de Jaraguá do Sul – Santa Catarina, mostrando que educar não se resume ao repasse de informações dentro da sala de aula, mas à importância de estimular os educandos a construir conhecimentos participando ativamente deste processo de informação mediado pelo educador e que vai além dos muros escolares. Diante dos desafios vivenciados no decorrer deste trabalho, constatou-se a necessidade de preparar os educadores para estas mudanças e sobretudo, envolvêlos nesta amplitude de recursos midiáticos disponíveis no mundo contemporâneo. Além disso, faz-se necessário que as escolas ofereçam recursos com condições reais de utilização para todas as propostas e programas a serem trabalhados. Outro aspecto relevante é o tempo de maturação necessária para que se efetivem as propostas de trabalho com valorização e utilização das Mídias enquanto recursos pedagógicos. Nada acontece instantaneamente, mas precisa de constante motivação de um articulador dentro da escola, visando à fundamentação e constatação de que estes recursos são efetivamente favoráveis. Através das produções de vídeo pode-se perceber e vivenciar o quanto estes recursos contribuem efetivamente para a valorização da comunidade escolar ao promover a divulgação das atividades pedagógicas desenvolvidas na escola, bem como, ao valorizar as conquistas dos educandos a cada desafio proposto. Para iniciar a utilização das mídias com vistas a valorização da comunidade escolar foi necessário fazer um resgate da história da escola e da patronesse e, conseqüentemente, a instituição do aniversário da escola consistiu em uma experiência muito favorável à construção da identidade da escola. Através deste evento pode-se envolver todas as mídias previstas no trabalho e foi uma conquista para toda a comunidade escolar que se dedicou efetivamente nesta organização. Foi a atividade mais rica de todo o trabalho realizado até o momento, pois a produção de vídeo motivou os educandos para a utilização de outras mídias que estão sendo trabalhadas no contexto escolar. Tais como: 31 produção do jornal impresso e construção da homepage. Além disso, a disseminação desta idéia e das atividades promovidas pela escola foram apresentadas de forma a promover o interesse da comunidade por conhecer melhor tudo o que se constrói na escola. A partir destas constatações acredita-se que o jornal escolar impresso também se tornará um meio que contribuirá para o melhor acesso desta comunidade às notícias e atividades produzidas dentro da escola. O mesmo deverá tornar-se uma mídia favorecedora na ampliação da comunicação entre escola e família, promovendo através desta o enriquecimento e troca constante de informações entre toda a comunidade escolar. Isto porque, é o meio mais acessível aos pais com base nos dados apresentados nos gráficos (em anexo) referentes ao questionário aplicado. Estas novas conquistas oportunizaram novas expectativas em relação a utilização das mídias na escola e favoreceram o reconhecimento de que o projeto contribuiu para a valorização da comunidade escolar e incentivou novas propostas de trabalho. Outro fator relevante que surgiu dentro do projeto foi a instituição do Grêmio estudantil e do Aluno monitor do ambiente tecnológico que além de oportunizar aos educandos a participação ativa na escola, contribuiu para que todo o projeto se concretizasse, pois estes grupos foram parceiros diretos nesta construção. Para tanto, ao tratar do sujeito contextualizado nesta sociedade contemporânea no que tange a sua preparação para os novos desafios, não podemos esquecer que todos os envolvidos no processo de aprendizagem sejam alunos ou professores, devem ser atendidos e motivados à mudança. Assim preparados, ao trabalhar com os diversos recursos midiáticos, o educando e educador serão apresentados como construtores do saber, onde através da mediação das novas descobertas, o educador instigará o educando à busca incessante do aprimoramento e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos, pois, ao utilizar as mídias a construção e a apropriação do conhecimento são entrelaçadas, envolvendo aprendizagens que muitas vezes, fogem das caixinhas curriculares nas quais estamos acostumados a conviver e ensinar. 32 “A aprendizagem é um processo social, que se realiza desde o nascimento, e que ocorre na interação com outras pessoas. A partir da interação social, o sujeito desenvolve a sua relação com o mundo, mediada pela linguagem, que lhe permitirá ter acesso aos bens culturais da sociedade em que está inserido”. (Vygotsky, 1988) Com base na experiência adquirida nesta estratégia de utilização das mídias como favorecedoras na valorização da comunidade escolar, os envolvidos passaram a perceber o quanto estes recursos são imprescindíveis para que o processo de construção do saber se concretize envolvendo a comunidade escolar, possibilitando a compreensão de que família e escola são co-responsáveis pela qualidade do ambiente em que vivem, percebendo-se membros inseparáveis de todos os atos e posturas que contribuem para o perfil de uma comunidade ativa em todas as atividades dentro e fora da escola. Nesta perspectiva inovadora de trabalho, compete à equipe pedagógica escolar como um todo a contínua promoção destas atividades para que se tornem cada vez mais, práticas efetivas e constantes, objetivando o fortalecimento dos valores da escola e do bairro através da construção da identidade escolar. 33 7 REFERÊNCIAS BABIN, Pierre e KOPULOUMDJIAN, Marie-France. 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COMO VOCÊ CONSIDERA A COMUNICAÇÃO DA ESCOLA COM AS FAMÍLIAS? 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% BOA SATISFATÓRIA NÃO OPINARAM 40 ANEXO III 5. VOCÊ GOSTARIA DE RECEBER UM JORNAL ESCOLAR IMPRESSO CONTENDO NOTÍCIAS DA ESCOLA? 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% SIM NÃO OPINARAM 41 ANEXO IV – ALGUNS DEPOIMENTOS Questão 19 – O que é uma escola de qualidade para você? Para 85% das famílias: “Uma escola de qualidade é aquela que instrui para a vida, tem profissionais qualificados e comprometidos. Além disso, participa ativamente no processo de construção do conhecimento, é exigente e tem regras bem definidas em relação ao uso do uniforme, horário e respeito aos colegas”. Para 68% das famílias: “Uma escola de qualidade é bem administrada, séria e organizada e prioriza a segurança dos alunos”. Também foi conceituada por 59% como: “Uma escola de qualidade oferece materiais didáticos atualizados, profissionais capacitados e atualizados e é comunicativa com os pais”. Outra definição foi apresentada por 45% das famílias: “Uma escola de qualidade promove a autonomia e o respeito entre todos e complementa o que a família ensina em casa”. Apenas 15% não responderam esta questão totalizando 64 famílias. 42 Questão 20 – Você considera a escola Maria Nilda Salai uma escola de qualidade? 120,00% 100,00% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 0,00% SIM NÃO 43 ANEXO V - FOTOS DE ALGUMAS ATIVIDADES REALIZADAS Alunos pesquisando e organizando os roteiros para entrevistas 44 Pais assistindo os vídeos na Assembléia de pais em fevereiro de 2010. Alunos fazendo montagens dos vídeos e criando vinhetas 45 Estudando a Patronesse Mural de fotos – Aniversário da escola 46 Apresentação da história da escola Alunos apresentando as 17 razões para gostar da escola