MONITORIA EM PSICOLOGIA SOCIAL Solange Struwka (Programa de Monitoria- UNICENTRO); Alvaro Marcel Palomo Alves (orientador) e-mail: [email protected]; [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências da Saúde Palavras-chave: Psicologia Social, estágio básico, identidade, monitoria. Resumo: Este trabalho tem por intuito descrever as ações realizadas no programa de monitoria remunerada na disciplina de psicologia social, do curso de Psicologia do campus de Irati. A disciplina busca desenvolver um olhar crítico perante a realidade brasileira, bem como pensar instrumentos e conhecimentos voltados para a emancipação social e a saúde mental dos atores sociais. Introdução A disciplina de Psicologia Social possui carga horária de 102 horas, divididas em três horas aulas semanais. A ementa da disciplina abarca a retrospectiva histórica da produção de conhecimentos na Psicologia Social, revista a partir das abordagens psicológicas e sociológicas. Conceitos como percepção, atitudes, linguagem, comportamento, interações, processos de socialização, diversidade, exclusão, entre outros são discutidos na disciplina. São apresentadas as diferentes teorias da psicologia social e são realizados planejamentos e intervenção social. O objetivo da disciplina é discutir a relação do indivíduo com a sociedade em que está inserido. Preocupa-se em compreender como o homem se insere neste processo histórico, de forma a transformá-lo com sua ação. Para a Psicologia Social o comportamento é influenciado desde cedo pela aquisição da linguagem e é através da linguagem significada que o homem elabora a sua visão de mundo (Lane, 1985). Por meio das discussões em sala de aula, leituras complementares, assistência do programa de monitoria, atividades de estágio básico a disciplina busca desenvolver nos estudantes de psicologia um olhar mais completo do sujeito, que considere as condições sociais na sua constituição. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Para que assim, os futuros profissionais tenham uma postura ética, política e comprometida com a realidade onde irão intervir. Materiais e Métodos As atividades do programa de monitoria totalizam 48 horas mensais que se distribuem em diversas atividades. Dentre elas está à participação nas aulas ministradas pelo professor da disciplina, a realização de grupos de estudo, conforme a disponibilidade dos acadêmicos, onde são revistos os temas discutidos nas aulas de Psicologia Social. É realizado análise de filmes onde é feito o confrontamento do conteúdo midiatico com as teorias abordadas na disciplina. Outras atividades referentes à monitoria nesta disciplina são o acompanhamento dos alunos nos diferentes locais de estágio como Cras, PSF, UATI, Programa de Extensão Sem Fronteiras, entre outros, e o auxilio aos alunos na elaboração do relatório final do estágio básico. Resultados e Discussão A psicologia social floresceu nos EUA, no período de 1920 a 1940, devido às lutas internas ali existentes. Com a Segunda Guerra Mundial, muitos Gestaltistas fugiram da Alemanha pra os EUA, onde se depararam com o Behaviorismo, a teoria predominante. Desse embate, nasceu a Psicologia Social Cognitiva, pois a Gestalt teve dificuldades em estabelecer seus laboratórios, sendo então, incorporada pela Neurociência e pela Psicologia Cognitiva. A Gestalt deixou de estudar a percepção e sensação, para estudar a percepção social através de comportamentos grupais (FARR, 1998). Inicialmente, a Psicologia e a Sociologia partilhavam das mesmas noções teóricas, um exemplo disso, foi a autoria do livro “O Soldado Americano”, escrito tanto por sociólogos quanto por psicólogos. Entretanto, houve um momento em que estas disciplinas entraram em conflitos com seus objetos de estudo. Desse modo, surgem duas psicologias: a psicologia social psicológica, tendo como disciplina-mãe a psicologia, e a psicologia social sociológica, tendo como mãe a sociologia (FARR, 1998). A psicologia social psicológica tem sua base nos EUA, tendo Comte e Descartes como ancestrais positivistas, e Lewin, gestaltistas e behavioristas como fundadores. Os psicólogos focalizam como o indivíduo se comporta na sociedade, utilizam o método experimental para estudar a percepção social, opinião pública, atitudes e mudanças de atitudes. Já a psicologia social sociológica parte da sociologia, emerge na Europa e tem como ancestrais Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Durkheim, Hegel e como fundadores Moscovici, Leontiev e Vygotsky. Seu método é de pesquisa participante dialética, história de vida e estudos comparativos. Tem como objetivos de estudo a identidade, representações sociais e a subjetividade social. (FARR, 1998). Quanto a psicologia social sociológica alguns de seus desdobramentos são as representações sociais e a psicologia sóciohistórica. Na teoria das representações sociais (RS) criada por Moscovici, a partir da teoria de representações coletivas de Durkheim, podem-se compreender os saberes populares e do senso comum. Estes são construídos e partilhados coletivamente, a fim de interpretar a realidade (OLIVEIRA & WERBA, 2000). As RS são produzidas em dois ambientes: Universo Reificado, onde circulam as ciências, e se criam hipóteses e conhecimentos válidos cientificamente, e o Universo Consensual, que diz respeito às informações e conhecimentos produzidos pelo senso comum. Vale ressaltar que existe uma comunicação entre os conhecimentos científicos e os do senso comum. As RS são construídas ao transformar o não-familiar em familiar. Este processo ocorre internamente por meio da assimilação que é realizada pelo processo de ancoragem e objetivação, pois geralmente rejeita-se o estranho e diferente sendo necessário torná-lo familiar (OLIVEIRA & WERBA, 2000). As abordagens de psicologia se constituíram como esforços para que a ciência psicológica pudesse dar conta de compreender o homem e seu contato com o mundo real. As distinções entre as várias perspectivas teóricas (Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise) que aos poucos vão sendo construídas não contemplam o fenômeno psicológico como um todo. Para superação dessas visões surge a Psicologia Sócio-Histórica baseada na Psicologia Histórico-Cultural de Vygotsky, que propõe uma psicologia dialética. A partir de uma releitura do materialismo histórico dialético desenvolvido por Marx, em que Hegel desenvolveu o método dialético, e Feuerbach construiu uma nova abordagem teórica. Nesta, o fenômeno passa a ser visto a partir da sua historicidade, das relações sociais e das bases materiais. Para a Psicologia Sócio-Histórica o fenômeno psicológico se desenvolve ao longo do tempo, não pertence à natureza humana, não é preexistente ao homem e reflete a condição social, econômica e cultural em que vivem os indivíduos. A compreensão do mundo interno se dá pela compreensão do mundo externo, uma vez que o homem atua e constrói o mundo e este propicia os elementos para sua própria constituição psicológica. Deve-se ressaltar que não há uma oposição entre o interno e o externo, pois ambos se constituem e se integram na totalidade. Esta teoria Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 tem a contradição como característica fundamental de tudo o que existe, que juntamente com a superação são as bases do movimento de transformação constante da realidade (BOCK, 2002). Conclusões Os momentos dedicados ao programa de monitoria na disciplina de Psicologia Social são de intensa reflexão e constituem-se em uma atividade fundamental para o desenvolvimento pessoal e acadêmico, principalmente no que se refere a maneira de conceber o homem e sua relação com a sociedade. Pois, não se pode mais pensar a realidade econômica, social e cultural como algo exterior ao indivíduo. O psicológico e o social são dinâmicos e caminham lado a lado, não podendo ser dissociados. (BOCK, 2002). Desenvolver um olhar amplo para o homem e o contexto em que ele está inserido, compreender o processo histórico e suas multideterminações e buscar entender como ele pode ser modificado, são os primeiros passos para transformar a sociedade em que vivemos. .Referências BOCK, A. M. B. A psicologia socio-historica: uma perspectiva critica em psicologia. In: BOCK, A. (org.). Psicologia sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2002. FARR, R. As raízes da Psicologia Social Moderna. Petrópolis: Vozes, 1998. LANE, S. T. M. O que é psicologia social. 7 ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. OLIVEIRA, F. O. & WERBA, G. C. Representações sociais. In: GUARESCHI, P. (org) Psicologia social contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2000. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009