DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO COMPUTACIONAL “CASO GBM” DE UM FANTOMA FÍSICO PARA DOSIMETRIA Larissa Thompson1, Renato H.Kawamoto2, Bruno Trindade3, Tarcísio P. R. Campos4 1, 2 e 3 Depto. de Engenharia Nuclear, Universidade Federal deMinas Gerais, Belo Horizonte (MG), Brasil E-mail: [email protected] Resumo. O glioblastoma multiforme (GBM) é um tumor cerebral maligno de alta letalidade devido ao seu crescimento agressivo e infiltrativo. Existe a necessidade de verificar e tornar eficiente os cálculos e o planejamento radioterápico para casos de teleterapia de GBM para validar e qualificar doses absorvidas no tumor e no cérebro sadio. Para que a dosimetria seja validada, simuladores físicos e computacionais podem ser empregados, fazendo com que a intercomparação experimental e teórica propicie valores mais assertivos e qualificados para determinada situação clinica sem expor desnecessariamente o cérebro sadio à radiação. A metodologia empregada consiste no desenvolvimento de um fantoma físico de cabeça e pescoço e de seu respectivo simulador computacional. O sistema computacional SISCODES, desenvolvido pelo grupo Núcleo das Radiações Ionizantes (NRI), é utilizado como ferramenta no modelamento computacional. O modelo é gerado através da conversão de imagens tomográficas obtidas do simulador físico em um modelo de voxel tridimensional. O simulador físico contém um tumor-equivalente GBM sintético inserido em um fantoma físico de cabeça e pescoço. Os resultados mostram a equivalência do modelo computacional com o simulador físico através de comparações por imagens tomográficas. A representação realística do caso torna-se vantajosa em futuras experimentações em radioterapia. Após o desenvolvimento do modelo de voxels, simulações de transporte de partículas serão feitas, seguindo protocolos radioterápicos, nesse caso, no cérebro e no GBM. Palavras-chave: Fantoma, GBM, SISCODES 1. INTRODUÇÃO O glioblastoma multiforme (GBM) é a forma mais comum de tumores cerebrais primários, representando 15-20% de todos os tumores intracranianos e 50% dos gliomas cerebrais. Ele é um dos tumores mais biologicamente agressivos com a média de sobrevida pós-diagnóstico menor que um ano. Apesar do prognóstico relativamente pobre para esse tumor, o tempo de sobrevida varia consideravelmente de paciente a paciente, o que torna desafiador a forma como selecionamos o tratamento mais apropriado, baseando-se na heterogeneidade e natureza infiltrativa do tumor levando-se em conta que ambos os critérios identificam as margens tumorais e define o quanto problemático possa ser o tumor [Nelson &Cha, 2005]. Dor de cabeça, fraqueza e alterações mentais são alguns dos sintomas mais comuns do glioblastoma multiforme. As características das imagens da lesão são mais bem identificadas através da tomografia computadorizada (TC) ou da ressonância magnética (RM), apresentando áreas hipodensas e muitas vezes associada a edemas [Silkeret al., 2008]. A imagem é um componente integral na avaliação clínica dos pacientes e é usado para o diagnóstico, planejamento do tratamento e, resposta à terapia. Orientação por imagem é normalmente usado para ressecção cirúrgica e seleção de amostras de tecidos para diagnóstico histológico. A completa ressecção do tumor é rara devido à sua natureza infiltrativa e a possibilidade de danificar o cérebro sadio. A radiação é necessária para o tratamento da doença residual e isso depende da imagem para o planejamento do tratamento e identificação recorrente do tumor [Nelson &Cha, 2005]. Uma das áreas mais dinâmicas da investigação em radioproteção, imagens radiológicas e radioterapia são a modelagem da anatomia humana em modelos de voxels aplicados ao código Monte Carlo para fins de transporte da radiação e estimativas de dose absorvida. Trabalhar em dosimetria implica em determinar a quantidade de dose e a distribuição espacial da energia depositada em várias partes do corpo humano por fontes internas ou externas de radiação. A radioterapia objetiva entregar uma dose letal para o alvo, poupando os tecidos adjacentes saudáveis a partir dos efeitos adversos da radiação. A dosimetria exata da radiação é crucial, mas torna-se um grande desafio devido a três razões: (1) há diversos cenários resultantes de exposições em uma única relação espacial e temporal entre a fonte e o corpo humano; (2) uma exposição pode envolver vários tipos de radiação que são regidos por radiações com princípios físicos bastante diferentes, incluindo fótons (e raios gama), elétrons, pósitrons, partículas alfa, nêutrons e prótons; (3) o corpo humano consiste de tecidos não homogêneos tridimensionais (3D) de várias densidades e formas geométricas, que variam com a idade e gênero, e alteram com o movimento e ritmo respiratório e cardíaco, tornando a obtenção de parâmetros de interação da radiação com a matéria extremamente complexa. Também não é prudente fazer a medição direta de doses de radiação utilizando detectores físicos no interior do corpo humano. Por conseguinte, doses estimadas para órgãos de interesse selecionados dependem de "modelos antropomórficos" físicos ou computacionais, que mimetizam as características anatômicas interiores e exteriores do corpo humano. Historicamente, chamamos de “fantoma” o modelo físico e matemático do corpo humano [Xu, 2010]. Um fantoma físico é feito de materiais sólidos equivalentes aos ossos e tecidos moles de que podem ser moldados com a forma da anatomia humana e depois desenvolvidos de maneira que dosímetros de radiação possam ser acomodados [Xu, 2010]. O grupo de pesquisa NRI (Núcleo das Radiações Ionizantes/DEN/UFMG) vem desde 2002 atuando na construção e aperfeiçoamento de fantomas físicos [Matos, Dias & Campos, 2011; Nogueira & Campos, 2010; Rabelo, Thompson & Campos, 2010; Salles & Campos, 2010; Thompson & Campos, 2009; Schettini, Maia & Campos, 2007], onde quesitos como: características anatômicas (antropometria e antropomorfia), densidade mássica, composição química, resposta aos coeficientes de Kerma de fótons e nêutrons, e resposta radiológica foram testados, validados e levados em consideração no produto final. Paralelamente ao desenvolvimento de fantomas físicos, com o advento da primeira geração de computadores e dos métodos de simulação Monte Carlo para a pesquisa de armas nucleares na década de 1940, tornou-se gradualmente possível calcular doses de órgãos em um fantoma computacional. Cada fantoma computacional define não só as características exteriores do corpo humano inteiro, mas também inclui detalhes sobre os órgãos internos tais como o seu volume, massa, e forma. Juntamente com as informações sobre as densidades de tecidos e composições químicas, um fantoma computacional permite que os códigos de Monte Carlo simulem interações e deposições de energia no corpo para vários tipos de radiação [Xu, 2010]. O sistema computacional SISCODES, desenvolvido pelo grupo NRI (Núcleo das Radiações Ionizantes/DEN/UFMG) funciona como ferramenta no modelamento computacional e simulação do planejamento radioterápico e radiológico, o qual opera através da conversão de imagens tomográficas em um modelo de voxels tridimensional [Trindade & Campos, 2011]. Desde que foi desenvolvido em 2004, o código tem sido utilizado em vários estudos do grupo NRI tornando-se uma ferramenta útil para muitos pesquisadores devido à variedade de informações que proporciona. Pode-se trabalhar tanto com modelamento animal [Costa & Campos, 2007] como em modelamento humano [Donanzam & Campos, 2012; Fonseca, Trindade& Campos, 2011; Thompson, Trindade & Campos, 2007] baseado em imagens tomográficas de animais e humanos para estudos em dosimetria. Em estudo anterior, alguns desses fantomas físicos foram utilizados em dosimetria experimental em hospitais de referência em radioterapia em Minas Gerais, e atualmente, estão sendo utilizados como ferramenta no desenvolvimento de fantomas computacionais para aplicação em dosimetria computacional, através da simulação do mesmo caso simulado experimentalmente. O presente trabalho consiste na construção de um modelo computacional da região do cérebro humano com um caso de GBM utilizando o software SISCODES baseado em imagens tomográficas de um fantoma físico de cabeça e pescoço desenvolvido pelo grupo NRI. Foram digitalizadas seções de tomografia computadorizada obtidas desse GBM simulador inserido no fantoma físico. Essas imagens foram convertidas em um modelo tridimensional de voxels, cujos tecidos, composição química e densidade foram identificados previamente. A simulação do transporte de partículas nucleares será realizada pelo código estocástico MCNP5 em estudos futuros. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Construção do fantoma físico Um fantoma físico de cabeça e pescoço foi construído com inclusão de um simulador do tumor GBM na região cerebral [Thompson e Campos, 2009]. Parâmetros como densidade mássica e percentual elementar em peso dos tecidos equivalentes foram medidos experimentalmente e avaliados por estequiometria a partir dos compostos químicos constituintes do fantoma. 2.2 Parâmetros físicos do fantoma físico Desde que o SISCODES foi desenvolvido, a única preocupação no desenvolvimento dos modelos computacional animais e humano era garantir a fiel reprodução anatômica no simulador virtual computacional. Para tal, informações sobre os tecidos humanos como, composição química e densidade foram armazenadas e disponíveis no banco de dados do próprio SISCODES. No caso, dados do fantoma físico devem ser inseridos no Banco de Dados do SISCODES, parâmetros como densidade mássica, percentual elementar em peso dos tecidos equivalentes, e respectivas bibliotecas de dados nucleares. 2.3 Geração de imagens tomográficas do fantoma físico A área de interesse foi obtida a partir de imagens de tomografia computadorizada. O modelo utilizado no procedimento foi o fantoma físico de cabeça e pescoço, com o GBM simulador inserido no interior do cérebro sintético. 2.4 Construção do modelo computacional de cabeça e pescoço Um modelo computacional da região do cérebro humano com um caso de GBM foi construído utilizando o software SISCODES. As tomografias computadorizadas são digitalizadas por processos convencionais e as imagens digitais resultantes são então tratadas no software SISCODES. Este software tem como finalidade tornar possível o reconhecimento das regiões de interesse pelo código MCNP5. O procedimento consiste em transformar as tomografias computadorizadas num mapa de voxels, onde as regiões de interesse correspondentes a órgãos e tecidos específicos são delimitadas e recebem cores específicas. Estas cores utilizadas fazem referência a um banco de dados com a composição química e densidade de diversos tecidos do corpo humano. Os cortes tomográficos são tratados um a um e então montados como um modelo de voxels tridimensional. O volume estudado foi montado a partir de 91 cortes tomográficos que compreende da região da cabeça até o pescoço. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Imagens do fantoma físico O fantoma físico representa um modelo de cabeça e pescoço. Figura 1mostra o fantoma físico utilizado e sua resposta radiológica. O fantoma foi desarticulado na região do crânio para que o GBM simulador feito com tecido equivalente fosse inserido. Foram também inseridos dosímetros de radiação ionizantes, do tipo filme radiocrômico Gafchromic EBT2, cortados, selados e dispostos em forma de cruz. Figura 2 mostra o tumor simulador e sua resposta radiológica com os dosímetros alojados em seu interior. Figura 1. (A) Fantoma físico de cabeça e pescoço e (B) sua resposta radiológica (TC). Figura 2. (A) GBM simulador e (B) resposta radiológica do tumor simulador e dosímetros inseridos no cérebro do fantoma. Os valores de densidade mássica dos tecidos envolvidos no fantoma estão representados na Tabela 1. Tabela 1 – Densidade mássica dos tecidos equivalentes constituintes do fantoma físico. Tecidos equivalentes Densidade (g.cm-3) Osso cortical Cartilagem Cérebro (adulto) Cerebro (criança) Musculo (solido) Musculo (elastômero) Pele 1.90 ±0.01 1.10 ±0.01 1.08 ±0.01 1.00 ±0.01 1.05 ±0.01 1.00 ±0.01 1.09 ±0.02 3.2 Fantoma computacional O modelo de voxel “CASO GBM” do fantoma físico de cabeça e pescoço foi desenvolvido. Foi definida a região de interesse para as avaliações de dose no simulador GBM, dentro do cérebro do fantoma físico. A Figura 3 mostra uma sequência de alguns cortes do modelo computacional de cabeça e pescoço, região do cérebro, onde cada voxel está associado a um tecido específico com densidade e composição elementar específica. Figura 3. Sequência de cortes do modelo computacional de cabeça e pescoço, região do cérebro, onde o tumor GBM foi simulado. A Figura 4 mostra as comparações entre as tomografias computadorizadas do corpo humano, do fantoma físico de cabeça e pescoço e suas correspondentes seções tratadas no SISCODES, região do crânio. Figura 4. Tomografias computadorizadas do corpo humano, do fantoma físico de cabeça e pescoço e suas correspondentes seções do modelo de voxels tratadas no SISCODES. 4. CONCLUSÃO Após construção dos modelos físico e computacional, pode-se observar a equivalência anatômica dos mesmos. Ambas as ferramentas de dosimetria experimental e teórica serão utilizadas para validação de doses em radioterapia de tumores cerebrais onde a dose absorvida e taxa de dose podem ser analisadas e comparadas por métodos experimentais e computacionais. Procedimentos de irradiação seguindo protocolos de irradiação de GBM estão em progresso, elaborados no Hospital Luxemburgo de Belo Horizonte. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e FAPEMIG pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS 1.Costa, I.T. e Campos, T.P.R. (2007), “Resposta radiodosimétrica de implantes de sementes de biovidros radioativos no cérebro de coelhos”, Revista Matéria, 12, 480-486. 2. Donanzam, B.A., Campos, T.P.R. (2012), “Biocerâmicas com Ho-166 e Sm-153: síntese, caracterização e avaliação dosimétrica em radiovertebroplastia”, Dissertação de Mestrado, DEN/UFMG, Belo Horizonte. 3. Fonseca, K.R., Trindade, B.M. e Campos, T.P.R. (2011), “Development of a Voxel Model of the Heart for Dosimetry”, Artificial Organs, 35, 459-464. 4. Matos, A.S.D., Dias, H.G. e Campos, T.P.R..(2011), “Experimental dosimetric evaluation in pelvis phantom subject to prostate radiation therapy protocol at 15MV LINAC”, 5thInternational Nuclear Atlantic Conference - INAC 2011, Belo Horizonte, vol 1, p. 1-15. 5. Nelson, S.J., Cha, S.(2005), “Imaging Glioblastoma Multiforme”, in Glioblastoma Multiforme, J. Market, V.T. DeVita Jr., S.A. Rosenberg, S. Hellman, Jones and Bartlett Publishers, Sudbury. 6. Nogueira, L.B., e Campos, T.P.R., “Radiological Response of a CompressesBreastPhantom for Radiodosimetry”, 6º Congresso Latino Americano de Órgãos Artificiais - COLAOB 2010, Gramado, vol1, p. 1-6. 7. Rabelo, L.A., Thompson, L. e Campos, T.P.R., “Simulador de Seção Abdominal para Dosimetria em Protocolos Tomográficos”, 6º Congresso Latino Americano de Órgãos Artificiais - COLAOB 2010, Gramado, vol1, p. 1-6. 8. Salles, P.M.B. e Campos, T.P.R., “Ananthropometricandantropomorphicfootphantom”, 6º Congresso Latino Americano de Órgãos Artificiais - COLAOB 2010, Gramado, vol1, p. 1-6. 9. Schettini, M.P., Maia, M. e Campos, T.P.R. (2007), “The development of an anthropomorphic and anthropometric thorax female phantom for experimental radiodosimentry”, International Journal of Low Radiation, 4, 124-135. 10. Silker, M.L., Donahue, B.R., Vogelbaum, M.A., Tome, W.A., Gilbert, M.R., Mehta, M.P. (2008), “Primary Intracranial Neoplasms”, in Principles and Practice of Radiation Oncology, E.C. Halperin, C.A. Perez, L.W. Brady, Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia. 11. Thompson, L., Trindade, B.M. e Campos, T.P.R..(2007), “A Computational Phantom of Head and Neck – SISCODES”, 3thInternational Nuclear Atlantic Conference - INAC 2007, Santos, vol 1, p. 1-6. 12. Thompson, L. e Campos, T.P.R..(2009), “Radiological Image Interpretation for Hematona and Small Tumors Simulated in a Head and Neck Phantom”, 4thInternational Nuclear Atlantic Conference INAC 2009, Rio de Janeiro, vol 1, p. 1-13. 13. Trindade, B.M., Campos, T.P.R. (2011), “Remodelamento do SISCODES - Sistema de Cálculo de Dose por Método Estocástico”, Tese de Doutorado, DEN/UFMG, Belo Horizonte. 14. Xu, X.G.(2010), “Computaional Phantoms for Radiation Dosimetry: A 40 - Year History of Evolution”, in Handbook of Anatomical Models for Radiation Dosimetry, X.G. Xu, K.F. Eckerman, Taylor & Francis, Boca Raton. DEVELOPMENT OF “GBM CASE” COMPUTATIONAL MODEL BY PHYSICAL PHANTOM FOR DOSIMETRY Larissa Thompson1, Renato H. Kawamoto2, Tarcísio P. R. Campos3 1, 2 e 3 Depto. de Engenharia Nuclear, Universidade Federal deMinas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais (MG), Brasil E-mail: [email protected] Abstract. Glioblastoma multiforme (GBM) is a high lethal malignant brain tumor due to its aggressive and infiltrative growth. It is necessary to verify and improve the calculation and radiotherapy planning for teletherapy GBM treatments in order to validate and qualify absorbed doses in tumor and healthy brain. Dosimetry validation can be achieved by the use of physical and computational simulators making the experimental and theoretical intercomparison possible to provide more assertive and qualified values for determined clinical situation without unnecessarily exposing healthy brain to radiation. The methodology consists of developing a physical head and neck phantom and its corresponding computational simulation. The SISCODES computational system, developed by the Ionizing Radiation Group (NRI), is used as a tool to computational modeling. The model is generated by converting CT images obtained from the physical simulator into a three-dimensional voxel model. The physical simulator contains a synthetic GBM tumor-equivalent inserted into a physical head and neck phantom. The results show the equivalence between the computational model and the physical simulator through comparisons of tomographic images. The realistic representation of the case becomes advantageous for future radiotherapy experiments. After the voxels model development, particle transport simulations will be made, following radiotherapy protocols, specifically to the brain and GBM. Keywords: Phantom, GBM, SISCODES