RUNNING HEADS: F. J. de Paula e L. E. Ianhez - Tumores malignos no pós-transplante renal J. Bras. Nefrol. 1999; 21 (4): (págs. inicial-final) Tumores malignos no pós-transplante renal Flávio Jota de Paula1 e Luiz Estevam Ianhez2 1 - Assistente da Unidade de Transplante Renal da Divisão de Clínica Urológica do HC-FMUSP. 2 - Prof. Livre Docente e chefe do Setor Clínico da Unidade de Transplante Renal da Divisão de Clínica Urológica do HC-FMUSP. Analisamos 105 neoplasias malignas em 94 pacientes (6,2%) – 11 deles com 2 tipos diferentes de neoplasias – observados em um grupo de 1.511 pacientes transplantados renais, entre janeiro de 1965 a dezembro de 1990. Dos 105 casos de neoplasias malignas observadas 85 casos eram da linhagem epitelial e 20 casos de linhagem mesenquimal. Das neoplasias da linhagem epitelial, 33 casos (31,41%) eram de pele – 19 casos espinocelulares, (CEC) 12 casos basocelulares (CBC) e 2 casos espino-basocelulares –, 14 casos (13,3%) eram de língua, lábio ou períneo e 38 casos (36,2%) eram de outros tipos: fígado (8), intestino (5), rim primitivo (5), tireóide (3), colo uterino (5), endométrio (3), melanoma (3), mama (2), pulmão (2) e indiferenciados (2). Das neoplasias de linhagem mesenquimal, a mais freqüente foi o sarcoma de Kaposi (9 casos), seguido de linfoma (4), leucemia (3) e outros tipos (4). A incidência de neoplasia aumentou com o tempo póstransplante: de 0 a 12 meses, 1,05%; de 13 a 60 meses, 2,83%; de 61 a 120 meses, 3,91%; de 121 a 180 meses, 6,64%; e de 181 a 240 meses, 7,46%. Quanto à tipagem HLA, A,B, a incidência de CEC e CBC foi mais freqüente em portadores de antígenos A3, B7 e B27. Nenhum caso desse tipo de tumor ocorreu em pacientes HLA B17 e B35 positivos. Portadores de antígenos A3, B7 e B17 estiveram associados à presença de outras neoplasias epiteliais. Os portadores de neoplasia da linhagem mesenquimal tinham mais freqüentemente antígenos A9, A28 e B12. O prognóstico foi pior nos casos das neoplasias de linhagem mesenquimal, onde a mortalidade foi de 60%. Concluímos que as neoplasias malignas são um tipo de complicação importante no pós-transplante renal, sendo as mais freqüentes aquelas da linhagem epitelial (81%). 2 Neoplasias malignas e transplante renal. Complicações pós-transplante renal. Antígenos HLA (A,B) e neoplasias malignas. Malignant neoplasias and renal transplant. Complications in post renal transplantation. HLA (A,B) antigenes and malignant. Endereço para Correspondência: Flávio Jota de Paula UTR – HC-FMUSP Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255, 7º Andar – sala 706F Instituto Central do HC - FMUSP Tel: (0xx11) 852-9006 Introdução As neoplasias malignas estão entre as mais importantes complicações no póstransplante renal. Com uma incidência muito maior que na população nãotransplantada, geram uma série de implicações de ordem clínica, etiológica, diagnóstica e de conduta. A literatura mundial descreve como alta e significativa a incidência dessa complicação no pós-transplante renal, observando uma incidência variável de 1% a 16% nos diferentes relatos1-6. Na nossa experiência7 com um grupo de 1.511 pacientes com transplante renal, observamos 105 casos de neoplasias malignas (6,9%) em 94 pacientes (6,2%), ocorrendo em 11 pacientes duas neoplasias diferentes. Dentre os vários fatores responsáveis por esta variabilidade, acreditamos que o tempo da análise pós-transplante seja um dos mais importantes para explicar tal variação. 3 Outro fator que deve ser considerado, atuando diretamente na maior ou menor incidência desse tipo de complicação no paciente transplantado, como também na população normal, é a intensidade de exposição aos raios ultravioleta 8,9. Quanto maior a exposição ao sol, maior a incidência de neoplasias cutâneas, o que torna os países de clima tropical os de maior incidência. Dentre os muitos fatores presentes na fase pós-transplante capazes de induzirem uma maior incidência desta complicação, estão as alterações da imunidade induzida pelo uso crônico de agentes imunossupressores, acarretando distúrbios da vigilância imunológica, da estimulação antigênica crônica e da imunorregulação1,4,10-13. Neoplasia maligna pré-transplante renal Devido às diversas alterações imunológicas induzidas pela uremia, existe uma prevalência maior de neoplasia maligna em pacientes urêmicos que, se não forem diagnosticados na fase pré-transplante, irão contribuir para a maior incidência póstransplante renal14,15. Neoplasia maligna transplantada com o enxerto Essa situação, embora rara, pode ser uma causa de neoplasia. O transplante de um rim com tumor maligno não diagnosticado previamente pode acarretar a disseminação tumoral no pós-transplante, que poderá ser controlada com a retirada do enxerto e da imunossupressão16,17. 4 Os únicos doadores com tumor maligno que podem ser usados são aqueles com tumor de pele localizado e de baixa morbidade ou com tumores primários do sistema nervoso central, não meduloblastoma ou glioblastoma, e não operados18,19. Neoplasia maligna “de novo” pós-transplante É o grande problema do paciente com transplante, sendo a sua incidência relatada na literatura muito variável, dependendo fundamentalmente do tempo póstransplante, da região geográfica e da intensidade da imunossupressão, variando entre 1,6% a 16%1-5,7,16. Incidência e prevalência Na nossa experiência a incidência acumulativa de neoplasia maligna póstransplante renal foi de 6,94%7, sendo no primeiro ano pós transplante renal de apenas 1,05% e superior a 6% após o 10º ano de transplante (Figura 1). 5 7,46 8 6,64 % 6 3,91 4 2,83 2 1,05 0 0 0-12 13-60 61-120 121-180 181-240 >240 Tempo em meses pós-transplante Figura 1. Incidência de tumores e tempo pós-transplante A prevalência de tumores malignos em pacientes com transplante renal é cerca de 3,4 vezes maior se comparada com a população normal, sendo variável de acordo com o tipo de tumor. A melhor casuística que analisa esse tipo de dados é a relatada por Sheil na Austrália e Nova Zelândia, que reproduzimos na tabela 1, excluídos os de pele16. Tabela 1 Incidência e risco relativo dos diversos tipos de cânceres não-cutâneos observados em 6.596 receptores de transplante renal na Austrália e na Nova Zelândia Tipo de câncer Transplantados Não-transplantados Risco relativo Genito-urinário 156 (34%) 35,9 4,3 Trato digestivo 90 (20%) 35,8 2,5 Linfoma 54 (12%) SNC 16 0 10,6 Não-Hodgkin difuso 38 5,1 7,4 > 1.000 6 Trato respiratório 40 (9%) 19,9 2,0 Leucemia 22 (5%) 3,9 5,6 Mama 26 (6%) 20,6 1,3 Sarcoma de Kaposi 14 (3%) 0 > 1.000 Endócrino 9 (2%) 0 289 Miscelânea 48 (10%) 10,5 4,6 TOTAL 459 131,7 3,5 O risco de apresentar tumor de pele depende da situação geográfica, sendo maior em certas regiões. Dados da Austrália mostram que o risco percentual de desenvolver tumor maligno em pacientes com mais de 20 anos de transplante é cerca de 54% para câncer de pele e 21% para outros tipos de câncer, sendo que alguns pacientes apresentam os dois tipos de tumor maligno 16. Uma análise de 5.250 tumores notificados ao CTTR “Cincinnati Transplant Tumor Registry”1 que ocorreram em 4.933 receptores, dos quais 4.502 receberam transplantes de rim, 263 de coração, 83 de fígado, 61 de medula óssea, 13 de pâncreas, 8 de coração-pulmão, 2 de outros órgãos abdominais e 1 de pulmão, revelou achados surpreendentes. A freqüência de neoplasias comuns na população geral – como carcinomas de pulmão, próstata, mama, cólon e carcinomas invasivos de colo uterino – não mostrou nenhum aumento entre os receptores de órgãos, o que pode ter sido devido à baixa idade da maioria dos receptores, que nesse estudo teve média de 41 anos. Apenas dois tipos desses tumores foram encontrados em número significante entre os pacientes transplantados: neoplasias de lábio e carcinoma in situ do colo uterino. No entanto, neoplasias como linfomas, carcinoma de pele, lábios, vulva e períneo, 7 carcinoma de rim, tumores hepatobiliares e sarcoma de Kaposi, que são incomuns na população geral, ocorreram mais freqüentemente em receptores de órgãos. Na nossa experiência, observamos que 85 tumores malignos (81%) eram da linhagem epitelial e 20 (19%) da linhagem mesenquimal7. Assim, neoplasias mais freqüentemente observadas foram as de pele, períneo, língua e lábio, representando 46% dos casos. Esse percentual foi semelhante ao de 43,4% relatado por Penn1. Os carcinomas epidermóide e basocelulares são também os mais freqüentes na população normal branca9. Contudo, a incidência no transplantado é maior que a observada na população normal20,21. No paciente transplantado, a incidência do carcinoma epidermóide é maior que a do basocelular, ao contrário da população normal9,20,21. Um fator importante na incidência desse tipo de neoplasia de pele no paciente transplantado, como também na população normal, é a exposição aos raios ultravioletas8,9. Quanto maior a exposição ao sol, maior a incidência desse tipo de neoplasia. Em segundo lugar, na incidência das neoplasias, estão as outras de linhagem epitelial (34%), número superior ao fornecido pelo “Cincinnati Transplant Tumor Registry (CTTR), que foi de 24,9%1. Na nossa casuística, observamos 8% de casos de neoplasias de fígado, sendo 6 (75%) delas associadas à presença do vírus B da hepatite. O percentual de hepatomas relatado na literatura foi menor, 1,6%1. Esse achado se deve provavelmente à alta incidência de contaminação pelo vírus B da hepatite na nossa população em diálise, que é de aproximadamente 10%22. Neoplasias do tubo digestivo ocuparam o segundo lugar 8 em freqüência (13,2%). Nota-se a pequena incidência de carcinoma renal de rim primitivo – somente 5 casos (13,2%), diagnosticados em material de nefrectomia ou na necrópsia. Outros tipos de neoplasias, como papilíferos de tireóide, de mama, de útero e indiferenciado não apresentam incidência diferente com a observada no CTTR 1. Neoplasias de linhagem mesenquimal foram diagnosticadas em 20 casos, incidência semelhante à reportada pelo CTTR. Contudo, o número de linfomas observado na nossa casuística foi pequeno, apenas 4%, contra 13,2% do CTTR 1. O sarcoma de Kaposi foi o mais freqüente de linhagem mesenquimal (8%), um percentual maior que o da literatura estrangeira4,23. A baixa incidência de linfomas na nossa casuística provavelmente está relacionada com o uso restrito de agentes biológicos (anticorpos mono ou policlonais) na nossa Unidade de Transplante no período de estudo. O uso dessas medicações está relacionado com uma maior incidência de linfomas12. Fatores de risco associados Idade, sexo, tipo de doador ou esquema de imunossupressão não mostraram influenciar a ocorrência das neoplasias malignas. Observamos uma maior incidência de neoplasias malignas no grupo de pacientes sem crises de rejeições no passado, provavelmente a maior sobrevida observada nesses pacientes, coincidente com uma maior incidência desta complicação no período tardio do transplante, outra possibilidade seria estes pacientes serem hiporresponsíveis quanto à sua resposta imunológica7. 9 O esquema de imunossupressão com ou sem ciclosporina não influenciou na incidência de neoplasias malignas7,24,25. Mas o uso de anticorpos mono ou policlonais tem nítida influência na maior prevalência de tumores da linhagem mesenquimal12,16. A influência dos antígenos HLA (locus A, B e DR) na incidência e nos diferentes tipos de neoplasias é uma questão não esclarecida, com resultados discordantes na literatura7,26-28. Os achados de uma maior freqüência dos antígenos A3, B7 e B27 nas neoplasias da linhagem epitelial e ausência de B35 e B17 nas neoplasias de pele, períneo, lábio e língua foi por nós observado7. O encontro de uma maior incidência do antígeno B27 nos carcinomas de pele está de acordo com a literatura29. A maior freqüência dos antígenos A9, A28 e B12 nas neoplasias da linhagem mesenquimal foi também observado 7. O tempo de aparecimento da neoplasia no pós-transplante foi diferente de acordo com o tipo. As neoplasias de pele, períneo, língua e lábio foram as que surgiram mais tardiamente, acima de 108 meses. A gravidade da neoplasia pós-transplante é maior de acordo com a literatura1,11. As neoplasias epiteliais de pele, períneo, língua e lábio apresentam tendência à recorrência e a uma maior agressividade que na população normal. Na nossa casuística, carcinomas epidermóide e basocelular levaram ao óbito 15,6% dos pacientes acometidos e os de períneo, lábio e língua em 28,6%. A mortalidade por outros tumores epiteliais foi de 39,5% e 60% nos mesenquimais (Gráfico 2). 10 Mesenquimal 60 Epitelial outro 39,5 28,6 Epitelial, língua, lábio e períneo 15,6 Epite. de pele 0 10 20 30 40 50 60 70 % Figura 2. Mortalidade e tipo de neoplasia A razão pela qual existe maior incidência de neoplasia maligna pós-transplante renal é multifatorial. Os pacientes submetidos a transplante renal, portadores de uremia ou mantidos em tratamento dialítico apresentam uma maior predisposição para doença neoplásica14,15. Além do mais, o rim primitivo in situ pode adquirir a doença cística renal, que predispõe à formação de neoplasia maligna 30. Essas são as explicações para o achado de vários tipos de câncer nos primeiros meses pós-transplante ou para os casos de carcinoma de rim primitivo observados nesta casuística. Outro fator que devemos considerar é a ocorrência de neoplasia maligna tratada pré-transplante e que após o transplante pode recidivar. Este fato é bem demonstrado nos casos de melanoma, quer nos já previamente tratados por cirurgia ou então em forma inicial não diagnosticados. Na nossa casuística um 11 caso de melanoma tratado 4 anos antes e considerado curado, recidivou e se disseminou nos primeiros meses pós-transplante, levando o paciente ao óbito. Outro fator presente, quer na fase da uremia ou na fase pós-transplante, é a ocorrência de infecções virais, sendo bem conhecida a associação entre hepatite viral e o hepatocarcinoma31,32. Este fato é o responsável pela alta incidência deste tipo de neoplasia na presente casuística. A associação entre papilomavírus e carcinoma de colo de útero, de pele e sarcoma de Kaposi é bem conhecida1,23,33,34, como também, a associação do vírus Epstein-Barr e linfomas11,35. Outro fator presente na fase pós-transplante é a alteração de imunidade induzida por três diferentes mecanismos: vigilância imunológica, estimulação antigênica crônica e alteração da imunorregulação. A alteração da vigilância imunológica explicaria a cura de certos tumores após a suspensão ou diminuição da imunossupressão11,16,23. A estimulação antigênica crônica parece ter seu papel baseado em dados experimentais e clínicos12. Foi demonstrado que a incidência de carcinoma de pele foi significativamente maior quando houve incompatibilidade HLA no locus B entre doadores e receptores3,27. A alteração da imunorregulação seria outro fator envolvido na maior incidência de câncer em transplantados. Mecanismos de controle celular e humoral são importantes na limitação da extensão das reações imunes. A falta desses controles poderia produzir proliferação desmedida de células linfóides, resultando no desenvolvimento de linfomas12. 12 Existe uma relação entre o uso das drogas imunossupressoras e incidência maior de neoplasias malignas4,12. Esse efeito pode ocorrer através de alterações cromossômicas, que conhecidamente são induzidas pela azatioprina e pela ciclosporina-A4,10 ou por outros diversos mecanismos. A importância da imunossupressão na gênese de neoplasias no pós-transplante é mostrada pela regressão de certos tumores com suspensão ou alteração do esquema imunossupressor utilizado12,13,23,36. Um outro fator que influi na gênese das neoplasias no pós transplante é a suscetibilidade individual, herdada por fatores genéticos ainda pouco conhecidos12. Os antígenos HLA parecem exercer alguma importância, como já foi discutido26-28. Deve-se ainda comentar que, à semelhança com a população normal, a idade mais avançada tem influência, assim como, nos casos de carcinoma de pele, o grau de exposição à luz ultravioleta8,9. Terapêutica A conduta profilática e terapêutica nos casos de neoplasias após transplante renal merece alguns comentários. A presença de tumor maligno na fase pré-transplante não contra-indica a realização do transplante, desde que o tumor seja tratado e observado por um prazo mínimo de 2 anos1,16. A conduta terapêutica nos casos de tumor maligno pós-transplante não é fácil. Algum tipo de tumor, como sarcoma de Kaposi, responde bem à suspensão da 13 imunossupressão11,12, mas, com essa conduta, a probabilidade de rejeição do enxerto é grande. A doença linfoproliferativa pode ser controlada com a diminuição da imunossupressão e ou alteração do esquema terapêutico11,36. Podendo mesmo o paciente ser retransplantado após a remoção do enxerto com a doença37. Nos casos de hepatoma está indicado o tratamento do vírus B ou C e posterior transplante hepático38. Nos casos de sarcoma de Kaposi isolado de pele a radioterapia tem efeito benéfico. Na grande maioria dos outros tumores, a suspensão do imunossupressor tem resultado muito duvidoso na evolução do tumor1,16,39. Quanto à profilaxia dos tumores de pele, é muito importante o uso de protetores solares e o tratamento precoce das lesões cutâneas pré-malignas24. Os portadores de hepatopatia B ou C no pós-transplante devem ser tratados adequadamente com drogas hoje disponíveis40. A realização de ultra-sonografia abdominal periódica é de grande importância no diagnóstico precoce de tumores, principalmente dos rins primitivos, como também o acompanhamento ginecológico da mulher transplantada é fundamental para a prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer uterino34. Referências 1. Penn I. Neoplasms in the allograft recipient. In: Milford EL, Brenner BM, Stein JH, editors. Renal Transplantation. 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Of the first ones 46% correspond the skin tumors, perineal, tongue and lip. Of the skin tumors the epidermoid carcinomas is the most frequent. Of the tumors of the mesenchymal lineage, the lymphomas and Kaposi’s sarcoma are the most frequent. The explanation of the largest incidence of malignant tumor post transplant is multifactorial: uremia, immunossupression, viral infection (hepatitis B and C virus, papillomavirus, Epstein-Barr virus), antigenic chronic stimulation, alteration of the immunoregulation, age and exhibition to the ultra-violet light. The prognostic is very gloomy and few tumor types benefit whit the suspension of the immunossupression (Kaposi’s sarcoma and lymphoproliferative disease). Also, emphasis to prophylaxis should be given 18 including treatment of infections, solar protection and treatment of pre-malignant cutaneous lesions.