Precisa-se: deVigners René de Paula Jr.

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68 :: Webdesign
User Experience Evangelist da
Microsoft Brasil. É profissional de
internet desde 1996, passou pelas
maiores agências e empresas do
país: Wunderman, AlmapBBDO,
AgênciaClick, Banco Real ABN
AMRO. É criador da “usina.com”,
portal focado no mundo on-line,
e d o “ r a d i n h o d e p i l h a ” ( w w w.
“Está mais do que na hora dos
designers darem as mãos aos
developers e cumprirem sua missão:
tornar o mundo menos chato”
radinhodepilha.com), comunidade
de profissionais da área.
[email protected]
René de Paula Jr.
Precisa-se: deVigners
Quanto tempo faz isso? Uns dez anos, será?
Well, tanto faz, lembro como se fosse... Dez anos
muita gente se desencantava.
Trabalhava em agência, e lembro que todo
atrás: o PJ (então na DM9, eu ainda na Almap)
publicitário queria poder colocar um filme de
se apresentando num evento com sua palestra
30s com qualidade bacana... Na internet. Até eu
originalíssima chamada “Internet sem chatice”.
explicar que compressão isso, usabilidade aquilo,
Ou era “Internet não tem que ser chata”. Ou
o cara já tinha ido embora com seu filme debaixo
era... Well, faz dez anos afinal. Mas tinha chatice
do braço. Muitos criativos desancavam.
no meio, isso tinha.
O que tinha de chato na internet naquela
Dez anos se passaram e a gente já aprendeu
que internet é outra história, que é um canal
época, afinal? Nem lembro. Mas me lembro
diferente, que podemos explorar N outros
sim de, naqueles primórdios, chamar amigos e
recursos, que é viral etc. Mas quem disse que ainda
colegas e familiares para mostrar a tal da internet
tem que ser chato?
e todos dizerem: isso é muito chato, demora
Ok, você não acha chato. Nem eu. Você deve
muito! Eu demorei dez anos para entender de
usar agregadores de RSS sem charme algum e
que demora eles estavam falando. Não era só
um webmail praticamente text-based e eu adoro
culpa dos modems de 14.4k (argh), era outra
um internet banking poderoso, cheio de recursos
história. E essa história ainda continua.
avançados. Somos meio-franciscanos, meio-
A história é a seguinte: naquela época,
espartanos. Mas você e eu não somos parâmetro
as pessoas, como hoje, estavam mal (ou bem)
para nada, somos 5% do mercado interativo e
acostumadas em termos de experiência com
olha lá. E os outros 95%, será que eles não estão
interfaces. Televisão era só ligar e pronto,
achando algumas coisas... Chatas?
dezenas de canais na ponta do controle remoto.
Internet banking é um exemplo interessante:
Zero demora, zero dificuldade (ok, programar
não sei os números ao certo, mas acho que
VHS não conta). O próprio computador já
só uns 10-20% de todos os correntistas usam
rodava jogos em CD-ROM com uma qualidade
internet banking. Muita gente prefere os caixas
bem bacana. O tempo foi passando e hoje
automáticos ou mesmo ir ao banco. Por que será?
qualquer badulaque, dos games portáteis aos
Na próxima vez que você for a um caixa
celulares mais genéricos, passando por caixas
automático, preste atenção nos outros usuários
eletrônicos, são experiências ricas, rápidas e
(não muito, senão vão chamar a polícia). Como é
visualmente atraentes.
a interface? Tem dezenas de links em texto miúdo
Naquela época em que tudo já ligava
empilhadinhos e drop-down menus compridos?
e saía falando, internet era um choque. Se o
Nãããão: tem uma interface gráfica com botões
computador podia fazer tanta coisa, por que
grandes, opções claras e todo um cuidado em
raios ele sofria tanto para mostrar uma pagineta
orientar cada passo. Resultado: mesmo que,
miserável? E aí começava o estranhamento e
pela lei de Murphy, o cara na tua frente seja uma
René de Paula Jr. - marketing :: 69
com a palavra
tartaruga, ele ainda consegue usar a interface.
Agora, imagine o tal tartaruga na frente... Do
internet banking de verdade. Ele sairia correndo...
Até achar um bom caixa automático.
Onde estou querendo chegar? Well, já cheguei,
já chegamos todos, num ponto onde designers
têm de novo mais espaço e ferramentas e recursos
para criar interfaces mais legais. A tecnologia
avançou, qualquer máquina à venda em 12 vezes no
supermercado já é um maquinão e a conectividade
melhorou muito. A classe C está comprando laptops
sem parar. Está mais do que na hora dos designers
darem as mãos aos developers e cumprirem sua
missão: tornar o mundo menos chato. Está na hora
de developers aprenderem a pensar em design e
designers pensarem no que a tecnologia permite.
Está na hora de developers e designers aprenderem
a ser... DeVigners.
Aqui e ali a gente já percebe a diferença brutal
que deVigners fazem: qual mp3 player você pediria
de Natal? Qual console de game? Qual celular? Qual
laptop? Aposto que você pensou imediatamente
em produtos bem desenhados, com tecnologia
impecável e com experiências legais e envolventes.
Isso só acontece quando developers e designers
trabalham juntos, quando há uma mentalidade
deVigner em jogo.
Folks, lembremos do imortal Joãosinho Trinta:
quem gosta de miséria é intelectual. Lembremos do
Renezinho Quarenta-e-Três: a gente gosta mesmo é
de luxo. E se você for um deVigner, me procure!
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