Magnífico Reitor da Universidade de Brasília [ com cópia para DAC

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Magnífico Reitor da Universidade de Brasília
[ com cópia para DAC, CEPLAN, e Prefeitura do Campus ].
Como é sabido, os centros acadêmicos de Filosofia, História e Geografia foram
muito danificados no dia 10 de abril deste ano, dia em que ocorreu a inundação e
consequente destruição de boa parte do Instituto Central de Ciências (ICC). A ala norte
sofreu danos tamanhos que, ao mesmo tempo que sensibilizava todo aquele que
historicamente conviveu com o espaço, igualmente mostrava-se manifestamente
evidente a completa impossibilidade de recuperação do ambiente, mesmo que para uso
futuro, pois a realização das atividades que ali haviam nunca foi ali adequada, e
prudentemente não deve mais ali continuar. Nesse contexto, o Centro Acadêmico de
Filosofia (CAFil), numa atitude autônoma legitimada pelo próprio estatuto do centro
acadêmico, fundamentado na horizontalidade dos poderes de seus membros, tendo
votado previamente em assembléia nas condições previstas pelo estatuto definido, vem
por meio dessa carta requerer o reconhecimento de posse e designação oficial do espaço
atualmente ocupado (Sala BSS 167), possibilitando assim a reconstrução daquilo
que por anos cultivamos e lutamos: um espaço independente, auto-gestionado e com
plena capacidade para realização de nossas potencialidades.
O curso de Filosofia, tal como diversos outros na Universidade, também ganhou
novas vagas discentes, passando de dezesseis para oitenta por semestre, graças à
abertura de novo turno de estudo, o noturno, em consequência da implementação do
REUNI como forma de expansão da Universidade de Brasília (UnB). Para a questão
aqui abordada, importa entender que o curso de filosofia mais que quadruplicou o
número de seus estudantes nos últimos dois anos e, entretanto, o espaço
do Cafil continuou o mesmo, o insalubre resquício de estrutura abaixo das escadas,
resultado de antiga ocupação de um grande espaço que foi um dia o centro acadêmico
de História. Há anos que o antigo espaço, dividido entre três centros acadêmicos, vêm
dando sinais claros de esgotamento e insuficiência sob qualquer critério que se queira
considerar. Muitos problemas atingem o antigo espaço utilizado pelo CAFil, problemas
que persistem e se agravam com o passar do tempo, apesar de todos os nossos esforços
históricos; e o maior problema é o estrutural, especificamente a falta de espaço, que
finda por inviabilizar a dinâmica de convívio discente esperado, pautado nos objetivos
que se atribuem a um Centro Acadêmico, uma vez que o antigo espaço tornou-se
incompatível com o número de discentes do curso; além desse problema básico de
espaço, a instalação elétrica se encontra extremamente danificada, há pouquíssima ou
nenhuma ventilação, ausência de um ralo para escoamento de água, principalmente para
necessária limpeza, questão essa que revelou-se um problema de saúde pública, ao
ressaltar o fato de existir ao lado do então CAFil um restaurante [ O Natural ], e
consequentemente, um atrativo a toda sorte de animais, destacando-se, ainda, que, no
pouco espaço físico da antiga sala, há um rebaixamento progressivo do teto por força da
estrutura de um anfiteatro que fica acima, retirando a possibilidade de uso pleno da já
escassa área. Além de diversos outros pontos que poderiam ser listados, há um em
especial que nunca conseguimos sanar: a segurança, e enquanto este perdurasse, os
outros problemas mostravam-se de solução inviável ou meramente provisória.
Após anos de tentativa, somente semestre passado foi conseguida por via de
requerimento do Decanato de Assuntos Comunitários (DAC), enfrentando em seguida
muita burocracia e realizando insistente cobrança por nossa parte, até mesmo na
serrilharia, conseguimos enfim a fixação de uma grade à frente da porta de entrada do
Centro Acadêmico. Os motivos para tal necessidade de instalação da grade são
fundamentalmente específicos indivíduos que não sendo inadequado o uso do termo
‘meliantes’ para designa-los, indivíduos esses que manifestamente dormiam às noites no
local e degradavam o espaço físico, além de realizarem pequenos e médios furtos. A
reconhecida fama pelos crimes realizados no recinto, na UnB como um todo, pra não
dizer claramente na cidade, e também as atividades de baixa conduta por eles
praticadas, faz com que os alunos temam não só o local como suas redondezas,
prejudicando, deste modo, o convívio no Centro Acadêmico. A identidade de alguns
desses indivíduos é conhecida sendo a principal queixa direcionada a Paulo Henrique,
também conhecido pela alcunha de Paulo Caô, para o qual são direcionadas as suspeitas
de furto de diversos bens além de recente arrombamento da referida grade, que
carregava a intenção original de preservar a integridade do Centro Acadêmico e dos
alunos que nele estavam. Entretanto, tal arrombamento não ocorreu por meras
contingências. Ocorre que a instalação da grade por parte da prefeitura foi no mínimo
negligente. A grade, que evidentemente deveria ter sido chumbada na parede,
garantindo assim sua melhor fixação, pelo contrário, foi fixada na moldura da porta de
madeira que já há muito tempo existia no espaço. A moldura, como em geral se faz,
estava apenas pregada à parede, o que em conjunto com o tempo de existência da
mesma levou-a a paulatinamente descolar-se da parede, não oferecendo base sólida para
a instalação de um sistema de segurança, tornando o arrombamento ocorrido algo de
fácil execução.
O cenário descrito, nossos bens restantes e o CAFil designado, não mais
existem. A chuva desabou paredes e convivências e, no entanto, os alunos de Filosofia
autonomamente se organizaram em diversas assembleias consecutivas, e o Centro
Acadêmico conseguiu unir forças suficientes para a mobilização e operacionalização
prática da atual ocupação. Aquém da configuração estrutural nova que está surgindo, o
sentimento de Cafil ainda está presente, e dessa vez com maior engajamento. Calouros e
veteranos entendem e tornam real a causa pela qual estamos lutando. Considerando os
pontos aqui abordados, requeremos o reconhecimento imediato da nova sala hoje
ocupada pelos alunos de filosofia, reconhecimento de que a sala BSS 167 é o novo
centro acadêmico de Filosofia, por parte tanto da reitoria quanto da prefeitura. A sala
ocupada atende as necessidades materiais que durante anos foram negadas aos alunos do
curso, e satisfaz a integridade dos membros, não apenas que já usualmente
frequentavam, como novos que se sentem incluídos nas diretrizes deste novo espaço.
Arejada, com espaço para salvaguardar livros e demais equipamentos, devidamente
iluminada, higienicamente conservada, com grade devidamente instalada; são motivos
esses para a escolha praticamente unânime do local.
Sabemos que a reitoria e a prefeitura sempre buscam o diálogo razoável e
racional com os alunos, e devido a esse fato temos a convicção de que poder-se-á
resolver tal situação que perdura durante anos, e agora encontra seu ápice, oportunidade
para que haja resolução do problema de falta de espaço para as instalações do CAFIL.
Ante o exposto, com
os cordiais cumprimentos do corpo discente de
Filosofia, requer digne-se Vossa Magnificência, após os trâmites legais pertinentes,
reconhecer e designar oficialmente a sala BSS 261 do ICC [ Minhocão ] como o local
onde funciona e se instala o CAFIL – Centro Acadêmico de Filosofia da UnB,
determinando as comunicações de praxe.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Brasília-DF, 25 de abril de 2011.
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