- Terceiro Setor e Sociedade Civil Organizada - 1 Terceiro Setor Denominação de um setor além governo e do privado/empresas. Define a atuação de organizações não estatais e sem fins lucrativos. Divisão segundo função: Organizações de base Pesquisa Ação política e defesa de direitos Fundações (operação ou financiamento) Entidades assistenciais 2 No Mundo Estados Unidos (individualismo e estado mínimo) e Europa (Cultura da caridade e voluntariado e igreja). Papel das religiões no desenvolvimento do setor voluntário. No final do séc XIX e início do século XX, há o surgimento de organizações e movimentos formados a partir da reivindicação por melhores condições de trabalho. A partir do meio do século, surgem diferentes movimentos e organizações de defesa dos direitos civis que se diferenciam aos advindos do mundo trabalho. 3 Terceiro Setor no Brasil Séculos XIX e XX - Igrejas – atividades filantrópicas e sociais – parcerias com o Estado que não se ocupava das questões assistencialistas ◦ Santa Casa de Misericórdia (1523) – hospitais e asilos ◦ Ordem da Companhia de Jesus – primeiro sistema educacional Voluntariado – solidariedade. Papel da família, amigos e igreja para resolver problemas sociais e, caso não conseguisse, partir para as instituições maiores. Maçonaria – compra de cartas de alforria Associações corporativas e sindicatos 4 Terceiro Setor no Brasil Década de 30 – urbanização e complexidade dos problemas sociais - surgem organizações sem fins lucrativos para ações sociais, e não só as igrejas Movimento de Mulheres, Movimento Negro, UNE (1937) Legião Brasileira de Assistência (LBA) – primeiras-damas (clientelismo) Década de 60: ◦ Comunidades eclesiais de base – discutem problemas sociais e exigem soluções do poder público Pastorais sociais ◦ Governos criam aparatos estatais para ações sociais como: INPS, BNH, MOBRAL ◦ Surgem movimentos sociais e políticos na defesa de direitos e retomada da democracia 5 Dados Brasil 290 mil entidades sem fins lucrativos – quase 6% do total de entidades públicas e privadas, lucrativas e não lucrativas. Religião 28,5% Patronais 15,5% Defesa de direitos 14,6% Região Sudeste 44,2% Fonte: Fasfil, IBGE, 2010 6 Dados Brasil 290 mil entidades sem fins lucrativos – 5,2% do total de entidades públicas e privadas, lucrativas e não lucrativas. Crescimento de 215% desde 1996. Crescimento de 8% de 2006 a 2010 (IBGE, 2005, 2010) 72% sem qualquer profissional formalizado (IBGE, 2010) Voluntariado: 140 milhões (ONU, 2011) Investimento social privado: empresarial é R$4,7 bilhões (Fonte: IPEA, 2006) 7 Dados EUA Mais de 1milhão e 500mil organizações Voluntariado: 26,4% dos norte-americanos acima de 16 anos são voluntários. Investimento: As contribuições de indivíduos, fundações e empresas foi de 284 bilhões de dólares, sendo 34,7% para organizações religiosas; 13,3% para educacionais e serviços assistenciais 8,4%. O total doado por indivíduos chegou a U$ 229 bilhões e de fundações U$ 45,6 bilhões. (Fontes: Current Population Survey, September 2008 e Giving USA 2009) 8 Tipos Fundações – criadas por um instituidor com destinação livre de recursos para um fim específico Associações (ONGs) – união de pessoas para fins não econômicos: Tipos: religiosas, educacionais, de saúde, de assistência social, de defesa de direitos, empresariais (conceito de responsabilidade social), partidos políticos, etc. 9 Isenções Não distribuir patrimônio ou renda Aplicar recursos em prol da sua finalidade social Manter escrituração contábil Isenção de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição Social para Financiamento Social (Cofins) para organizações de assistência social ◦ Reconhecimento de utilidade pública federal, estadual ou municipal 10 Isenções ◦ Ter Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos ou Beneficente, pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos – cujo objetivo seja promover a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes, portadores de deficiência. ◦ Apresentar ao INSS relatório de atividades Além disso, as associações sem fins lucrativos tem isenção de Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) 11 Certificações OSCIPs – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – contrato de parceria e sem contar com o Poder Pública na sua estrutura interna. Funciona sem a obrigatoriedade de ter parceria com Poder Público. Organização Social – podem exercer atividades que não sejam exclusivas do Estado (educação, cultura, desenvolvimento tecnológico, saúde, preservação do meio ambiente, pesquisa científica entre outras) – contrato de gestão e não é necessário licitação. O Estado transfere a execução de serviços públicos e gestão de bens. Muito usada para absorver órgãos públicos extintos, sendo o contrato de gestão fundamental para sua existência. Têm como característica uma maior rigidez na estrutura interna e participação do Poder Público na estrutura interna. 12 Isenções, certificações e lei de incentivo Certificações Organização Social (OS´s) – ◦ atividades que não sejam exclusivas do Estado ◦ contrato de gestão e não é necessário licitação. ◦ Transferência da execução de serviços públicos e gestão de bens. ◦ Participação do Poder Público na estrutura interna. OSCIPs – Org da Sociedade Civil de Interesse Público ◦ contrato de parceria ◦ Poder Pública não participa da sua estrutura interna. 13 Isenções, certificações e lei de incentivo Leis de Incentivo Desconto IR para doadores de OSCIPs Lei de Incentivo à Cultura – dedução de 4% do IR devido de PJ e 6% para PF - projetos aprovados pelo Ministério da Cultura FUMCAD (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) – dedução de 1% do IR para projetos aprovados junto ao Conselho da Criança e do Adolescente Lei de Incentivo ao Esporte – dedução de 1% do IR devido de PJ e 6% para PF para doações voltadas a projetos aprovados junto ao Ministério do Esporte 14 Movimentos Sociais e Redes Movimentos Sociais – união da sociedade civil para obter transformações sociais Redes - uma das formas de potencializar as ações políticas das organizações do terceiro setor é a formação de redes Redes Sociais são sistemas organizacionais, que reúnem indivíduos e instituições, que atuam idealmente de forma horizontal e colaborativa com um objetivo comum, agindo em conjunto para ganhar potencializar e capilarizar ações coletivas e troca de experiências, sem prejuízo da individualidade e independência de cada um dos integrantes Fóruns – espaços de debates e fortalecimento de ações . 15 Conjuntura atual Reforma do Estado Profissionalização do setor Busca por resultados Transparência Papel das organizações ◦ Organizações de atendimento direto Complementaridade ou substituição (tecnologia social, capilaridade)/Financiamento e papel político ◦ Organizações de defesa de direitos Independência e Transformação social ◦ Organizações empresariais Marketing e Financiamento 16 Desafios Gestão Capacitação Captação de Recursos/sustentabilidade ◦ Financiamento público e privado ◦ Fundos patrimoniais ◦ Crowfunding ◦ Relações trabalhistas Prestação de contas Avaliação de impacto Independência 17 Vantagens Inovação Capilaridade Ações exemplares Independência 18 Debate Atual Grupo de Trabalho do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil Simplificação Cultura de Doação Incentivos Fiscais Fundos Públicos Cooperação Internacional Empreendedorismo Social e Solidário 19 Formas influenciar política pública Sistematização e disseminação de experiências: trata-se da sistematização de projeto ou experiência bem sucedida elaborada e aplicada por organizações sociais em diversas áreas. Ela pode servir de modelo para uma aplicação pelo poder público para a população em geral – adotada assim pelo sistema público, tornando uma política ou programa público. 20 Formas influência política pública “advocacy” ou ação política: apesar do termo ter entre nós conotação negativa, trata-se de prática–se dentro dos padrões éticos e critérios estabelecidos – legítima dentro de um sistema democrático. Trata-se da defesa de interesses junto a representantes do poder público. Ainda pouco interiorizado pelas organizações sociais (e mais pelos movimentos sociais), trata-se, por exemplo, de influenciar representantes do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário fiscalizando-o ou propondo medidas (leis,programas, destinação de recursos) para determinadas causas. 21 Formas influência política pública • Ações judiciais/ou organizações internacionais: uma forma pouco usada ainda no Brasil é a entrada pela sociedade civil em ações judiciais como ação civil pública para que o Estado cumpra deveres constitucionais ou exijamse punições de violações de direitos humanos. Também uma forma, menos negociada como o lobby, de influenciar as políticas públicas. No caso de violações de direitos humanos, há a possibilidade de denúncia a cortes internacionais. 22 Plano de Ação Política Análise – levantar dados para realizar um diagnóstico do problema (análise de indicadores e do cenário político), definir o foco, levantar as políticas existentes, definir quais as mudanças são necessárias, analisar argumentos contrários, verificar quais atores envolvidos e espaços e canais de acesso para influenciar os tomadores de decisão. 23 Plano de Ação Política Estratégia – elaborar metas e resultados esperados, definir as ações necessárias para isso. Entre as atividades: criar grupo de trabalho ou área para trabalhar no tema, definir objetivos claros e mensuráveis, elaborar proposta a ser apresentada aos tomadores de decisão (leis, políticas, soluções), definir quais vantagens aos tomadores de decisão que quer influenciar, elencar possíveis parceiros organizações, formadores de opinião, mídia), buscar consenso entre os parceiros para se ter um objetivo mínimo, definir indicadores de processo e de resultado, preparar um plano e orçamento, definir estratégia de comunicação – contatos locais e grande mídia, internet etc – investir em pesquisa. 24 Plano de Ação Política Mobilização – contatar possíveis parceiros, envolver as pessoas afetadas por determinada política, realizar eventos e elaborar materiais convidativos e de fácil compreensão, formar uma rede – delegar funções, compartilhar decisões, participar de momentos estratégicos, dividir os custos, ampliar o alcance das ações – divulgar novos dados. 25 Plano de Ação Política Ação – ter flexibilidade e análise sobre posições contrárias, informar constantemente parceiros e canais de comunicação, enfrentar as posições contrárias, buscar novas adesões à causa, tentar compor interesses, realizar reuniões com os tomadores de decisão, abrir canais e comprometer os tomadores de decisão, cobrar os compromissos, monitorar a execução, acompanhar a opinião pública e dar publicidade às boas conquistas, registrar as ações que deram certo e as que deram errado, “premiar” as boas práticas e ações realizadas pelos tomadores de decisão e parceiros, manter a ética e a legalidade. 26 Plano de Ação Política Avaliação – avaliar o processo (se as ações estão sendo realizadas) e o impacto, avaliar desde as pequenas atividades (reuniões) às grandes (eventos), identificar o que ajudou a conquistar mudanças, registrar o que deu certo e não estava previsto, divulgar os resultados. 27 Plano de Ação Política Continuidade – ajudar a empoderar os maiores interessados, acompanhar o tema nos espaços adequados. 28 Exemplos ação política Trabalho infantil Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral Rede de Monitoramento Amiga da Criança 29