Representação social do preconceito contra negros no Brasil Douglas Rodrigo Pereira Universidade Metodista de São Paulo, Umesp, Faculdade da Saúde 1. Objetivos O preconceito contra negros é uma forma de violência que submete o sujeito a situações desumanas e degradantes, o que pode causar danos profundos em seu psiquismo. Embora haja o reconhecimento da existência do preconceito, poucos assumem que são preconceituosos. No Brasil, a implantação de cotas para negros nas universidades públicas é controversa e causa polêmica. Pensando em nossa atual conjuntura social, as universidades devem engendrar reflexões sobre a sociedade e o papel de cada profissional na realidade brasileira. Neste sentido, objetivamos identificar a representação social do preconceito contra negros no Brasil em estudantes universitários. 2. Matérias e Método O instrumento utilizado foi a entrevista em Grupo Focal. A amostra contou com um grupo formado por seis estudantes do primeiro semestre do curso de Administração Geral de Empresas e outro grupo constituído por oito estudantes do primeiro semestre do curso de Psicologia, ambos de uma universidade privada brasileira. Com a autorização dos participantes, as entrevistadas foram gravadas para a transcrição e análise. As representações sociais foram utilizadas como fundamentação teórica para a análise das informações 3. Resultados e discussão Os estudantes de Administração Geral acreditam que o preconceito contra negros se consideram existe, mas não preconceituosos. O Brasil é visto como um país sem um tipo racial predominante e, por esta razão, a ocorrência de preconceito contra negros é inferior à apresentada nos Estados Unidos e na Europa. Além disso, contrário às cotas raciais nas universidades, acredita-se que preconceito de classe social é preponderante em relação ao preconceito de cor, razão pela qual a cota social seria mais adequada. Em relação aos estudantes de Psicologia, o grupo reconheceu a existência do preconceito, mas também não se assumiu preconceituoso. Não obstante, afirmaram que utilizam o insulto em situações de disputa com pessoas negras para diminuí-las e ofendê-las. Da mesma forma que os estudantes de Administração, o grupo de Psicologia se mostrou contra as cotas, pois, em seu entendimento, ela traria mais prejuízos à sociedade e poderia agravar o preconceito ao invés de minimizá-lo. Como forma de explicar sua origem, os estudantes alegaram que o preconceito é internalizado pela criança no ambiente familiar. Não se identificou diferença significativa na representação social do preconceito contra negros entre os participantes. Ambos os grupos apresentaram uma visão de homem condizente com o ideário liberal de ser humano livre e autônomo, desconsiderando determinantes econômicos, sociais, culturais e históricos. Circunscrevemos que a amostra não contou com um número maior de participantes porque houve recusa e falta de interesse, fato que pode mostrar a complexidade e polêmica que envolve o tema. 4. Conclusões Diante de sua amplitude, diálogos entre as diversas ciências sociais, bem como com a Filosofia, pode evitar reducionismos frente à questão racial no Brasil. Para que haja o enfrentamento efetivo do preconceito contra o povo negro, deve-se discutir o problema abertamente, desvelando possíveis discursos ideológicos. Destaca-se a importância de se estimular pesquisas, estudos e reflexões centradas na realidade brasileira. 5. Referências Bibliográficas LEITE, D, M. O caráter nacional brasileiro: historia de uma ideologia. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1976. MOSCOVICI, S. Representações Sociais: investigações em Psicologia Social. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2004.