AS ENTRELINHAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

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Revista de divulga~ao tecnico-cientifica do ICPG
Vol. 3 n.ll- jul.-dez./2007, p. 25-29
ISSN 1807-2836
AS ENTRELINHAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
A heterogeneidade
na sala de aula
Cintia Dahlke leonhardt8
Rodrigo Marcellino de Fran~a9
Resumo
As dificuldades de aprendizagem sac inerentes ao ser humane e determinantes em sua vida. Devido a
heterogeneidade natural da especie humana, algumas dificuldades adquirem dimensaes gigantescas e
catastr6ficas por serem reforfadas por metodologias educacionais equivocadas e ultrapassadas. Muitas
escolas mascaram 0 processo educativo com discursos divergentes que ignoram as condifoes do
desenvo/vimento humano e sobrepoem a quantidade a quaJidade, com base em parametros estabelecidos
por uma maioria, aparentemente isenta de dtficuldades de aprendizagem. As crianfasque apresentam
dificuldades que as impedem de progredir norma/mente adquirem problemas de aprendizagem porque
outras manifestafoes de fracasso VaGse criando ate bloquearem a sua capacidade de aprender de acordo
com 0 seu tempo e espofo. 0 ensino exige novos olhares seguidos de afoes inovadoras coerentes com 0
conhecimento que se tem sobre a vida e desenvo/vimento humano. Afinal, 0 olhar do professor eo
prisma da apJicafao das teorias. Da mesma forma, a etica e 0 bom senso do professor sao a execufao do
ate educacional livre de preconceitos e lacunas ranfosas.
Palavras-chave: Dificuldades. Aprendizagem.
A aprendizagem
complexidade
nao sistematizada
esta nos fatores
principalmente
quantitativos
ou espontanea
inerentes
no convivio familiar
As dificuldades de aprendizagem,
problematica do desenvolvimento
Heterogeneidade.
Ensino.
e intrinseca
a esse processo
continuo,
ao desenvolvimento
bem como
humano.
e escolar.
alem de muito mencionadas no meio educacionat, apontam para uma
humane e estrutura social. No ambito escolar,evidenciam-se
os objetivos
com base na popula<;ao escolar geral,
0
que gera alguns problemas
de "ensinagem".
Alguns te6ricos sugerem olhar para os objetivos qualitativos, focalizando 0 desenvolvimento
de cada educando sem compara-Io com padroes gerais, isentos de dificuldades de aprendizagem.
Evidencia-se,
na estrutura
Sua
em suas implica<;oes,
escolar,
a heterogeneidade,
tal qual e a propria
humanidade,
pleno
que desafia
metodos didaticos e reelabora conceitos educacionais, contrapondo 0 historico fracasso escolar e urgindo
para um trabalho individualizado por meio da capacita<;ao e etica dos profissionais da educa<;ao.
o fundamental e a aprendizagem
c1assifica-lo focalizando as dificuldades.
historicos
e redimensionar
educa<;ao e pleno exerdcio
sua didatica,
de cada indiviquo, com base em suas necessidades,
Cabe ao educador compreender
esses problemas
oportunizando
a todos
da cidadania.
8 Especialista em Alfabetiza9ao e Literatura Infantil. E-mail: [email protected]
9 Mestre em Educ~ao.
E-mail: [email protected]
os educandos
0
e nao apenas
educacionais
que Ihes e de direito:
30
Quando a heterogeneidade
ultrapassar
deixa de favorecervivencias
as possibilidades
aprendizagem
dificuldades
da aprendizagem
desencadeiam
de aprendizagem
pelo desenvolvimento
encaminhamentos
experiencias
em moldes educacionais
fracassadas
sac apresentadas
humano,
tanto
A abrangencia
bitolados,
pelo fate de
as dificuldades
e as lacunas
existentes
neste artigo sob os aspectos educacionais,
pela aprendizagem
de
nas
perpassando
de cada crian~a com suas particularidades
e pelos
pedagogicos necessarios e existentes na pratica docente.
Ha tempos que 0 ser humano tem procurado
implica~5es,
positivas e passa a ser prejudicial
nos termos
biol6gicos
quanto
aperfei~oar
intelectuais,
0 conhecimento
0
que tem
sobre a vida e suas
evidenciado
uma grande
preocupa~ao com os processos de aprendizagem e com a rela~ao com os metodos de ensino e
aprendizagem institufdos no decorrer da hist6ria humana. Por meio de diversas abordagens, constata-se
que nao so a aprendizagem
e complexa,
mas principal mente as dificuldades
mascaram provocando 0 insucesso da aprendizagem.
o fato de 0 ser humane ser dotado de raciodnio
historia, ou seja, a partir
Entretanto,
do momenta
para sua sobrevivencia,
em que
0
que os inumeros
metodos
permite que tenha uma evolu<;ao baseada em sua
ser humane
nasce, passa a fazer parte da historia.
precisa adquirir habilidades e conhecimentos
oriundos da historia dos
seus antepassados.
Esses conhecimentos,
alem de permitirem
a compreensao social, permitem
descoberta de inumeras possibilidades de avanc;os.
Ao procurar 0 entendimento das dificuldades
de aprendizagem
autoconhecimento
ea
existentes nos seres humanos, em
especial nas crian~as em fase escolar, Smith e Strick (2001, p. 20) constataram
ter uma res posta diffcil, porque multiplos fatores contribuem
0
que "Essas quest5es podem
para as dificuldades de aprendizagem."
Jardim (2001), por sua vez, apresenta a diferenc;a entre as dificuldades de aprendizagem,
de supera~ao, se forem descobertas e trabalhadas de maneira a permitir
que
0
que sac possfveis
individuo consiga interagir
por meio do seu potencial dinamico, e os problemas de aprendizagem. 0 autor afirma que os termos nao
sac sinonimos, pois, "Nas desordens ou incapacidades de aprendizagem, a identifica~ao de disfun~5es e
c1inicamente
constatada,
porque
existem
anomalias
neurol6gicas
expressivas
ou
les5es
cerebrais
facilmente detectadas pelos processos convencionais." (JARDIM, 2001 p. 97).
Parte-se do princfpio de que, no processo de aprendizagem, se necessita de aten~ao, percepc;ao
visual,
processamento
da linguagem
e coordenac;ao
muscular.
Porem,
ao identificar
a presenc;a de
dificuldade nesse processo, e comum que se manifeste em mais de uma area. Quando ha dificuldade em
apenas uma area que impede 0 acompanhamento
dos metodos da escola, norma Imente outras
dificuldades surgem, pois os encaminhamentos
inadequados e a falta de diagnostico afetam a auto-estima
da crian~a, trazendo consequencias emocionais negativas ao seu desenvolvimento.
Existem varias dificuldades de aprendizagem, que podem ser diagnosticadas
manifesta~ao.
Porem, e necessario que haja
0
conhecimento
ao identificar
a partir
as caracterfsticas
de sua
de cada
crian~a e as "possfveis" dificuldades que ela apresenta, atentando ao fate de que, na maioria das vezes, ha
a dificuldade
relacionada a mais de uma area, principalmente
oriundos de culturas diversas e vivencias unicas.
Segundo Freire (1996, p. 52), "Saber
ensinar
por serem todos diferentes
nao e transferir
conhecimento,
uns dos outros,
mas criar
as
para a sua propria produc;ao ou a sua construc;ao". Freire (1996) chama a atenc;ao para a
possibilidades
importancia
de uma metodologia
meio do que
0
que valorize as diversas areas pelas quais a aprendizagem
se realiza, por
indivfduo ja sabe e do que precis a para avanc;ar de acordo com suas reais capacidades. Freire
(1996) tambem evidencia a importancia
de
0
professor conhecer seus alunos e identificar
de qual ajuda
31
necessitam, bem como a responsabilidade
de aprendizagem.
A desaten~ao,
fracasso
escolar,
desinformadas.
a hiperatividade
principalmente
e a impulsividade
quando
A falta de conhecimento
e na aprendizagem
do mesmo no sentido
se trata
de escolas
e identificada
com
mais frequentes
o
inclui
dificuldades
encaminhamento
didMica
metod os
atualmente,
de aprendizagem
pedagogico
diferenciada,
Ihes
impoe
autoconhecimento
como Transtorno
metodos
0 que faz com que
tem sido
0
0
tradicionais
como "malandragem",
ao
e famflias
no desenvolvimento
"preguic;a",
"ma-educac;ao",
desse comportamento.
de Deficit de Atenc;ao!Hiperatividade
(TDAH), e uma das
identificadas.
realizado
subjetivamente
dificuldades
de criam;as suscetiveis
dessas caracterfsticas
"falta de Iimites" e tantas outras sugestoes erroneas a respeito do diagnostico
Conhecido,
as principais
sac caracterfsticas
a respeito da influencia
da crianc;a facilmente
de conhecer
com as crianc;as com TDAH, na maioria
permanec;:am alheias ao processo,
fracasso.
A
intervenc;ao
com
pois a maioria
objetivo
0
das vezes, nao
de
dos
auxiliar
0
caminho para as crian~as com essa dificuldade.
Com a estrutura
educacional
deficiente
de acompanhamentos
multiprofissionais,
proporcionado
pelo medicamento tem permitido que essas crianc;:as com TDAH "acompanhem"
Mas, mesmo assim, ha a fragmentac;:ao do tratamento,
e paralelo
a
educac;:ao e, normalmente,
nao ha acompanhamento
psicologico ou terapeutico.
Quando a crian~a nao consegue superar suas dificuldades oriundas desse transtorno,
facilmente
e
sugerida a administrac;ao
a vida, e nao
de medicamentos.
pois esse auxilio vindo da medicina
0 alfvio
as aulas.
No entanto,
por ser um transtorno
relacionado
apenas as atividades escolares, e possfvel que essas crian~as continuem sendo "{ ...] cheias de energia, mas
nao mais 'descontroladas'.
Se aprendem estrategias apropriadas de aprendizagem e habilidades sociais,
(SMITH; STRICK, 2001, p. 41-42). Ainda segundo os mesmos
podem sair-se bem na escola e no trabalho."
autores, "Alguns indivfduos que usaram medicamento sac capazes de descontinua-Io. Porem, cerca de 50%
daqueles que obtem beneffcios dos medicamentos quando crian~as continuam precisando desses, a fim de
darem
0
melhor de si quando adultos."
Atrasos
confundir
tantos
na aprendizagem
letras e palavras, dificuldade
outros
problemas
(SMITH; STRICK, 2001, p. 42).
da escrita,
dificuldade
para recordar
as formas
de memorizac;ao de sequencias numericas,
relacionados
sac indicativos
de dificuldades
das letras e numeros,
formulas
de aprendizagens
e i1ustrac;oes, e
relacionados
a
deficiencia da percepc;:ao visual. De modo geral, evidencia-se no ingresso da crianc;a a escola, pois e quando
se da a alfabetizac;ao, cujos sistemas de escrita, leitura e calculo baseiam-se em memorizac;ao de sons e
esquemas de acordo com a estrutura
da lingua em questao,
tornando-se
fundamental
as estrategias
com
metodologias diferenciadas, pois cada crianc;a com essa dificuldade requer encaminhamentos
variados.
A compreensao da fala, da linguagem, da escrita, da leitura e da matematica pode ser dificultada
quando a crianc;:a apresenta
evidencia
deficiencia
de processamento
falta de atenc;ao, preguic;a e desobediencia,
da linguagem.
crianc;a tem em processar as informac;oes e que ocorre mais lentamente
entre a Iinguagem
e a aprendizagem,
A principio,
que sao confundidas
associada aos diversos sintomas,
que
0
novamente,
a crianc;a
com essa dificuldade
que a
normal. A intrinseca
relac;:ao
faz com que essa deficiencia
seja a
que atinja 0 maior numero de crianc;as. Essas crianc;as sac capazes de aprender, mas, "{ ...] podem ter
problemas com qualquer aspecto da linguagem: ouvir as palavras corretamente,
entender seu significado,
recordar materiais verbais e comunicar-se
com
0
Alguns sintomas, comuns
seu desenvolvimento.
Quando nao desaparecem
empecilhos, convem averiguar
linguagem. Quando confirmado,
esta na escolha de professores
de aprendizagem
clara mente."
em determinadas
(SMITH; STRICK, 2001, p. 48).
idades das crianc;as, vao sendo superados
e passam a prejudicar
a aprendizagem
de acordo
da crianc;a, apresentando-se
como
se nao sac dificuldades
oriundas da deficiencia de processamento
da
0 diferencial
no sucesso da aprendizagem, segundo Smith e Strick (2001),
experientes
e qualificados,
que sejam capazes de realizar.
pois saberao diagnosticar
e encaminhar
vivencias
32
As deficiencias
impacto
sobre
conseguem
motoras finas prejudicam
a capacidade
controlar
pfenamente
podem ser prejudicadas
em que derruba
alinhamento
intelectual,
devido
objetos,
porque
grupos de pequenos
ter em mente
variar imensamente
imaturos,
fina
apenas
diversos,
nao
na vida
como situa~oes embarac;:osas
calculos errados em fun~ao da escrita e
razoavelmente
que todos os tipos de dificuldades
de aprendizagem
em termos
algumas tem um
e
importante
frequentemente
de gravidade.
Enquanto
global sobre a aquisi~ao escolar, muitas deficiencias
sutis e especfficas que interferem
Tambem
motora
Porem,
importante
impacto
pela escrita, mas nao tem
musculos em suas maos. Outras atividades
em ambientes
faz desenhos aparentemente
podem
de comunicar-se
as criam;as com deficiencia
a falta de destreza
errado dos numeros.
E
a capaddade
sac tao
em apenas uma faixa muito estreita de atividades.
recordar
se sobrepoem
que
as
e ocorrem
dificuldades
de
aprendizagem
em combinac;:oes quase interminaveis.
[... ] Na verdade, cad a estudante com dificuldades de aprendizagem e praticamente
unico - uma realidade que pode tornar a identifica~ao e a interven~ao um desafio.
(SMITH; STRICK, 2001, p. 57).
Cabe ao educador
seu trabalho
assumir
0
desafio da mediac;:ao no processo de aprendizagem,
com a missao de identificar
desenvolvendo
0
todas as manifestac;:oes, desde as mais insignificantes
ate as mais expressivas.
A aquisic;:ao de todo e qualquer
requer
conhecimento
varias condic;:oes para efetivar-se,
complexa construfda
se da por meio da aprendizagem
principalmente
que, por sua vez,
pelo fato de se viver em uma estrutura
social
atraves dos tempos.
A relac;:ao existente entre 0 desenvolvimento
e a aprendizagem da margem a muitas teorias que explicam
os processos de aprendizagem.
Ao fango do tempo, algumas foram descartadas em fun~ao de novas
descobertas,
principal mente relacionadas
as pesquisas sobre a mente e 0 comportamento
Antunes (2002), ao falar da aprendizagem
estagios da aprendizagem no decorrer da vida. Para
apropriac;:ao de uma maturac;:ao neuromotora
0
numa perspectiva
autor, no prindpio
e postural,
humano.
socio-interacionista,
ressalta os
da vida de cada ser humane, ha a
seguida de ac;:aocoordenada
das maos que leva a
interac;:ao com objetos. 0 desenvolvimento
infantil ocorre [ ...} incorporando
noc;:oes de forma, peso, cor,
mas, sobretudo, e por sua interac;:ao social e mediac;:ao de adultos que se aprimora na linguagem maternal e
nas rela~oes socia is, incorporando
intelectual
Na complexidade
saude e sobrevivencia.
Porem, muitos
engenhosa flmaquina"
necessario considerar
ocorrem
desenvolvimento
deficiencias.
0
compreender
0
mundo,
ascender
a vida
enfim. (ANTUNES, 2002, p. 18,).
do desenvolvimento
resultados confirmam
dotada do flmilagre
humane,
muitas
pesquisas revelaram
fatores
relevantes
a
a intrinseca relac;:ao entre todos os orgaos e func;:oes dessa
da vidall• Mas, ao abordar 0 desenvolvimento
humano, e
alguns fatores determinantes
para tal processo.
As reais condic;:oes de aprendizagem da crianc;:a, ligadas a sua biologia e ao seu organismo biologico,
nos diferentes
ambientes
sociais e interativos.
Por meio da fecundac;:ao do ovulo pelo
espermatozoide,
todo
palavras que the permitem
dos que a cercam, aprender
inicia-se a vida de um novo ser. Cada sensac;:ao, nutriente
biologico
que,
Essas deficiencias
seu desenvolvimento
por
diversos
motivos,
pode
sofrer
e evolu~ao determinam
alterac;:oes,
gerando
0
seu
possiveis
variam de motoras a cerebrais e de leves a severas, bem como determinam
e aprendizagem.
33
Muitas
vezes, ha crian~as que tem dificuldade
origem biologica,
mas nao lhes e oferecida
de tal fator apresentado
de aprendizagem
uma proposta
pela crian~a. Mesmo assim,ha
humanidade,
que nao SaD (([...] so mente para 'ganhar a vida', mas para dar dignidade
plena de harmonia,
realizando
experiencias
de desenvolvimento,
de
pelo desconhecimento
adequar-se
uma experiencia
na sociedade,
simplesmente
de deficiencias
um processo de aprendizagem
ser humano
construir
e inserir-se
adequada,
decorrentes
que permite
vita is comuns
a esse
a toda
a
ao esfor~o comum de
de realiza~ao
e felicidade
sociaL"
(ANTUNES, 2002, p. 17).
Experiencias traumatizantes
e caracteristicas pessoais desaprovadas SaD apenas alguns dos fatores
que podem abalar a estrutura psicologica da crian~a e, mais uma vez, podem mascarar dificuldades de
aprendizagem,
disfarce
que sequer evidenciam
qual a crian~a se habituou
0
pelas institui~5es
a origem
dos problemas
por ela enfrentados.
Nesse caso, ha um
a utilizar a fim de se adequar as exigencias que Ihe foram impostas
fa milia res, escolares e sociais.
A sociedade capitalista
qualquer outra razao.
Evidencia explicita
na qual se esta inserido valoriza
e que nao ha explica~ao
poucos esbanjam fortunas,
ignorando
vida saudavel e do proprio
lucro e
para a deficiente
0
crescimento
estrutura
economico
social existente,
desenvolvimento.
de aprendizagem
conhecimento
0
evidenciado
pelas descobertas
e a qualidade
em que
a respeito
e
da
Ressalta-se que, no ultimo grupo citado, e comum encontrar
porque nao tiveram
ou nao tem um desenvolvimento
nem fisico nem psicologico. Alem disso, as rela~oes socia is SaD precarias, e os convivios
tambem se tornam problematicos.
A quantidade
acima de
as injusti~as desveladas pela falta de recursos para a sobrevivencia,
muitos vivem na miseria, a merce de todo
crian~as com dificuldades
0
SaG duas caracteristicas
que imperam
saudavel,
familiar
no mundo capitalista
e escolar
e tambem
na educa~ao SaD objetos de aten~ao, pois 0 professor tem um curriculo a cumprir e norm as intern as a
seguir. Essa empreitada normalmente
e fragmentada em perfodos, como cielos, anos ou semestres. Alem
disso,
0
professor
trabalha
em um perfodo desses, pois, no periodo
com outros metodos e concep~Oes.
Muitos ensaios de integra~ao
das eta pas e periodos
seguinte,
escolares saD realizados,
reduzem a simples discursos nos Projetos Pedagogicos de cada institui~ao,
a qualidade tenha sido espremida
sera outro
0
professor,
talvez
mas muitas vezes se
que faz com que, na educa~ao,
pela quantidade.
Na educa~ao, que segue diversas tendencias de acordo com 0 seu tempo, 0 fator que diz respeito a
qualidade tem sido 0 grande diferencial
na precariedade
dos encaminhamentos
as crian~as com
dificuldades
definidos
de aprendizagem.
por aprendizagens
Isso porque
se vem focalizando
que, aparentemente,
um padrao
nao apresentam
baseado
dificuldades.
maior se fosse apenas uma questao de para metros. Porem, tal concep~ao gerou atitudes
traumatizantes,
porque, na maioria das vezes,
se apresenta como inaceitavel,
dos obstaculos
que ela enfrenta
o conhecimento
pois
0
0
maximo desenvolvimento
impossiveis
que se tem a respeito das dificuldades
preciso entender
aprendizagem,
contrario,
discriminatorias
que so pode ser aprimorada
continuara
e
de uma crian~a com dificuldades
isento
para essa crian~a.
de aprendizagem
identificadas
e a legisla~ao
a efetiva~ao da pratica inclusiva.
que cada crianc;a e um ser com suas particularidades
a polftica educacional
problema
esperado era, de acordo com os "para metros da normalidade",
e que se tornam
que apresenta uma educa~ao inclusiva nao garantem
E
em parametros
Nao haveria
se for considerada
de desenvolvimento
como unica e respeitada
em busca de formulas
e norm as para
0
e
nos seus Iimites. Ao
sucesso escolar.
34
A pratica docente tem side baseada em metodologias
sem rela~ao com
0
cotidiano
e objetivos fragmentados
dos sujeitos, tornando-os,
com conteudos isolados,
assim, incapazes de fazer uso das informac;:5es
adquiridas na escola para a resoluc;:ao de desafios postos peto cotidiano.
Atualmente,
a informa~ao tem grande poder de formar e tambem de desvirtuar certas verdades. 0
professor, por sua vez, deve estar ciente do seu papel de permitir
que os alunos, alem de receberem as
informa~5es, interpretem-nas
para a compreensao
economico, politico ou, ate mesmo, institucional.
verdades
de muitas
manipuldas
pelo
interesse
a
Concep~5es relacionadas
educa~ao precisam ser internalizadas e praticadas de acordo com a
fun~ao atual da escola, sejam elas de ordem metodol6gica, nao bastando fazer uso das tecnologias com
a aprendizagem
didaticas que remetem
desarticuladas,
de acordo com
0
sistema antigo de mero repasse de informa~5es
ou de ordem conceitual, em que se modifica a metodologia
e
0
conceito focaliza antigos e
ultrapassados metodos.
Para tornar
a aprendizagem
significativa,
professores
e alunos devem conceber a constru~ao do
conhecimento entre ambos, ou seja, assim como nao e so mente 0 professor que ensina, tambem nao s6
aluno aprende. A escola deve proporcionar vivencias enriquecedoras e estimulantes que problematizem e
fa~am aprender por meio da percep~ao, interpreta~ao,
raciodnio,
0
investiga~ao e interven~ao.
Estimular 0 aluno ao aprendizado e instiga-Io e desafia-Io de modo a permitir que construa, por
meio dessas vivencias, competencias, tanto para a vida escolar, quanto pessoal e social. E tambem permitir
que
0
aluno tenha autonomia
ao negociar projetos e anseios do grupo, tornando-o
co-responsavel
processo, e nao apenas um receptor passivo.
Abordagens sobre significativas implica~5es no processo de ensino-aprendizagem
da considera~ao
do conhecimento,
de projetos
problematizadores,
pelo
nao s6 dependem
de planejamentos
flexfveis,
de
avalia~5es contfnuas, de didaticas construtivas, de interdisciplinaridade
e de estrutura escolar; mas
tambem, e principal mente, da forma~ao do professor que, alem do discurso, deve realizar todas essas
praticas inovadoras com conhecimento
E uma
e clareza suficientes para assegurar-lhe a responsabilidade
tarefa complexa, porem posslvel, que exige do professor compromisso
urge a reflexao a respeito dos objetivos
saber quem e
0
que tem.
e etica, acima de tudo. Logo,
da educa~ao. 0 professor precisa conhecer
0
ponto de partida,
aluno que esta em suas maos para trac;:ar objetivos e articular os saberes de modo a faze-Io
descobrir-se e lan~ar-se como homem social transformador,
que c1ama por etica e humanismo.
Vemos
0
professor
como sujeito
ciente e capaz da sua fun<;:ao numa sociedade
hist6rico
comprometido
com um conhecimento
mais crftico do seu tempo, que busca, pesquisa e descobre, juntamente
alunos, novas maneiras de aprender
a totalidade
com seus
da qual sac parte, pois quanta
mais ele conhece, mais ele se compromete. Este comprometimento
com a hist6ria
pod era fazer com que 0 profissional da educa~ao se engaje em movimentos que
acontecem no contexte da escola, despertando tambem nos seus alunos
pela participa~ao social, exercendo real mente
(SANTA CATARINA, 1998, p. 35-36).
0
0
interesse
seu papel de sujeitos da hist6ria.
Sem mais especifica<;:5es do panorama educacional existente e reiterando a importancia do
professor e de sua metodologia didatica, apontam-se algumas questoes que podem ser tomadas como
desafios ou, ate mesmo, vantagens. Ao tratar das dificuldades de aprendizagem,
partindo do ponto de vista
de que cada crian~a tem suas limita~oes e particularidades,
tanto na aprendizagem
desenvolvimento, evidenciam-se os encaminhamentos no cotidiano escolar.
A complexidade do ato educacional e as suscetlveis lacunas existentes, principalmente
sala de aula, sac apresentadas por Freire (1996) em sua obra UPedagogia do Oprimido"
quanto
no
no espac;:oda
onde apresenta a
35
autonomia
como inerente
a
natureza educativa e imprescindfvel
ao ensino e
a aprendizagem.
Alem de
mencionar diversos saberes como exigencias a pratica educativa.
E
preciso ter cora gem para assumir uma sala de aula, pois, ao mesmo tempo em que deve haver
uma igualdade de autonomia
entre alunos e professor, deve haver a media~ao e a coordena~ao de praticas
planejadas pelo professor, as quais, muitas vezes, dependem muito mais da sua postura e execuc;ao do que
da sua elaborac;ao
conhecimentos
propriamente
dita.
0
educador
precisa
vem desenvolvendo. lsso porque, ao contra rio, continuarao
informac;oes isoladas do contexto e da vivencia.
Ao assumir
0
capacitar-se
a fim
desafio de conhecer
0
a existir
atualizar
seus
aluno e respeitar suas Iimitac;5es,
0
salas de aulas para repasse de
professor deve avan~ar e alcan~ar
os seus objetivos, e nao os objetivos de um currfculo baseado em parametros
diz respeito
de
e aprimorar a sua pratica educacional, bem como refletir sobre suas ac;5es eo trabalho que
ao desenvolvimento.
contribua com
0
No que diz respeito a aprendizagem,
unicos e universais, no que
deve permitir
que cada crianc;a
todo, mesmo que parec;a nunca conseguir, ou que tenha que ter atividades diferenciadas,
com tempos especfficos. /fA qualidade da intervenc;ao do professor sobre 0 aluno ou grupo de alunos, os
materiais didaticos, horarios, espac;os, organizac;ao e estruturas das classes, a sele~ao de conteudos e a
proposi~ao de atividades concorrem
para que
0
com sucesso."(BRASIL, 2001, p.
caminho seja percorrido
105).
o professor
objetivos
e um profissional que, ao assumir-se educador, passa a atuar de maneira a garantir os
estabelecidos
e que cada educando
tenha a Iiberdade
e capacidade de avanc;ar por meritos
proprios, porem com a mediac;ao do proprio professor, dos colegas e demais vivencias que possa ter. Nao e
possivel idealizar um padrao de ser humano, muito menos um padrao de ensino unilateral ignorando a
essencia humana que e a heterogeneidade.
Por meio da evoluC;ao da humanidade,
que agregou valores aos conhecimentos,
sistematizando-os
de maneira a racionaliza-Ios cada vez mais, a propria especie desenvolveu os metodos de aprendizagem,
que sac aplicados
nas instituic;oes escolares, pela familia
e sociedade
a qualquer
tempo,
de maneira
espontanea ou nao.
E
comum
a presenc;a de dificuldades
diagnosticos
e encaminhamentos
praticos, como desrespeito
de aprendizagem
precarios
ao seu fracasso,
as suas particularidades
objetivos com base numa homogeneidade
nas crianc;as em idade escolar, que vinculam
mas que sac apresentados,
devido a concepc;5es que focalizam
que nao existe nos seres humanos.
A aprendizagem e as dificuldades sac inerentes ao processo, de desenvolvimento,
existencia das dificuldades oprime e impede
se praticamente
impossfvel
0
em termos
determinados
0
desenvolvimento,
avanc;o da aprendizagem
porem, quando a
outros problemas VaGsurgindo, tornando-
de
processos
complexos
que
a educac;ao
sistematizada apresenta.
Manifestac;oes relacionadas a atenc;ao e transgressao de regras, embora muitas vezes entendidas
como indisciplina, norma Imente sac a expressao do fracasso do trabalho pedagogico realizado.
Urge, assim,
0
comprometimento
encaminhar adequadamente
processo.
Alem
do aprimoramento
de todos os profissionais da escola para saber entender,
aqueles alunos que, devido as suas particularidades,
do conhecimento
do
professor,
por
meio
tem fica do
de capacitac;oes,
ouvir e
a margem
a etica
e
do
0
profissionalismo
de toda a sociedade em relac;ao as questoes educacionais sac uma sugestao de
autenticidade do processo educacional e respeito as crian~as que pagam um prec;o muito alto por serem
mal interpretadas.
Afinal, a autenticidade
novidade sac aspectos que impulsionam
so se da por meio da diversidade.
a humanidade.
0 diferente,
0
curiosa e a
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Logo, essa diversidade existente nas salas de aula pode proporcionar vivencias muito originais e
enriquecedoras, desde que 0 professor saiba encaminha-Ias.
ANTUNES,Celso. Vygotsky, quem diria?!: em minha sala de aula. Petr6polis: Vozes, 2002. (Fasdculo na sala
de aula, 12).
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