Revista de divulga~ao tecnico-cientifica do ICPG Vol. 3 n.ll- jul.-dez./2007, p. 25-29 ISSN 1807-2836 AS ENTRELINHAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM A heterogeneidade na sala de aula Cintia Dahlke leonhardt8 Rodrigo Marcellino de Fran~a9 Resumo As dificuldades de aprendizagem sac inerentes ao ser humane e determinantes em sua vida. Devido a heterogeneidade natural da especie humana, algumas dificuldades adquirem dimensaes gigantescas e catastr6ficas por serem reforfadas por metodologias educacionais equivocadas e ultrapassadas. Muitas escolas mascaram 0 processo educativo com discursos divergentes que ignoram as condifoes do desenvo/vimento humano e sobrepoem a quantidade a quaJidade, com base em parametros estabelecidos por uma maioria, aparentemente isenta de dtficuldades de aprendizagem. As crianfasque apresentam dificuldades que as impedem de progredir norma/mente adquirem problemas de aprendizagem porque outras manifestafoes de fracasso VaGse criando ate bloquearem a sua capacidade de aprender de acordo com 0 seu tempo e espofo. 0 ensino exige novos olhares seguidos de afoes inovadoras coerentes com 0 conhecimento que se tem sobre a vida e desenvo/vimento humano. Afinal, 0 olhar do professor eo prisma da apJicafao das teorias. Da mesma forma, a etica e 0 bom senso do professor sao a execufao do ate educacional livre de preconceitos e lacunas ranfosas. Palavras-chave: Dificuldades. Aprendizagem. A aprendizagem complexidade nao sistematizada esta nos fatores principalmente quantitativos ou espontanea inerentes no convivio familiar As dificuldades de aprendizagem, problematica do desenvolvimento Heterogeneidade. Ensino. e intrinseca a esse processo continuo, ao desenvolvimento bem como humano. e escolar. alem de muito mencionadas no meio educacionat, apontam para uma humane e estrutura social. No ambito escolar,evidenciam-se os objetivos com base na popula<;ao escolar geral, 0 que gera alguns problemas de "ensinagem". Alguns te6ricos sugerem olhar para os objetivos qualitativos, focalizando 0 desenvolvimento de cada educando sem compara-Io com padroes gerais, isentos de dificuldades de aprendizagem. Evidencia-se, na estrutura Sua em suas implica<;oes, escolar, a heterogeneidade, tal qual e a propria humanidade, pleno que desafia metodos didaticos e reelabora conceitos educacionais, contrapondo 0 historico fracasso escolar e urgindo para um trabalho individualizado por meio da capacita<;ao e etica dos profissionais da educa<;ao. o fundamental e a aprendizagem c1assifica-lo focalizando as dificuldades. historicos e redimensionar educa<;ao e pleno exerdcio sua didatica, de cada indiviquo, com base em suas necessidades, Cabe ao educador compreender esses problemas oportunizando a todos da cidadania. 8 Especialista em Alfabetiza9ao e Literatura Infantil. E-mail: [email protected] 9 Mestre em Educ~ao. E-mail: [email protected] os educandos 0 e nao apenas educacionais que Ihes e de direito: 30 Quando a heterogeneidade ultrapassar deixa de favorecervivencias as possibilidades aprendizagem dificuldades da aprendizagem desencadeiam de aprendizagem pelo desenvolvimento encaminhamentos experiencias em moldes educacionais fracassadas sac apresentadas humano, tanto A abrangencia bitolados, pelo fate de as dificuldades e as lacunas existentes neste artigo sob os aspectos educacionais, pela aprendizagem de nas perpassando de cada crian~a com suas particularidades e pelos pedagogicos necessarios e existentes na pratica docente. Ha tempos que 0 ser humano tem procurado implica~5es, positivas e passa a ser prejudicial nos termos biol6gicos quanto aperfei~oar intelectuais, 0 conhecimento 0 que tem sobre a vida e suas evidenciado uma grande preocupa~ao com os processos de aprendizagem e com a rela~ao com os metodos de ensino e aprendizagem institufdos no decorrer da hist6ria humana. Por meio de diversas abordagens, constata-se que nao so a aprendizagem e complexa, mas principal mente as dificuldades mascaram provocando 0 insucesso da aprendizagem. o fato de 0 ser humane ser dotado de raciodnio historia, ou seja, a partir Entretanto, do momenta para sua sobrevivencia, em que 0 que os inumeros metodos permite que tenha uma evolu<;ao baseada em sua ser humane nasce, passa a fazer parte da historia. precisa adquirir habilidades e conhecimentos oriundos da historia dos seus antepassados. Esses conhecimentos, alem de permitirem a compreensao social, permitem descoberta de inumeras possibilidades de avanc;os. Ao procurar 0 entendimento das dificuldades de aprendizagem autoconhecimento ea existentes nos seres humanos, em especial nas crian~as em fase escolar, Smith e Strick (2001, p. 20) constataram ter uma res posta diffcil, porque multiplos fatores contribuem 0 que "Essas quest5es podem para as dificuldades de aprendizagem." Jardim (2001), por sua vez, apresenta a diferenc;a entre as dificuldades de aprendizagem, de supera~ao, se forem descobertas e trabalhadas de maneira a permitir que 0 que sac possfveis individuo consiga interagir por meio do seu potencial dinamico, e os problemas de aprendizagem. 0 autor afirma que os termos nao sac sinonimos, pois, "Nas desordens ou incapacidades de aprendizagem, a identifica~ao de disfun~5es e c1inicamente constatada, porque existem anomalias neurol6gicas expressivas ou les5es cerebrais facilmente detectadas pelos processos convencionais." (JARDIM, 2001 p. 97). Parte-se do princfpio de que, no processo de aprendizagem, se necessita de aten~ao, percepc;ao visual, processamento da linguagem e coordenac;ao muscular. Porem, ao identificar a presenc;a de dificuldade nesse processo, e comum que se manifeste em mais de uma area. Quando ha dificuldade em apenas uma area que impede 0 acompanhamento dos metodos da escola, norma Imente outras dificuldades surgem, pois os encaminhamentos inadequados e a falta de diagnostico afetam a auto-estima da crian~a, trazendo consequencias emocionais negativas ao seu desenvolvimento. Existem varias dificuldades de aprendizagem, que podem ser diagnosticadas manifesta~ao. Porem, e necessario que haja 0 conhecimento ao identificar a partir as caracterfsticas de sua de cada crian~a e as "possfveis" dificuldades que ela apresenta, atentando ao fate de que, na maioria das vezes, ha a dificuldade relacionada a mais de uma area, principalmente oriundos de culturas diversas e vivencias unicas. Segundo Freire (1996, p. 52), "Saber ensinar por serem todos diferentes nao e transferir conhecimento, uns dos outros, mas criar as para a sua propria produc;ao ou a sua construc;ao". Freire (1996) chama a atenc;ao para a possibilidades importancia de uma metodologia meio do que 0 que valorize as diversas areas pelas quais a aprendizagem se realiza, por indivfduo ja sabe e do que precis a para avanc;ar de acordo com suas reais capacidades. Freire (1996) tambem evidencia a importancia de 0 professor conhecer seus alunos e identificar de qual ajuda 31 necessitam, bem como a responsabilidade de aprendizagem. A desaten~ao, fracasso escolar, desinformadas. a hiperatividade principalmente e a impulsividade quando A falta de conhecimento e na aprendizagem do mesmo no sentido se trata de escolas e identificada com mais frequentes o inclui dificuldades encaminhamento didMica metod os atualmente, de aprendizagem pedagogico diferenciada, Ihes impoe autoconhecimento como Transtorno metodos 0 que faz com que tem sido 0 0 tradicionais como "malandragem", ao e famflias no desenvolvimento "preguic;a", "ma-educac;ao", desse comportamento. de Deficit de Atenc;ao!Hiperatividade (TDAH), e uma das identificadas. realizado subjetivamente dificuldades de criam;as suscetiveis dessas caracterfsticas "falta de Iimites" e tantas outras sugestoes erroneas a respeito do diagnostico Conhecido, as principais sac caracterfsticas a respeito da influencia da crianc;a facilmente de conhecer com as crianc;as com TDAH, na maioria permanec;:am alheias ao processo, fracasso. A intervenc;ao com pois a maioria objetivo 0 das vezes, nao de dos auxiliar 0 caminho para as crian~as com essa dificuldade. Com a estrutura educacional deficiente de acompanhamentos multiprofissionais, proporcionado pelo medicamento tem permitido que essas crianc;:as com TDAH "acompanhem" Mas, mesmo assim, ha a fragmentac;:ao do tratamento, e paralelo a educac;:ao e, normalmente, nao ha acompanhamento psicologico ou terapeutico. Quando a crian~a nao consegue superar suas dificuldades oriundas desse transtorno, facilmente e sugerida a administrac;ao a vida, e nao de medicamentos. pois esse auxilio vindo da medicina 0 alfvio as aulas. No entanto, por ser um transtorno relacionado apenas as atividades escolares, e possfvel que essas crian~as continuem sendo "{ ...] cheias de energia, mas nao mais 'descontroladas'. Se aprendem estrategias apropriadas de aprendizagem e habilidades sociais, (SMITH; STRICK, 2001, p. 41-42). Ainda segundo os mesmos podem sair-se bem na escola e no trabalho." autores, "Alguns indivfduos que usaram medicamento sac capazes de descontinua-Io. Porem, cerca de 50% daqueles que obtem beneffcios dos medicamentos quando crian~as continuam precisando desses, a fim de darem 0 melhor de si quando adultos." Atrasos confundir tantos na aprendizagem letras e palavras, dificuldade outros problemas (SMITH; STRICK, 2001, p. 42). da escrita, dificuldade para recordar as formas de memorizac;ao de sequencias numericas, relacionados sac indicativos de dificuldades das letras e numeros, formulas de aprendizagens e i1ustrac;oes, e relacionados a deficiencia da percepc;:ao visual. De modo geral, evidencia-se no ingresso da crianc;a a escola, pois e quando se da a alfabetizac;ao, cujos sistemas de escrita, leitura e calculo baseiam-se em memorizac;ao de sons e esquemas de acordo com a estrutura da lingua em questao, tornando-se fundamental as estrategias com metodologias diferenciadas, pois cada crianc;a com essa dificuldade requer encaminhamentos variados. A compreensao da fala, da linguagem, da escrita, da leitura e da matematica pode ser dificultada quando a crianc;:a apresenta evidencia deficiencia de processamento falta de atenc;ao, preguic;a e desobediencia, da linguagem. crianc;a tem em processar as informac;oes e que ocorre mais lentamente entre a Iinguagem e a aprendizagem, A principio, que sao confundidas associada aos diversos sintomas, que 0 novamente, a crianc;a com essa dificuldade que a normal. A intrinseca relac;:ao faz com que essa deficiencia seja a que atinja 0 maior numero de crianc;as. Essas crianc;as sac capazes de aprender, mas, "{ ...] podem ter problemas com qualquer aspecto da linguagem: ouvir as palavras corretamente, entender seu significado, recordar materiais verbais e comunicar-se com 0 Alguns sintomas, comuns seu desenvolvimento. Quando nao desaparecem empecilhos, convem averiguar linguagem. Quando confirmado, esta na escolha de professores de aprendizagem clara mente." em determinadas (SMITH; STRICK, 2001, p. 48). idades das crianc;as, vao sendo superados e passam a prejudicar a aprendizagem de acordo da crianc;a, apresentando-se como se nao sac dificuldades oriundas da deficiencia de processamento da 0 diferencial no sucesso da aprendizagem, segundo Smith e Strick (2001), experientes e qualificados, que sejam capazes de realizar. pois saberao diagnosticar e encaminhar vivencias 32 As deficiencias impacto sobre conseguem motoras finas prejudicam a capacidade controlar pfenamente podem ser prejudicadas em que derruba alinhamento intelectual, devido objetos, porque grupos de pequenos ter em mente variar imensamente imaturos, fina apenas diversos, nao na vida como situa~oes embarac;:osas calculos errados em fun~ao da escrita e razoavelmente que todos os tipos de dificuldades de aprendizagem em termos algumas tem um e importante frequentemente de gravidade. Enquanto global sobre a aquisi~ao escolar, muitas deficiencias sutis e especfficas que interferem Tambem motora Porem, importante impacto pela escrita, mas nao tem musculos em suas maos. Outras atividades em ambientes faz desenhos aparentemente podem de comunicar-se as criam;as com deficiencia a falta de destreza errado dos numeros. E a capaddade sac tao em apenas uma faixa muito estreita de atividades. recordar se sobrepoem que as e ocorrem dificuldades de aprendizagem em combinac;:oes quase interminaveis. [... ] Na verdade, cad a estudante com dificuldades de aprendizagem e praticamente unico - uma realidade que pode tornar a identifica~ao e a interven~ao um desafio. (SMITH; STRICK, 2001, p. 57). Cabe ao educador seu trabalho assumir 0 desafio da mediac;:ao no processo de aprendizagem, com a missao de identificar desenvolvendo 0 todas as manifestac;:oes, desde as mais insignificantes ate as mais expressivas. A aquisic;:ao de todo e qualquer requer conhecimento varias condic;:oes para efetivar-se, complexa construfda se da por meio da aprendizagem principalmente que, por sua vez, pelo fato de se viver em uma estrutura social atraves dos tempos. A relac;:ao existente entre 0 desenvolvimento e a aprendizagem da margem a muitas teorias que explicam os processos de aprendizagem. Ao fango do tempo, algumas foram descartadas em fun~ao de novas descobertas, principal mente relacionadas as pesquisas sobre a mente e 0 comportamento Antunes (2002), ao falar da aprendizagem estagios da aprendizagem no decorrer da vida. Para apropriac;:ao de uma maturac;:ao neuromotora 0 numa perspectiva autor, no prindpio e postural, humano. socio-interacionista, ressalta os da vida de cada ser humane, ha a seguida de ac;:aocoordenada das maos que leva a interac;:ao com objetos. 0 desenvolvimento infantil ocorre [ ...} incorporando noc;:oes de forma, peso, cor, mas, sobretudo, e por sua interac;:ao social e mediac;:ao de adultos que se aprimora na linguagem maternal e nas rela~oes socia is, incorporando intelectual Na complexidade saude e sobrevivencia. Porem, muitos engenhosa flmaquina" necessario considerar ocorrem desenvolvimento deficiencias. 0 compreender 0 mundo, ascender a vida enfim. (ANTUNES, 2002, p. 18,). do desenvolvimento resultados confirmam dotada do flmilagre humane, muitas pesquisas revelaram fatores relevantes a a intrinseca relac;:ao entre todos os orgaos e func;:oes dessa da vidall• Mas, ao abordar 0 desenvolvimento humano, e alguns fatores determinantes para tal processo. As reais condic;:oes de aprendizagem da crianc;:a, ligadas a sua biologia e ao seu organismo biologico, nos diferentes ambientes sociais e interativos. Por meio da fecundac;:ao do ovulo pelo espermatozoide, todo palavras que the permitem dos que a cercam, aprender inicia-se a vida de um novo ser. Cada sensac;:ao, nutriente biologico que, Essas deficiencias seu desenvolvimento por diversos motivos, pode sofrer e evolu~ao determinam alterac;:oes, gerando 0 seu possiveis variam de motoras a cerebrais e de leves a severas, bem como determinam e aprendizagem. 33 Muitas vezes, ha crian~as que tem dificuldade origem biologica, mas nao lhes e oferecida de tal fator apresentado de aprendizagem uma proposta pela crian~a. Mesmo assim,ha humanidade, que nao SaD (([...] so mente para 'ganhar a vida', mas para dar dignidade plena de harmonia, realizando experiencias de desenvolvimento, de pelo desconhecimento adequar-se uma experiencia na sociedade, simplesmente de deficiencias um processo de aprendizagem ser humano construir e inserir-se adequada, decorrentes que permite vita is comuns a esse a toda a ao esfor~o comum de de realiza~ao e felicidade sociaL" (ANTUNES, 2002, p. 17). Experiencias traumatizantes e caracteristicas pessoais desaprovadas SaD apenas alguns dos fatores que podem abalar a estrutura psicologica da crian~a e, mais uma vez, podem mascarar dificuldades de aprendizagem, disfarce que sequer evidenciam qual a crian~a se habituou 0 pelas institui~5es a origem dos problemas por ela enfrentados. Nesse caso, ha um a utilizar a fim de se adequar as exigencias que Ihe foram impostas fa milia res, escolares e sociais. A sociedade capitalista qualquer outra razao. Evidencia explicita na qual se esta inserido valoriza e que nao ha explica~ao poucos esbanjam fortunas, ignorando vida saudavel e do proprio lucro e para a deficiente 0 crescimento estrutura economico social existente, desenvolvimento. de aprendizagem conhecimento 0 evidenciado pelas descobertas e a qualidade em que a respeito e da Ressalta-se que, no ultimo grupo citado, e comum encontrar porque nao tiveram ou nao tem um desenvolvimento nem fisico nem psicologico. Alem disso, as rela~oes socia is SaD precarias, e os convivios tambem se tornam problematicos. A quantidade acima de as injusti~as desveladas pela falta de recursos para a sobrevivencia, muitos vivem na miseria, a merce de todo crian~as com dificuldades 0 SaG duas caracteristicas que imperam saudavel, familiar no mundo capitalista e escolar e tambem na educa~ao SaD objetos de aten~ao, pois 0 professor tem um curriculo a cumprir e norm as intern as a seguir. Essa empreitada normalmente e fragmentada em perfodos, como cielos, anos ou semestres. Alem disso, 0 professor trabalha em um perfodo desses, pois, no periodo com outros metodos e concep~Oes. Muitos ensaios de integra~ao das eta pas e periodos seguinte, escolares saD realizados, reduzem a simples discursos nos Projetos Pedagogicos de cada institui~ao, a qualidade tenha sido espremida sera outro 0 professor, talvez mas muitas vezes se que faz com que, na educa~ao, pela quantidade. Na educa~ao, que segue diversas tendencias de acordo com 0 seu tempo, 0 fator que diz respeito a qualidade tem sido 0 grande diferencial na precariedade dos encaminhamentos as crian~as com dificuldades definidos de aprendizagem. por aprendizagens Isso porque se vem focalizando que, aparentemente, um padrao nao apresentam baseado dificuldades. maior se fosse apenas uma questao de para metros. Porem, tal concep~ao gerou atitudes traumatizantes, porque, na maioria das vezes, se apresenta como inaceitavel, dos obstaculos que ela enfrenta o conhecimento pois 0 0 maximo desenvolvimento impossiveis que se tem a respeito das dificuldades preciso entender aprendizagem, contrario, discriminatorias que so pode ser aprimorada continuara e de uma crian~a com dificuldades isento para essa crian~a. de aprendizagem identificadas e a legisla~ao a efetiva~ao da pratica inclusiva. que cada crianc;a e um ser com suas particularidades a polftica educacional problema esperado era, de acordo com os "para metros da normalidade", e que se tornam que apresenta uma educa~ao inclusiva nao garantem E em parametros Nao haveria se for considerada de desenvolvimento como unica e respeitada em busca de formulas e norm as para 0 e nos seus Iimites. Ao sucesso escolar. 34 A pratica docente tem side baseada em metodologias sem rela~ao com 0 cotidiano e objetivos fragmentados dos sujeitos, tornando-os, com conteudos isolados, assim, incapazes de fazer uso das informac;:5es adquiridas na escola para a resoluc;:ao de desafios postos peto cotidiano. Atualmente, a informa~ao tem grande poder de formar e tambem de desvirtuar certas verdades. 0 professor, por sua vez, deve estar ciente do seu papel de permitir que os alunos, alem de receberem as informa~5es, interpretem-nas para a compreensao economico, politico ou, ate mesmo, institucional. verdades de muitas manipuldas pelo interesse a Concep~5es relacionadas educa~ao precisam ser internalizadas e praticadas de acordo com a fun~ao atual da escola, sejam elas de ordem metodol6gica, nao bastando fazer uso das tecnologias com a aprendizagem didaticas que remetem desarticuladas, de acordo com 0 sistema antigo de mero repasse de informa~5es ou de ordem conceitual, em que se modifica a metodologia e 0 conceito focaliza antigos e ultrapassados metodos. Para tornar a aprendizagem significativa, professores e alunos devem conceber a constru~ao do conhecimento entre ambos, ou seja, assim como nao e so mente 0 professor que ensina, tambem nao s6 aluno aprende. A escola deve proporcionar vivencias enriquecedoras e estimulantes que problematizem e fa~am aprender por meio da percep~ao, interpreta~ao, raciodnio, 0 investiga~ao e interven~ao. Estimular 0 aluno ao aprendizado e instiga-Io e desafia-Io de modo a permitir que construa, por meio dessas vivencias, competencias, tanto para a vida escolar, quanto pessoal e social. E tambem permitir que 0 aluno tenha autonomia ao negociar projetos e anseios do grupo, tornando-o co-responsavel processo, e nao apenas um receptor passivo. Abordagens sobre significativas implica~5es no processo de ensino-aprendizagem da considera~ao do conhecimento, de projetos problematizadores, pelo nao s6 dependem de planejamentos flexfveis, de avalia~5es contfnuas, de didaticas construtivas, de interdisciplinaridade e de estrutura escolar; mas tambem, e principal mente, da forma~ao do professor que, alem do discurso, deve realizar todas essas praticas inovadoras com conhecimento E uma e clareza suficientes para assegurar-lhe a responsabilidade tarefa complexa, porem posslvel, que exige do professor compromisso urge a reflexao a respeito dos objetivos saber quem e 0 que tem. e etica, acima de tudo. Logo, da educa~ao. 0 professor precisa conhecer 0 ponto de partida, aluno que esta em suas maos para trac;:ar objetivos e articular os saberes de modo a faze-Io descobrir-se e lan~ar-se como homem social transformador, que c1ama por etica e humanismo. Vemos 0 professor como sujeito ciente e capaz da sua fun<;:ao numa sociedade hist6rico comprometido com um conhecimento mais crftico do seu tempo, que busca, pesquisa e descobre, juntamente alunos, novas maneiras de aprender a totalidade com seus da qual sac parte, pois quanta mais ele conhece, mais ele se compromete. Este comprometimento com a hist6ria pod era fazer com que 0 profissional da educa~ao se engaje em movimentos que acontecem no contexte da escola, despertando tambem nos seus alunos pela participa~ao social, exercendo real mente (SANTA CATARINA, 1998, p. 35-36). 0 0 interesse seu papel de sujeitos da hist6ria. Sem mais especifica<;:5es do panorama educacional existente e reiterando a importancia do professor e de sua metodologia didatica, apontam-se algumas questoes que podem ser tomadas como desafios ou, ate mesmo, vantagens. Ao tratar das dificuldades de aprendizagem, partindo do ponto de vista de que cada crian~a tem suas limita~oes e particularidades, tanto na aprendizagem desenvolvimento, evidenciam-se os encaminhamentos no cotidiano escolar. A complexidade do ato educacional e as suscetlveis lacunas existentes, principalmente sala de aula, sac apresentadas por Freire (1996) em sua obra UPedagogia do Oprimido" quanto no no espac;:oda onde apresenta a 35 autonomia como inerente a natureza educativa e imprescindfvel ao ensino e a aprendizagem. Alem de mencionar diversos saberes como exigencias a pratica educativa. E preciso ter cora gem para assumir uma sala de aula, pois, ao mesmo tempo em que deve haver uma igualdade de autonomia entre alunos e professor, deve haver a media~ao e a coordena~ao de praticas planejadas pelo professor, as quais, muitas vezes, dependem muito mais da sua postura e execuc;ao do que da sua elaborac;ao conhecimentos propriamente dita. 0 educador precisa vem desenvolvendo. lsso porque, ao contra rio, continuarao informac;oes isoladas do contexto e da vivencia. Ao assumir 0 capacitar-se a fim desafio de conhecer 0 a existir atualizar seus aluno e respeitar suas Iimitac;5es, 0 salas de aulas para repasse de professor deve avan~ar e alcan~ar os seus objetivos, e nao os objetivos de um currfculo baseado em parametros diz respeito de e aprimorar a sua pratica educacional, bem como refletir sobre suas ac;5es eo trabalho que ao desenvolvimento. contribua com 0 No que diz respeito a aprendizagem, unicos e universais, no que deve permitir que cada crianc;a todo, mesmo que parec;a nunca conseguir, ou que tenha que ter atividades diferenciadas, com tempos especfficos. /fA qualidade da intervenc;ao do professor sobre 0 aluno ou grupo de alunos, os materiais didaticos, horarios, espac;os, organizac;ao e estruturas das classes, a sele~ao de conteudos e a proposi~ao de atividades concorrem para que 0 com sucesso."(BRASIL, 2001, p. caminho seja percorrido 105). o professor objetivos e um profissional que, ao assumir-se educador, passa a atuar de maneira a garantir os estabelecidos e que cada educando tenha a Iiberdade e capacidade de avanc;ar por meritos proprios, porem com a mediac;ao do proprio professor, dos colegas e demais vivencias que possa ter. Nao e possivel idealizar um padrao de ser humano, muito menos um padrao de ensino unilateral ignorando a essencia humana que e a heterogeneidade. Por meio da evoluC;ao da humanidade, que agregou valores aos conhecimentos, sistematizando-os de maneira a racionaliza-Ios cada vez mais, a propria especie desenvolveu os metodos de aprendizagem, que sac aplicados nas instituic;oes escolares, pela familia e sociedade a qualquer tempo, de maneira espontanea ou nao. E comum a presenc;a de dificuldades diagnosticos e encaminhamentos praticos, como desrespeito de aprendizagem precarios ao seu fracasso, as suas particularidades objetivos com base numa homogeneidade nas crianc;as em idade escolar, que vinculam mas que sac apresentados, devido a concepc;5es que focalizam que nao existe nos seres humanos. A aprendizagem e as dificuldades sac inerentes ao processo, de desenvolvimento, existencia das dificuldades oprime e impede se praticamente impossfvel 0 em termos determinados 0 desenvolvimento, avanc;o da aprendizagem porem, quando a outros problemas VaGsurgindo, tornando- de processos complexos que a educac;ao sistematizada apresenta. Manifestac;oes relacionadas a atenc;ao e transgressao de regras, embora muitas vezes entendidas como indisciplina, norma Imente sac a expressao do fracasso do trabalho pedagogico realizado. Urge, assim, 0 comprometimento encaminhar adequadamente processo. Alem do aprimoramento de todos os profissionais da escola para saber entender, aqueles alunos que, devido as suas particularidades, do conhecimento do professor, por meio tem fica do de capacitac;oes, ouvir e a margem a etica e do 0 profissionalismo de toda a sociedade em relac;ao as questoes educacionais sac uma sugestao de autenticidade do processo educacional e respeito as crian~as que pagam um prec;o muito alto por serem mal interpretadas. Afinal, a autenticidade novidade sac aspectos que impulsionam so se da por meio da diversidade. a humanidade. 0 diferente, 0 curiosa e a 36 Logo, essa diversidade existente nas salas de aula pode proporcionar vivencias muito originais e enriquecedoras, desde que 0 professor saiba encaminha-Ias. ANTUNES,Celso. Vygotsky, quem diria?!: em minha sala de aula. Petr6polis: Vozes, 2002. (Fasdculo na sala de aula, 12). BRASIL.Parametros Curricula res Nacionais: apresentac;:ao dos temas transversais e etica. Brasilia: MEC, 2001. FREIRE,Paulo. 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