Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s — Nº18 • Periodicidade: Trimestral • Setembro/2007 Plataforma das ONG’s prepara Mesa Redonda de Parceiros A primeira quinzena de Março de 2008 é a data prevista para a realização de uma Mesa Redonda dos Parceiros e potenciais parceiros dos actores não governamentais cabo-verdianos sob os auspícios da Plataforma das ONG’s de Cabo Verde. A mesma tem como objectivo divulgar junto dos parceiros e potenciais parceiros o papel da acção e dos actores não governamentais no processo de desenvolvimento de Cabo Verde, mobilizar mais parceiros e parcerias, trocar informações e experiências entre as ONG’s e associações cabo-verdianas e os Assembleia-Geral vai ser em Março de 2008 ............................................... Páginas 2 e 3 potencias parceiros, sobretudo no Norte e contribuir para o reforço e a consolidação das relações de cooperação com os mesmos. Esta foi a decisão saída da reunião do Conselho de Direcção da Plataforma realizada, na Praia, no dia 20 de Setembro último, o qual decidiu também pela realização, nesse mesmo período, da IV Assembleia Geral da organização e deu orientações para a preparação da reunião do Conselho Geral, órgão máximo da organização entre duas sessões daquele órgão a ter lugar em Novembro próximo. Cabo Verde esteve presente na VI Feira Transregional de Economia Solidária .............................................. Páginas 6 e 7 Editorial ditorial O ano de 2007 marca uma etapa decisiva na vida da Plataforma das ONG’s de Cabo Verde que arrancou com a implementação do seu Plano Estratégico para o horizonte 2012. Março 2008 Plataforma reúne-s Dentre as novas oportunidades que se abrem para a organização, está todo o ambiente propício para a intervenção das ONG’s e de toda a sociedade civil organizada ao lado do reconhecimento pelo governo e outros parceiros, do papel das ONG’s no desenvolvimento social. O quadro legal favorável à criação e intervenção das associações sem fins lucrativos é outra conquista importante da sociedade civil cabo-verdiana, graças à qual as ONG’s cabo-verdianas têm desempenhado um papel de primeira grandeza na luta contra a pobreza e a exclusão social em todos os cantos do país, contribuindo para a melhoria das condições de vida das populações. Mas tudo tem sido possível com o apoio e o engajamento de parceiros, sobretudo internacionais, que, desde longa data, têm investido nesse esforço nacional de construção da qualidade de vida para todos os cidadãos do arquipélago. A Plataforma das ONG’s tem apostado muito no aproveitamento das oportunidades ligadas ao contexto externo em ordem a orientar as suas intervenções para o seu próprio reforço institucional. A Plataforma das ONG’s vai estar reunida em IV Assembleia-Geral (AG) ordinária, que terá como objectivo analisar o trabalho realizado nos últimos três anos e perspectivar os próximos anos, à luz do seu Plano Estratégico para o horizonte 2012. S egundo o presidente do Conselho de Direcção, Avelino Bonifácio Lopes, a reunião magna da família ONG em Cabo Verde deve ser precedida de uma Paralelamente, adoptou a estratégia de descentralização progressiva da estrutura central e das suas intervenções de modo a contribuir para o reforço das capacidades das ONG’s e associações de base, através de acções de formação, informação e comunicação, apoios financeiro e logístico e promoção da cidadania. O primeiro passo já está sendo dado com a criação de 10 antenas da Plataforma das ONG’s nos concelhos de Santa Cruz, Santa Catarina, Tarrafal e Ribeira Grande, na ilha de Santiago, da Ribeira Grande, em Santo Antão, e nas ilhas do Fogo (São Filipe), Brava, Maio, Boa Vista e Sal. • Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 reunião do Conselho Geral, a ter lugar em Novembro próximo, que apreciará o relatório de contas dos últimos três anos a serem submetidas à aprovação da AG. se em IV Assembleia-Geral A reunião do Conselho de Direcção (CD), realizada a 20 de Setembro, ficou também marcada pela análise do estado de funcionamento da Plataforma e ponto da situação dos projectos em curso. Nas palavras de Avelino Bonifácio Lopes, a constatação feita é que a organização está a funcionar com estabilidade em termos de projectos, da mesma forma como é relativamente boa a sua situação financeira, havendo projectos em fase de execução e outros em vias de arranque. A reunião entendeu, igualmente, que há boas perspectivas para a Plataforma, devendo a mesma investir na procura de novos parceiros e na consolidação das parcerias existentes. Representação em São Vicente No quadro da preparação da AG, o reforço da presença e representação da Plataforma em São Vicente foi outro assunto tratado pelo CD, que defendeu a realização de uma jornada de reflexão sobre o futuro da representação da Plataforma das ONG’s na ilha e que deverá juntar membros da Plataforma, actores não governamentais e parceiros municipais. Este processo centrar-se-á na escolha do modelo que melhor sirva os interesses das organizações da sociedade civil locais proposto pelos próprios actores não governamentais, da mesma forma como deverá fazer o balanço do funcionamento da delegação nos últimos anos. Dezembro de 2007 é a data proposta para a reinstalação da delegação da Plataforma no Mindelo, em novos moldes, com um staff reforçado e uma presença mais eficaz. IV Encontro Internacional do FADOC - Praia, Dezembro de 2006 Mesa Redonda de Parceiros A realização de uma Mesa Redonda dos Parceiros e potenciais parceiros nacionais e internacionais dos actores não governamentais cabo-verdianos constitui um dos projectos mais ambiciosos da Plataforma das ONG’s para o futuro próximo. Trata-se de uma iniciativa que conta com o financiamento da União Europeia e que pretende reunir na Cidade da Praia, em Março de 2008, entidades públicas e privadas tanto do Norte como do Sul que possam contribuir ou continuar a colaborar no esforço da Plataforma por um país com uma sociedade civil cada vez mais forte e protagonizadora da luta contra a pobreza e exclusão social. A decisão do Conselho de Direcção, como fez saber o seu presidente, vai no sentido de se convidar para esta Mesa Redonda os tradicionais parceiros da Plataforma, designadamente do centro e do norte da Europa mais da Espanha, devendo-se apostar fortemente no Canadá, nos Estados Unidos (EUA) e no vizinho Senegal. Para além dos parceiros tradicionais ACEP, IEPALA, Instituto Marquês de Valle Flor com que conta sempre, a Plataforma tem olhos postos na mobilização de novos parceiros e Dakar vai ser o destino de uma primeira missão para apresentar aos parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde residentes nessa cidade o projecto da Mesa Redonda e convidá-los a estar presente na Praia, em Março próximo. Pretende-se, igualmente, utilizar cabo-verdianas na diáspora como pessoas recursos para apoiar essa iniciativa, principalmente na Itália e nos EUA, esperando a Plataforma contar com o apoio das missões diplomáticas de Cabo Verde nesses países para o efeito. Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 • GAO reforça a sua presença em todo o país A criação de um Gabinete de Apoio às ONG’s e de antenas em todas as ilhas constituem duas estratégias que a Plataforma das ONG’s adoptou, nos últimos anos, com vista à consolidação e a dinamização da acção não governamental. À luz das decisões emanadas na última Assembleia-Geral da organização, os últimos anos foram de reforço da informação e da comunicação da Plataforma com as ONG’s e associações, bem assim entre os actores não governamentais e entre estes e os seus parceiros. A instalação de antenas em todos os concelhos, bem como o reforço da presença da Plataforma na ilha de São Vicente constitui outra meta para 2007. Numa primeira fase, já estão escolhidas as antenas da Plataforma e das ONG’s e também as instituições locais que as vão sedear nos concelhos de Santa Cruz, Santa Catarina, Tarrafal e Ribeira Grande, na ilha de Santiago, da Ribeira Grande, em Santo Antão, e nas ilhas do Fogo (São Filipe), Brava, Maio, Boa Vista e Sal. Até 30 de Outubro, os gabinetes das antenas vão estar equipados com mobiliário e equipamento informático, informação e documentação diversa tanto para consulta como para utilização em caso de filiação numa ONG ou • Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 na Plataforma ou de elaboração de um projecto ou pedido de financiamento. Outros apoios serão garantidos pelas antenas que, diariamente, vão estar nesses gabinetes para atender necessidades específicas das associações, ao mesmo tempo que deverão promover a divulgação das actividades das mesmas e de informações diversas, para além do conhecimento e da troca de experiências, etc. Nos restantes 10 concelhos, as antenas vão ficar criadas até o final deste ano e todas vão beneficiar de acções de sensibilização e capacitação em ordem a estarem melhor preparadas para atender as necessidades e expectativas das ONG’s e associações em todas as ilhas. O site da Plataforma das ONG’s a ser lançado, proximamente, vai ser o ponto alto desse esforço, no âmbito do qual foi, igualmente, criado uma base de dados disponível no endereço africainformarket.org, Portal de cooperação e Solidariedade das Canárias com os governos de Cabo Verde, Senegal e Mauritânia. E s t á g i o s A p r o f i s s i o n a i s Plataforma integra Núcleo local de Pilotagem Plataforma das ONG’s deverá integrar o Núcleo de Pilotagem Local (da Praia) do Programa Nacional dos Estágios Profissionais que o Ministério da Qualificação e Emprego, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional, IEFP, vem implementado para beneficiar sobretudo jovens recém formados à procura do primeiro emprego. De âmbito nacional, o Programa tem como objectivos complementar e aperfeiçoar as competências socioprofissionais dos jovens qualificados, através da frequência de um estágio em situação real de trabalho, bem assim possibilitar uma maior articulação entre a saída do sistema educativo/formativo e a inserção no mundo do trabalho. O mesmo propõe-se, igualmente, facilitar o recrutamento e a integração de novos quadros nas entidades, através do apoio técnico e financeiro prestado a estas instituições na realização de estágios profissionais. Paralelamente, pretende dinamizar o reconhecimento, por parte das entidades, de novas formações e de novas competências profissionais, potenciando novas áreas de criação de emprego e facilitar a inserção de diplomados de áreas de formação com maiores dificuldades de integração na vida activa. Muitas são as entidades - intervenientes, organizadoras, parceiras e acolhedoras – que irão contribuir para a boa execução deste programa nacional. As organizações da sociedade civil (OSC’s) podem candidatar-se ao acolhimento de estágios profissionais, assim como empresas públicas e privadas, representações diplomáticas e empresas multinacionais que exerçam actividade em Cabo Verde. De acordo com o Manual de Procedimentos, incumbe a essas entidades acolhedoras, através de orientadores designados, conduzir um trabalho de apoio técnico permanente à evolução da aprendizagem e ao desempenho dos estagiários. Já a Plataforma das ONG’s tem o Estatuto de Entidade Parceira do IEFP na implementação do referido Programa. Ao abrigo de um protocolo assinado com esse Instituto, em Julho último, tem a responsabilidade de ajudá-lo na mobilização de instituições, principalmente no seio das ONG’s e associações, interessadas em receber, para estágio, quadros recém-formados, de todos os níveis: licenciados, bacharéis e com formação média e profissional. Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 • Exposição Foto: Exposição + stands Páginas 6 e 7 VI Feira Transregional de Economia Solidária Cabo Verde Produtos cabo-verdianos provenientes de várias ilhas e concelhos do país estiveram patentes na VI Feira Transregional de Economia Solidária, realizada em Ponta Delgada, Açores, de 14 a 16 de Setembro, no âmbito do projecto Escala. E nquadradA na iniciativa comunitária INTERREG III B, esta edição constituiu, uma vez mais, oportunidade para a troca de experiências entre os quatro arquipélagos da Macaronésia em torno da economia solidária e momento de partilha e conhecimento mútuos de promotores, produtores e produtos que se fazem nas nossas ilhas atlânticas. Fiel ao seu objectivo de ser um espaço de divulgação dos projectos de economia solidária, nomeadamente das empresas de inserção social e das iniciativas de desenvolvimento local dos países da Macaronésia, a Feira Transregional é realizada anualmente e esta já é a segunda vez que o nosso arquipélago se faz representar através de peças de artesanto, confecções, gastronomia e música, entre outras formas de expressão. Na edição de 2007, ONG’s, associações e artesãos de Santiago, São Vicente, Santo Antão e Fogo tiveram oportunidade de mostrar os seus • Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 produtos na VI Edição da Feira Transregional de Economia Solidária. Os doces, geleias e compotas da Docel foram, sem dúvida, o maior sucesso das vendas nessa Feira, seguidas das bananas produzidas na Comunidade Terapêutica da Granja São Filipe e dos tambores que também mereceram a preferência dos feirantes. Como não podia deixar de ser, a música crioula esteve presente nesse certamente onde brilharam emigrantes e filhos de emigrantes cabo-verdianos nos Açores. O país foi, ainda, representado pela gastronomia tradicional com a catchupa di terra feita por uma emigrante, enquanto o filme “O Batuque”, do realizador Silvão, sempre patente no stand de Cabo Verde, mostrou o país real e a rica cultura das ilhas. Como é sabido, em Cabo Verde, foi já criado o Gabinete do Centro de Estudos de Economia Solidária sedeado na Plataforma das esteve presente ONG’s de Cabo Verde, no âmbito do projecto CEESA (Centro de Estudos de Economia Solidária do Atlântico) que reúne os arquipélagos dos Açores, Canárias, Madeira e Cabo Verde. O mesmo pretende ser um espaço dinamizador da economia solidária e do diálogo entre a sociedade civil e o Estado e um espaço de investigação em economia solidária, intercâmbio e aprofundamento de experiências, introdução de processos económicos (produção, comercialização e distribuição de bens e serviços) que tenham em conta os objectivos sociais, culturais, ambientais e de desenvolvimento integrado. A prioridade, neste momento, é trabalhar no projecto de implementação de uma marca dos produtos de maior qualidade provenientes da economia solidária em Cabo Verde, a ser conseguida com a introdução do selo/marca CORES nos mesmos, uma forma também de dar uma maior visibilidade e sustentabilidade na sua comercialização. “A prioridade, neste momento, é trabalhar no projecto de implementação de uma marca dos produtos de maior qualidade provenientes da economia solidária em Cabo Verde” Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 • Rádios comunitárias da Guiné Bissau e Cabo Verde realizam intercâmbio O Centro de Iniciativa Juvenil Katchás, em Pedra Badejo, acolheu de 11 a 17 de Setembro, o Intercâmbio das Rádios Comunitárias de Cabo Verde e da Guiné Bissau, que contou com a participação de oito radialistas guineenses e igual número de animadores das rádios comunitárias de Santiago (Vos de Santa Kruz e Voz di Ponta d’Água), do Paul e da Brava. Para além da troca de experiência com um país com uma longa tradição de rádio comunitária (RC), o programa do intercâmbio integrou um atelier de reflexão que incidiu sobre os temas; “Rádios Comunitárias e Democracia Participativa”; “Enquadramento Jurídico das Rádios Comunitárias”; “Rádios Comunitárias e Gestão Administrativa, Financeira e Editorial”; e “Sustentabilidade das Rádios Comunitárias”. A qualidade dos serviços prestados pelas rádios constituiu preocupação sempre presentes durante toda a semana de intercâmbio que reiterou a necessidade das mesmas gerarem Papel fundamental das RC “As rádios comunitárias são um poderoso instrumento de democracia participativa” receitas através da venda de serviços, cartões de ouvintes, publicidade e anúncios, transmissão de mesas redondas, debates, espectáculos, etc. No final dos trabalhos, foi debatida a possibilidade de se criar uma rede das rádios comunitárias de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, ao que se seguiu a adopção de uma Declaração Oficial e de um Protocolo conjunto. • Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 Cientes de que as rádios comunitárias são fundamentais no processo de democratização da comunicação e de inclusão social dos sectores sociais menos favorecidos e que as verdadeiras rádios comunitárias promovem a educação, saúde, cons­ ciência ambiental e o protagonismo das mulheres e dos jovens, os participantes reconheceram o importante contributo que estes meios de comunicação vêm dando nas respectivas comunidades criando um ambiente de cidadania e de participação popular, ao mesmo tempo que prestam um serviço público às populações dos dois países. Nesse contexto, defenderam a criação de condições políticas e legislativas para estimular o desenvolvimento da radiodifusão comunitária na Guiné Bissau e em Cabo Verde, cujos esforços deverão ser apoiados pelos respectivos governos, de forma a cumprir o seu papel na garantia do direito constitucional à informação e comunicação, bem como na promoção da pluralidade, da inclusão social e da qualidade de vida. Que a rádio comunitária seja reconhecida como instituição do terceiro sector, com gestão colectiva e democrática – esse foi o desejo expresso pelos radialistas dos dois países, na certeza de que critérios democráticos devem nortear a atribuição de autorização da frequência para as rádios esses meios de comunicação. No seu entender, as RC de Cabo Verde e da Guiné-Bissau devem, também, promover uma política permanente de intercâmbio e construção colectiva. Principais recomendações Servir a comunidade deve ser o credo das emissoras comunitárias enquanto a sua gestão tem de ser isenta, autónoma e transparente, mas assegurada pela e para a comunidade. Da parte do Governo, seria desejável o reconhecimento do serviço público com alguns incentivos para o feito, a aprovação de legislação adequada à realidade do trabalho das rádios comunitárias e a criação de melhores condições para o exercício do radialismo comunitário. Como não podia deixar de ser, o debate sobre a sustentabilidade, que “As rádios comunitárias devem adaptar os seus serviços às necessidades das suas comunidades” deve ser a três níveis - financeiro, dos recursos humanos e dos equipamentos - marcou a semana de intercâmbio que aconselhou a ampliação da capacidade de captação de fundos, diversificando as fontes de financiamento, diminuindo as despesas e melhorando o modelo de gestão financeira e organizacional. Como grandes desafios, o intercâmbio reteve a boa gestão dos recursos humanos, a introdução de um conjunto de indicadores de qualidade e de gestão, uma abordagem mais integrada da qualidade e da avaliação, a estabilização da gestão da tesouraria, o acompanhamento de procedimentos de gestão administrativa e o re- forço da segurança e estabilidade das rádios comunitárias. Para a sustentabilidade dos recursos humanos, o intercâmbio propôs que o processo de recrutamento de radialistas privilegie o potencial local existente (jovens), pelo facto deste conhecer melhor a realidade da comunidade e também exigir uma formação contínua e especializada nos domínios identificados. Quanto à escolha de equipamentos, os participantes acham que eles devem ser adaptados às condições do meio (temperatura, humidade e poeira) e adequados à realidade de cada rádio. Já as fontes de renda podem ser a quotização dos sócios das associações suas proprietárias e as subvenções e doações de ONG, pessoas individuais e colectivas no país ou no estrangeiro. A criação de uma comissão paritária a nível das RC de Cabo Verde para uma melhor concertação na criação de uma rede nacional das rádios comunitárias foi a proposta que ficou dessa semana de convívio com a experiência guineense, tendo os participantes recomendado, também, a criação de uma rede das rádios comunitárias de Cabo Verde e da Guiné Bissau, a intensificação da troca de experiência e de programas e a realização de visitas de estudos. Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 • Centro de Lém Cachorro recebe convidados de Chã de Matias O Centro Juvenil de Chã de Matias, mais concretamente o Projecto “Integrar para não entregar”, do Sal, e o Centro de Protecção Social de Lém Cachorro, da Praia, realizaram, de 31 de Agosto a 8 de Setembro, um intercâmbio entre as duas instituições. Esta foi uma oportunidade para 15 crianças e adolescentes do Sal conhecerem os seus pares de Lém Cachorro e trocar experiências entre os dois centros juvenis, ao mesmo tempo que 10 participaram em actividades lúdicas, recreativas e lazer. Uma palestra “Transformações na adolescência”, realizada na sala do Ginásio do Centro de Lém Cachorro, com a participação dos funcionários, crianças e adolescentes dessa instituição, constou do programa do intercâmbio, para além de uma tarde cultural onde beneficiários dos dois centros mostraram os seus talentos nas áreas de música, dança e karaté. • Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 Divulgação das actividades A divulgação das actividades que vêm sendo desenvolvidas pela Associação Chã de Matias e o seu centro juvenil estiveram no centro dos encontros mantidos pela delegação visitante com o Ministro da Família, Trabalho, Solidariedade, com os Embaixadores dos Estados Unidos e de Portugal e com a presidente do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescentes, ICCA. Na Embaixada de Portugal, país que tem contribuído grandemente para os sucessos alcançados pela Associação salense, ficou a ideia de que, nos próximos tempos, deverá ser organizado um intercâmbio sócio-cutural entre os centros que lidam com a problemática da criança e do adolescentes em Cabo Verde. O objectivo é o de dar a conhecer o trabalho que vem sendo desenvolvido e os resultados conseguidos com a Política Nacional de Protecção da Criança e do Adolescente, em parceria com organizações nacionais e internacionais. Por sua vez, a Embaixada dos EUA manifestou a disponibilidade em continuar a apoiar a Associação Chã de Matias através de projectos de desenvolvimento comunitário, tendo ambos os embaixadores mostrado o seu interesse em visitar e conhecer o Projecto “Integrar para não entregar”. Visitas a lugares e instituições Para além de uma visita realizada aos estúdios da Rádio nacional, que integrou uma entrevista do grupo em directo, no programa radiofónico do ICCA, e à TCV, os meninos de Chã de Matias estiveram na Cidade Velha e no interior de Santiago, onde a barragem do Poilão foi uma paragem obrigatória, depois do que foram recebidos pelo Presidente da Comissão Instaladora do Município de São Lourenço dos Órgãos. Na Cidade de Assomada, o encontro deu-se com os companheiros do Centro Juvenil local e do convívio também participaram crianças do Centro Juvenil dos Picos. Foram patrocinadores desta iniciativa diversas instituições, com destaque para a Associação Padre Luís Allaz (Centro de Protecção Social de Lém Cachorro), a Câmara Municipal do Sal, a TACV, a Caixa Económica de Cabo Verde, os pais e encarregados de educação e o Ministério da Saúde. ADECO já está na Consumers International A ADECO, Associação para a Defesa dos Consumidores, já é membro da Consumers International, CI, organização mundial que luta e defende os direitos dos consumidores de todo o Planeta e ajuda na protecção e no empoderamento dos membros. T endo como valores a ética na conduta, independência em relação a governos, partidos políticos e empresas, o respeito mútuo, a solidariedade entre os seus membros, a integridade, a transparência e a inclusão nos mais variados domínios, a pertença da ADECO a esta grande família internacional representa uma etapa importante na sua estratégia de afirmação e consolidação da organização no âmbito nacional e internacional. A partir de agora, a ADECO poderá contar com o apoio da CI no seu fortalecimento organizacional e do movimento de consumidores no geral, nas campanhas para o acesso das populações aos bens e serviços essenciais e na implementação das políticas económicas e sociais bem como na promoção e reco­ nhecimento dos direitos humanos, e na compreensão dos direitos e res­ponsabilidades dos cidadãos enquanto consumidores. Internamente, a ADECO disponibiliza-se a abrir este espaço a outras organizações da sociedade civil para se fazerem ouvir na defesa dos justos e legítimos direitos dos cidadãos cabo-verdianos, residentes no país ou na diáspora, nas áreas do consumo, da cidadania e dos direitos humanos, entre outras. Isso vai ser possível porque a Consumers International defende um mundo onde todos os países tenham leis adequadas para a protecção do consumidor e para a regulação do mercado, uma educação universal do consumidor e uma organização do consumidor independente em cada país e capaz de representar os interesses dos consumidores face aos decisores políticos e outros. Com mais de 220 organizações associadas em mais de 115 países, a CI vai estar reunido no seu 18º Congresso Mundial de 29 de Outubro a 01 de Novembro de 2007, em Sidney, Austrália, sob o lema “Holding Corporations to Account/Responsabilidade Empresarial”. Neste encontro, que se realiza a cada quatro anos, vão ser abordados temas de grande actualidade, tais como consumo sustentável, pandemia da obesidade, ética da promoção de medicamentos e crédito e endividamento do consumidor. Por razões financeiras, a ADECO não vai poder estar presente nesse evento, mas exorta outras instituições nacionais a ali se fazerem representar, ONG’s e departamentos de governamentais ligados à problemática do consumo, designadamente as agências de regulação. Boletim Informativo da Plataforma das ONG’s • Setembro 2007 • 11 Ficha Técnica Propriedade: Plataforma das ONG’s de Cabo Verde — Achada de São Filipe — C.P. 76-C - Fazenda - Praia - Cabo Verde —Tel:/Fax: (238) 2 61 78 43 — E.mail: [email protected] • Delegação de São Vicente — Centro Social de Madeiralzinho – São Vicente – Cabo Verde • Tel: (238) 2 31 32 45 - Fax: (238) 2 32 65 22 Editor: Gabinete de Apoio às ONG’s • Grafismo: Bernardo Gomes Lopes • Tiragem: 1.000 exemplares A “caravana” da ACRIDES já está na estrada “Educação de rua” é o nome do projecto que a ACRIDES, Associação Crianças Desfavorecidas, tem em curso e que beneficia crianças em situação de rua da cidade da Praia. Com o objectivo de contribuir para a integração social das crianças e jovens em situação de rua, promovendo o seu desenvolvimento integral, a defesa dos seus direitos e prevenção de novas situações de risco/rua, este projecto conta com o financiamento da Cooperação Portuguesa por um período de um ano, podendo, eventualmente, ter continuidade. O ponta-pé de saída das acções programadas foi dado com a realização de uma primeira acção de formação de animadores de rua em finais de Julho último, em parceria com o Instituto de Apoio às Crianças de Portugal, IAC. Seguiu-se a criação de uma equipa de rua constituída por um psicólogo, uma psico-pedagoga, uma assistente social e quatro animadores que, desde o mês de Setembro, vem se deslocando para alguns pontos da capital para fazer visitas de observação e de contacto com crianças em situação de rua. A equipa de rua terá como material de suporte uma “caravana” (carro atrelado) toda equipada com uma ludoteca, espaço para atendimento psicológico, uma duche/casa de banho, televisão, vídeo, computador, rádio e prateleiras que servirão de biblioteca. Nesta primeira fase de intervenção no terreno, denominada “Animação em movimento”, que é de cinco meses e teve o seu início em Agosto, o projecto pretende criar empatia entre o grupo-alvo e a equipa e desenvolver parcerias com outras instituições públicas e privadas, mediante a criação de uma rede de parceiros. O posto móvel da ACRIDES privilegia as zonas de Sucupira, Parque 5 de Julho, Porto da Praia, Supermercado Calú & Ângela, Achada Santo António e Palmarejo. As animações consistem em actividades pedagógicas, recreativas e lúdicas, para além do atendimento. Janeiro de 2008 é a data prevista para o arranque da sua segunda fase, durante a qual a ACRIDES prevê contribuir para o desenvolvimento de competências e habilidades pessoais e sociais e a construção de um projecto de vida. Nesse período, perspectiva-se contribuir para o desenvolvimento integral da criança/jovem mediante a implementação de vários projectos, designadamente uma escola de rua, um centro de emergência, um SOS Cuidados Médicos e um Clube de Formação. A terceira fase consistirá na consolidação de todo o processo de inserção na família e integração na comunidade com o apoio da rede de parceiros comunitários. Envie já a sua Ficha Faça parte da Base de Dados dos Actores da Cooperação em Cabo Verde