Os quatro elementos

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Os quatro
elementos
ÁGUA
AR
ENERGIA
RESÍDUOS
O que você precisa saber sobre disponibilidade
e poluição da água
• No contexto global, a falta de água é realmente um problema sério?
As Nações Unidas calculam que, em 2050, só um quarto da Humanidade terá água para as
suas necessidades mínimas. Para Koichiro Matsuura, diretor-geral da Unesco, órgão da
ONU que acompanha a questão, "nenhuma região será poupada do impacto dessa crise
que afeta todos os aspectos da vida, da saúde das crianças à capacidade das nações de
providenciar comida". Hoje, 1,1 bilhão de pessoas - a maioria delas concentrada na Ásia e
na África - não tem acesso a água de qualidade. Além disso, 2,4 bilhões de pessoas não
têm seus esgotos coletados - e, muito menos, tratados. Isso explica por que, ainda
segundo a ONU, pelo menos 6 mil pessoas morrem a cada dia em conseqüência de
diarréias e desidratação, na sua maioria crianças expostas à água não-potável.
• Um décimo de toda a água do planeta está no Brasil.Temos a maior bacia
hidrográfica do mundo (a Amazônica), uma das maiores áreas úmidas (o Pantanal) e
um verdadeiro mar subterrâneo (o Aqüífero Guarani). Então, por que temos de nos
preocupar com a escassez da água?
A distribuição da água pelo território nacional é bastante irregular. Cerca de 80% de nossos
recursos hídricos estão na Amazônia, uma região onde vivem apenas 5% dos brasileiros.
Um morador do semi-árido de Pernambuco tem um volume de água à sua disposição 1.300
vezes menor do que alguém que vive em Manaus.
Além disso, algumas regiões têm rios caudalosos, mas abrigam uma população tão grande
que a disponibilidade de água não é suficiente. É o caso das bacias do Tietê, em São Paulo,
e do Paraíba do Sul, que irriga os estados de São Paulo, Rio e Minas Gerais.
Um exemplo: a Grande São Paulo tem de buscar água na região de Piracicaba, há mais de
100 quilômetros, já que todos os mananciais de qualidade na capital paulistanas são
insuficientes para seus 17 milhões de habitantes.
• Por que nossos rios são tão poluídos?
Segundo a Agência Nacional de Águas, cerca de 70% dos rios que fazem parte das bacias
hidrográficas que vão de Sergipe ao Rio Grande do Sul estão seriamente comprometidos
pela poluição. A ocupação desordenada do solo, o despejo de esgotos e resíduos
industriais com pouco ou nenhum tratamento, o uso de agroquímicos, o desmatamento e
a mineração são os principais responsáveis por esse quadro.
A porção orgânica desses resíduos (o esgoto doméstico e os resíduos de indústrias
alimentícias, principalmente) é biodegradável - ou seja, pode ser destruída naturalmente
por microorganismos. No entanto, esses mesmos microorganismos consomem o oxigênio
disponível na água do rio, tornando impossível a sobrevivência de peixes. Já os resíduos
inorgânicos (descartados, sobretudo, pelas indústrias) - como metais pesados, solventes,
corantes, cloro, entre outros - não podem ser decompostos naturalmente. Dependendo
de sua composição e do volume em que são despejados, eles podem intoxicar plantas,
peixes e outras espécies aquáticas e tornar a água imprópria para o consumo ou o
banho. A poluição hídrica também pode comprometer a saúde humana, causando
intoxicação, desinteria e desidratação. Pode, ainda, provocar outros prejuízos, como
elevar os gastos com o tratamento da água, corroer equipamentos industriais que utilizam
a água dos rios, etc.
• Quanto do esgoto doméstico brasileiro é efetivamente tratado?
Pouco, muito pouco. Só 53% da população urbana brasileira tem seus esgotos coletados.
Desse total, só 35,3% são submetidos a algum tipo de tratamento. O resto não passa por
nenhum tipo de depuração e é despejado em rios, represas ou no oceano. A situação é
ainda pior no campo, onde apenas 3% dos domicílios estão ligados à rede de coleta de
esgotos.
• Quem consome mais água? Indústrias, agricultura ou residências?
À semelhança do que ocorre no resto do mundo, quem mais consome água no Brasil é a
agricultura - quase 63% do que é captado vai para a irrigação. O uso doméstico é
responsável por 18%. A indústria fica com 14%. Os 5% restantes são usados para matar a
sede dos animais de criação.
• Qual a disponibilidade de águas subterrâneas no Brasil?
O Brasil possui 112 mil quilômetros cúbicos de águas subterrâneas. Estamos instalados
sobre o Aquífero Guarani, a maior reserva de águas subterrâneas da América do Sul, que
se estende pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e também pelo território de três
países vizinhos (Paraguai, Uruguai e Argentina).
Estima-se que cerca de 300 mil poços exploram esse potencial - uma rede que cresce à
base de 10 mil poços por ano. A maioria deles é usada para abastecimento de indústrias,
hospitais, condomínios, hotéis, que buscam autonomia em relação às empresas de
saneamento básico e querem baratear os gastos com a água.
Embora saudável para as finanças de uma empresa - que assim barateia os custos da
água - essa prática tem desvantagens ambientais. Como há muito pouco controle
governamental sobre a perfuração de poços no Brasil, essas instalações proliferaram
desordenadamente. A extração excessiva de águas subterrâneas pode rebaixar o lençol
freático em dezenas de metros, exigindo a escavação de poços cada vez mais profundos.
Isso acaba agravando as disparidades sociais, por privar os produtores rurais mais
pobres do acesso á água, que só é possível para quem pode pagar pelos equipamentos
de perfuração.
• O desmatamento tem alguma relação com a perda de qualidade das águas?
Rios e lagos costumam ser margeados pela chamada mata ciliar, um conjunto de
vegetação bastante rica devido à abundância da água. As matas ciliares têm a capacidade
de segurar o solo com suas raízes, impedindo que ele seja arrastado para o corpo d´água.
Quando essa vegetação é removida, o solo fica exposto à chuva e ao vento e, com
freqüência, é arrastado para o rio. O acúmulo dos sedimentos no fundo de um rio,
conhecido como assoreamento, reduz a sua capacidade de escoar a água das chuvas,
promovendo enchentes. Nas cidades o problema é ainda mais grave. Ali, as matas ciliares
geralmente são removidas para a construção de imóveis nas margens dos rios. O solo é
cimentado, de modo que a chuva, ao cair ali, nao tem como ser absorvida e escorre
rapidamente para os rios, ampliando o problema das inundações.
Perguntas
• A empresa tem algum plano para reduzir o volume de água que consome?
A água é um componente fundamental de inúmeros processos industriais. É utilizada na
lavagem e no resfriamento de equipamentos, como solvente ou ainda na diluição de
emissões poluentes. Ela pode representar um custo importante para a empresa - um
custo que deverá crescer nos próximos anos, devido à progressiva escassez dos recursos
hídricos. Por isso, é fundamental ter uma noção clara de qual o
volume que consomem mensalmente e quais os processos mais perdulários. Também
deve-se ter algum tipo de estratégia para reduzir esse consumo - a menos que ele já seja
extremamente reduzido.
• A empresa faz algum tipo de recirculação de água?
Em outras palavras: os efluentes de um determinado equipamento são reutilizados em
outro? O ideal é que a empresa conceba seus processos de modo a estabelecer um
circuito fechado em que o ingresso de água no sistema seja muito baixo ou zero.
• Que investimentos ainda devem ser feitos para adequar o gerenciamento da água
na empresa?
Esta pergunta ajuda a identificar oportunidades.
• Qual o destino dado às águas servidas?
Também conhecidas como efluentes, as águas servidas são descartadas por um processo
industrial e contêm um grau variável de contaminantes. Elas podem ter passado ou não por
algum tipo de tratamento para remoção de poluentes.
Aqui surgem inúmeras possibilidades: aquisição ou adequação de sistemas de tratamento,
reutilização dos efluentes, geração de energia a partir dos efluentes orgânicos, etc.
Dependendo do volume e da composição do efluente, ele pode ser tratado na própria
empresa ou ser despejado na rede pública de saneamento (e a empresa tem de pagar uma
taxa por esse serviço). Nesse último caso, a companhia de saneamento básico costuma
exigir que a empresa faça algum tipo de pré-tratamento, para que seus efluentes estejam
dentro de certos parâmetros.
As estações de tratamento de efluentes (ETEs) construídas pelas indústrias podem utilizar
métodos físicos, químicos ou biológicos de tratamento, conforme o tipo de contaminação.
Por exemplo: grades, peneiras e decantadores são usados para separar partículas maiores;
bactérias degradam materiais biológicos; e aditivos químicos corrigem o pH.
O que você precisa saber sobre a poluição do ar
• Quais as conseqüências da poluição do ar?
O acúmulo de poluentes atmosféricos pode corroer metais e edifícios, afetar o clima,
comprometer o crescimento das plantas e a saúde humana. Após um dia de forte poluição,
os hospitais registram aumento nos casos de bronquite, asma e insuficiência respiratória.
Cálculos da Universidade de São Paulo indicam que oito paulistanos morrem todos os dias
por causa da poluição do ar.
• As indústrias são responsáveis por que tipos de emissões poluentes?
Dependendo do setor, as indústrias podem emitir uma variedade muito grande de
poluentes: material particulado (minúsculos grãos de poeira com composição bastante
diversa), óxidos de nitrogênio e de enxofre, hidrocarbonetos, monóxido e dióxido de
carbono, entre muitos outros.
• Que tipos de equipamentos controlam as emissões atmosféricas das fábricas?
Em linhas gerais, filtros (como o filtro de manga, que retém partículas mais graúdas),
coletores úmidos, ciclones, lavadores de gases, etc. Os resíduos acumulados por esses
equipamentos são enviados a aterros industriais ou retornam ao processo produtivo, se a
sua composição assim o permitir.
• Afinal, o clima daTerra está mesmo mudando?
Hoje, há um consenso entre os cientistas de que o clima da Terra está realmente mudando.
Os 2.500 cientistas que compõem o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
o
(IPCC) calculam que a temperatura ainda vai subir cerca de 3 C ao longo dos próximos 100
anos. Os últimos anos foram os mais quentes desde que as temperaturas do planeta
começaram a ser monitoradas, no século XIX. Não se trata apenas de verões mais quentes
e invernos mais mornos. Toda a dinâmica da Terra deverá mudar com o clima. Os oceanos
já se elevaram entre 10 e 20 centímetros desde 1900. Mosquitos transmissores de
doenças tropicais já conseguem sobreviver em locais onde até então não havia registros de
malária ou febre amarela.
• O que é efeito estufa?
A Terra é recoberta por uma camada de gases (metano, dióxido de carbono, ozônio, óxido
nitroso e CFC), uma capa protetora que impede que o calor absorvido da irradiação solar se
perca no espaço exterior. Esse sistema mantém a temperatura do planeta equilibrada. A
concentração desses gases tem se ampliado rapidamente, sobretudo devido ao aumento
da queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) e à destruição das florestas.
• O buraco na camada de ozônio continua aumentando?
A camada de ozônio é uma espécie de escudo que fica nas partes superiores da
estratosfera, a 40 mil metros da superfície da Terra. Ela funciona como uma barreira que
reduz a incidência de raios ultravioletas sobre o solo. O ozônio estratosférico, composto de
oxigênio, é destruído pelos gases clorofluorcarbonos (CFCs), brometo de metila (usado
como fungicida) e halons (presentes em extintores de incêndio). No passado, os CFCs
foram utilizados em geladeiras, condicionadores de ar, sistemas de refrigeração, isolantes
térmicos, espumas e sprays. Todos esses gases estão sendo progressivamente
abandonados no mundo todo. Entretanto, muitos deles levam um longo tempo para migrar
do solo, onde foram eliminados, até a estratosfera, onde degradam o ozônio. Por isso,
mesmo que deixemos de emitir esses gases, a camada de ozônio ainda continuará a
encolher por alguns anos. A destruição da camada de ozônio, particularmente aguda nos
pólos, está associada a uma maior incidência de câncer de pele e catarata.
Perguntas
• Há tratamento ou planejamento para adequar as emissões aéreas na sua empresa?
Filtros como os mencionados podem ser utilizados. Também é possível substituir suas fontes
de energia para reduzir suas emissões (troca de um gerador a diesel por outro a gás natural,
por exemplo).
O que você precisa saber sobre energia
• Qual a origem da energia consumida no Brasil?
Devido ao seu clima, à ampla extensão de solos cultiváveis e à existência de grandes
bacias hidrográficas, o Brasil tem uma das maiores utilizações de fontes renováveis de
energia do mundo. Entretanto, mais da metade da energia consumida no país não é
renovável, ou seja, baseia-se em fontes que um dia vão acabar.
CONSUMO BRASILEIRO DE ENERGIA (2004)
ENERGIA NÃO RENOVÁVEL
56.1
PETRÓLEO E DERIVADOS
39.1
GÁS NATURAL
8.9
CARVÃO MINERAL E DERIVADOS
6.7
URÂNIO (U3O8) E DERIVADOS
1.5
ENERGIA RENOVÁVEL
43.9
HIDRÁULICA E ELETRICIDADE (*)
14.4
LENHA E CARVÃO VEGETAL
13.2
DERIVADOS DA CANA-DE-AÇÚCAR
13.5
OUTRAS RENOVÁVEIS
TOTAL
2.7
100.0
FONTE: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL
• O que é o biodiesel?
Trata-se de um substituto do óleo diesel produzido a partir de gorduras animais ou de óleos
vegetais (mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, etc.). O governo federal tem se
empenhado em estimular o uso desse combustível, não só por suas vantagens ambientais,
mas porque ele pode gerar muitos empregos no campo. O biodiesel pode ser usado em
motores automotivos e geradores elétricos ou de calor. Pode ser empregado puro ou
mesclado ao diesel derivado de petróleo. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de
petróleo é chamada de B2, e assim sucessivamente até o biodiesel puro, denominado
B100. Lançado no fim de 2004, o Programa Nacional do Biodiesel autorizou apenas o uso
comercial do biodiesel B2 - mas essa porcentagem poderá ser elevada no futuro.
• Qual a diferença entre um gerador fotovoltaico e um aquecedor solar?
Os dois sistemas utilizam energia solar, uma fonte barata, limpa e confiável, sobretudo
num país tropical como o nosso. Entretanto, os aquecedores solares não geram
eletricidade, apenas aquecem a água do banho ou da torneira, por exemplo. É um sistema
razoavelmente barato e que, por isso mesmo, começa a se espalhar pelo país. Já os
geradores fotovoltaicos têm a vantagem de produzir energia elétrica. No entanto, devido à
sua baixa eficiência na transformação da energia solar em eletricidade, seu preço ainda é
relativamente alto e, por isso, eles são adotados quase exclusivamente em áreas distantes
da rede pública de distribuição, onde há poucas opções energéticas.
• O que é a co-geração de energia?
Motores e geradores costumam perder muita energia, às vezes até 60%, na forma de
calor. Na tentativa de reduzir esse desperdício, foi desenvolvida a tecnologia de co-geração,
em que o calor produzido na geração elétrica é usado no processo produtivo sob a forma
de vapor. A vantagem é que o consumidor economiza o combustível que precisaria para
produzir o calor do processo. O inconveniente da co-geração é que o calor não pode
"viajar" longas distâncias, tem que ser empregado num local próximo a onde foi gerado.
• Como uma empresa pode economizar energia?
Uma série de medidas simples pode ampliar a eficiência energética das empresas:
• Adquirir equipamentos de baixo consumo. Verificar se o produto tem o selo do Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), que indica que ele é superior a
outros encontrados no mercado nesse quesito.
• Substituir as lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas, que produzem o
mesmo grau de luminosidade com menor consumo energético.
• Ampliar o número de janelas e adotar telhas transparentes, que aumentam o ingresso da
luz solar nos ambientes de trabalho.
• Buscar formas de reaproveitar a energia perdida na forma de calor, através da co-geração.
Perguntas
• Quais as fontes de energia utilizadas pela sua empresa?
É possível que ela seja ligada à rede pública de transmissão, que tenha uma hidrelétrica
própria ou geradores a diesel, que empregue caldeiras que queimam óleo, lenha, carvão ou
algum tipo de resíduo, ou ainda que utilize gás natural, energia solar ou eólica. Esta
pergunta permite identificar oportunidades de financiar a adoção de um modelo energético
de menor impacto ambiental.
• A empresa tem algum programa de redução do consumo de energia?
A empresa pode substituir equipamentos por modelos menos perdulários
.
• A empresa tem algum plano de substituir suas fontes energéticas por outras
ambientalmente mais sustentáveis?
Na mesma linha de questão anterior, esta pergunta identifica oportunidades (sistemas de
geração eólica, solar ou de biomassa ou ainda a conversão de veículos para o gás natural).
• Que investimentos ainda devem ser feitos para reduzir o consumo ou substituir as
atuais fontes de energia?
Esta pergunta é complementar às duas anteriores e ajuda a identificar oportunidades para
Produtos Socioambientais.
O que você precisa saber sobre a
questão dos resíduos
• Qual o tamanho do problema do lixo doméstico no Brasil?
Só 40% do lixo doméstico coletado no Brasil tem um destino adequado - aterros sanitários,
reciclagem, compostagem ou incineração, desde que controlada para que não haja
emissões tóxicas. O resto é despejado em terrenos baldios, rios e lixões, causando doenças
e contaminando as águas superficiais ou subterrâneas. Segundo o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), as embalagens respondem por 35% do volume dos resíduos urbanos
brasileiros. Desse total, 71,4% são de papel e papelão, 11,4% de metais e latas, 8,5% de
plásticos e 8,5% de vidro.
• A coleta seletiva e a reciclagem de lixo doméstico estão crescendo?
Hoje, 237 municípios brasileiros adotam algum tipo de coleta seletiva. Ainda é pouco. Isso
representa menos de 5% das cidades brasileiras. E entre as razões para um índice tão baixo
estão a necessidade de educar o consumidor para que separe seu lixo e os altos custos da
coleta seletiva (R$ 250 por tonelada, seis vezes mais que o custo da coleta convencional).
Hoje, um verdadeiro batalhão de empresas prospera com o negócio da reciclagem. Estudo
lançado recentemente pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) estima que mais de 2.300 sucateiros, recicladores e cooperativas vivem do
reaproveitamento do lixo. Entretanto, boa parte desses empreendimentos se baseia na
informalidade - eles recebem materiais de catadores de lixo que não têm qualquer direito
trabalhista e que atuam em condições bastante precárias. O Banco tem interesse comercial
apenas nas empresas que atuam dentro da lei e que geram empregos.
Porcentagem dos materiais reciclados após o consumo
Latas de alumínio: .........................85%
Papelão: ........................................73%
Latas de aço: .................................45%
Vidro: ............................................42%
Papel de escritório: .......................38%
Plástico PET: .................................33%
Pneus: ...........................................20%
Óleo lubrificante: ..........................18%
Plásticos: .......................................17%
Embalagens longa vida: ................15%
• Quais os principais resíduos produzidos por uma indústria?
A lista é enorme: embalagens e paletes usados no transporte das matérias-primas,
solventes e outros resíduos químicos, borras de processos industriais, cinzas, lamas de
estações de tratamento de efluentes, produtos descartados por não atenderem ao padrão
de qualidade, etc.
• O que é Produção Mais Limpa?
Esse é um conceito baseado no esforço de evitar desperdícios durante os processos
produtivos, de modo a economizar insumos (água, energia e matérias-primas) e reduzir o
volume de resíduos gerados. A empresa busca evitar a ocorrência de poluição.
Tradicionalmente, as empresas só se preocupavam em gerenciar o chamado "fim do tubo"
ou seja, em tratar os resíduos antes de descartá-los. Já a Produção Mais Limpa pesquisa
cada etapa do processo industrial, cada equipamento, cada movimento, a fim de torná-los
mais racionais. É o caso da empresa que instala barreiras físicas em suas máquinas,
evitando que óleo e matérias-primas caiam no chão. Assim, a lavagem do piso é menos
freqüente, e a água resultante dessa lavagem é menos contaminada.
• Como uma empresa pode diminuir a sua produção de resíduos?
O primeiro passo para um bom gerenciamento dos resíduos é conhecer exatamente quanto
é gerado, em que etapas do processo e qual a sua composição. A seguir, é importante
estabelecer metas de redução das perdas e controlar o seu cumprimento. Algumas outras
iniciativas também podem ajudar:
• Adotar insumos que causem um menor impacto ambiental, como materiais menos tóxicos
ou concentrações mais diluídas.
• Trocar tecnologias ou modificar equipamentos para que utilizem ao máximo as matérias primas empregadas, evitando desperdícios.
• Melhorar a manutenção dos equipamentos, para que operem com um máximo de
eficiência e um mínimo de perdas e vazamentos.
• Tentar reaproveitar resíduos e subprodutos em outros processos industriais,
transformando-os, talvez, em novos produtos.
• Qual o melhor destino para os resíduos industriais?
Dependendo do tipo de resíduo (sua composição e toxicidade), ele pode ter os seguintes
destinos:
Aterro industrial - Área que utiliza diversas técnicas de engenharia para isolar os resíduos,
tanto os perigosos (o chamado resíduo Classe I) quanto os não inertes (Classe II), impedindo
o seu vazamento para o lençol freático.
o
Incineração - Processo que utiliza altas temperaturas (normalmente em torno de 900 C)
para destruir a parte orgânica do resíduo. Pode emitir uma série de gases poluentes, que
devem ser monitorados e controlados.
Co-processamento - queima de resíduos de indústrias diversas nos fornos de cimenteiras,
onde são incorporados ao produto final. Esse processo também pode emitir poluentes, que
devem ser controlados.
• Quais os principais resíduos gerados no campo?
Na agropecuária, os principais resíduos são embalagens de adubos, agrotóxicos e rações e
partes da produção que não têm fins comerciais. Há leis específicas que definem como
deve ser feito o descarte das embalagens de agroquímicos, que muitas vezes têm um
conteúdo altamente tóxico.
• E na construção civil?
O entulho gerado pela construção civil é responsável por uma parcela razoável dos resíduos
produzidos nas cidades. Isso porque, como indicam pesquisas feitas pelo Instituto Polis
(entidade não-governamental que estuda o problema do lixo), se a média de perdas de materiais
na construção civil mundial é da ordem de 10%, no Brasil está na faixa de 20% a 30%. Entre os
principais resíduos da construção civil estão os restos de demolições, os solos de escavações,
concreto, argamassa, cerâmica, gesso, sobras de tintas, aparas de madeira e metal.
• Quais as principais causas da contaminação do solo?
Fábricas desativadas, terrenos baldios onde foram feitos depósitos irregulares de resíduos,
áreas próximas a oleodutos e postos de gasolina sujeitos a vazamentos são locais que
possivelmente tiveram seu solo contaminado. Entre os contaminantes considerados mais
perigosos estão óleos e outros combustíveis, ascarel (óleo altamente cancerígeno empregado
em transformadores elétricos), metais pesados (como o chumbo, o cromo e o mercúrio),
organoclorados (compostos orgânicos que apresentam moléculas de cloro, muito utilizados
no passado na fabricação de agrotóxicos), etc.
• Como é possível limpar um solo contaminado com resíduos tóxicos?
Dependendo do tipo de resíduo e do volume encontrado, é possível utilizar pelo menos uma
dúzia de diferentes técnicas de remediação, ou seja, de limpeza de solos contaminados. A
mais comum envolve a simples remoção da porção contaminada, que é bombeada para
tanques e levada a incineradores ou aterros industriais. É possível também extrair vapores
tóxicos aprisionados sob o solo, dispersar microorganismos que se alimentam do poluente,
instalar barreiras físicas que impedirão o vazamento da contaminação para as águas
subterrâneas, etc.
Perguntas
• A empresa tem algum plano para reduzir o volume de resíduos gerados?
Os custos da disposição final dos resíduos (envio a um aterro sanitário, incineração
controlada, busca de recicladores) são cada vez mais altos. É fundamental que a empresa
tenha uma estratégia para evitar tais gastos.
• Que investimentos ainda devem ser feitos para adequar o gerenciamento dos
resíduos na empresa?
Esta pergunta permite identificar oportunidades para Produtos Socioambientais.
• A empresa faz algum tipo de reaproveitamento de resíduos e subprodutos?
Esta pergunta ajuda a checar se a empresa é "inteligente" na gestão dos seus processos.
• Que destino a empresa dá aos seus resíduos sólidos?
Com esse questionamento, é possível verificar se a empresa tem uma atitude responsável ou
se toma decisões arriscadas, que podem expô-la publicamente. A empresa pode enviar os
resíduos para aterros industriais, incineradores ou recicladores, ou ainda vendê-los ou doá-los
para outras empresas que utilizam o material em seus processos produtivos.
• A empresa tem áreas contaminadas? Em caso positivo, o que está sendo feito para
limpar o terreno, quanto será investido e qual o cronograma da remediação?
Trata-se de um Risco Socioambiental a ser avaliado e a solução apontada de acordo com a
política da empresa.
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