Giordano Bruno e a Historiografia da Ciência MORELATTO DE SOUZA, P. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH/USP, São Paulo 1. Objetivos Realizar uma primeira incursão ao pensamento do filósofo Giordano Bruno, uma das figuras mais representativas do período final da Renascença italiana por protagonizar o primeiro grande embate contra o sistema teológico-científico oficial de então – o que resultou não somente em sua morte na fogueira da Inquisição, mas no esboço da cosmologia que se tornaria dominante. A historiografia da ciência vem discutindo e reavaliando o papel de Bruno na formação da chamada “Revolução Científica” e da mentalidade associada ao movimento que se tornou ligado a nomes como os de Kepler e Galileu. O presente projeto se dedicará a investigar qual o estado atual destas discussões historiográficas. 2. Material e Métodos Através de uma pesquisa bibliográfica que envereda, basicamente, pela História e Filosofia da Ciência, busca-se discutir a essência da filosofia bruniana com vistas a esclarecer o real papel desempenhado por Giordano Bruno no processo que culminou na chamada “nova ciência” ou Revolução Científica dos séculos XVIXVII. Para tanto, convém situá-lo no contexto sócio-cultural em que viveu assim como abordar alguns aspectos pontuais da trajetória deste que foi um dos mais polêmicos pensadores renascentistas. 3. Resultados O universo de Bruno difere muito daquele aceito pela ortodoxia escolástica, cuja cosmologia fundamentava-se nas deduções do pensamento aristotélico e na astronomia de Ptolomeu, que afirmava ser a Terra um ponto imóvel rodeado pelos demais corpos celestes num universo finito criado por um Deus transcendente. Há em Bruno uma profunda relação entre sua filosofia, profundamente marcada pelo reflorescimento hermético que se deu durante o Renascimento, e a maneira pela qual ele concebe Deus e o universo. Sua cosmologia surge a partir de uma estrutura de pensamento específica que não pode ser ignorada caso se queira compreender o alcance e a profundidade de suas proposições. Considerado o principal representante da doutrina do universo descentralizado, infinito, e infinitamente povoado, sua influência foi tardia, posterior às descobertas telescópicas de Galileu. 4. Conclusões Em Bruno as teorias sobre o universo não eram investigações científicas e sim indagações metafísicas. Seu espírito não é absolutamente moderno: sua concepção do espaço é mágica, vitalista e puramente relativista, entretanto, pelo menos em seus aspectos formais, a concepção de Bruno influenciou de tal modo a ciência e a filosofia modernas que não há como não lhe conceder lugar de destaque na história do pensamento humano. 5. Referências Bibliográficas DOURADO, C. Neoplatonismo em Giordano Bruno: proêmio à Arte Hermética da Memória. UFRN, 2002. Disponível em: <http://serbal.pntic.mec.es/~cmunoz11/cilea.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2008. KOYRÉ, A. Do mundo fechado ao universo infinito. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001 (trad.). SILVA, E. M. A Tradição Hermética e Mágica de Giordano Bruno. UNICAMP, s/d. Disponível em: <http://www.unicamp.br/~elmoura/Giordano %20Bruno.doc>. Acesso em: 11 jan. 2008. YATES, F. A. Giordano Bruno e a Tradição Hermética. São Paulo: Cultrix, 1964 (trad.).