Museu da Imigração do Estado de São Paulo será

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crédito: Acervo Museu DA IMIGRAÇÃO
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Fachada da Hospedaria de Imigrantes, c. 1936
Museu da Imigração do
Estado de São Paulo será
reaberto ao público em maio
Thâmara Malfatti
Após o período de restauro, instituição reabre com novo
plano museológico, exposição de longa duração e agenda
diversificada de programações culturais
Revista do Café |
março 2014
crédito: Thâmara Malfatti
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fachada restaurada
C
om reinauguração marcada para 31 de maio de
2014, o Museu da Imigração, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, reabre
suas instalações com novo plano museológico e exposição de
longa duração, completamente
reformulada. O prédio, tombado pelo Conpresp e pelo Condephaat, passou pelo primeiro
restauro completo desde que
teve sua construção finalizada,
em 1888. Sediado no edifício
da antiga Hospedaria do Brás
- patrimônio público e importante ícone da história do Estado e da cidade de São Paulo
– o Museu da Imigração retoma as atividades com o objetivo de compreender e refletir
o processo migratório a partir
da história das 2,5 milhões de
pessoas, de mais de 70 etnias,
que passaram pelo prédio entre os anos de 1887 e 1978.
Para o evento de reabertura do
Museu, além da solenidade de
reinauguração no período da
manhã, a programação do dia
segue com apresentações teatrais, de dança e música das
comunidades de imigrantes e
descendentes e show de Arnaldo Antunes, que encerra as
atividades da data.
Exposição de
Longa Duração
Em destaque entre as novidades do MI, está a exposição de longa duração que, em
oito módulos, conta por meio
de documentos, fotos, vídeos,
depoimentos e objetos, como
o processo migratório é um fenômeno permanente na história da humanidade. Apresenta
ainda, um panorama da grande
imigração ocorrida nos séculos
XIX e XX, abordando o início
das políticas imigratórias do
país e detalhando o cotidiano
da Hospedaria de Imigrantes.
O público encontra também
espaços de imersão - como
uma sala que recria um amplo
dormitório da antiga Hospedaria, com projeções em grande
escala de trechos de cartas e
trilha sonora especial. Também estão contextualizadas
as questões relativas ao trabalho e encaminhamento para o
Revista do Café |
março 2014
O Museu da Imigração é uma instituição cultural estratégica para a cidade e o estado de São Paulo, preservando
a memória das pessoas que chegaram a São Paulo, vindas
de mais de 70 países e de todas as regiões brasileiras. Está
localizado no bairro do Brás no antigo edifício da Hospedaria de Imigrantes, onde foram abrigados mais de 2,5
milhões de pessoas que passaram a compor a diversidade
étnica e cultural paulista. É esse edifício impregnado de
memórias e muitas histórias de vidas, que está sendo integralmente requalificado e, em breve, será reaberto para a
população.
Pela importância estratégica e relevância cultural, as
obras de restauro do edifício e as ações para a nova implantação do Museu da Imigração estão contando com a
atuação de equipes técnicas especializadas, em um investimento importante do Governo do Estado de São Paulo.
Trata-se do primeiro restauro completo realizado na Hospedaria de Imigrantes desde a conclusão da sua construção, em 1888. Além da recuperação das fachadas e dos
telhados, o edifício está sendo adequado às normas técnicas e de segurança atuais, com intervenções na infraestrutura elétrica, hidráulica, acessibilidade e paisagismo. É
importante também destacar a instalação de climatização
e de controle de umidade, que proporcionarão a melhor
preservação do acervo do Museu e maior conforto para os
visitantes.
O edifício e os jardins restaurados já valerão uma (ou
várias) visitas. Mas o que poderá ser visto e experimentado
no Museu? Com uma nova exposição permanente, exposições temporárias e uma programação cultural intensa, o
Museu da Imigração reabre com uma proposta que valoriza o encontro das múltiplas histórias e origens que conformaram nossa identidade paulista, colocando o público
em contato com as lembranças daqueles que passaram pela
Hospedaria. Mas, o Museu também reabre olhando para o
presente e o futuro, fomentando o diálogo sobre as migrações
como um fenômeno atual, que ainda repercute nos deslocamentos da
cidade e na configuração dinâmica das nossas identidades.
Renata Motta
Coordenadora da Unidade
de Preservação do
Patrimônio Museológico
da Secretaria da Cultura
campo e, na sequência, o módulo “São Paulo Cosmopolita” apresenta a cidade pela perspectiva dos bairros
Bom Retiro, Mooca, Brás e Santo Amaro, homenageando com imagens e vídeos as referências imigrantes
inscritas nas festividades, nos traços arquitetônicos e
nas transformações culturais presentes nessas regiões.
E para reiterar que a história da migração humana não
deve ser encarada como uma questão relacionada exclusivamente ao passado, o MI procura fomentar durante esse trajeto expositivo o diálogo sobre o tema
como um fenômeno contemporâneo, reconhecendo a
recepção dos milhões de imigrantes atuais e a repercussão deste deslocamento para a cidade. No módulo “Imigração hoje”, um painel interativo forma um
mosaico de rostos de diversas origens que reproduzem
depoimentos de pessoas que passaram recentemente
pela experiência de deslocamento. No último módulo
do percurso, encontra-se ainda um espaço educativo
destinado a acolher grupos e promover o desenvolvimento de atividades, oficinas e discussões.
Arte
contemporânea
No primeiro momento da nova exposição de longa duração, o visitante encontra no trajeto uma obra
de Nuno Ramos – importante nome da arte brasileira
contemporânea – que busca ressignificar a relação estabelecida entre o homem, o trabalho e a diversidade
de línguas. Inspirada em um trecho do livro “Isto é um
Homem?” do escritor italiano Primo Levi, a instalação
homônima, recria uma caçamba tombada com quase 30 mil tijolos marcados com palavras em francês,
tcheco, iídiche, alemão, húngaro e inglês mencionadas
no texto de Levi. Em outro momento da criação de
Nuno, um único tijolo, posto sobre uma cadeira, dialoga com gravações de áudio que emitem o mesmo trecho do livro citado acima. Para Nuno Ramos é “como
se o esforço e derrisão dos que construíram a torre de
Babel fosse proporcional, em sua desmesura e inutilidade, à incompreensão e falta de comunicação entre os
homens. Embora pertencente a uma experiência extrema e quase impensável (o Holocausto), sem qualquer
proporção com o tema da imigração, não resta dúvida
que a maldição do trabalho e a diáspora das línguas
entrelaçam-se na vida do imigrante”.
Acervo Digital
Uma ferramenta que revoluciona o acesso a fragmentos da história paulista e brasileira. Assim pode
ser definido o projeto Memória da Imigração, que por
meio de um banco de dados online integra o acervo
digital do Museu da Imigração – antigo Memorial do
Imigrante – e do Arquivo Público do Estado de São
Paulo.
No total, são cerca de 250
mil páginas para consultas e
download gratuito. No ano
de 2013, o site do Museu da
Imigração, que disponibiliza
todo esse conteúdo para público, ultrapassou 1,2 milhão de
acessos.
Coordenado pelo Arquivo Público do Estado de São
Paulo, o trabalho teve início
em janeiro de 2011 e envolveu etapas de organização
documental, intervenções de
conservação e preservação,
digitalização e tratamento das
imagens digitais. Como resultado, o banco de dados desenvolvido oferece acesso amplo,
público, democrático e organizado a um acervo de inestimável valor material e imaterial
relacionado à memória da imigração no Brasil, garantindo
ainda a preservação dos documentos originais.
Além de oferecer um campo de pesquisa geral – por
localidade ou período – a ferramenta permite buscas específicas entre os tipos documentais “lista de bordo”, “cartas
de chamada”, “registros de
matrícula”, “requerimentos da
Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (SACOP)”, “jornais” – publicados
por colônias imigrantes entre
1886 e 1987 –, “acervo cartográfico” – mapas e plantas de
núcleos coloniais – e “iconográfico” – retratos de imigrantes, cartões postais, fotografias
de viagens e da antiga hospedaria de imigrantes do Bras.
Programação e
funcionamento
Nos meses de junho e julho, os dois primeiros após
a reabertura, o Museu da
Imigração será totalmente
gratuito. O ingresso oferece
acesso aos espaços expositivos, jardim, café, loja, biblioteca e área de convivên-
cia. A Maria Fumaça, gerida
pela Associação Brasileira de
Preservação Ferroviária, permanece com saídas regulares
e pagas. Para a retomada das
atividades, o MI prepara uma
programação cultural que
contempla diversos públicos.
A agenda conta com apresentações de teatro, dança, música, oficinas e palestras sobre
o patrimônio relacionado aos
processos migratórios ligados a São Paulo. A localização do Museu - entre a Mooca
e o Brás - privilegia o debate
que envolve questões relativas à memória da cidade. No
entorno, a herança da grande
imigração - que ocorreu no
fim do século XIX e início
do XX - convive com os fluxos contemporâneos e com
os traços de outras regiões do
País. De acordo com Marília
Bonas, diretora executiva da
instituição, “a proposta é que
o Museu se torne um espaço
de articulação, promovendo
reflexões sobre a experiência
do deslocamento e a construção da identidade paulista a
partir de múltiplas origens”.
O Museu da Imigração
fica à Rua Visconde de Parnaíba, 1316, no bairro da
Mooca, em São Paulo. Após
sua reabertura, o horário de
funcionamento será de terça
a sábado, das 9h às 17h, e
aos domingos das 10h às 17h.
Durante os meses de junho e
julho o acesso aos espaços
expositivos será gratuito. Quinzenalmente,
às sextas-feiras, o MI
oferecerá visitação
noturna, ampliando
seu horário de atendimento até às 21h.
Outras informações
estão disponíveis
no site www.museudaimigracao.org.
br.
Luiz Marcos Suplicy Hafers,
é presidente do Conselho de
Administração da AAMC
AAMC-integração da Imigração e Café.
Os caminhos do café e da
imigração no Brasil voltam
a se cruzar. Após ser selecionada em chamada pública realizada em 2011 pela Secretaria de Estado da Cultura, a
Associação dos Amigos do
Museu do Café, Organização
Social de Cultura, passou a
ser responsável pela gestão
do novo Museu da Imigração.
A AAMC foi criada em 1998
para impulsionar o desenvolvimento do Museu do Café, em
Santos/SP, tendo como objetivo
posicioná-lo como o principal
responsável pela preservação e
divulgação da história do produto no Brasil e no mundo.
A Associação - com o apoio
das principais entidades de
classe, torrefadores, produtores, exportadores, comerciantes, corretores e instituições
congêneres - desenvolveu um
amplo levantamento histórico e
documental relativo aos negócios de café e a história paulista
(contextualizando as repercussões da economia cafeeira também na arquitetura da cidade
de Santos), iniciando assim um
referencial escrito, iconográfico e de história oral. Hoje, o
trabalho é ampliado à cidade de
São Paulo, e tem um importante papel de preservar, pesquisar e comunicar o patrimônio
material e imaterial ligado aos
processos de deslocamentos
mais recentes e ao acervo museológico e documental da antiga Hospedaria de Imigrantes,
como os documentos provenientes de órgãos do Governo
do Estado de São Paulo, cujas
atividades eram ligadas a políticas imigratórias.
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