GUIA - VÍDEO DEBATE - aconselhamento DST/HIV/aids Ministério da Saúde Secretaria de Políticas de Saúde Coordenação Nacional de DST e Aids Paulo R. Teixeira Coordenador Rosemeire Munhoz Assessora Técnica responsável pela Unidade de Prevenção Eliane Izolan Assessora Técnica Responsável pela Assessoria de Comunicação Elaboração Cláudia Costa Roteirista / Rio de Janeiro - RJ Sandra Filgueiras CN-DST/AIDS / Brasília - DF Colaborações Carlos Passarelli CN-DST/AIDS / Brasília – DF Denise Doneda CN-DST/AIDS / Brasília – DF Denise Gandolfi CN-DST/AIDS / Brasília – DF Ermenegyldo Munhoz Junior Editor João Mário Pereira D´Almeida Dias Diagramador e ilustrador ACONSELHAMENTO EM DST, HIV E AIDS APRESENTAÇÃO A qualidade do atendimento prestado nos serviços de saúde contribui de forma significativa para que seus usuários participem ativamente do processo de tratamento e cura. Sabese que muitos problemas que surgem nesse processo podem ser evitados se o profissional conseguir estabelecer uma parceria com o usuário, que inclua: · o acolhimento de seus sentimentos; · a escuta de suas dificuldades e demandas; e · a orientação adequada para a prevenção e tratamento. Assim, é possível construir uma relação de respeito e confiança tão cara a qualquer processo terapêutico. O aconselhamento em DST/HIV/aids deve estar incorporado às rotinas dos serviços oferecidos pelo sistema de saúde. Portanto, faz-se necessário que cada vez mais profissionais estejam capacitados para essa prática. Médicos de todas as especialidades, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e outros agentes de saúde devem estar aptos para realizar o aconselhamento. Não há fórmula ou método único para o aconselhamento. Entretanto, seus objetivos devem ser prioridade, sempre. São eles: · apoio emocional; · troca de informações sobre as DST, HIV e aids (formas de transmissão, prevenção e tratamento); · avaliação de riscos, que deve se refletir no planejamento cuidadoso de estratégias visando a sua minimização; e · avaliação dos recursos pessoais e sociais que auxiliem na adesão ao tratamento. O vídeo “Aconselhamento em DST/HIV/Aids” e este Guiadebate que o acompanha são contribuições à reflexão sobre essas metas e ao aprimoramento das práticas de atendimento. Alcançando esses objetivos, estaremos, efetivamente, contribuindo para a prevenção e controle das DST e da aids. RESUMO DO VÍDEO O vídeo mostra um dia na rotina profissional de Helena, Marcos e Laura. Ao se depararem com questões relacionadas ao atendimento de pacientes portadores de DST, HIV e aids, eles discutem acerca da necessidade de se refletir sobre o cotidiano profissional e como lidar com a demanda dos pacientes e as dificuldades que emergem desses encontros. As situações vividas por Helena, Marcos e Laura, e depoimentos de portadores do HIV e de profissionais saúde, constituem um movimento inicial à ampliação debate sobre a função do aconselhador e o efeito aconselhamento. os de do do TRABALHANDO COM O VÍDEO Assistir e Refletir Acompanhado é Muito Melhor!!! Após a exibição do vídeo, seria muito interessante que o coordenador da atividade promovesse um vídeo-debate. Experimente. Muitas dificuldades, que normalmente surgem na rotina dos atendimentos em saúde, são apresentadas no vídeo e podem contribuir para a reflexão da equipe. É fundamental rever práticas, inclusive as mais adequadas, pois nem sempre é fácil reconhecer, solitariamente, qualidades e limitações à ação de aconselhamento. A seguir, destacamos alguns depoimentos e sugerimos questões a serem discutidas: O contato com a intimidade dos pacientes e a prevenção “Nós, profissionais e agentes de saúde, temos uma oportunidade ímpar de estar em contato com a intimidade da vida dos usuários e, por isso, é muito importante aproveitar o momento de atendimento para conversar sobre DST e aids e promover saúde.” Ø Reflita com o grupo como essa oportunidade tem sido aproveitada. Acolher a demanda para orientar “ O paciente dá a dica do que precisa e espera do profissional. E só apurar a sua escuta.” “ (...) eu não sei te explicar como o médico poderia ajudar, mas acho que de uma forma que te esclareça com mais paciência, com mais carinho.” “ Se tiver uma boa comunicação com o médico, um bom diálogo, você consegue levar as coisas numa boa.” “ Identificar aquilo que mais preocupa o paciente e responder a essa demanda é o primeiro passo para diminuir a ansiedade do paciente. Assim, ele estará mais calmo para ouvir suas explicações e informações.” Ø Reflita com a equipe sobre o atendimento da personagem Marlene. Que tipo de demanda podemos perceber através de seu comportamento? Ø Discuta com o grupo a tendência de Laura em explicar a diferença entre HIV e aids antes de ouvir o que estava incomodando a paciente. Tempo para atender “Vi um homem sair da consulta atordoado... nem 10 minutos depois de ter entrado. Perguntei se ele precisava de ajuda e ele respondeu que a doutora já o tinha despachado. (...) Como é que fica um paciente que se sentiu despachado da consulta?” “ Tem mesmo esse monte de gente para atender... essa pressão. A gente acaba pensando mais em dar conta do povo do que na qualidade desse dar conta.” Ø De quanto tempo você dispõe para fazer o aconselhamento? É possível receber um paciente para uma consulta, testagem ou orientação com um tempo previamente limitado? Ø O que fazer se a reação do usuário ao oferecimento de testagem, ao resultado do teste ou aos efeitos do tratamento exigirem tempo superior ao que você determinou previamente? As dúvidas do paciente serão trabalhadas em que momento? Ø Considerando as dificuldades de dar conta do volume de atendimentos e a produtividade exigida, de que forma a equipe pode otimizar o tempo em que o paciente permanece no serviço, e qualificar o atendimento? Aproveitando melhor o tempo e qualificando o serviço “( ...) a gente tem que ter sensibilidade para perceber o exagero. Não dá para ‘cortar’ o paciente porque você, profissional, não tá preparado para ouvir e responder. A dúvida ou os motivos de uma pessoa podem ajudar as outras pessoas a pensar sobre si mesmas. Quem tá ouvindo passivamente pode até tomar coragem para se colocar.” Ø Como definir, no aconselhamento coletivo, o limite do que se fala e do quanto se fala no grupo? Ø Reflita sobre a importância dos grupos de sala de espera, grupos de reflexão e apoio. É difícil se aceitar com aids “Eu achava que isso podia estar em qualquer um, menos em mim.” “ Eu sempre guardei isso... nunca quis contar pra ninguém... então eu passei o tempo todo convivendo com isso sozinha...” Ø Imagine-se portador de uma doença crônica cercada de tabus e preconceitos, e que é transmitida quando se faz sexo, quando se precisa salvar a vida com transfusão ou quando se está aprisionado ao uso de drogas injetáveis. Como você se sentiria? Rever seus valores e se colocar no lugar do usuário pode ser um grande caminho para ajudá-lo. Exercite: O que cada membro de sua equipe acha que precisaria dos profissionais de saúde, se estivessem nessa situação? Ø Reflita com o grupo a importância do aconselhamento pré e pós-teste. Aderindo ao tratamento “Quando eu começo a usar o remédio, aí é que eu fico doente.” “ O profissional chega e diz: - toma aqui esse montão de remédio, toma..., aí, não adianta nada... você não sabe para que serve...” “ Quanto maior for a confiança que o paciente deposita no médico, maior será a probabilidade de adesão ao tratamento.” “ É muito cômodo pro médico passar a medicação de 8 em 8 horas. O paciente vai pra casa e decide o que fazer. O que a gente tenta fazer é ver a situação de vida do paciente e adequar o tratamento à realidade dele.” “ Deve existir um comprometimento do profissional com o paciente e não do profissional com a doença.” Ø Discuta sobre como lidar com as dificuldades de adesão ao tratamento. Aconselhamento não é dar conselho “ Aconselhamento não é uma coisa que se aprende na faculdade. A gente aprende no dia-a-dia, com as dificuldades, a cada momento quando a gente se depara com cada pessoa na nossa frente.” “ A gente busca no paciente que ele resgate sua autonomia como ser humano e como cidadão.” “ Tem que ter parceria. Tem que ter cumplicidade do profissional com o paciente.” Ø Discuta com o grupo os 4 pontos fundamentais do aconselhamento: dar apoio emocional, trocar informações, investigar riscos e identificar estratégias de redução destes riscos. Protocolos rígidos x protocolos flexíveis “É importante lembrar que a equipe de uma unidade de saúde inclui desde o porteiro até o diretor do serviço. Portanto, além da harmonia entre a equipe técnica, é preciso que todos estejam imbuídos do mesmo propósito na atenção aos usuários.” “Anota aí: rever as rotinas rígidas. O paciente é mais importante do que o protocolo. Às vezes, é melhor quebrar o protocolo do que perder o paciente.” Ø Discuta com o grupo os comentários acima. Escuta ativa “Às vezes, a gente não consegue dar espaço para o paciente se expor por medo de não saber lidar com seus conflitos ou de não ter respostas para as suas questões.” “Saber escutar e promover um diálogo e uma orientação que, realmente, possam ajudar a pessoa que nos procura, parece fácil mas não é.” “É mais fácil coletar dados e passar informações do que trocar, dialogar.” Ø Discuta as afirmações acima e reflita: Você precisa ter resposta para tudo? E se não as tiver? Comunicação competente “A forma de falar e o tipo de linguagem que se usa determinam o nível de compreensão de quem escuta. Por isso, cheque sempre se o paciente entendeu suas orientações.” “Identificar aquilo que mais preocupa o paciente e responder a essa demanda é o 1 o passo para diminuir a ansiedade do paciente. Assim, ele estará mais calmo para ouvir suas explicações e informações.” Ø Como saber se suas orientações foram compreendidas pelo paciente? Ø Seus pacientes conseguem identificar situações de risco? Eles reconhecem as possibilidades de se cuidarem? Aconselhamento de usuários de drogas injetáveis. Abaixo o julgamento! “Você disse que não consegue parar de se picar. Você quer ajuda para tentar parar?” “...enquanto você não pára, você precisa de material seguro : agulha, seringa, copo pra diluir só seus.” Ø Discuta com o grupo os procedimentos abaixo. Eles são recomendados no atendimento a usuários de drogas. · Acolher sem discriminar. · Não enfatizar o discurso da abstinência . · Reforçar a importância da redução de danos. · Prescrever o tratamento indicado para o quadro clínico, mesmo que o paciente esteja fazendo uso de drogas. · Encaminhar para tratamento da dependência química, se o paciente assim o desejar. Trabalho em equipe: dividir sempre soma “... topa fazer o aconselhamento dela comigo.” “É muito difícil lidar sozinho com uma doença tão complexa.” “Tem horas que dividir as dificuldades com os colegas é a melhor solução pro trabalho caminhar. Se existe colaboração na equipe, nosso trabalho enriquece.” Ø Discuta com o grupo sobre a importância do trabalho interdisciplinar, de reuniões onde a equipe possa compartilhar suas experiências bem sucedidas, novas idéias; e também frustrações, dúvidas e angústias. Função dos roteiros de entrevista “ ...pergunta sobre o pai da criança e outros filhos. Eu vou atendê-la depois, daí eu falo sobre a profilaxia pra evitar a transmissão vertical, sobre as questões do parto e amamentação, ok?” “Toda vez que a gente fica inseguro, a gente tem a tendência de se agarrar num roteiro de entrevista pra se sentir amparado. Só que o roteiro é um guia. Não pode ser exclusivamente um instrumento de coleta de dados, porque quando a pessoa vira um conjunto de dados, a gente vira um mero arquivo. O roteiro não pode ser um substituto da nossa relação com o paciente. Nem uma muleta que acabe inibindo as nossas descobertas e a expressão do paciente.” Ø Discuta com a equipe a função dos roteiros de entrevista, de anamnese, fichas etc. Vida integral. Saúde integral. “É uma doença que bate à porta de todos nós. Não dá mais para achar que é de um único especialista. Hoje, todas as especialidades entram em contato com algum sintoma que leve à hipótese do HIV.” PARA PROMOVER SAÚDE É PRECISO INTEGRAR PREVENÇÃO E ASSISTÊNCIA. Ø Discuta com o grupo sobre a importância dos profissionais de saúde estarem preparados para realizar o aconselhamento em DST e HIV/aids nos diferentes serviços de saúde. ACONSELHAMENTO DISQUE SAÚDE 0800 61 1997 www.aids.gov.br UNDCP Programa das Nações Unidas Para o Controle Internacional de Drogas GOVERNO FEDERAL Trabalhando em todo o Brasil Editado na Coordenação de Processo Editorial - Editora/CGDI/SAA/SE/MS - Julho de 2000 Escutar + Apoiar + Trocar Informações + Promover o Autocuidado