Protestante e o Espírito do Capitalismo), que vincula o nascimento do capitalismo à doutrina calvinista da predestinação e à conseqüente interpretação do êxito material como garantia da graça divina. Essa tese seria ampliada mais tarde em Die Wirtschaftsethik der Weltreligionen (1915; A Ética Econômica das Religiões Universais), conformando o primeiro estudo interdisciplinar na história das ciências sociais, em que Weber sintetiza pesquisas de história das religiões e história econômica. MAX WEBER E O PRINCÍPIO DA RACIONALIZAÇÃO SOCIAL A sociologia de Weber, chamada de Sociologia Compreensiva, não se identifica com nenhuma corrente de pensamento de sua época, seu pensamento, no entanto, aparece como uma verdadeira síntese da tradição científica e filosófica da Alemanha moderna, pois resgata o melhor da metodologia e dos conceitos já formulados para propor uma ciência social em que os múltiplos fatores se encontram relacionados e se explicam reciprocamente. Max Weber nasceu em Erfurt, Prússia, em 21 de abril de 1864. Filho de um grande industrial estudou nas universidades de Heidelberg, Berlim e Göttingen, formandose advogado, mas, estudou também filosofia, teologia, economia e política. O prestígio obtido graças a seus primeiros escritos valeu-lhe, em 1895, a nomeação como professor de economia política na Universidade de Freiburg e, no ano seguinte, em Heidelberg. Uma doença nervosa obrigou-o a abandonar o ensino e o manteve inativo entre 1898 e 1903. A partir de 1904, Weber dirigiu a influente revista Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik (Arquivo de Sociologia e de Política Social), na qual publicou diversos ensaios que definiam sua concepção do método sociológico como reflexão sobre os modelos básicos, ou "idéias-tipo", que regem os comportamentos sociais. Foi nessa revista que publicou também sua obra mais conhecida e polêmica, Die protestantische Ethik und der Geist des Kapitalismus (1904-1905); (A Ética De volta ao ensino universitário em 1918, Weber participou depois de terminada a primeira guerra mundial, da elaboração da constituição da república de Weimar. A intensa atividade pública de seus últimos anos não o impediu de escrever. Entre os seus textos de publicação póstuma destacam-se os que foram reunidos em Gesammelte Aufsätze zur Religionssoziologie (1921; Estudos Reunidos sobre a Sociologia das Religiões) e, sobretudo, em Wirtschaft und Gesellschaft (1922; Economia e Sociedade). Max Weber morreu em Munique, em 14 de junho de 1920. A primeira grande característica da obra de Weber são os estudos e métodos desenvolvidos para entender a ação social dos indivíduos, do homem, suas significações e especificidade. Para Weber as complexas ações de indivíduos que se apresentam para a coletividade como atores sociais, que atuam de forma subjetiva e as motivações que o levam a agir, a sua compreensão (Sociologia Compreensiva). MÉTODO “OS TIPOS IDEAIS” Weber entende que o indivíduo, e suas ações, são tão complexos e subjetivos que não há como explicá-los e entendê-los na sua totalidade, pois a realidade é infinita e a finita mente humana é capaz de apreender dessa realidade apenas uma parcela. Dessa forma, Weber refuta dogmas e determinismos, sejam eles; religiosos, políticos ou científicos e valoriza a subjetividade presente na ação social individual e ou histórica de uma sociedade. Faz-se necessário, para Weber, compreender o sentido da ação, a significação, o motivo e a interdependência da ação individual e isso é tarefa do cientista, que o fará através de recortes, de fragmentos e da construção de tipos ideais (é uma livre construção teórica e abstrata a partir de casos particulares analisados). É o método utilizado por esse autor em suas análises da ação individual e social, além da História Social. O conceito de tipo ideal corresponde, no pensamento weberiano, a um processo de conceituação que abstrai de fenômenos concretos o que existe de particular, constituindo assim um conceito individualizante ou, nas palavras do próprio Weber, um “conceito histórico concreto”, ou seja, conceitos elaborados para explicar a realidade, aplicam-se, em um dado momento histórico, a uma dada situação pesquisada. Burocracia, dominação, capitalismo ocidental, ética protestante, espírito do capitalismo, são exemplos de tipos ideais construídos por Weber, para captar o conjunto de valores de uma época, de uma cultura, para apreender o que é significativo para uma sociedade no seu tempo. Weber desenvolveu sua teoria utilizando-se dos tipos ideais, e os quatros tipos puros, teóricos, de ação social são: Ação tradicional – inspirada pelos hábitos ou costumes arraigados ou “enraizados” que criam uma tradição. Ação afetiva / carismática – inspirada na emoção, sem planejamento prévio, movido por desespero, medo, inveja, paixão, ciúme. Ação racional com relação a valores – inspirada pela racionalidade e orientada por sua convicção (religiosa, política, conceito de justiça, de honra, de honestidade etc.). Ação racional com relação a fins ou a objetivos – inspirada pela racionalidade, organizando os meios para atingir o seu objetivo ou seu fim. Weber e as desigualdades sociais A terceira característica presente na obra de Weber é sua análise desenvolvida sobre as desigualdades sociais. Para esse autor podem ser produzidas em três tipos ideais de produção de desigualdades: Econômica - geradas pela posse, pela renda ou pela riqueza. Social – geradas pelos conceitos de status, de honras ou prestígio. TEORIA Política – geradas no âmbito do poder, quer seja nas esferas privadas, quanto nas esferas públicas. “A AÇÃO SOCIAL” LUTA DE CLASSES A segunda grande característica que devemos ressaltar de Weber é a sua teoria social da “Ação Social”, onde indivíduo (s) e, sua ação social inspira ou espelha a ação social de outros indivíduos, logo, compreender o sentido da ação implica em chegar ao significado que o sujeito ou os sujeitos conferem a ela, orientando-se pela conduta dos outros. Weber distinguiu ação social de relação social, da ação homogênea (de muitos indivíduos) ou da ação influenciada (comum nos fenômenos de massa). Teorizou, também, a luta de classes a partir da ação individual conflitiva na tentativa de manter as condições econômicas, sociais e ou políticas que lhe conferem maiores prestígios, privilégios e lhe permite monopolizar as melhores condições econômicas; de renda, de posse, de propriedade e se identificar, com outro indivíduo, como membro de uma determinada classe social. Weber: poder e dominação A quarta característica que devemos ressaltar na obra de Weber é o seu estudo sobre poder, dominação e legitimidade. A pretensão de legitimação dos dominadores, ou seja, o seu reconhecimento e aceitação sociais são mais considerados por Weber que o próprio exercício da dominação. As complexas relações políticas de poder e dominação foram teorizadas por Weber, através da metodologia dos tipos ideais, como poder e dominação do tipo; A subjetividade do cientista está presente, para Weber, na formulação da pesquisa, na definição do objeto a ser pesquisado, na fundamentação teórica, na formulação das hipóteses e na escolha do método a ser desenvolvido. Quanto à objetividade e a neutralidade das Ciências Sociais ela é possível e deve ser exercida na execução da investigação, na neutralidade axiológica e os resultados devem ser totalmente livres de qualquer juízo de valor do investigador, seja qual for seu ponto de vista e válido para qualquer outro investigador ou cientista. Weber e a Religião Tradicional / Patriarcal – relação de súdito e senhor, pela tradição, relações pessoais ou familiares onde não é necessário competência. Carismática / Liderança – devoção afetiva, dotes “sobrenaturais”, pelo heroísmo, pela oratória. Racional / Legal / Burocrática – obediência às regras, sem motivação pessoal ou influências sentimentais. Para Max Weber (18641920) existem dois tipos ideais de religiões: Teocêntricas: a imagem de Deus é supramundano e pessoal. É um Deus criador, está fora e acima do mundo. Cosmocêntricas: a imagem de Deus é intramundano, impessoal e não criador. Deus e o mundo são a mesma realidade. AFIRMAÇÃO OU NEGAÇÃO DO MUNDO Weber identificou no processo de racionalização, o fenômeno da burocracia como um sistema de administração ou de organização que tende a uma racionalidade total e em termos de eficácia e especialização obtida pela existência da hierarquia. Este poder burocrático e impessoal seria típico, para Weber, do Estado moderno. Weber e a crítica à objetividade da ciência A quinta característica que se destaca na obra de Weber é a sua crítica quanto à objetividade das Ciências Sociais, pois para esse autor, o cientista social é antes de tudo um homem e consequentemente subjetivo. Weber não se preocupa em atingir a objetividade científica pela isenção do pesquisador, pelo contrário, deixa claro o papel da subjetividade na produção do conhecimento. Para ele, o sujeito cognoscente (cientista) é parte do processo de compreensão da realidade. Religiões Ocidentais: Em algumas religiões existe a negação do mundo, como o Cristianismo. Religiões Orientais: Em algumas religiões orientais, também existe a negação do mundo, como o Budismo, na Índia. Religiões Orientais: Em algumas religiões orientais existe a afirmação do mundo, como na China, com o taoísmo e o confucionismo, CAMINHOS DE SALVALÇÃO Religiões teocêntricas: a visão negativa do mundo exige uma atitude “ativa” diante da realidade mundana. Dominação e intervenção ascética do mundo, como caminho para a salvação. Religiões cosmocêntricas: se há uma visão negativa do mundo, o caminho de salvação é a “fuga” do mundo. Se há uma visão positiva do mundo, o caminho é a acomodação (atitudes “passivas”). CONTEMPLAÇÃO OU ENGAJAMENTO Para Weber, o capitalismo desenvolveu-se no ocidente pelo fato das religiões ocidentais pregarem uma atitude de engajamento diante do mundo. Já o caráter das religiões orientais leva o crente a uma atitude contemplativa diante do mundo. RACIONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Para Weber antes eram os deuses, agora são os homens, através da ciência e da técnica, que “desdivinizam” a natureza e a sociedade e passa a controlá-las. Para Weber, no capitalismo o ser humano aprisiona-se em uma “prisão de ferro” que é a racionalidade, a ética racional. Entende os papeis da ciência e da religião, como diferentes e uma não tem como ocupar a função da outra. Papel da ciência: saber instrumental. Papel da religião: sentido da vida. Exercícios: 01) Sobre a sociologia compreensiva de Max Weber, assinale o que for correto. 01) Segundo essa perspectiva sociológica, a ordem social impõe-se aos indivíduos como força exterior e coercitiva, submetendo, assim, as vontades desses indivíduos aos padrões sociais estabelecidos. 02) A ação social é entendida como um comportamento dotado de sentido subjetivamente visado e orientado para o comportamento de outros atores. 04) O sociólogo tem como tarefa fundamental a identificação e a compreensão causal dos sentidos e das motivações que orientam os indivíduos em suas ações sociais. 08) O que garante a cientificidade da análise sociológica é o recurso à objetividade pura dos fatos. 16) As instituições sociais são definidas como resultados de relações sociais estáveis e duráveis, passíveis de serem alteradas a partir de transformações nos sentidos atribuídos pelos indivíduos às suas ações. 02-) Sobre os conceitos de poder político e de autoridade no pensamento de Max Weber, assinale o que for correto. 01) O poder político se converte em autoridade em governos considerados legítimos por aqueles que vivem sob as suas ordens. 02) A autoridade de tipo tradicional é própria da sociedade onde impera o princípio da lei e dos acordos racionalmente estabelecidos. 04) A autoridade pode fundamentar-se no reconhecimento de qualidades excepcionais daquele que a exerce. Nesse caso, estamos diante de uma autoridade de tipo carismática. 08) Uma autoridade racional-legal exerce o poder seguindo suas próprias regras, sem interferências ou controles externos que limitem sua atuação. 16) Em situações concretas, as autoridades de tipos racional-legal e carismático podem se combinar e garantir legitimidade a um governo. 03-) A Sociologia de Max Weber é considerada uma ciência compreensiva e explicativa. Na sua concepção, compete ao sociólogo compreender e interpretar a ação dos indivíduos, assim como os valores pelos quais os indivíduos compreendem suas próprias intenções pela introspecção ou pela interpretação da conduta de outros indivíduos. Sobre a sociologia compreensiva de Max Weber, é correto afirmar que: a) segundo o método da sociologia compreensiva de Max Weber, há uma ênfase metodológica sobre a sociedade como a unidade inicial da explicação para se chegar a significados objetivos de ação social. b) na sociologia compreensiva de Max Weber a primeira tarefa da sociologia é reformar a sociedade ou gerar algum tipo de teoria revolucionária. Weber herda efetivamente um ponto de vista sociológico compreensivo imputado à escola marxista. c) para Max Weber a sociologia está voltada unicamente para a compreensão dos fenômenos sociais. Na sociologia compreensiva o homem não consegue compreender as intenções dos outros em termos de suas intenções professadas. d) no método compreensivo de Weber os fenômenos sociais são considerados como a simples expressão de causas exteriores que se impõem aos indivíduos. Weber define a sociologia compreensiva em termos de fatos sociais e não em termos de atividade ou ação. e) Max Weber entende por sociologia compreensiva uma ciência que se propõe compreender a atividade social e deste modo explicar causalmente seu desenrolar e seus efeitos. Para explicar o mundo social, importa compreender também a ação dos seres humanos do ponto de vista do sentido e dos valores. 04-) Para Max Weber a economia capitalista não é marcada pela irracionalidade e pela “anarquia da produção”. Ao contrário de Karl Marx, que frisava a irracionalidade do capitalismo, para Weber as instituições do capitalismo moderno podem ser consideradas como a própria materialização da racionalidade. Segundo Weber, uma das características do capitalismo moderno é a estrutura burocrática com instituições administradas racionalmente com funções combinadas e especializadas. Para o sociólogo alemão, o controle burocrático é marcado pela eficiência, precisão e racionalidade. Considerando a importância do tema da burocracia na obra de Weber, é correto afirmar que: a) Marx Weber identifica a burocracia com a irracionalidade, com o processo de despersonalização e com a rotina opressiva. A irracionalidade, nesse contexto, é vista como favorável à liberdade pessoal. b) segundo Weber, a ocupação de um cargo na estrutura burocrática é considerada uma atividade com finalidade objetiva pessoal. Trata-se de uma ocupação que não exige senso de dever e nenhum treinamento profissional. c) na burocracia moderna os funcionários são altamente qualificados, treinados em suas áreas específicas, enfim, pessoas que tem ou devem ter qualificações consideradas necessárias para serem designadas para tais funções. d) para Weber, o elemento central da estrutura burocrática é a ausência da hierarquia funcional e a obediência à ordem pessoal e subjetiva. e) a burocratização do capitalismo moderno impede segundo Weber, a possibilidade de se colocar em prática o princípio da especialização das funções administrativas. MATERIAL COMPLEMENTAR Weber e os tipos ideais: O legal e o típico O conceito de tipo ideal corresponde, no pensamento weberiano, a um processo de conceituação que abstrai de fenômenos concretos o que existe de particular, constituindo assim um conceito individualizante ou, nas palavras do próprio Weber, um “conceito histórico concreto”. A ênfase na caracterização sistemática dos padrões individuais concretos (característica das ciências humanas) opõe a conceituação típico-ideal à conceituação generalizadora, tal como esta é conhecida nas ciências naturais. A conceituação generalizadora, como revela a própria expressão, retira do fenômeno concreto aquilo que ele tem de geral, isto é, as uniformidades e regularidades observadas em diferentes fenômenos constitutivos de uma mesma classe. A relação entre o conceito genérico e o fenômeno concreto é de natureza tal que permite classificar cada fenômeno particular de acordo com os traços gerais apresentados pelo mesmo, considerando como acidental tudo o que não se enquadre dentro da generalidade. Além disso, a conceituação generalizadora considera o fenômeno particular como um caso cujas características gerais podem ser deduzidas de uma lei. A conceituação típico-ideal chega a resultados diferentes da conceituação generalizadora. O tipo ideal, segundo Weber, expõe como se desenvolveria uma forma particular de ação social se o fizesse racionalmente em direção a um fim e se fosse orientada de forma a atingir um e somente um fim. Assim, o tipo ideal não descreveria um curso concreto de ação, mas um desenvolvimento normativamente ideal, isto é, um curso de ação “objetivamente possível”. O tipo ideal é um conceito vazio de conteúdo real: ele depura as propriedades dos fenômenos reais desencarnando-os pela análise, para depois reconstruí-los. Quando se trata de tipos complexos (formados por várias propriedades), essa reconstrução assume a forma de síntese, que não recupera os fenômenos em sua real concreção, mas que os idealiza em uma articulação significativa de abstrações. Desse modo, se constitui uma “pauta de contrastação”, que permite situar os fenômenos reais em sua relatividade. Por conseguinte, o tipo ideal não constitui nem uma hipótese nem uma proposição e, assim, não pode ser falso nem verdadeiro, mas válido ou não-válido, de acordo com sua utilidade para a compreensão significativa dos acontecimentos estudados pelo investigador. No que se refere à aplicação do tipo ideal no tratamento da realidade, ela se dá de dois modos. O primeiro é um processo de contrastação conceituai que permite simplesmente apreender os fatos segundo sua maior ou menor aproximação ao tipo ideal. O segundo consiste na formulação de hipóteses explicativas. Por exemplo: para a explicação de um pânico na bolsa de valores, seria possível, em primeiro lugar, supor como se desenvolveria o fenômeno na ausência de quaisquer sentimentos irracionais; somente depois se poderia introduzir tais sentimentos como fatores de perturbação. Da mesma forma se poderia proceder para a explicação de uma ação militar ou política. Primeiro se fixaria, hipoteticamente, como se teria desenvolvido a ação se todas as intenções dos participantes fossem conhecidas e se a escolha dos meios por parte dos mesmos tivesse sido orientada de maneira rigorosamente racional em relação a certo fim. Somente assim se poderia atribuir os desvios aos fatores irracionais. Nos exemplos acima é patente a dicotomia estabelecida por Weber entre o racional e o irracional, ambos conceitos fundamentais de sua metodologia. Para Weber, uma ação é racional quando cumpre duas condições. Em primeiro lugar, uma ação é racional na medida em que é orientada para um objetivo claramente formulado, ou para um conjunto de valores, também claramente formulados e logicamente consistentes. Em segundo lugar, uma ação é racional quando os meios escolhidos para se atingir o objetivo são os mais adequados. Uma vez de posse desses instrumentos analíticos, formulados para a explicação da realidade social concreta ou, mais exatamente, de uma porção dessa realidade, Weber elabora um sistema compreensivo de conceitos, estabelecendo uma terminologia precisa como tarefa preliminar para a análise das inter-relações entre os fenômenos sociais. De acordo com o vocabulário weberiano, são quatro os tipos de ação que cumpre distinguir claramente: ação racional em relação a fins, ação racional em relação a valores, ação afetiva e ação tradicional. Esta última, baseada no hábito, está na fronteira do que pode ser considerado como ação e faz Weber chamar a atenção para o problema de fluidez dos limites, isto é, para a virtual impossibilidade de se encontrarem “ações puras”. Em outros termos, segundo Weber, muito raramente a ação social orienta-se exclusivamente conforme um ou outro dos quatro tipos. Do mesmo modo, essas formas de orientação não podem ser consideradas como exaustivas. Seriam tipos puramente conceituais, construídos para fins de análise sociológica, jamais encontrando-se na realidade em toda a sua pureza; na maior parte dos casos, os quatro tipos de ação encontram-se misturados. Somente os resultados que com eles se obtenham na análise da realidade social podem dar a medida de sua conveniência. Para qualquer um desses tipos tanto seria possível encontrar fenômenos sociais que poderiam ser incluídos neles, quanto se poderia também deparar com fatos limítrofes entre um e outro tipo. Entretanto, observa Weber, essa fluidez só pode ser claramente percebida quando os próprios conceitos tipológicos não são fluidos e estabelecem fronteiras rígidas entre um e outro. Um conceito bem definido estabelece nitidamente propriedades cuja presença nos fenômenos sociais permite diferenciar um fenômeno de outro; estes, contudo, raramente podem ser classificados de forma rígida. O sistema de tipos ideais Na primeira parte de Economia e Sociedade, Max Weber expõe seu sistema de tipos ideais, entre os quais os de lei, democracia, capitalismo, feudalismo, sociedade, burocracia, patrimonialismo, sultanismo. Todos esses tipos ideais são apresentados pelo autor como conceitos definidos conforme critérios pessoais, isto é, trata-se de conceituações do que ele entende pelo termo empregado, de forma a que o leitor perceba claramente do que ele está falando. O importante nessa tipologia reside no meticuloso cuidado com que Weber articula suas definições e na maneira sistemática com que esses conceitos são relacionados uns aos outros. A partir dos conceitos mais gerais do comportamento social e das relações sociais, Weber formula novos conceitos mais específicos, pormenorizando cada vez mais as características concretas. Sua abordagem em termos de tipos ideais coloca-se em oposição, por um lado, à explicação estrutural dos fenômenos, e, por outro, à perspectiva que vê os fenômenos como entidades qualitativamente diferentes. Fonte: http://www.culturabrasil.org/weber.htm ANOTAÇÕES ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ _________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ __________________________________ Para Weber, as singularidades históricas resultam de combinações específicas de fatores gerais que, se isolados, são quantificáveis, de tal modo que os mesmos elementos podem ser vistos numa série de outras combinações singulares. Tudo aquilo que se afirma de uma ação concreta, seus graus de adequação de sentido, sua explicação compreensiva e causal, seriam hipóteses suscetíveis de verificação. ___________________________________ Para Weber, a interpretação causal correta de uma ação concreta significa que “o desenvolvimento externo e o motivo da ação foram conhecidos de modo certo e, ao mesmo tempo, compreendidos com sentido em sua relação”. ___________________________________ Por outro lado, a interpretação causal correta de uma ação típica significa que o acontecimento considerado típico se oferece com adequação de sentido e pode ser comprovado como causalmente adequado, pelo menos em algum grau. ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ __________________________________