max weber e o princípio da racionalização social 31/08/15 3:53 pm

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Protestante e o Espírito do Capitalismo),
que vincula o nascimento do capitalismo à
doutrina calvinista da predestinação e à
conseqüente interpretação do êxito material
como garantia da graça divina.
Essa tese seria ampliada mais tarde em
Die Wirtschaftsethik der Weltreligionen
(1915; A Ética Econômica das Religiões
Universais), conformando o primeiro
estudo interdisciplinar na história das
ciências sociais, em que Weber sintetiza
pesquisas de história das religiões e
história econômica.
MAX WEBER E O PRINCÍPIO DA
RACIONALIZAÇÃO SOCIAL
A sociologia de Weber, chamada de
Sociologia
Compreensiva,
não
se
identifica com nenhuma corrente de
pensamento
de
sua
época,
seu
pensamento, no entanto, aparece como
uma verdadeira síntese da tradição
científica e filosófica da Alemanha
moderna, pois resgata o melhor da
metodologia e dos conceitos já formulados
para propor uma ciência social em que os
múltiplos
fatores
se
encontram
relacionados
e
se
explicam
reciprocamente.
Max Weber nasceu em Erfurt, Prússia, em
21 de abril de 1864. Filho de um grande
industrial estudou nas universidades de
Heidelberg, Berlim e Göttingen, formandose advogado, mas, estudou também
filosofia, teologia, economia e política.
O prestígio obtido graças a seus primeiros
escritos valeu-lhe, em 1895, a nomeação
como professor de economia política na
Universidade de Freiburg e, no ano
seguinte, em Heidelberg. Uma doença
nervosa obrigou-o a abandonar o ensino e
o manteve inativo entre 1898 e 1903.
A partir de 1904, Weber dirigiu a influente
revista Archiv für Sozialwissenschaft und
Sozialpolitik (Arquivo de Sociologia e de
Política Social), na qual publicou diversos
ensaios que definiam sua concepção do
método sociológico como reflexão sobre os
modelos básicos, ou "idéias-tipo", que
regem os comportamentos sociais.
Foi nessa revista que publicou também sua
obra mais conhecida e polêmica, Die
protestantische Ethik und der Geist des
Kapitalismus
(1904-1905);
(A
Ética
De volta ao ensino universitário em 1918,
Weber participou depois de terminada a
primeira guerra mundial, da elaboração da
constituição da república de Weimar. A
intensa atividade pública de seus últimos
anos não o impediu de escrever.
Entre os seus textos de publicação
póstuma destacam-se os que foram
reunidos em Gesammelte Aufsätze zur
Religionssoziologie
(1921;
Estudos
Reunidos sobre a Sociologia das
Religiões) e, sobretudo, em Wirtschaft und
Gesellschaft
(1922;
Economia
e
Sociedade).
Max Weber morreu em Munique, em 14 de
junho de 1920.
A primeira grande característica da obra
de Weber são os estudos e métodos
desenvolvidos para entender a ação social
dos indivíduos, do homem, suas
significações e especificidade.
Para Weber as complexas ações de
indivíduos que se apresentam para a
coletividade como atores sociais, que
atuam de forma subjetiva e as motivações
que o levam a agir, a sua compreensão
(Sociologia Compreensiva).
MÉTODO
“OS TIPOS IDEAIS”
Weber entende que o indivíduo, e suas
ações, são tão complexos e subjetivos que
não há como explicá-los e entendê-los
na sua totalidade, pois a realidade é
infinita e a finita mente humana é capaz de
apreender dessa realidade apenas uma
parcela.
Dessa forma, Weber refuta dogmas e
determinismos, sejam eles; religiosos,
políticos ou científicos e valoriza a
subjetividade presente na ação social
individual e ou histórica de uma sociedade.
Faz-se
necessário,
para
Weber,
compreender o sentido da ação, a
significação, o motivo e a interdependência
da ação individual e isso é tarefa do
cientista, que o fará através de recortes,
de fragmentos e da construção de tipos
ideais (é uma livre construção teórica e
abstrata a partir de casos particulares
analisados).
É o método utilizado por esse autor em
suas análises da ação individual e social,
além da História Social.
O conceito de tipo ideal corresponde, no
pensamento weberiano, a um processo de
conceituação que abstrai de fenômenos
concretos o que existe de particular,
constituindo
assim
um
conceito
individualizante ou, nas palavras do próprio
Weber,
um
“conceito
histórico
concreto”, ou seja, conceitos elaborados
para explicar a realidade, aplicam-se, em
um dado momento histórico, a uma dada
situação pesquisada.
Burocracia,
dominação,
capitalismo
ocidental, ética protestante, espírito do
capitalismo, são exemplos de tipos ideais
construídos por Weber, para captar o
conjunto de valores de uma época, de uma
cultura, para apreender o que é significativo
para uma sociedade no seu tempo.
Weber desenvolveu sua teoria utilizando-se
dos tipos ideais, e os quatros tipos puros,
teóricos, de ação social são:
Ação tradicional – inspirada pelos hábitos
ou costumes arraigados ou “enraizados”
que criam uma tradição.
Ação afetiva / carismática – inspirada na
emoção, sem planejamento prévio, movido
por desespero, medo, inveja, paixão,
ciúme.
Ação racional com relação a valores –
inspirada pela racionalidade e orientada por
sua convicção (religiosa, política, conceito
de justiça, de honra, de honestidade etc.).
Ação racional com relação a fins ou a
objetivos – inspirada pela racionalidade,
organizando os meios para atingir o seu
objetivo ou seu fim.
Weber e as desigualdades sociais
A terceira característica presente na obra
de Weber é sua análise desenvolvida sobre
as desigualdades sociais.
Para esse autor podem ser produzidas em
três tipos ideais de produção de
desigualdades:
Econômica - geradas pela posse, pela
renda ou pela riqueza.
Social – geradas pelos conceitos de status,
de honras ou prestígio.
TEORIA
Política – geradas no âmbito do poder,
quer seja nas esferas privadas, quanto nas
esferas públicas.
“A AÇÃO SOCIAL”
LUTA DE CLASSES
A segunda grande característica que
devemos ressaltar de Weber é a sua teoria
social da “Ação Social”, onde indivíduo (s)
e, sua ação social inspira ou espelha a
ação social de outros indivíduos, logo,
compreender o sentido da ação implica em
chegar ao significado que o sujeito ou os
sujeitos conferem a ela, orientando-se pela
conduta dos outros.
Weber distinguiu ação social de relação
social, da ação homogênea (de muitos
indivíduos) ou da ação influenciada
(comum nos fenômenos de massa).
Teorizou, também, a luta de classes a partir
da ação individual conflitiva na tentativa de
manter as condições econômicas, sociais e
ou políticas que lhe conferem maiores
prestígios, privilégios e lhe permite
monopolizar as melhores condições
econômicas; de renda, de posse, de
propriedade e se identificar, com outro
indivíduo,
como
membro
de
uma
determinada classe social.
Weber: poder e dominação
A quarta característica que devemos
ressaltar na obra de Weber é o seu estudo
sobre poder, dominação e legitimidade.
A
pretensão
de
legitimação
dos
dominadores,
ou
seja,
o
seu
reconhecimento e aceitação sociais são
mais considerados por Weber que o próprio
exercício da dominação.
As complexas relações políticas de poder e
dominação foram teorizadas por Weber,
através da metodologia dos tipos ideais,
como poder e dominação do tipo;
A subjetividade do cientista está presente,
para Weber, na formulação da pesquisa,
na definição do objeto a ser pesquisado,
na
fundamentação
teórica,
na
formulação das hipóteses e na escolha
do método a ser desenvolvido.
Quanto à objetividade e a neutralidade
das Ciências Sociais ela é possível e deve
ser exercida na execução da investigação,
na neutralidade axiológica e os resultados
devem ser totalmente livres de qualquer
juízo de valor do investigador, seja qual for
seu ponto de vista e válido para qualquer
outro investigador ou cientista.
Weber e a Religião
Tradicional / Patriarcal – relação de súdito
e senhor, pela tradição, relações pessoais
ou familiares onde não é necessário
competência.
Carismática / Liderança – devoção
afetiva,
dotes
“sobrenaturais”,
pelo
heroísmo, pela oratória.
Racional / Legal / Burocrática –
obediência às regras, sem motivação
pessoal ou influências sentimentais.
Para Max Weber (18641920) existem dois
tipos ideais de religiões:
Teocêntricas: a imagem de Deus é
supramundano e pessoal. É um Deus
criador, está fora e acima do mundo.
Cosmocêntricas: a imagem de Deus é
intramundano, impessoal e não criador.
Deus e o mundo são a mesma realidade.
AFIRMAÇÃO OU NEGAÇÃO DO MUNDO
Weber identificou no processo de
racionalização, o fenômeno da burocracia
como um sistema de administração ou de
organização que tende a uma racionalidade
total e em termos de eficácia e
especialização obtida pela existência da
hierarquia.
Este poder burocrático e impessoal seria
típico, para Weber, do Estado moderno.
Weber e a crítica à objetividade da
ciência
A quinta característica que se destaca na
obra de Weber é a sua crítica quanto à
objetividade das Ciências Sociais, pois
para esse autor, o cientista social é antes
de tudo um homem e consequentemente
subjetivo.
Weber não se preocupa em atingir a
objetividade científica pela isenção do
pesquisador, pelo contrário, deixa claro o
papel da subjetividade na produção do
conhecimento. Para ele, o sujeito
cognoscente (cientista) é parte do processo
de compreensão da realidade.
Religiões Ocidentais: Em algumas
religiões existe a negação do mundo,
como o Cristianismo.
Religiões Orientais: Em algumas religiões
orientais, também existe a negação do
mundo, como o Budismo, na Índia.
Religiões Orientais: Em algumas religiões
orientais existe a afirmação do mundo,
como na China, com o taoísmo e o
confucionismo,
CAMINHOS DE SALVALÇÃO
Religiões teocêntricas: a visão negativa
do mundo exige uma atitude “ativa” diante
da realidade mundana. Dominação e
intervenção ascética do mundo, como
caminho para a salvação.
Religiões cosmocêntricas: se há uma
visão negativa do mundo, o caminho de
salvação é a “fuga” do mundo. Se há uma
visão positiva do mundo, o caminho é a
acomodação (atitudes “passivas”).
CONTEMPLAÇÃO OU ENGAJAMENTO
Para Weber, o capitalismo desenvolveu-se
no ocidente pelo fato das religiões
ocidentais pregarem uma atitude de
engajamento diante do mundo. Já o caráter
das religiões orientais leva o crente a uma
atitude contemplativa diante do mundo.
RACIONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
Para Weber antes eram os deuses, agora
são os homens, através da ciência e da
técnica, que “desdivinizam” a natureza e
a sociedade e passa a controlá-las. Para
Weber, no capitalismo o ser humano
aprisiona-se em uma “prisão de ferro” que
é a racionalidade, a ética racional.
Entende os papeis da ciência e da religião,
como diferentes e uma não tem como
ocupar a função da outra.
Papel da ciência: saber instrumental.
Papel da religião: sentido da vida.
Exercícios:
01) Sobre a sociologia compreensiva de
Max Weber, assinale o que for correto.
01) Segundo essa perspectiva sociológica,
a ordem social impõe-se aos indivíduos
como
força
exterior
e
coercitiva,
submetendo, assim, as vontades desses
indivíduos
aos
padrões
sociais
estabelecidos.
02) A ação social é entendida como um
comportamento dotado de sentido
subjetivamente visado e orientado para
o comportamento de outros atores.
04) O sociólogo tem como tarefa
fundamental a identificação e a
compreensão causal dos sentidos e das
motivações que orientam os indivíduos
em suas ações sociais.
08) O que garante a cientificidade da
análise sociológica é o recurso à
objetividade pura dos fatos.
16) As instituições sociais são definidas
como resultados de relações sociais
estáveis e duráveis, passíveis de serem
alteradas a partir de transformações nos
sentidos atribuídos pelos indivíduos às
suas ações.
02-) Sobre os conceitos de poder político e
de autoridade no pensamento de Max
Weber, assinale o que for correto.
01) O poder político se converte em
autoridade em governos considerados
legítimos por aqueles que vivem sob as
suas ordens.
02) A autoridade de tipo tradicional é
própria da sociedade onde impera o
princípio
da
lei
e
dos
acordos
racionalmente estabelecidos.
04) A autoridade pode fundamentar-se
no reconhecimento de qualidades
excepcionais daquele que a exerce.
Nesse caso, estamos diante de uma
autoridade de tipo carismática.
08) Uma autoridade racional-legal exerce o
poder seguindo suas próprias regras, sem
interferências ou controles externos que
limitem sua atuação.
16) Em situações concretas, as
autoridades de tipos racional-legal e
carismático podem se combinar e
garantir legitimidade a um governo.
03-) A Sociologia de Max Weber é
considerada uma ciência compreensiva e
explicativa. Na sua concepção, compete ao
sociólogo compreender e interpretar a ação
dos indivíduos, assim como os valores
pelos quais os indivíduos compreendem
suas próprias intenções pela introspecção
ou pela interpretação da conduta de outros
indivíduos.
Sobre a sociologia compreensiva de Max
Weber, é correto afirmar que:
a) segundo o método da sociologia
compreensiva de Max Weber, há uma
ênfase metodológica sobre a sociedade
como a unidade inicial da explicação para
se chegar a significados objetivos de ação
social.
b) na sociologia compreensiva de Max
Weber a primeira tarefa da sociologia é
reformar a sociedade ou gerar algum tipo
de teoria revolucionária. Weber herda
efetivamente um ponto de vista sociológico
compreensivo imputado à escola marxista.
c) para Max Weber a sociologia está
voltada unicamente para a compreensão
dos fenômenos sociais. Na sociologia
compreensiva o homem não consegue
compreender as intenções dos outros em
termos de suas intenções professadas.
d) no método compreensivo de Weber os
fenômenos sociais são considerados como
a simples expressão de causas exteriores
que se impõem aos indivíduos. Weber
define a sociologia compreensiva em
termos de fatos sociais e não em termos de
atividade ou ação.
e) Max Weber entende por sociologia
compreensiva uma ciência que se
propõe compreender a atividade social e
deste modo explicar causalmente seu
desenrolar e seus efeitos. Para explicar
o mundo social, importa compreender
também a ação dos seres humanos do
ponto de vista do sentido e dos valores.
04-) Para Max Weber a economia
capitalista
não
é
marcada
pela
irracionalidade e pela “anarquia da
produção”. Ao contrário de Karl Marx, que
frisava a irracionalidade do capitalismo,
para Weber as instituições do capitalismo
moderno podem ser consideradas como a
própria materialização da racionalidade.
Segundo Weber, uma das características
do capitalismo moderno é a estrutura
burocrática com instituições administradas
racionalmente com funções combinadas e
especializadas. Para o sociólogo alemão, o
controle burocrático é marcado pela
eficiência, precisão e racionalidade.
Considerando a importância do tema da
burocracia na obra de Weber, é correto
afirmar que:
a) Marx Weber identifica a burocracia com
a irracionalidade, com o processo de
despersonalização e com a rotina
opressiva.
A
irracionalidade,
nesse
contexto, é vista como favorável à
liberdade pessoal.
b) segundo Weber, a ocupação de um
cargo
na
estrutura
burocrática
é
considerada uma atividade com finalidade
objetiva pessoal. Trata-se de uma
ocupação que não exige senso de dever e
nenhum treinamento profissional.
c)
na
burocracia
moderna
os
funcionários são altamente qualificados,
treinados em suas áreas específicas,
enfim, pessoas que tem ou devem ter
qualificações consideradas necessárias
para serem designadas para tais
funções.
d) para Weber, o elemento central da
estrutura burocrática é a ausência da
hierarquia funcional e a obediência à ordem
pessoal e subjetiva.
e) a burocratização do capitalismo moderno
impede segundo Weber, a possibilidade de
se colocar em prática o princípio da
especialização das funções administrativas.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Weber e os tipos ideais: O legal e o
típico
O conceito de tipo ideal corresponde, no
pensamento weberiano, a um processo de
conceituação que abstrai de fenômenos
concretos o que existe de particular,
constituindo
assim
um
conceito
individualizante ou, nas palavras do próprio
Weber, um “conceito histórico concreto”.
A ênfase na caracterização sistemática dos
padrões
individuais
concretos
(característica das ciências humanas) opõe
a conceituação típico-ideal à conceituação
generalizadora, tal como esta é conhecida
nas ciências naturais.
A conceituação generalizadora, como
revela a própria expressão, retira do
fenômeno concreto aquilo que ele tem de
geral, isto é, as uniformidades e
regularidades observadas em diferentes
fenômenos constitutivos de uma mesma
classe. A relação entre o conceito genérico
e o fenômeno concreto é de natureza tal
que permite classificar cada fenômeno
particular de acordo com os traços gerais
apresentados pelo mesmo, considerando
como acidental tudo o que não se
enquadre dentro da generalidade.
Além disso, a conceituação generalizadora
considera o fenômeno particular como um
caso cujas características gerais podem ser
deduzidas de uma lei.
A conceituação típico-ideal chega a
resultados diferentes da conceituação
generalizadora. O tipo ideal, segundo
Weber, expõe como se desenvolveria uma
forma particular de ação social se o fizesse
racionalmente em direção a um fim e se
fosse orientada de forma a atingir um e
somente um fim.
Assim, o tipo ideal não descreveria um
curso concreto de ação, mas um
desenvolvimento normativamente ideal, isto
é, um curso de ação “objetivamente
possível”.
O tipo ideal é um conceito vazio de
conteúdo real: ele depura as propriedades
dos fenômenos reais desencarnando-os
pela análise, para depois reconstruí-los.
Quando se trata de tipos complexos
(formados por várias propriedades), essa
reconstrução assume a forma de síntese,
que não recupera os fenômenos em sua
real concreção, mas que os idealiza em
uma articulação significativa de abstrações.
Desse modo, se constitui uma “pauta de
contrastação”, que permite situar os
fenômenos reais em sua relatividade. Por
conseguinte, o tipo ideal não constitui nem
uma hipótese nem uma proposição e,
assim, não pode ser falso nem verdadeiro,
mas válido ou não-válido, de acordo com
sua utilidade para a compreensão
significativa dos acontecimentos estudados
pelo investigador.
No que se refere à aplicação do tipo ideal
no tratamento da realidade, ela se dá de
dois modos. O primeiro é um processo de
contrastação conceituai que permite
simplesmente apreender os fatos segundo
sua maior ou menor aproximação ao tipo
ideal. O segundo consiste na formulação
de hipóteses explicativas.
Por exemplo: para a explicação de um
pânico na bolsa de valores, seria possível,
em primeiro lugar, supor como se
desenvolveria o fenômeno na ausência de
quaisquer sentimentos irracionais; somente
depois
se
poderia
introduzir
tais
sentimentos como fatores de perturbação.
Da mesma forma se poderia proceder para
a explicação de uma ação militar ou
política.
Primeiro
se
fixaria,
hipoteticamente,
como
se
teria
desenvolvido a ação se todas as intenções
dos participantes fossem conhecidas e se a
escolha dos meios por parte dos mesmos
tivesse sido orientada de maneira
rigorosamente racional em relação a certo
fim. Somente assim se poderia atribuir os
desvios aos fatores irracionais.
Nos exemplos acima é patente a dicotomia
estabelecida por Weber entre o racional e o
irracional, ambos conceitos fundamentais
de sua metodologia.
Para Weber, uma ação é racional quando
cumpre duas condições. Em primeiro lugar,
uma ação é racional na medida em que é
orientada para um objetivo claramente
formulado, ou para um conjunto de valores,
também
claramente
formulados
e
logicamente consistentes. Em segundo
lugar, uma ação é racional quando os
meios escolhidos para se atingir o objetivo
são os mais adequados.
Uma vez de posse desses instrumentos
analíticos, formulados para a explicação da
realidade social concreta ou, mais
exatamente, de uma porção dessa
realidade, Weber elabora um sistema
compreensivo de conceitos, estabelecendo
uma terminologia precisa como tarefa
preliminar para a análise das inter-relações
entre os fenômenos sociais.
De acordo com o vocabulário weberiano,
são quatro os tipos de ação que cumpre
distinguir claramente: ação racional em
relação a fins, ação racional em relação a
valores, ação afetiva e ação tradicional.
Esta última, baseada no hábito, está na
fronteira do que pode ser considerado
como ação e faz Weber chamar a atenção
para o problema de fluidez dos limites, isto
é, para a virtual impossibilidade de se
encontrarem “ações puras”.
Em outros termos, segundo Weber, muito
raramente a ação social orienta-se
exclusivamente conforme um ou outro dos
quatro tipos. Do mesmo modo, essas
formas de orientação não podem ser
consideradas como exaustivas. Seriam
tipos puramente conceituais, construídos
para fins de análise sociológica, jamais
encontrando-se na realidade em toda a sua
pureza; na maior parte dos casos, os
quatro tipos de ação encontram-se
misturados.
Somente os resultados que com eles se
obtenham na análise da realidade social
podem dar a medida de sua conveniência.
Para qualquer um desses tipos tanto seria
possível encontrar fenômenos sociais que
poderiam ser incluídos neles, quanto se
poderia também deparar com fatos
limítrofes entre um e outro tipo.
Entretanto, observa Weber, essa fluidez só
pode ser claramente percebida quando os
próprios conceitos tipológicos não são
fluidos e estabelecem fronteiras rígidas
entre um e outro. Um conceito bem definido
estabelece nitidamente propriedades cuja
presença nos fenômenos sociais permite
diferenciar um fenômeno de outro; estes,
contudo,
raramente
podem
ser
classificados de forma rígida.
O sistema de tipos ideais
Na primeira parte de Economia e
Sociedade, Max Weber expõe seu sistema
de tipos ideais, entre os quais os de lei,
democracia,
capitalismo,
feudalismo,
sociedade, burocracia, patrimonialismo,
sultanismo. Todos esses tipos ideais são
apresentados pelo autor como conceitos
definidos conforme critérios pessoais, isto
é, trata-se de conceituações do que ele
entende pelo termo empregado, de forma a
que o leitor perceba claramente do que ele
está falando.
O importante nessa tipologia reside no
meticuloso cuidado com que Weber articula
suas definições e na maneira sistemática
com que esses conceitos são relacionados
uns aos outros. A partir dos conceitos mais
gerais do comportamento social e das
relações sociais, Weber formula novos
conceitos
mais
específicos,
pormenorizando cada vez mais as
características concretas.
Sua abordagem em termos de tipos ideais
coloca-se em oposição, por um lado, à
explicação estrutural dos fenômenos, e, por
outro, à perspectiva que vê os fenômenos
como
entidades
qualitativamente
diferentes.
Fonte:
http://www.culturabrasil.org/weber.htm
ANOTAÇÕES
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Para Weber, as singularidades históricas
resultam de combinações específicas de
fatores gerais que, se isolados, são
quantificáveis, de tal modo que os mesmos
elementos podem ser vistos numa série de
outras combinações singulares. Tudo
aquilo que se afirma de uma ação concreta,
seus graus de adequação de sentido, sua
explicação compreensiva e causal, seriam
hipóteses suscetíveis de verificação.
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Para Weber, a interpretação causal correta
de uma ação concreta significa que “o
desenvolvimento externo e o motivo da
ação foram conhecidos de modo certo e,
ao mesmo tempo, compreendidos com
sentido em sua relação”.
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Por outro lado, a interpretação causal
correta de uma ação típica significa que o
acontecimento considerado típico se
oferece com adequação de sentido e pode
ser
comprovado
como
causalmente
adequado, pelo menos em algum grau.
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