INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES PORTADORES DE ENXAQUECA PHYSIOTHERAPY INTERVENTION IN ENXAQUECA CARING PATIENTS Barbara Eduarda Berthelli Cabbaz – [email protected] Valdirene Trisch Melo – [email protected] Graduandos em fisioterapia – UNISALESIANO Lins Prof. Me. Marco Aurélio Gabanela Schiavon – UNISALESIANO Lins – [email protected] Prof.ª Ma. Jovira Maria Sarraceni – UNISALESIANO Lins – [email protected] RESUMO A enxaqueca ou migrânea é um dos tipos mais frequentes de dor de cabeça, com evidências que indicam que é uma doença neurológica com origem na intimidade do sistema nervoso e com bases genéticas. A migrânea ocasiona uma série de comportamentos de evitamento que desencadeiam consequências sociais, físicas e psicológicas nos indivíduos afetados. Pode-se dizer que as maiores causas da enxaqueca que acomete indivíduos hoje, com maior frequência, ocorrem devido ao estresse e a vida agitada. O objetivo desse estudo foi de verificar a eficácia da intervenção fisioterapêutica em portadores de enxaqueca com a aplicação de um protocolo que inclui respiração diafragmática, terapia manual, tração de cervical e alongamento. Com utilização de dois tipos de questionários, o de recrutamento para triagem e o Hit-6 para análise do impacto da dor de cabeça, e a escala de EVA quantificando a dor do paciente. Com resultados positivos das voluntárias ao longo de oito sessões pode-se concluir que os portadores de enxaqueca que fizeram parte da amostra deste estudo apresentaram melhora no quadro álgico. Palavras Chave: Fisioterapia. Enxaqueca. Migrânea. Tratamento. ABSTRACT Migraine of migranea is one of the most frequent types of headache, with evidence indicating that it is a neurological disease that originates in the intimacy of the nervous system and on a genetic basis. Migraine causes a series of avoidance behaviors that trigger social, physical and psychological consequences in affected individuals. It can be said that the major causes of migraine that affects individuals today, more often, occur due to stress and hectic life. The objective of this study was to verify the efficacy of the physiotherapeutic intervention in migraine patients with the application of a protocol that includes diaphragmatic breathing, manual therapy, cervical traction and stretching. Using two types of questionnaires, recruitment for screening and Hit-6 for analysis of the impact of headache, and the EVA scale quantifying the patient's pain. With positive results of the volunteers over eight sessions it can be concluded that the migraine patients who were part of the sample of this study showed improvement in the pain. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 1 Keywords: Physiotherapy. Migraine. Migranea. Treatment. INTRODUÇÃO Têm-se relatos a mais de dois mil anos do mal da enxaqueca estar presente em todas as gerações do homem moderno, no entanto, é de consentimento tanto pelas pessoas leigas quanto pelos profissionais da área da saúde que pouco se sabe sobre a enxaqueca e que menos ainda se sabe sobre o que fazer em relação a esta doença. (SACKS,1996). Conforme Vincent (1998) o grau de importância das cefaleias tem aumentado quando comparados aos grandes temas neurológicos por ter uma prevalência elevada com consequências para o bem estar do indivíduo e a produtividade que ele vem a exercer em empresas, comunidades e nações. De acordo com Sacks (1996) a enxaqueca afeta uma significativa minoria da população, ocorrendo em todo o mundo e tem sido examinada desde os primórdios da história escrita. Ter a enxaqueca como um fato cotidiano é frequente na vida de milhões de enxaquecosos anônimos que sofrem na sua vida pessoal e em silêncio, fato esse que pode vir a ser um tormento ou um incentivo. Conforme Sacks (1996) é verdade que a enxaqueca é descrita em alguns livros didáticos de medicina, mais comum nos de neurologia, mas em geral é descrito muito sucintamente. Muitas vezes relacionadas à cefaleia deixando a enxaqueca descrita como mais uma forma de dor de cabeça. Norteando o trabalho faz-se necessária a apresentação da seguinte pergunta problema: Terapia manual, manobras de alongamento e tração de cervical, realizados duas vezes por semana nos pacientes portadores de enxaqueca tensional diminuem a duração e a frequência das crises de enxaqueca? Essa era a pergunta problema e como hipótese descreveu-se que a fisioterapia com suas técnicas manuais (alongamentos e tração cervical) têm sim condições de tratar um paciente com enxaqueca com a possibilidade de diminuir as crises e sua duração. Os objetivos específicos desse trabalho foram: recrutar pessoas que se enquadram no diagnóstico de enxaqueca e realizar a intervenção fisioterapêutica com técnicas de terapia manual, manobras de alongamento e tração de cervical. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 2 O Headache Impact Test – versão 6 (HIT-6) questionário de impacto da dor de cabeça é utilizado neste estudo antes do início da aplicação das sessões e após as oito sessões. Com este método poderemos quantificar e qualificar se ocorreu ou não melhora no quadro de enxaqueca das voluntárias. Outro método utilizado foi a escala visual analógica (EVA) que segundo Rigotti e Ferreira (2005) consiste em uma linha que representa uma qualidade continua de intensidade e dados verbais – nenhuma dor ou dor máxima. Ela é mais indicada uma vez que o questionado marca em qualquer ponto, ao contrário da escala verbal descritiva em que deve escolher uma palavra. Conforme Gonçalves et al. (2012) técnicas de terapia manual como massagem, alongamento e compressão progressiva podem beneficiar pacientes com enxaqueca. Essas técnicas alteram o fluxo sanguíneo pela mobilização de tecidos superficiais com relação a estruturas mais profundas gerando então um alivio na tensão muscular. A partir dessa informação foi elaborado um protocolo com técnicas que incluíam terapias manuais, alongamento e tração de cervical. O protocolo foi aplicado durante quatro semanas, sendo dois atendimentos semanais totalizando oito sessões. 1. Enxaqueca Vincent (1998) relata que ainda é completamente desconhecido o mecanismo fisiopatológico da enxaqueca, com muitas hipóteses, mecanismos e causas relacionadas, tais como alimentos, alergias, alterações sistêmicas, desordens plaquetárias, menstrual, ou origem psicogênica. Evidências indicam que a enxaqueca é uma doença neurológica que tem origem na intimidade do sistema nervoso, com bases genéticas. Puccini e Bresolin (2003) descrevem a enxaqueca ou migrânea com características de manifestação álgica de moderada/forte intensidade, frequentemente interferindo nas atividades cotidianas, podendo ser acompanhada por sintomas gastrointestinais (náuseas e vômitos), fotofobia e/ou fonofobia. Segundo Martins et al. (2010) os pacientes com enxaqueca tem que tomar decisões acerca de empregos, vem a evitar situações sociais ou festas em que Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 3 possam desencadear crises, o que indica que a enxaqueca diminui significativamente a qualidade de vida não somente durante os ataques, como também em períodos Inter-críticos, quando a ansiedade, medo e incerteza contribuem para que ocorra uma constante retirada dos contatos sociais evitando saídas do lar do indivíduo. Conforme Gonçalves et al. (2012) os limiares reduzidos de dor a pressão e presença de pontos gatilhos musculares são frequentes em pacientes com enxaqueca e a fisioterapia costuma ser útil para esses pacientes. Segundo Kansaon (apud SANTOS, 2014), a enxaqueca acomete principalmente mulheres, que se queixam de dores unilaterais da cabeça. A intensidade vai de moderada a intensa; o caráter pode ser pulsátil, na maioria a dor se inicia na região occipital e cervical, irradiando-se anteriormente no mesmo lado, uma dor latejante como se o coração estivesse batendo na cabeça. Náuseas e vômitos, fonofobia e fotofobia podem ocorrer, os ataques são provocados por movimentação do pescoço ou digito pressão. Conforme Morais e Benseñor (2009) classificam a migrânea como uma cefaleia primária, pois a dor por si só é o sintoma principal. Também como uma doença neurológica crônica que acomete estimativamente 15% da população em geral e provoca um grande impacto socioeconômico e consequências na qualidade de vida do individuo. Vincent (1997) relata que a enxaqueca não é caracterizada pela presença da dor de cabeça, mas pela susceptibilidade constante que tem um individuo com enxaqueca onde o mesmo permanece sujeito a ter uma crise, mediante os fatores desencadeantes. Para que o fator provocador possa vir a motivar uma crise (que nem sempre é obrigatório que o faça), é necessária a pré-existência da susceptibilidade enxaquecosa comum a todos os doentes. De acordo com Martins et al. (2010) quando pacientes com enxaqueca são comparados a outros tipos de pacientes com condições crônicas como por exemplo osteoartrose, depressão ou diabetes melittus, os enxaquecosos obtiveram os piores escores de qualidade de vida, juntamente com os portadores de depressão. O diagnóstico de enxaqueca para adultos prevê a ocorrência de mais de cinco crises, com duração entre quatro e setenta duas horas, e de duas horas para os Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 4 menores de quinze anos, além de critérios relativos à localização, intensidade da dor e presença de náuseas ou vômitos, fotofobia e fonofobia. (Headache Classification Subcommittee of the International Headache Society, 2004). De acordo com Clay e Pounds (2003) a observação clinica confirma que muitas das cefaleias originam-se em pontos-gatilho dos músculos cervicais. As cefaleias podem ser amenizadas em frequência e intensidade, quando não completamente eliminadas, quando os pontos-gatilhos forem parcialmente eliminados. Devido a cabeça ser bem pesada Clay e Pounds (2003) destacam a importância da mobilidade da cabeça para a utilização dos sentidos (principalmente da visão), os músculos da cervical são numerosos e na sua maioria espessos e fortes, todos suscetíveis a dor e à disfunção. De acordo com Martins et al. (2010) um estudo neuropsicológico sobre migrânea foi constatado que pessoas com enxaqueca tem tendência a apresentarem um pior desempenho em tarefas que exigem habilidades de memoria verbal, velocidades de processamento visio-motor e função de execução rápida, quando comparados a pessoas sem migrânea. De acordo com Gonçalves et al. (2012) a palpação de pontos de gatilho costumam iniciar ou piorar as cefaleias. Pacientes com migrânea costumam apresentar limiares mais baixos de dor a pressão nos músculos craniocervicais, além da posição da cabeça projetada para frente, sobretudo também costumam ter vários pontos gatilhos miofasciais ativos na região craniocervical. ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO Krymchantowski (apud MARTINS et al., 2010) relata que o tratamento agudo da enxaqueca tem como objetivo restaurar a função normal do paciente de forma rápida, eficiente e consistente, também levando em conta o alivio ou eliminação da dor e seus sintomas associados para então permitir um alivio sustentado da crise e evitar seu retorno antes de 24 horas do tratamento. Conforme Gonçalves et Al. (2012) técnicas de terapia manual como massagem, alongamento e compressão progressiva podem beneficiar pacientes Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 5 com enxaqueca. Essas técnicas alteram o fluxo sanguíneo pela mobilização de tecidos superficiais com relação a estruturas mais profundas gerando então um alívio na tensão muscular e consequentemente uma melhora na dor. 1.1.1 TREINAMENTO RESPIRATÓRIO DO DIAFRAGMA Segundo Bevilaqua-Grossi (2016) a técnica de treinamento respiratório diafragmático liso deve ter duração de quinze minutos para relaxamento, com movimentos suaves realizados pelo paciente, onde o mesmo deve puxar para baixo suas costelas superiores ao realizar a expiração. De acordo com Kisner e Colby (2009) as técnicas de respiração controlada, com ênfase na respiração diafragmática, são elaboradas para melhorar a eficiência da ventilação, diminuir o trabalho da respiração, aumentar o movimento do diafragma, melhorar a troca gasosa e a oxigenação, promover o relaxamento e aliviar o estresse. 1.1.2 ALONGAMENTO PASSIVO DOS MÚSCULOS DO PESCOÇO Segundo Kisner e Colby (2009) alongamento vem a aliviar a tensão e a dor muscular, pois ele é uma definição para descrever qualquer manobra fisioterapêutica elaborada para aumentar a extensibilidade dos tecidos moles fazendo com que melhore a flexibilidade com o aumento do tamanho das estruturas que, de forma a se adaptarem, encurtaram-se e tornaram-se hipomóveis com o decorrer do tempo. De acordo com Bevilaqua-Grossi (2016) o alongamento passivo deve ser realizado após o paciente se sentar confortavelmente em uma cadeira com os dois pés ao solo, tornozelos, joelhos e quadris a noventa graus, costas apoiadas ao encosto da cadeira e braços relaxados sobre os joelhos. Os movimentos a serem realizados devem ser flexão frontal, extensão, flexão lateral (inclinação) para a direita e para a esquerda e rotação bilateral. Todos os movimentos devem ser realizados por três vezes para flexão de pescoço e rotação associado com as direções de flexão ipsilaterais, usando uma força moderada, dentro dos limites da dor do paciente, e mantida por trinta segundos. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 6 1.1.3 COMPRESSÃO DIGITAL EM PONTOS DE GATILHO MUSCULAR Os dois médicos que mais pesquisaram a respeito de ponto-gatilho dando uma grande contribuição na compreensão a respeito dos mesmos foram Janet Travell e David Simons. Em 1992 Simons relacionou o ponto-gatilho à ausência significativa de oxigênio no centro do mesmo, Travell confere a permanência e aumento do ponto-gatilho a vários fatores: deficiência nutricional de vitaminas C, complexo B e ferro, desiquilíbrio hormonal (período pré-menstrual, tiroide baixa e/ou menopausa), infecções (bactéria, fungo e vírus), alergias (principalmente a lácteos e trigo) e baixa oxigenação dos tecidos que são agravadas por tensão, estresse, inatividade e respiração insatisfatória. (CHAITOW, 2001) Segundo Bevilaqua-Grossi (2016) a compressão digital deve durar 90 segundos em pontos-gatilhos identificados, devendo ter como limite a compressão de oito pontos-gatilhos dos músculos craniocervical por sessão. De acordo com Chaitow a maior parte dos pontos-gatilho ativos são os da região do pescoço e do ombro, que também agem como músculos respiratórios suplementares, particularmente os músculos escalenos. Em situações de grande ansiedade e fadiga crônica podem surgir sintomas secundários como dores de cabeça, pescoço, ombro e braço, tontura, palpitações, desmaio e estresse. Conforme Simons e Travell (1976) um ponto gatilho pode ser percebido à palpação como uma área rígida, localizada e dolorosa, envolvendo uma área de referencia para a qual a dor ou outros sintomas são referidos. Para a terapia dos pontos-gatilho terem eficiência ela deve ser seguida de exercícios de alongamento miofascial. O alongamento é diferente do alongamento comum, ele é específico para o músculo em tratamento e precisa de uma amplitude terapêutica estreita. (SIMONS E TRAVELL, 2005). 1.1.4 MASSOTERAPIA E LIBERAÇÃO MIOFASCIAL Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 7 Bevilaqua-Grossi (2016) descreve que a massoterapia e a liberação miofascial deve ter duração de quinze minutos com a realização conjunta de massagem profunda sobre os músculos craniocervicais. Segundo Kisner e Colby (2009) o relaxamento muscular local pode ser aumentado através da massagem. Em situações de estresse, ansiedade ou dor as técnicas leves devem ser feitas durante o processo de relaxamento. A massagem aumenta a circulação para os músculos e diminuindo o espasmo muscular, vindo a auxiliar os exercícios de alongamento. Com a massagem miofascial as forças do alongamento serão aplicadas através das fáscias ou entre os músculos e os septos. 1.1.5 MOBILIZAÇÕES E TRAÇÃO DE CERVICAL Segundo Kisner e Colby (2009) manipulação e mobilização são duas palavras com o mesmo significado e, portanto, podem ser usadas como sinônimos. São técnicas de terapia manual passiva que demandam destreza, e que podem ser usadas em articulações e em tecidos moles ligados a velocidades e ADM variadas, com movimentos fisiológicos ou acessórios com fins terapêuticos. Bevilaqua-Grossi (2016) descreve que a técnica de mobilização deve ocorrer de forma lenta e progressiva, com alongamento regular do tecido mole, devendo o fisioterapeuta posicionar as mãos sobrepostas de forma que descansem na região suboccipital do paciente, seguidos por tração da coluna cervical, enquanto o paciente continua a respiração diafragmática. Conforme Kisner e Colby (2009) o conceito de Brain Mulligan de mobilização com movimento é a continuação do progresso natural de desenvolvimento da fisioterapia manual, dos exercícios ativos de alongamento para o movimento fisiológico passivo aplicado pela fisioterapia. 2 METODOLOGIA DO TRABALHO Consistia na realização da aplicação de um protocolo que contém técnicas de terapia manual, alongamento e respiração diafragmática. Com aplicação das técnicas em oito sessões divididas por quatro semanas. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 8 Anteriormente ao início das sessões foi realizado o recrutamento das alunas que tinham o quadro de enxaqueca em sala de aula passando por um questionário de triagem e as que vieram a se enquadrar no perfil requerido para o projeto responderam ao questionário HIT-6 que foi aplicado antes do inicio das sessões e após a oitava no término do experimento. Das dez convidadas a participar do estudo somente quatro se encaixaram nos pré-requisitos para a pesquisa que eram ocorrência de mais de cinco crises nas ultimas quatro semanas anteriores a resposta do questionário, com duração entre quatro e setenta duas horas, além de critérios relativos à localização, intensidade da dor e presença de no mínimo dois fatores de náuseas ou vômitos, fotofobia e fonofobia, e ainda foi incluída a questão que indagava a possível dor a nuca para diagnóstico de rigidez muscular por tensão e/ou estresse. Outros dois fatores que também se encontram no questionário de triagem é a interferência da dor na prática de exercícios físicos durante a crise de enxaqueca e a presença de dor na nuca, que pode ter relação à presença de estresse, que foi estipulado à resposta sim como pré-requisito para inclusão da pesquisa. 2.1 QUESTIONÁRIO PRÉ E PÓS-ATENDIMENTO O HIT-6 é composto por seis questões que tem como resposta as seguintes: nunca, raramente, às vezes, com muita frequência e sempre. O respondente é instruído a assinalar apenas uma alternativa. O HIT-6 também mede a incapacidade causada pelas dores de cabeça, porém em um período de 30 dias. Ele está disponível em 22 idiomas, incluindo o português, e é composto por seis questões que avaliam a gravidade da dor de cabeça e a frequência em que essa dor promove cansaço, alterações cognitivas e de humor e limitações na capacidade laboral e realização de atividades sociais (KOSINSKI et al., 2001; COSTA, 2007). O HIT-6 é uma ferramenta utilizada para quantificar a dor de cabeça e o quanto a mesma vem a interferir em atividades diárias, sejam no trabalho, estudos, em casa ou na vida social. Este questionário foi elaborado por uma equipe Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 9 internacional de especialistas em dor de cabeça, a equipe era formada por neurologistas e clínicos gerais. Para calcular o resultado do HIT-6 é necessário realizar a soma de todas as respostas sendo que cada uma tem um valor correspondente conforme descrito abaixo: a) Nunca: seis pontos cada b) Raramente: oito pontos cada c) Ás vezes: 10 pontos cada d) Com muita frequência: 11 pontos cada e) Sempre: 13 pontos cada Quanto mais alto o total de pontos maior é o impacto da dor de cabeça na vida do individuo. O escore total do HIT-6 varia de trinta e seis a setenta e oito pontos e através do mesmo pode-se caracterizar quatro níveis de impacto da cefaleia. a) Pouco ou nenhum impacto: 38 a 49 pontos b) Algum impacto: 50 a 55 pontos c) Impacto substancial: 56 a 59 pontos d) Impacto muito severo: 60 ou mais pontos Neste questionário também é encontrado, em uma segunda folha, as respostas para a soma de valores: a) - 60 pontos ou mais: suas dores de cabeça estão causando um impacto muito severo em sua vida. Você pode estar experimentando dor incapacitante ou outros sintomas que são mais graves do que aqueles experimentados por outras pessoas que sofrem com dores de cabeça. Não permita que suas dores de cabeça impeçam-no de aproveitar as coisas importantes de sua vida, como sua família, trabalho, estudo ou atividades sociais. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 10 b) - Entre 56 e 59 pontos: suas dores de cabeça estão causando um impacto substancial em sua vida. Como resultado você pode estar sofrendo fortes dores e outros sintomas, que fazem com que você perca tempo que estaria dedicando a sua família, trabalho, estudos ou atividades sociais. c) - entre 50 e 55 pontos: suas dores de cabeça parecem estar causando algum impacto em sua vida. Suas dores de cabeça, porém, não fazem com que você perca tempo que estaria dedicando a sua família, trabalho, estudos ou atividades sociais. d) - 49 pontos ou menos: suas dores de cabeça parecem estar causando, atualmente, pouco ou nenhum impacto em sua vida. Sugerimos que você faça o HIT-6 mensalmente e continue a verificar como suas dores de cabeça afetam sua vida. 2.2 ESCALA VISUAL ANALÓGICA Segundo Rigotti e Ferreira (2005) a escala visual analógica (EVA) consiste em uma linha que representa uma qualidade continua de intensidade e dados verbais. Sua utilização é de uso frequente em situações clínicas nas quais se deseje mensurar a intensidade da dor como resultado de um tratamento, sendo fácil de administrar e marcar. Esta escala produz dados nivelados em intervalos de zero a dez, onde zero é nenhuma dor e dez dor insuportável, podendo ser usados parâmetros estatísticos na análise. Neste estudo foi utilizado a Escala visual analógica para as quatro voluntárias com a indagação de qual o grau de dor no dia da primeira, quarta e oitava sessão de atendimento. 2.3 RESULTADOS Os resultados serão apresentados a partir desse momento. O primeiro item a ser descrito é a caracterização da dor, pelos pacientes, através de escala visual Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 11 analógica (EVA) onde se observa que a quantificação da dor pelos pacientes mostra uma melhora clínica com diminuição de escala numérica em alta incidência. Tabela 1: Escala de dor referida (Eva) pelas pacientes no dia da primeira, quarta e oitava sessão de atendimento. Primeiro atendimento Quarto atendimento Oitavo atendimento Paciente 1 8 7 0 Paciente 2 7 5 0 Paciente 3 4 2 0 Paciente 4 7 0 2 Fonte: elaborado pelos autores, 2016. Realizando análise estatística dos dados apresentados acima foi comprovada a eficácia do tratamento. Para comprovar o protocolo estabelecido foi proposto a realização do teste t de student presumindo variâncias diferentes comparando a primeira sessão com a oitava sessão, ou seja, inicio e final de tratamento. Conforme Silva (2014) o teste t-Student ou somente teste t é um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese nula quando a estatística de teste segue uma distribuição t-Student. Os resultados mostraram um p=0,001 o que mostra que o tratamento proposto foi eficaz considerando a escala utilizada. Porém realizando o mesmo teste comparando a primeira sessão com a quarta (médio do tratamento) observou-se o valor p=0,14 o que não refere eficácia do tratamento nesse intervalo de sessões. Para análise do efeito de significância foi utilizado o valor de p≤0,05. O próximo item a ser descrito é o HIT-6 aplicado no início e no final das sessões. Foi elaborada a tabela a seguir onde se pode verificar melhora no quadro álgico de todas as voluntárias ao se comparar a pontuação inicial com a final. Tabela 2: Comparativo de pontos obtidos com as respostas adquiridas do questionário HIT-6 nas pacientes voluntárias do estudo, respondido antes e após o tratamento fisioterapêutico. Paciente 1 Pontos antes do Pontos após o tratamento tratamento 74 67 Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016 12 Paciente 2 70 58 Paciente 3 66 40 Paciente 4 70 55 Fonte: elaborado pelos autores, 2016. 2.4 CONCLUSÃO A aplicação do protocolo proposto vem a trazer bons resultados na melhora do quadro da dor dos voluntários com quadro de enxaqueca ao longo de quatro semanas. É evidente a melhora no impacto da vida social, familiar e no trabalho, pois a dor que impossibilita muitas vezes a realização de tarefas e convívio social e familiar tem seu grau diminuído. Concluindo pode-se dizer que os portadores de enxaqueca que fizeram parte da amostra deste estudo apresentaram melhora no quadro álgico e melhora na pontuação do questionário HIT-6 que sugere melhoras nas áreas sociais, físicas, mental e psicológica das voluntárias. Sugere-se a realização de outros estudos, com um número maior de voluntários. REFERÊNCIAS BEVILAQUA-GROSSI, D. et al. Additional Effects of a Physical Therapy Protocol on Headache Frequency, Pressure Pain Threshold, and Improvement Perception in Patients With Migraine and Associated Neck Pain: A Randomized Controlled Trial. Tradução própria. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation. Ribeirão Preto, v. 97, dez. 2015. CHAITOW, L. Técnicas Neuromusculares posicionais de alivio da dor: aplicação no tratamento da fibromialgia e da síndrome de dor miofascial. São Paulo: Manole, 2001. CLAY, J.H; POUNDS, D.M. Massoterapia Clinica: integrando anatomia e tratamento. São Paulo: Manole, 2003. COSTA, E. A. C. 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