1.1.4 massoterapia e liberação miofascial

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INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES PORTADORES DE
ENXAQUECA
PHYSIOTHERAPY INTERVENTION IN ENXAQUECA CARING PATIENTS
Barbara Eduarda Berthelli Cabbaz – [email protected]
Valdirene Trisch Melo – [email protected]
Graduandos em fisioterapia – UNISALESIANO Lins
Prof. Me. Marco Aurélio Gabanela Schiavon – UNISALESIANO Lins –
[email protected]
Prof.ª Ma. Jovira Maria Sarraceni – UNISALESIANO Lins –
[email protected]
RESUMO
A enxaqueca ou migrânea é um dos tipos mais frequentes de dor de cabeça,
com evidências que indicam que é uma doença neurológica com origem na
intimidade do sistema nervoso e com bases genéticas. A migrânea ocasiona uma
série de comportamentos de evitamento que desencadeiam consequências sociais,
físicas e psicológicas nos indivíduos afetados. Pode-se dizer que as maiores causas
da enxaqueca que acomete indivíduos hoje, com maior frequência, ocorrem devido
ao estresse e a vida agitada. O objetivo desse estudo foi de verificar a eficácia da
intervenção fisioterapêutica em portadores de enxaqueca com a aplicação de um
protocolo que inclui respiração diafragmática, terapia manual, tração de cervical e
alongamento. Com utilização de dois tipos de questionários, o de recrutamento para
triagem e o Hit-6 para análise do impacto da dor de cabeça, e a escala de EVA
quantificando a dor do paciente. Com resultados positivos das voluntárias ao longo
de oito sessões pode-se concluir que os portadores de enxaqueca que fizeram parte
da amostra deste estudo apresentaram melhora no quadro álgico.
Palavras Chave: Fisioterapia. Enxaqueca. Migrânea. Tratamento.
ABSTRACT
Migraine of migranea is one of the most frequent types of headache, with
evidence indicating that it is a neurological disease that originates in the intimacy of
the nervous system and on a genetic basis. Migraine causes a series of avoidance
behaviors that trigger social, physical and psychological consequences in affected
individuals. It can be said that the major causes of migraine that affects individuals
today, more often, occur due to stress and hectic life. The objective of this study was
to verify the efficacy of the physiotherapeutic intervention in migraine patients with
the application of a protocol that includes diaphragmatic breathing, manual therapy,
cervical traction and stretching. Using two types of questionnaires, recruitment for
screening and Hit-6 for analysis of the impact of headache, and the EVA scale
quantifying the patient's pain. With positive results of the volunteers over eight
sessions it can be concluded that the migraine patients who were part of the sample
of this study showed improvement in the pain.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
1
Keywords: Physiotherapy. Migraine. Migranea. Treatment.
INTRODUÇÃO
Têm-se relatos a mais de dois mil anos do mal da enxaqueca estar presente
em todas as gerações do homem moderno, no entanto, é de consentimento tanto
pelas pessoas leigas quanto pelos profissionais da área da saúde que pouco se
sabe sobre a enxaqueca e que menos ainda se sabe sobre o que fazer em relação a
esta doença. (SACKS,1996).
Conforme Vincent (1998) o grau de importância das cefaleias tem aumentado
quando comparados aos grandes temas neurológicos por ter uma prevalência
elevada com consequências para o bem estar do indivíduo e a produtividade que ele
vem a exercer em empresas, comunidades e nações.
De acordo com Sacks (1996) a enxaqueca afeta uma significativa minoria da
população, ocorrendo em todo o mundo e tem sido examinada desde os primórdios
da história escrita. Ter a enxaqueca como um fato cotidiano é frequente na vida de
milhões de enxaquecosos anônimos que sofrem na sua vida pessoal e em silêncio,
fato esse que pode vir a ser um tormento ou um incentivo.
Conforme Sacks (1996) é verdade que a enxaqueca é descrita em alguns
livros didáticos de medicina, mais comum nos de neurologia, mas em geral é
descrito muito sucintamente. Muitas vezes relacionadas à cefaleia deixando a
enxaqueca descrita como mais uma forma de dor de cabeça.
Norteando o trabalho faz-se necessária a apresentação da seguinte pergunta
problema: Terapia manual, manobras de alongamento e tração de cervical,
realizados duas vezes por semana nos pacientes portadores de enxaqueca
tensional diminuem a duração e a frequência das crises de enxaqueca? Essa era a
pergunta problema e como hipótese descreveu-se que a fisioterapia com suas
técnicas manuais (alongamentos e tração cervical) têm sim condições de tratar um
paciente com enxaqueca com a possibilidade de diminuir as crises e sua duração.
Os objetivos específicos desse trabalho foram: recrutar pessoas que se
enquadram no diagnóstico de enxaqueca e realizar a intervenção fisioterapêutica
com técnicas de terapia manual, manobras de alongamento e tração de cervical.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
2
O Headache Impact Test – versão 6 (HIT-6) questionário de impacto da dor
de cabeça é utilizado neste estudo antes do início da aplicação das sessões e após
as oito sessões. Com este método poderemos quantificar e qualificar se ocorreu ou
não melhora no quadro de enxaqueca das voluntárias.
Outro método utilizado foi a escala visual analógica (EVA) que segundo
Rigotti e Ferreira (2005) consiste em uma linha que representa uma qualidade
continua de intensidade e dados verbais – nenhuma dor ou dor máxima. Ela é mais
indicada uma vez que o questionado marca em qualquer ponto, ao contrário da
escala verbal descritiva em que deve escolher uma palavra.
Conforme Gonçalves et al. (2012) técnicas de terapia manual como
massagem, alongamento e compressão progressiva podem beneficiar pacientes
com enxaqueca. Essas técnicas alteram o fluxo sanguíneo pela mobilização de
tecidos superficiais com relação a estruturas mais profundas gerando então um
alivio na tensão muscular. A partir dessa informação foi elaborado um protocolo com
técnicas que incluíam terapias manuais, alongamento e tração de cervical.
O protocolo foi aplicado durante quatro semanas, sendo dois atendimentos
semanais totalizando oito sessões.
1.
Enxaqueca
Vincent (1998) relata que ainda é completamente desconhecido o mecanismo
fisiopatológico da enxaqueca, com muitas hipóteses, mecanismos e causas
relacionadas, tais como alimentos, alergias, alterações sistêmicas, desordens
plaquetárias, menstrual, ou origem psicogênica. Evidências indicam que a
enxaqueca é uma doença neurológica que tem origem na intimidade do sistema
nervoso, com bases genéticas.
Puccini e Bresolin (2003) descrevem a enxaqueca ou migrânea com
características
de
manifestação
álgica
de
moderada/forte
intensidade,
frequentemente interferindo nas atividades cotidianas, podendo ser acompanhada
por sintomas gastrointestinais (náuseas e vômitos), fotofobia e/ou fonofobia.
Segundo Martins et al. (2010) os pacientes com enxaqueca tem que tomar
decisões acerca de empregos, vem a evitar situações sociais ou festas em que
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possam
desencadear
crises,
o
que
indica
que
a
enxaqueca
diminui
significativamente a qualidade de vida não somente durante os ataques, como
também em períodos Inter-críticos, quando a ansiedade, medo e incerteza
contribuem para que ocorra uma constante retirada dos contatos sociais evitando
saídas do lar do indivíduo.
Conforme Gonçalves et al. (2012) os limiares reduzidos de dor a pressão e
presença de pontos gatilhos musculares são frequentes em pacientes com
enxaqueca e a fisioterapia costuma ser útil para esses pacientes.
Segundo
Kansaon
(apud
SANTOS,
2014),
a
enxaqueca
acomete
principalmente mulheres, que se queixam de dores unilaterais da cabeça. A
intensidade vai de moderada a intensa; o caráter pode ser pulsátil, na maioria a dor
se inicia na região occipital e cervical, irradiando-se anteriormente no mesmo lado,
uma dor latejante como se o coração estivesse batendo na cabeça. Náuseas e
vômitos, fonofobia e fotofobia podem ocorrer, os ataques são provocados por
movimentação do pescoço ou digito pressão.
Conforme Morais e Benseñor (2009) classificam a migrânea como uma
cefaleia primária, pois a dor por si só é o sintoma principal. Também como uma
doença neurológica crônica que acomete estimativamente 15% da população em
geral e provoca um grande impacto socioeconômico e consequências na qualidade
de vida do individuo.
Vincent (1997) relata que a enxaqueca não é caracterizada pela presença da
dor de cabeça, mas pela susceptibilidade constante que tem um individuo com
enxaqueca onde o mesmo permanece sujeito a ter uma crise, mediante os fatores
desencadeantes. Para que o fator provocador possa vir a motivar uma crise (que
nem sempre é obrigatório que o faça), é necessária a pré-existência da
susceptibilidade enxaquecosa comum a todos os doentes.
De acordo com Martins et al. (2010) quando pacientes com enxaqueca são
comparados a outros tipos de pacientes com condições crônicas como por exemplo
osteoartrose, depressão ou diabetes melittus, os enxaquecosos obtiveram os piores
escores de qualidade de vida, juntamente com os portadores de depressão.
O diagnóstico de enxaqueca para adultos prevê a ocorrência de mais de cinco
crises, com duração entre quatro e setenta duas horas, e de duas horas para os
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menores de quinze anos, além de critérios relativos à localização, intensidade da dor
e presença de náuseas ou vômitos, fotofobia e fonofobia. (Headache Classification
Subcommittee of the International Headache Society, 2004).
De acordo com Clay e Pounds (2003) a observação clinica confirma que
muitas das cefaleias originam-se em pontos-gatilho dos músculos cervicais. As
cefaleias podem ser amenizadas em frequência e intensidade, quando não
completamente
eliminadas,
quando
os
pontos-gatilhos
forem
parcialmente
eliminados.
Devido a cabeça ser bem pesada Clay e Pounds (2003) destacam a
importância da mobilidade da cabeça para a utilização dos sentidos (principalmente
da visão), os músculos da cervical são numerosos e na sua maioria espessos e
fortes, todos suscetíveis a dor e à disfunção.
De acordo com Martins et al. (2010) um estudo neuropsicológico sobre
migrânea foi constatado que pessoas com enxaqueca tem tendência a
apresentarem um pior desempenho em tarefas que exigem habilidades de memoria
verbal, velocidades de processamento visio-motor e função de execução rápida,
quando comparados a pessoas sem migrânea.
De acordo com Gonçalves et al. (2012) a palpação de pontos de gatilho
costumam iniciar ou piorar as cefaleias. Pacientes com migrânea costumam
apresentar limiares mais baixos de dor a pressão nos músculos craniocervicais,
além da posição da cabeça projetada para frente, sobretudo também costumam ter
vários pontos gatilhos miofasciais ativos na região craniocervical.
ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO
Krymchantowski (apud MARTINS et al., 2010) relata que o tratamento agudo
da enxaqueca tem como objetivo restaurar a função normal do paciente de forma
rápida, eficiente e consistente, também levando em conta o alivio ou eliminação da
dor e seus sintomas associados para então permitir um alivio sustentado da crise e
evitar seu retorno antes de 24 horas do tratamento.
Conforme Gonçalves et Al. (2012) técnicas de terapia manual como
massagem, alongamento e compressão progressiva podem beneficiar pacientes
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com enxaqueca. Essas técnicas alteram o fluxo sanguíneo pela mobilização de
tecidos superficiais com relação a estruturas mais profundas gerando então um
alívio na tensão muscular e consequentemente uma melhora na dor.
1.1.1 TREINAMENTO RESPIRATÓRIO DO DIAFRAGMA
Segundo Bevilaqua-Grossi (2016) a técnica de treinamento respiratório
diafragmático liso deve ter duração de quinze minutos para relaxamento, com
movimentos suaves realizados pelo paciente, onde o mesmo deve puxar para baixo
suas costelas superiores ao realizar a expiração.
De acordo com Kisner e Colby (2009) as técnicas de respiração controlada,
com ênfase na respiração diafragmática, são elaboradas para melhorar a eficiência
da ventilação, diminuir o trabalho da respiração, aumentar o movimento do
diafragma, melhorar a troca gasosa e a oxigenação, promover o relaxamento e
aliviar o estresse.
1.1.2 ALONGAMENTO PASSIVO DOS MÚSCULOS DO PESCOÇO
Segundo Kisner e Colby (2009) alongamento vem a aliviar a tensão e a dor
muscular, pois ele é uma definição para descrever qualquer manobra fisioterapêutica
elaborada para aumentar a extensibilidade dos tecidos moles fazendo com que
melhore a flexibilidade com o aumento do tamanho das estruturas que, de forma a
se adaptarem, encurtaram-se e tornaram-se hipomóveis com o decorrer do tempo.
De acordo com Bevilaqua-Grossi (2016) o alongamento passivo deve ser
realizado após o paciente se sentar confortavelmente em uma cadeira com os dois
pés ao solo, tornozelos, joelhos e quadris a noventa graus, costas apoiadas ao
encosto da cadeira e braços relaxados sobre os joelhos. Os movimentos a serem
realizados devem ser flexão frontal, extensão, flexão lateral (inclinação) para a
direita e para a esquerda e rotação bilateral. Todos os movimentos devem ser
realizados por três vezes para flexão de pescoço e rotação associado com as
direções de flexão ipsilaterais, usando uma força moderada, dentro dos limites da
dor do paciente, e mantida por trinta segundos.
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1.1.3 COMPRESSÃO DIGITAL EM PONTOS DE GATILHO MUSCULAR
Os dois médicos que mais pesquisaram a respeito de ponto-gatilho dando
uma grande contribuição na compreensão a respeito dos mesmos foram Janet
Travell e David Simons. Em 1992 Simons relacionou o ponto-gatilho à ausência
significativa de oxigênio no centro do mesmo, Travell confere a permanência e
aumento do ponto-gatilho a vários fatores: deficiência nutricional de vitaminas C,
complexo B e ferro, desiquilíbrio hormonal (período pré-menstrual, tiroide baixa e/ou
menopausa), infecções (bactéria, fungo e vírus), alergias (principalmente a lácteos e
trigo) e baixa oxigenação dos tecidos que são agravadas por tensão, estresse,
inatividade e respiração insatisfatória. (CHAITOW, 2001)
Segundo Bevilaqua-Grossi (2016) a compressão digital deve durar 90
segundos em pontos-gatilhos identificados, devendo ter como limite a compressão
de oito pontos-gatilhos dos músculos craniocervical por sessão.
De acordo com Chaitow a maior parte dos pontos-gatilho ativos são os da
região do pescoço e do ombro, que também agem como músculos respiratórios
suplementares, particularmente os músculos escalenos. Em situações de grande
ansiedade e fadiga crônica podem surgir sintomas secundários como dores de
cabeça, pescoço, ombro e braço, tontura, palpitações, desmaio e estresse.
Conforme Simons e Travell (1976) um ponto gatilho pode ser percebido à
palpação como uma área rígida, localizada e dolorosa, envolvendo uma área de
referencia para a qual a dor ou outros sintomas são referidos.
Para a terapia dos pontos-gatilho terem eficiência ela deve ser seguida de
exercícios de alongamento miofascial. O alongamento é diferente do alongamento
comum, ele é específico para o músculo em tratamento e precisa de uma amplitude
terapêutica estreita. (SIMONS E TRAVELL, 2005).
1.1.4 MASSOTERAPIA E LIBERAÇÃO MIOFASCIAL
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Bevilaqua-Grossi (2016) descreve que a massoterapia e a liberação
miofascial deve ter duração de quinze minutos com a realização conjunta de
massagem profunda sobre os músculos craniocervicais.
Segundo Kisner e Colby (2009) o relaxamento muscular local pode ser
aumentado através da massagem. Em situações de estresse, ansiedade ou dor as
técnicas leves devem ser feitas durante o processo de relaxamento. A massagem
aumenta a circulação para os músculos e diminuindo o espasmo muscular, vindo a
auxiliar os exercícios de alongamento. Com a massagem miofascial as forças do
alongamento serão aplicadas através das fáscias ou entre os músculos e os septos.
1.1.5 MOBILIZAÇÕES E TRAÇÃO DE CERVICAL
Segundo Kisner e Colby (2009) manipulação e mobilização são duas palavras
com o mesmo significado e, portanto, podem ser usadas como sinônimos. São
técnicas de terapia manual passiva que demandam destreza, e que podem ser
usadas em articulações e em tecidos moles ligados a velocidades e ADM variadas,
com movimentos fisiológicos ou acessórios com fins terapêuticos.
Bevilaqua-Grossi (2016) descreve que a técnica de mobilização deve ocorrer
de forma lenta e progressiva, com alongamento regular do tecido mole, devendo o
fisioterapeuta posicionar as mãos sobrepostas de forma que descansem na região
suboccipital do paciente, seguidos por tração da coluna cervical, enquanto o
paciente continua a respiração diafragmática.
Conforme Kisner e Colby (2009) o conceito de Brain Mulligan de mobilização
com movimento é a continuação do progresso natural de desenvolvimento da
fisioterapia manual, dos exercícios ativos de alongamento para o movimento
fisiológico passivo aplicado pela fisioterapia.
2
METODOLOGIA DO TRABALHO
Consistia na realização da aplicação de um protocolo que contém técnicas de
terapia manual, alongamento e respiração diafragmática. Com aplicação das
técnicas em oito sessões divididas por quatro semanas.
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Anteriormente ao início das sessões foi realizado o recrutamento das alunas
que tinham o quadro de enxaqueca em sala de aula passando por um questionário
de triagem e as que vieram a se enquadrar no perfil requerido para o projeto
responderam ao questionário HIT-6 que foi aplicado antes do inicio das sessões e
após a oitava no término do experimento.
Das dez convidadas a participar do estudo somente quatro se encaixaram nos
pré-requisitos para a pesquisa que eram ocorrência de mais de cinco crises nas
ultimas quatro semanas anteriores a resposta do questionário, com duração entre
quatro e setenta duas horas, além de critérios relativos à localização, intensidade da
dor e presença de no mínimo dois fatores de náuseas ou vômitos, fotofobia e
fonofobia, e ainda foi incluída a questão que indagava a possível dor a nuca para
diagnóstico de rigidez muscular por tensão e/ou estresse.
Outros dois fatores que também se encontram no questionário de triagem é a
interferência da dor na prática de exercícios físicos durante a crise de enxaqueca e a
presença de dor na nuca, que pode ter relação à presença de estresse, que foi
estipulado à resposta sim como pré-requisito para inclusão da pesquisa.
2.1 QUESTIONÁRIO PRÉ E PÓS-ATENDIMENTO
O HIT-6 é composto por seis questões que tem como resposta as seguintes:
nunca, raramente, às vezes, com muita frequência e sempre. O respondente é
instruído a assinalar apenas uma alternativa.
O HIT-6 também mede a incapacidade causada pelas dores de cabeça,
porém em um período de 30 dias. Ele está disponível em 22 idiomas, incluindo o
português, e é composto por seis questões que avaliam a gravidade da dor de
cabeça e a frequência em que essa dor promove cansaço, alterações cognitivas e
de humor e limitações na capacidade laboral e realização de atividades sociais
(KOSINSKI et al., 2001; COSTA, 2007).
O HIT-6 é uma ferramenta utilizada para quantificar a dor de cabeça e o
quanto a mesma vem a interferir em atividades diárias, sejam no trabalho, estudos,
em casa ou na vida social. Este questionário foi elaborado por uma equipe
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internacional de especialistas em dor de cabeça, a equipe era formada por
neurologistas e clínicos gerais.
Para calcular o resultado do HIT-6 é necessário realizar a soma de todas as
respostas sendo que cada uma tem um valor correspondente conforme descrito
abaixo:
a) Nunca: seis pontos cada
b) Raramente: oito pontos cada
c) Ás vezes: 10 pontos cada
d) Com muita frequência: 11 pontos cada
e) Sempre: 13 pontos cada
Quanto mais alto o total de pontos maior é o impacto da dor de cabeça na
vida do individuo. O escore total do HIT-6 varia de trinta e seis a setenta e oito
pontos e através do mesmo pode-se caracterizar quatro níveis de impacto da
cefaleia.
a) Pouco ou nenhum impacto: 38 a 49 pontos
b) Algum impacto: 50 a 55 pontos
c) Impacto substancial: 56 a 59 pontos
d) Impacto muito severo: 60 ou mais pontos
Neste questionário também é encontrado, em uma segunda folha, as
respostas para a soma de valores:
a) - 60 pontos ou mais: suas dores de cabeça estão causando um
impacto muito severo em sua vida. Você pode estar experimentando
dor incapacitante ou outros sintomas que são mais graves do que
aqueles experimentados por outras pessoas que sofrem com dores de
cabeça. Não permita que suas dores de cabeça impeçam-no de
aproveitar as coisas importantes de sua vida, como sua família,
trabalho, estudo ou atividades sociais.
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b) - Entre 56 e 59 pontos: suas dores de cabeça estão causando um
impacto substancial em sua vida. Como resultado você pode estar
sofrendo fortes dores e outros sintomas, que fazem com que você
perca tempo que estaria dedicando a sua família, trabalho, estudos ou
atividades sociais.
c) - entre 50 e 55 pontos: suas dores de cabeça parecem estar causando
algum impacto em sua vida. Suas dores de cabeça, porém, não fazem
com que você perca tempo que estaria dedicando a sua família,
trabalho, estudos ou atividades sociais.
d) - 49 pontos ou menos: suas dores de cabeça parecem estar causando,
atualmente, pouco ou nenhum impacto em sua vida. Sugerimos que
você faça o HIT-6 mensalmente e continue a verificar como suas dores
de cabeça afetam sua vida.
2.2 ESCALA VISUAL ANALÓGICA
Segundo Rigotti e Ferreira (2005) a escala visual analógica (EVA) consiste
em uma linha que representa uma qualidade continua de intensidade e dados
verbais. Sua utilização é de uso frequente em situações clínicas nas quais se deseje
mensurar a intensidade da dor como resultado de um tratamento, sendo fácil de
administrar e marcar. Esta escala produz dados nivelados em intervalos de zero a
dez, onde zero é nenhuma dor e dez dor insuportável, podendo ser usados
parâmetros estatísticos na análise.
Neste estudo foi utilizado a Escala visual analógica para as quatro voluntárias
com a indagação de qual o grau de dor no dia da primeira, quarta e oitava sessão de
atendimento.
2.3 RESULTADOS
Os resultados serão apresentados a partir desse momento. O primeiro item
a ser descrito é a caracterização da dor, pelos pacientes, através de escala visual
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analógica (EVA) onde se observa que a quantificação da dor pelos pacientes mostra
uma melhora clínica com diminuição de escala numérica em alta incidência.
Tabela 1: Escala de dor referida (Eva) pelas pacientes no dia da primeira, quarta e oitava sessão de
atendimento.
Primeiro atendimento
Quarto atendimento
Oitavo atendimento
Paciente 1
8
7
0
Paciente 2
7
5
0
Paciente 3
4
2
0
Paciente 4
7
0
2
Fonte: elaborado pelos autores, 2016.
Realizando análise estatística dos dados apresentados acima foi comprovada
a eficácia do tratamento. Para comprovar o protocolo estabelecido foi proposto a
realização do teste t de student presumindo variâncias diferentes comparando a
primeira sessão com a oitava sessão, ou seja, inicio e final de tratamento.
Conforme Silva (2014) o teste t-Student ou somente teste t é um teste de
hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese nula
quando a estatística de teste segue uma distribuição t-Student.
Os resultados mostraram um p=0,001 o que mostra que o tratamento
proposto foi eficaz considerando a escala utilizada.
Porém realizando o mesmo teste comparando a primeira sessão com a quarta
(médio do tratamento) observou-se o valor p=0,14 o que não refere eficácia do
tratamento nesse intervalo de sessões. Para análise do efeito de significância foi
utilizado o valor de p≤0,05.
O próximo item a ser descrito é o HIT-6 aplicado no início e no final das
sessões. Foi elaborada a tabela a seguir onde se pode verificar melhora no quadro
álgico de todas as voluntárias ao se comparar a pontuação inicial com a final.
Tabela 2: Comparativo de pontos obtidos com as respostas adquiridas do questionário HIT-6 nas
pacientes voluntárias do estudo, respondido antes e após o tratamento fisioterapêutico.
Paciente 1
Pontos antes do
Pontos após o
tratamento
tratamento
74
67
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
12
Paciente 2
70
58
Paciente 3
66
40
Paciente 4
70
55
Fonte: elaborado pelos autores, 2016.
2.4 CONCLUSÃO
A aplicação do protocolo proposto vem a trazer bons resultados na melhora
do quadro da dor dos voluntários com quadro de enxaqueca ao longo de quatro
semanas. É evidente a melhora no impacto da vida social, familiar e no trabalho,
pois a dor que impossibilita muitas vezes a realização de tarefas e convívio social e
familiar tem seu grau diminuído.
Concluindo pode-se dizer que os portadores de enxaqueca que fizeram parte
da amostra deste estudo apresentaram melhora no quadro álgico e melhora na
pontuação do questionário HIT-6 que sugere melhoras nas áreas sociais, físicas,
mental e psicológica das voluntárias. Sugere-se a realização de outros estudos, com
um número maior de voluntários.
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