74. Representações sociais sobre o protagonista de estupro

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O PROTAGONISTA DE ESTUPRO NA
CIDADE DE MANAUS
Maria das Graças Clementino(1)
Mônica Barroso Martins(1)
Andréia Freitas da Costa(1)
Cristiano Torres Lopes(1)
Enio de Souza Tavares(1)
Francineide Monteiro da Silva(1)
Hanna Iamut Said(1)
Herbert Santana Garcia Oliveira(1)
Kelly Silva Franco(1)
Mara Danielle de Almeida Lima(1)
Mauro Batista Negreiros(1)
Profa. Dra. Rosimeire de Carvalho Martins(2)
Departamento de Psicologia
RESUMO: A literatura sobre violência sexual ao longo dos anos tem ressaltado o
papel da vítima de estupro, deixando de lado a figura do protagonista do estupro,
popularmente, chamado de estuprador. Esse personagem, percebido comumente
pela sociedade como um “monstro” ou um ”doente”, que deve ser imediatamente
excluído do meio social sob pena de vitimar, novamente, qualquer pessoa que dele
se aproxime, tem sido pouco estudado. Raras são as pesquisas que têm procurado
entender suas motivações para esse tipo de ato considerado violento. Esta pesquisa
tem como objetivo conhecer as Representações Sociais sobre o estuprador que
circula no imaginário dos grupos sociais que lidam, mais proximamente, com a
pessoa praticante do estupro; fornecer base para futuras reflexões do imaginário
social sobre os protagonistas do estupro; Identificar as Representações Sociais de
agressores a respeito do estupro; saber o que pensam os pais dos agressores sobre
o filho que cometeu o estupro; conhecer o que pensam os funcionários do presídio
que lidam com o estuprador sobre os mesmos; identificar a Representação Social
sobre a pessoa do estuprador em profissionais da psicologia, do direito e do serviço
social; saber o que pensam as vítimas de estupro sobre o estuprador; analisar as
percepções dos pais da vítima sobre o estuprador de sua filha.
Buscamos, na
Psicologia Social, os recursos teórico-metodológicos, porque consideramos que ela
pode dar uma contribuição importante ao revelar os fatores endógenos e exógenos
envolvidos no comportamento violento, praticado pelo protagonista de estupro
quando violenta suas vítimas. A Teoria das Representações Sociais será utilizada
para a compreensão dos objetivos desse estudo, esta teoria permite conhecer a
forma de conhecimento que advém da prática, voltada para a comunicação e para a
compreensão do contexto social, a partir do conhecimento do senso comum. Seu
estudo possibilita compreender a interação entre o universo individual e as
condições sociais nas quais os indivíduos interagem, pois favorecem a compreensão
dos processos que intervêm na adaptação sociocognitiva dos indivíduos em sua
realidade cotidiana e em seu ambiente social e ideológico. A partir dessa
perspectiva, entendemos que é fundamental analisar as visões de mundo, senso
comum, cultura e tradições. Entendemos que é no âmbito do cotidiano da vida social
que se constroem as representações sobre as pessoas e sua conseqüente atuação
na sociedade, a compreensão e análise de fatos e idéias, como agem com os outros
e como compreendem sua interação consigo e com os outros. Assim, entendemos
que, ao buscarmos conhecimento das Representações Sociais sobre a pessoa que
pratica o estupro, estaremos analisando suas interações, seu ambiente históricosocial, considerando sempre o lugar que ela ocupa neste ambiente. A coleta dos
dados se dará a partir de entrevista individual com os participantes que autorizarem
contribuir com a pesquisa após ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, sendo respeitados todos os critérios éticos referentes à pesquisa com
seres humanos, tais como recomenda o Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Amazonas. Os critérios para a inclusão dos participantes
na pesquisa contarão com a distribuição de um folder explicativo e contato verbal
sobre os objetivos e sua possível participação na mesma. Entre os protagonistas de
estupro, o convite será feito pela assistente social, funcionários, ou pessoa
designada, pela direção do presídio, os quais estão cumprindo pena, para essa
tarefa. Solicitaremos permissão aos presidiários para que possamos ter contato com
seus familiares em sua residência. Serão solicitadas, junto aos programas de
atendimento a vítimas de estupro, indicações para o contato com possíveis sujeitos
que possam participar da pesquisa, o contato com seus familiares só ocorrerá após
permissão da pessoa vitimada. Serão convidados os religiosos, advogados,
psicólogos e assistentes sociais, bem como os funcionários civis e militares que
trabalham no atendimento ao protagonista de estupro. As entrevistas serão semiestruturadas, utilizando uma questão indutora para cada grupo estudado que
possibilitem o alcance dos objetivos da pesquisa, sendo permanentemente adaptada
e contextualizada, possibilitando maior flexibilidade para acompanhar explicações e
nuanças conferidas, sem prender-se a um roteiro fechado com opções que poderiam
comprometer a interação através de questionamentos tendenciosos. As entrevistas
serão gravadas em áudio e transcritas para posterior análise. Os locais das
entrevistas irão depender do sujeito participante, pois, para o caso do protagonista
de estupro, somente poderá ser realizada num local dentro do presídio. Os demais
participantes (religiosos, profissionais liberais e do presídio, familiares da vítima e do
protagonista do estupro e a vítima) poderão ser entrevistados num local específico,
confortável, com data e hora marcadas com antecedência, para que os sujeitos se
sintam à vontade e em condições de contribuir com a pesquisa. O critério geral de
participação do sujeito da pesquisa é ter algum tipo de vínculo com o protagonista
de estupro, seja como vítima, familiar da vítima, o próprio protagonista, familiar do
protagonista, ter contato no trabalho com o protagonista, realizar alguma atividade
religiosa com protagonista de estupro dentro dos presídios. Escolhemos a questão
do vínculo, pois as Representações Sociais de algo só existem se tivermos alguma
relação com esse algo e só conseguiremos captar as Representações Sociais do
protagonista de estupro, se entrevistarmos pessoas que de algum modo possuem
vínculo com ele.
E-mail: [email protected]
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(1)
Acadêmico(a) de Psicologia
(2)
Orientadora
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