REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O PROTAGONISTA DE ESTUPRO NA CIDADE DE MANAUS Maria das Graças Clementino(1) Mônica Barroso Martins(1) Andréia Freitas da Costa(1) Cristiano Torres Lopes(1) Enio de Souza Tavares(1) Francineide Monteiro da Silva(1) Hanna Iamut Said(1) Herbert Santana Garcia Oliveira(1) Kelly Silva Franco(1) Mara Danielle de Almeida Lima(1) Mauro Batista Negreiros(1) Profa. Dra. Rosimeire de Carvalho Martins(2) Departamento de Psicologia RESUMO: A literatura sobre violência sexual ao longo dos anos tem ressaltado o papel da vítima de estupro, deixando de lado a figura do protagonista do estupro, popularmente, chamado de estuprador. Esse personagem, percebido comumente pela sociedade como um “monstro” ou um ”doente”, que deve ser imediatamente excluído do meio social sob pena de vitimar, novamente, qualquer pessoa que dele se aproxime, tem sido pouco estudado. Raras são as pesquisas que têm procurado entender suas motivações para esse tipo de ato considerado violento. Esta pesquisa tem como objetivo conhecer as Representações Sociais sobre o estuprador que circula no imaginário dos grupos sociais que lidam, mais proximamente, com a pessoa praticante do estupro; fornecer base para futuras reflexões do imaginário social sobre os protagonistas do estupro; Identificar as Representações Sociais de agressores a respeito do estupro; saber o que pensam os pais dos agressores sobre o filho que cometeu o estupro; conhecer o que pensam os funcionários do presídio que lidam com o estuprador sobre os mesmos; identificar a Representação Social sobre a pessoa do estuprador em profissionais da psicologia, do direito e do serviço social; saber o que pensam as vítimas de estupro sobre o estuprador; analisar as percepções dos pais da vítima sobre o estuprador de sua filha. Buscamos, na Psicologia Social, os recursos teórico-metodológicos, porque consideramos que ela pode dar uma contribuição importante ao revelar os fatores endógenos e exógenos envolvidos no comportamento violento, praticado pelo protagonista de estupro quando violenta suas vítimas. A Teoria das Representações Sociais será utilizada para a compreensão dos objetivos desse estudo, esta teoria permite conhecer a forma de conhecimento que advém da prática, voltada para a comunicação e para a compreensão do contexto social, a partir do conhecimento do senso comum. Seu estudo possibilita compreender a interação entre o universo individual e as condições sociais nas quais os indivíduos interagem, pois favorecem a compreensão dos processos que intervêm na adaptação sociocognitiva dos indivíduos em sua realidade cotidiana e em seu ambiente social e ideológico. A partir dessa perspectiva, entendemos que é fundamental analisar as visões de mundo, senso comum, cultura e tradições. Entendemos que é no âmbito do cotidiano da vida social que se constroem as representações sobre as pessoas e sua conseqüente atuação na sociedade, a compreensão e análise de fatos e idéias, como agem com os outros e como compreendem sua interação consigo e com os outros. Assim, entendemos que, ao buscarmos conhecimento das Representações Sociais sobre a pessoa que pratica o estupro, estaremos analisando suas interações, seu ambiente históricosocial, considerando sempre o lugar que ela ocupa neste ambiente. A coleta dos dados se dará a partir de entrevista individual com os participantes que autorizarem contribuir com a pesquisa após ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo respeitados todos os critérios éticos referentes à pesquisa com seres humanos, tais como recomenda o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas. Os critérios para a inclusão dos participantes na pesquisa contarão com a distribuição de um folder explicativo e contato verbal sobre os objetivos e sua possível participação na mesma. Entre os protagonistas de estupro, o convite será feito pela assistente social, funcionários, ou pessoa designada, pela direção do presídio, os quais estão cumprindo pena, para essa tarefa. Solicitaremos permissão aos presidiários para que possamos ter contato com seus familiares em sua residência. Serão solicitadas, junto aos programas de atendimento a vítimas de estupro, indicações para o contato com possíveis sujeitos que possam participar da pesquisa, o contato com seus familiares só ocorrerá após permissão da pessoa vitimada. Serão convidados os religiosos, advogados, psicólogos e assistentes sociais, bem como os funcionários civis e militares que trabalham no atendimento ao protagonista de estupro. As entrevistas serão semiestruturadas, utilizando uma questão indutora para cada grupo estudado que possibilitem o alcance dos objetivos da pesquisa, sendo permanentemente adaptada e contextualizada, possibilitando maior flexibilidade para acompanhar explicações e nuanças conferidas, sem prender-se a um roteiro fechado com opções que poderiam comprometer a interação através de questionamentos tendenciosos. As entrevistas serão gravadas em áudio e transcritas para posterior análise. Os locais das entrevistas irão depender do sujeito participante, pois, para o caso do protagonista de estupro, somente poderá ser realizada num local dentro do presídio. Os demais participantes (religiosos, profissionais liberais e do presídio, familiares da vítima e do protagonista do estupro e a vítima) poderão ser entrevistados num local específico, confortável, com data e hora marcadas com antecedência, para que os sujeitos se sintam à vontade e em condições de contribuir com a pesquisa. O critério geral de participação do sujeito da pesquisa é ter algum tipo de vínculo com o protagonista de estupro, seja como vítima, familiar da vítima, o próprio protagonista, familiar do protagonista, ter contato no trabalho com o protagonista, realizar alguma atividade religiosa com protagonista de estupro dentro dos presídios. Escolhemos a questão do vínculo, pois as Representações Sociais de algo só existem se tivermos alguma relação com esse algo e só conseguiremos captar as Representações Sociais do protagonista de estupro, se entrevistarmos pessoas que de algum modo possuem vínculo com ele. E-mail: [email protected] ________________________________________ (1) Acadêmico(a) de Psicologia (2) Orientadora