20880 Quinta-feira 24 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL vamento da crise europeia, se a Grécia sai da zona do euro, o impacto no nosso PIB pode ser de até 1%. Eu, sinceramente, acho que nós temos que pensar, com o agravamento dessa crise econômica, numa discussão sobre a questão fiscal. Acho que vamos ter que ver como utilizarmos os instrumentos fiscais – e o que eu falo claramente – ligados a investimento. Ninguém aqui quer aumentar custeio. Ninguém aqui quer aumentar despesas. Ninguém aqui quer aumentar gastos com pessoal. Mas a discussão de como fazermos um maior esforço fiscal para aumentarmos investimentos vai ser colocado na ordem do dia. Srs. Senadores, Srªs Senadoras, nós estamos para ter um dos menores déficits nominais do mundo este ano. Ano passado, nosso déficit nominal foi de 2,5%. Pois bem, vejo muita gente aqui nos debates dizendo que devemos aproveitar uma parte desses recursos que vamos economizar no pagamento da dívida para fazer investimentos. Mas, olha, é preciso que se explique: o impacto dessa economia no pagamento de juros cai sobre o déficit nominal. Então, o que está acontecendo hoje aqui no Brasil é que nós vamos cair de um déficit nominal de 2,5% para 1,2%. A minha proposta, o que eu acho que o Governo deve fazer com o agravamento dessa crise, é ter uma trajetória declinante em relação ao déficit nominal, mas não precisamos cair de 2,5% para 1,2% num momento de retração econômica mundial. Temos que aproveitar uma parte desses recursos para desoneração, para diminuir a carga tributária, mas outra parte importante desses recursos para investimentos. Aqui eu entro em outra discordância com o jornal Folha de S.Paulo, uma discordância benéfica, porque estamos discutindo rumos, o que ser feito. E acho este debate aqui extremamente válido. Há um momento em que o jornal diz: Não é a primeira vez que o Governo desperdiça uma oportunidade de melhorar a política de gastos e tributos. O grande aumento de arrecadação proporcionado pela formalização de emprego e pela aceleração de crescimento terminou convertido em novas despesas. E saiu falando sobre esse ponto. É constante a gente escutar aqui desta tribuna, no plenário deste Senado, críticas ao Governo Lula, dizendo que aumentamos as despesas, os nossos gastos. Pois bem, eu trago aqui um número oficial do Ministério da Fazenda: os nossos gastos com pessoal e encargos em relação ao PIB, em 2002, era de 4,8% do PIB. Caiu para 4,3%. Caiu para 4,3%! O que aumentou foram os gastos com custeio de saúde e educação, de 1,7% para 2%. Mas por que aumentamos o Maio de 2012 custeio da saúde e educação? Por um processo muito claro: houve ampliação das universidades federais, de 45 para 59; aumentamos 144 novos campi; as escolas técnicas federais, de 140 para 354! Então, é preciso que se diga: há investimentos que trazem aumento de custeio, mas que são, na verdade, investimentos. E isso foi o que houve em relação à saúde e à educação em nosso País. Mas volto a dizer: as despesas com pessoal em relação ao PIB tiveram decréscimo nesse último período. Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acabo contestando, para finalizar, a crítica do editorial de que devemos rever a política do salário mínimo. O que o nosso Presidente Lula fez neste País talvez – para concluir, minha Presidente – pouca gente entenda: nós mudamos a estrutura da economia brasileira, criando um grande mercado de consumo de massas. Às vezes, os economistas, quando fazem os seus debates, esquecem-se do povo, esquecem-se de olhar para a vida real das pessoas. E aqui nós mudamos a vida real das pessoas. Quarenta milhões de brasileiros.... (Interrupção do som.) O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT – RJ) – Desculpe, e muito obrigado pela tolerância. Quarenta milhões de brasileiros foram à classe média! Vinte e oito milhões de brasileiros deixaram a pobreza extrema! E o papel da recuperação do salário mínimo foi gigante nesse processo, principalmente por meio da Previdência, esse recurso da Previdência que é distribuído às pessoas mais idosas do nosso País. O Presidente Lula mudou a estrutura da nossa economia. Acho que a Presidente Dilma tem tido firmeza. E volto a dizer: não é falta de ousadia fazer o que ela fez em relação aos juros, ao debate da poupança, ao debate dos spreads bancários. Sabemos que temos longo caminho pela frente. Esta crise atinge todo mundo. Mas eu tenho pelo menos uma certeza: aqui não falta rumo, e o rumo não é aquele das velhas políticas de austeridade que estão afundando a Europa; nosso rumo é crescimento com inclusão social. Muito obrigado, Srª Presidente. Desculpe o avançar do tempo. A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT – SP) – Obrigada, Senador Lindbergh. A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT – SP) – Comunicado da instalação da Comissão Mista destinada a apreciar a Medida Provisória 568, adotada em 11 de maio de 2012, publicada no dia 14 do mesmo mês e ano, em reunião realizada nesta data, com o seguinte resultado: Presidente, Deputado Claudio Puty; Vice-Presidente, Senador Anibal Diniz; Relator,