1 MySpace: as possibilidades de uma rede

Propaganda
I Encontro de Pesquisadores em Comunicação e Música Popular
Tendências e convergências da música na cultura midiática
21 a 23 de outubro de 2009, UFMA, São Luis – MA.
1
MySpace: as possibilidades de uma rede interativa que permite maior divulgação de
produções musicais1
Janaina de Holanda Costa Calazans2
Doutoranda em Comunicação – UFPE
João Lucas de Souza3
Pós-graduando em Marketing e Publicidade - Business School Maurício de Nassau
Resumo
O presente projeto é um estudo sobre a rede social MySpace, que vem chamando a atenção de
milhares de artistas, principalmente os músicos. É um espaço que possui uma plataforma com
grande potencial midiático para a divulgação de seus trabalhos, assim possibilitando maior
projeção na rede. Esse trabalho pretende desenvolver uma análise das possibilidades de
divulgação das produções musicais desses artistas, buscando comprovar a eficiência desse
tipo de atividade realizada na internet. Para isso, foi necessária uma pesquisa ampla, passando
por áreas de estudo como sociologia e informática, para introduzir o tema e analisar as
tendências das atuais redes virtuais quando observada pela ótica do principio das
comunidades. Visto as possibilidades que as comunidades virtuais permitem a seus usuários e
as ferramentas oferecidas pelo MySpace, ele se torna um espaço diferenciado para divulgação
dos trabalhos dos músicos ao redor do mundo, permitindo ampla projeção dos artistas.
Palavras-chave: MySpace, música, comunidades virtuais, comunicação, tecnologia
1. Relações virtuais
Hoje em dia é possível encontrar relações interpessoais semelhantes aos conceitos
definidos por “comunidade”; porém, a localidade espacial se tornou virtual4. A área territorial
de contato é o ciberespaço, uma rede de computadores que cria um ambiente virtual (LEMOS,
1
Trabalho apresentado no I Encontro de Pesquisadores em Comunicação e Música Popular – MUSICOM,
realizado de 21 a 23 de outubro de 2009, na UFMA, São Luis – MA.
2
Doutoranda em Comunicação pela UFPE, onde desenvolve trabalho sobre análise do discurso da música de
protesto. Leciona no curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Pernambuco, Universidade
Salgado de Oliveira e Faculdade Boa Viagem.
3
Graduado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Católica de Pernambuco e pós-graduando em
Marketing e Publicidade - Business School Maurício de Nassau. Já atuou como redator publicitário na Raio
Comunicação.
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1996). Para o crítico e escritor Howard Rheingold (1996, p. 18), nesse local se manifestam
palavras, relações humanas, dados, riqueza e poder aos utilizadores da comunicação através
da tecnologia. Nessas comunidades virtuais as pessoas fazem as mesmas coisas que na vida
real fazem, porém desprendidas dos seus corpos (RHEINGOLD, 1996, p. 16).
O ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente dos
lugares geográficos e da coincidência dos tempos. Não chega a ser uma
novidade absoluta, uma vez que o telefone já nos habituou a uma
comunicação interativa. Com o correio (ou a escrita em geral), chegamos a
ter uma tradição bastante antiga de comunicação recíproca, assíncrona e a
distância. Contudo, apenas as particularidades técnicas do ciberespaço
permitem que os membros de um grupo humano (que podem ser tantos
quantos se quiser) se coordenem, cooperem, alimentem e consultem uma
memória comum, e isto quase em tempo real, apesar da distribuição
geográfica e da diferença de horários (LÉVY, 1999, p. 49).
Segundo Flichy (2001, p. 115), as comunidades virtuais reúnem indivíduos dos quatro
cantos do planeta que desenvolvem conversações muito ricas intelectual e emocionalmente,
assim como na vida real. Para Rheingold (1998, p. 120-121), comunidade virtual é, como
qualquer outra comunidade, um conjunto de pessoas que aderem a certos contratos sociais e
que compartilham certos interesses. Dessa forma, a aproximação dos participantes de
comunidades virtuais seria através de proximidade intelectual e emocional ao invés de física e
espacial. O escritor também defende que essas teias de relações pessoais no ciberespaço
possibilitam o surgimento e o crescimento de encontros virtuais, tendo em vista a diminuição
das possibilidades de encontros reais nas cidades devido a uma mudança na maneira de
conhecer as pessoas no ciberespaço, pois nas comunidades virtuais “podemos conhecer uma
pessoa e decidir posteriormente encontrar-se com ela pessoalmente”, diferentemente das
relações em comunidades tradicionais (RHEINGOLD, 1996, p. 44). Existe uma variedade de
nomes para descrever esses encontros sociais online, assim como 'comunidade online,
definido pelo próprio Howard Rheingold como:
As comunidades virtuais são os agregados sociais surgidos na Rede, quando
os intervenientes de um debate o levam por diante em número e sentimento
suficientes para formarem teias de relações pessoais no ciberespaço.
(RHEINGOLD, 1996, p.18).
4
“As comunidades virtuais são os agregados sociais surgidos na Rede, quando os intervenientes de um debate o
levam por diante em número e sentimento suficientes para formarem teias de relações pessoais no ciberespaço.”
(RHEINGOLD,1996, p. 18).
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3
Segundo Manssour e Bellini (2005), o termo comunidades virtuais também pode ser
substituído por Internet-mediated communities (IMCs), descrevendo-as como “grupos de
pessoas com interesses em comum, as quais utilizam-se da mesma classe de tecnologia
Internet para a troca de informação com outras pessoas durante algum tempo”. Para Murray
Turoff (1976, in RHEINGOLD, 1996, p. 145), “a conferência por computador pode fornecer
aos grupos humanos uma forma de exercitarem a capacidade de inteligência coletiva”, pois o
computador se torna uma ferramenta bastante inovadora quando utilizado como instrumento
potencializador de inteligência por um grupo humano. “Os computadores proporcionaram
maior rapidez na disseminação, no intercâmbio e na análise de informações, de um modo que
nunca foi possível nos movimentos populares” (DOWNING, 2002, p. 270-271).
As comunidades virtuais só se tornaram possíveis com o desenvolvimento da
tecnologia e o surgimento da Internet em 1969, nos Estados Unidos, criada na época da
Guerra Fria e tinha o nome ARPA (Advanced Research Projects Agency), uma rede do
departamento da defesa norte-americano que tinha por função interligar centros de pesquisa
(LEÃO, 2001, p. 22). Surge então a WWW (World Wide Web) em 1991, a partir da fusão de
estudos sobre internet e hipermídia – que consiste em uma tecnologia que engloba recursos de
hipertexto com multimídia, permitindo ao usuário a navegação por diversas partes de um
aplicativo, na ordem que desejar (LEÃO, 2001, p. 16).
A WWW, nascida em 1991, corresponde à parte da Internet construída a
partir de princípios do hipertexto. A Web baseia-se numa interface gráfica e
permite o acesso a dados diversos (textos, músicas, sons, animações, filmes,
etc.) através de um simples “clicar” no mouse (LEÃO, 2001, p. 23).
Lemos (2004, online) acredita que o que está em jogo no começo do século XXI é a
inauguração de uma nova fase para a sociedade da informação, que se iniciou com a
popularização da internet na década de 80 e foi radicalizada com o desenvolvimento da
computação sem fio, a partir das redes de acesso à internet sem fio e das redes caseiras de
proximidade com a tecnologia Bluetooth5.
Downing (2002, p. 271) entende que a internet é o primeiro veículo capaz de oferecer
aos indivíduos de todo o mundo a chance de se comunicar com suas próprias vozes a uma
audiência de milhões de pessoas, tornando suas possibilidades técnicas ilimitadas. Rheingold
(1996, p. 18) descreve a “rede” como o termo informal para designar as redes de
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computadores interligadas “que empregam a tecnologia de CMC (comunicações mediadas por
computador) para associar pessoas de todo o mundo na forma de debates públicos”. Essa rede
não substitui outras formas de comunicação, apenas incrementa e torna possível uma maior
rapidez na disseminação das informações e a produção underground, como obras de arte,
música e televisão alternativa (DOWNING, 2002, p. 271). A internet não apareceu mais como
um meio de produção de “poucos para muitos” (como o jornal, rádio e televisão) e sim como
um meio de “muitos para muitos”, descentralizando o poder e possibilitando circular e debater
idéias (RHEINGOLD, 1998, pag. 12).
A atual tendência da rede mostra como principal característica da hipermídia sua
interatividade, possibilitando total interação entre os usuários; isto devido a uma realidade que
favorece o compartilhamento de arquivos e o intercâmbio pessoal, assim como uma maior
participação dos usuários. Surgiu então a Web 2.0, plataforma que tornou usuários comuns,
que não possuem tanto conhecimento, capazes de publicar conteúdo na Internet, sendo
possível participar mais e organizar as informações, assim como comentar e avaliar conteúdos
da internet (WIKIPÉDIA, online, 14.08.2008). A web 2.0 significou uma mudança no papel
do internauta, que passou de espectador e consumidor para criador ou recriador de
informação6. A nova estrutura tornou capaz a exposição de qualquer o conteúdo em um só
site, como músicas e vídeos, além de modificações no design e no funcionamento por parte
dos próprios usuários, tornando as páginas mais pessoais de acordo seu interesse.
Já está traçada a terceira geração da Internet, chama-se Web 3.0, batizada também
como web semântica. Essa plataforma será implantada num período de cinco a dez anos e
pretende ser a organização mais inteligente de todo o conhecimento disponível na internet. A
World Wide Web se transformaria em World Wide Database (base de dados mundial) o que
permitirá colocar dados na web que não serão acessíveis às outras pessoas, mas permitirão a
análise de conteúdos RDF7 (Resource Description Framework) pelas máquinas. Assim, a
capacidade semântica tornaria os sites, as pesquisas, dúvidas e necessidades mais eficientes
(WIKIPÉDIA, online, 14.08.2008).
O número de indivíduos interessados em conectar-se à internet cresce a cada dia no
mundo todo. No Brasil, o serviço ainda é limitado em relação a outros países mais
5
Bluetooth é uma especificação industrial para áreas de redes pessoais sem fio (Wireless personal area networks
- PANs). (WIKIPÉDIA, 21.08.2008)
6
Folha de São Paulo, online, 19.03.2008.
7
Estrutura de Descrição de Recursos: modelos ou fontes de dados, também conhecidos como metadata ou
tecnologia endossada (WIKIPÉDIA, on-line, 14.08.2008).
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desenvolvidos, porém o crescimento é evidente. O Centro de Estudos sobre as Tecnologias da
Informação e da Comunicação (CETIC.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto
BR (NIC.br) realizou a pesquisa TIC DOMICÍLIOS e os dados da pesquisa destacaram que
24% dos domicílios brasileiros possuíam computador até 2007, contando com um aumento de
4% em relação a 2006. 17% das residências possuíam acesso à internet, sendo mais de 50%
deles banda larga, superando os 40% de 2006. Já são mais de 45 milhões de usuários na rede.
Segundo analista do Ibope, o crescimento do contato virtual através de redes sociais aumenta
devido ao esvaziamento das cidades por motivos de violência ou alto custo do lazer8. O
crescimento mostra que as políticas públicas estão visando a ampliar o acesso à rede, assim
como as iniciativas do setor privado para impulsionar o desenvolvimento do país (TIC
DOMICÍLIOS 2007.p. 29-35).
De acordo com as pesquisas do TIC DOMICÍLIOS, o tempo gasto na internet em
média, por semana, entre os brasileiros é, em sua maioria, entre uma e cinco horas (43%).
83% desses utilizam a internet como meio de se comunicar, como por exemplo, trocar emails, participar de sites de relacionamento e enviar mensagens instantâneas (TIC
DOMICÍLIOS 2007. p. 154-157). “Os elementos essenciais do embrião da rede foram criados
por indivíduos que acreditavam, pretendiam e, conseqüentemente, inventaram formas de
utilizar o computador para ampliar o pensamento e a comunicação humanos” (RHEINGOLD,
1996, p.89). “Quanto mais e mais rapidamente a Rede crescer, maior ascendente pode
conceder a cada indivíduo com possibilidade de acesso e conhecimentos de utilização”
(RHEINGOLD, 1996, p. 116).
No Brasil, 64% dos usuários de internet acessam sites de relacionamento, em sua
maioria, o Orkut9. Essa rede social ganhou grande popularidade entre os brasileiros, mais de
23 milhões de seus usuários, sendo maioria entre os participantes. A maior rede social dos
Estados Unidos é a MySpace, totalizando mais de 110 milhões de usuários ao redor do
mundo. Era a maior do mundo até maio de 2008, quando foi ultrapassado pelo Facebook10,
seu maior concorrente, em números de acesso11. O pioneiro nesse gênero de redes virtuais foi
8
Folha de São Paulo, online, 19.03.2008.
O Orkut é uma rede social filiada ao Google, criada em 24 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus
membros a criar novas amizades e manter relacionamentos (WIKIPÉDIA, online, 2008).
10
Facebook é um website de relacionamento social lançado em 4 de fevereiro de 2004 com serviços
semelhantes ao MySpace. (WIKIPÉDIA, online, 09.10.2008).
11
Folha de São Paulo, online, 25.06.2008.
9
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o Friendster fundado em 2002 por Jonathan Abrams em Mountain View, California12. E com
o desenvolvimento da tecnologia, as redes de relacionamento online ganharam mais
interatividade, possibilitando aos usuários a criação de suas próprias páginas pessoais,
tratando de assuntos que fazem parte de seu interesse. O objeto de estudo desse projeto
engloba uma série de serviços e aplicações que fez com que se tornasse a maior rede social do
mundo.
2. MySpace
O MySpace surgiu após o lançamento do Friendster, quando funcionários de uma
empresa de marketing em internet chamada Intermix Media Inc., também conhecida como
eUniverse, viram seu potencial. Em 2003 criaram a primeira versão do MySpace, projeto
supervisionado por Brad Greenspan (Fundador, presidente e CEO13 da eUniverse), e realizado
por Chris DeWolfe (primeiro CEO do MySpace), Josh Berman, Tom Anderson (Primeiro
presidente do MySpace), além da equipe de programadores e recursos fornecidos pela
eUniverse. Os primeiros usuários foram os próprios empregados da eUniverse, pois foram
realizados concursos para ver quem inscrevia o maior número de usuários para assim começar
a difusão entre as massas. Atual proprietária do MySpace, a News Corporation, conglomerado
de mídia de Rupert Murdoch e dona de empresas como a Fox e a DirecTV anunciou em 2005
a compra da Intermix Media Inc. por US$ 580 milhões.
O MySpace ganhou grande popularidade e hoje é a maior rede social dos Estados
Unidos e do mundo com mais de 110 milhões de usuários14. São cerca de 230 mil usuários
novos por dia15. Segundo dados do próprio MySpace, cerca de 60% de seu público é
constituído de jovens entre 15 e 24 anos16.
A habilidade de hospedar Mp3s17 foi um dos serviços oferecidos pelo site, o que fez
com que ganhasse tanta popularidade entre bandas e músicos18. Segundo Amit Kapur (2008),
diretor de operações do MySpace, o portal tem a proposta de “permitir que os internautas
construam uma identidade online e interajam com outras pessoas”, destacando suas
12
WIKIPÉDIA, online, 21.08.2008
CEO significa Chief Executive Officer (Diretor-Executivo ou Diretor-Geral em português).
14
ESTADÃO, online, 07.01.2008.
15
CNN, online, 29.08.2006.
16
Folha de São Paulo, online, 15.12.2007.
17
MP3 é um formato que permite armazenar músicas e arquivos de áudio no computador em um espaço
relativamente pequeno, mantendo a qualidade do som.
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ferramentas de expressão como “a possibilidade de exibir diferentes fundos, músicas e fotos
em sua página para mostrar quem você é, do que você gosta”. Rheingold (1996, p. 165) já
previa que esses novos padrões de intercâmbio de “informação áudio-visual complexa, em
pacotes facilmente manuseáveis pela Internet, vão reforçar ainda mais a componente
multimídia” com o passar dos anos.
Ao acessar a Web site MySpace.com, o visitante encontrará uma diversidade enorme
de informações e caminhos a sua disposição. Em sua descrição mais simples, feita pela
própria equipe do portal, o MySpace é “uma comunidade online que permite que você
encontre amigos dos amigos”. Esse projeto irá, porém, estudar as inúmeras possibilidades que
essa comunidade virtual permite aos usuários que o utilizam.
“MySpace é para todos”, essa informação está na sessão “Sobre a Empresa” do portal,
seguida da descrição do público:
•
Amigos que querem conversar online
•
Solteiros que querem encontrar outros solteiros
•
Cupidos que querem conectar seus amigos a outros amigos
•
Famílias que querem se manter em contato - mapeie a sua Árvore Genealógica
•
Homens e mulheres de negócios e colegas de trabalho interessados em fazer uma rede
de contatos
•
Colegas de classe e companheiros de estudos
•
Qualquer um que procure por amigos perdidos!
O objetivo de interação do MySpace se confirma em suas dicas para começar a utilizar
os serviços oferecidos, pois incentiva o contato com outros usuários da rede. O primeiro passo
seria inscrever-se e criar um perfil. Depois de realizado, o próximo seria convidar seus amigos
e pesquisar amigos que já sejam membros. Para ampliar sua rede, o terceiro passo é visualizar
as ligações que você pode criar entre seus amigos e os amigos dele, além de conhecer os
amigos dos seus amigos, assim “você pode se comunicar com qualquer pessoa na Rede
Pessoal”19 .
Para criar um perfil, é necessário fornecer algumas informações, como endereço de email, nome e sobrenome, CEP, sexo e a data de nascimento, além de escolher uma senha. O
18
19
WIKIPÉDIA, online, 2008.
MYSPACE, online, 2008.
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endereço IP20 do usuário também será coletado pelo MySpace para que possa administrar e
aperfeiçoar os serviços oferecidos, e também por segurança. Uma vez inserido na rede, poderá
inserir mais informações pessoais, tais como interesses, hobbies, estilo de vida, escola,
empresa, vídeos, imagens, porém qualquer outra informação fornecida, fora as coletadas
durante o registro, será voluntária.
3. Música no MySpace
Pode-se dizer que webmarketing é mais uma ferramenta que surgiu com o
desenvolvimento da internet, podendo ser chamada também de comunicação interativa,
virtual, digital ou cibernética. Segundo Sampaio (2003, p.305) trata-se de uma comunicação
mais interativa e com ofertas efetivamente individuais e sob medida para cada consumidor,
facilitando a venda direta. O ciberespaço possibilita uma era de compra e venda cada vez mais
automatizada e conveniente, onde as empresas podem se conectar aos seus clientes e a outras
empresas, fazendo com que as informações sejam transmitidas para todos rapidamente e sem
custo (KOTLER, 2003, p.249). Essa vem se tornando uma ferramenta fundamental no campo
dos negócios e hoje praticamente todas as publicações informativas mantém uma ligação com
a Internet (SAMPAIO, 2003, p. 305).
Se a internet possibilita interação com seu público e facilidade para vendas, torna-se
rapidamente uma ferramenta midiática forte para qualquer segmento mercadológico, inclusive
a indústria musical, que vem utilizando cada vez mais o MySpace devido ao destaque
recebido pela empresa. Leão (2001, p.52) observa que é notável a crescente participação de
artistas na Internet, expondo seus trabalhos ou participando de fóruns, utilizando os potenciais
hipermidiáticos oferecidos pela rede. “Nesse espaço as mensagens se tornam interativas,
ganham uma plasticidade e têm uma possibilidade de metamorfose imediata”, tornando-se
assim uma espécie de emissora (LÉVY, 2000, p.13).
Perder espaço para o Facebook fez com que o MySpace buscasse inovar suas
ferramentas e o portal parece ter voltado suas forças para a área musical. O MySpace
anunciou no dia 3 de abril de 2008 um acordo com as quatro maiores gravadoras do mundo,
20
O endereço IP (Internet Protocol) é considerado um conjunto de números que representa o local de um
determinado equipamento (normalmente computadores) em uma rede privada ou pública (WIKIPÉDIA, online,
2008).
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Sony BMG, Universal Music, EMI Music e Warner Music, criando uma nova companhia,
chamada MySpace Music, que busca integrar a rede de relacionamentos com o mundo
musical21. Com o acordo, o site de relacionamentos passou a contar com mais de cinco
milhões de artistas pertencentes às companhias de música entre seus usuários. A nova
plataforma surgiu para disputar com empresas como Facebook, Last.fm22 e iTunes23. A
iniciativa tem como objetivo promover novas bandas, incentivar a troca de informações,
venda de ingressos, além de disponibilizar músicas para download e, principalmente,
publicidade. “Com a integração de música do MySpace, grandes marcas estão oferecendo aos
nossos usuários - clientes deles - novas maneiras de descobrir e compartilhar música online ou
offline", disse Jeff Berman, presidente de vendas e marketing do MySpace. Os patrocinadores
do projeto seriam o McDonald´s, a Sony Pictures, a Toyota e a State Farm24.
Assim como as grandes gravadoras, Rupert Murdoch, magnata australiano dono do
MySpace, assinou um acordou com uma distribuidora ligada a vários selos independentes
chamada The Orchard25. Mesmo com o acordo com a distribuidora independente, que
controla 1,3 milhão de faixas, ela não virou sócia do empreendimento por não ser prioridade
para The Orchard assumir uma participação societária. Além disso, centenas de selos
independentes que representam artistas conhecidos como Franz Ferdinand, Arctic Monkeys e
Bjork se sentiram excluídas pelo portal, considerando-se fora dos interesses do portal.
Segundo o MySpace, o relacionamento para os selos e artistas independentes são iguais às
oferecidas para todos os demais artistas26.
4. A realidade do mercado fonográfico
A criação do MySpace Music foi uma reação das gravadoras à queda na venda de CDs
e DVDs. Segundo pesquisa da Associação Brasileira dos Produtores de Discos, o número de
venda de discos no Brasil vem diminuindo cada vez mais.
21
G1, online, 03.04.2008
A Last.fm é um site com função de rádio online agregando uma comunidade virtual com foco em música,
onde são trocadas informações e recomendações sobre o tema (WIKIPÉDIA, online, 22.10.2008).
23
iTunes é um reprodutor de áudio desenvolvido pela Apple, para reproduzir, organizar e comprar mídia digital
(WIKIPÉDIA, online, 22.10.2008).
24
INFO, online, 15.09.2008.
25
Folha de São Paulo, online, 20.09.2008.
26
UOL, online, 25.09.2008.
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Só no ano de 1997 o mercado fonográfico do Brasil já chegou a faturar mais de um
bilhão de dólares. Porém, com a pirataria e o crescimento do compartilhamento de músicas
pela internet, que vem sendo devastador, a receita de 2007 ficou por volta dos US$
193 milhões, consistindo em uma queda de 25% em relação a 2006, segundo o IFPI
(Federação Internacional da Indústria Fonográfica), publicado pela Revista de 14/12/2007. No
exterior, a queda foi menor, apontando apenas 9%, segundo o IFPI e ainda movimenta mais
de US$ 6 bilhões. A comercialização da música digital, incrementada em 40%, segundo
relatório da Federação Internacional de Indústria Fonográfica, movimenta cerca de US$ 2,9
bilhões ao redor do mundo. O segmento digital tem mostrado crescimento no Brasil, porém
ainda é tímido, visto que movimenta 24,5 milhões de reais, representando 8% do mercado
musical brasileiro e mostrando grande crescimento em relação a 2006, sendo 24% através da
internet (era 4% em 2006) e 76% através de telefonia móvel (era 96% em 2006).
Calegaretti (2008) define a diferença entre a proposta do MySpace e as demais lojas
virtuais já existentes, como “unir o conceito de interação com a possibilidade de compra, que
até então estavam separados”; o MySpace não mudou seu foco, pois o site “não vende a
música, não promove ou gerencia a carreira de um artista” (CALLEGARETTI, 2007), sendo
esse o papel de sua gravadora.
Um estudo da Ipsos mostra que o iTunes, na opinião dos internautas, é o principal
vendedor de música na internet27. No Brasil, temos a gravadora Trama que oferece, desde
2007, o que é chamado de “download remunerado” através do TramaVirtual
(tramavirtual.uol.com.br), serviço patrocinado por uma empresa, que recebe pagamento por
cada música baixada no site28. O MySpace é considerado um local de comunicação entre
artistas e seus fãs, onde os primeiros colocam suas músicas para serem ouvidas e os últimos
trocam informações com seus ídolos e conhecem outros artistas; assim o download se torna
apenas um pedaço do serviço.
Você não precisa comprar nada, pode apenas criar playlists, por exemplo.
Uma das razões para se comprar downloads é a portabilidade; as pessoas
querem levar suas músicas favoritas à praia, quando estão dirigindo ou
correndo no parque. O ponto não é que as pessoas não querem pagar por
música; você tem que fazer com que esse processo seja prático, fácil e com
preço justo. (KATZ, 200829).
27
Folha de São Paulo, online, 09.04.2008.
Folha de São Paulo, online, 04.04.2008.
29
Travis Katz, vice presidente internacional do MySpace, em entrevista publicada naFolha de São Paulo, online,
20.09.2008.
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3.3 Artistas e eventos no MySpace
O MySpace foi fundamental para o crescimento de artistas como Lily Allen30, que
começou colocando no site suas demos31 em novembro de 2005. Devido ao seu enorme
sucesso na rede, no início de 2006 chamou a atenção de revistas e decidiu trabalhar com
produtores, terminando o primeiro disco duas semanas após assinar contrato32. Outro exemplo
é a banda Artic Monkeys33, que saiu da rede virtual chamando a atenção do público e de
produtores e passou a ser atração de grandes festivais espalhados no mundo. Em entrevista à
revista Veja, Lily Allen explica a importância do portal para a sua carreira com a seguinte
afirmação: “o sucesso do meu disco começou ali, quando coloquei minhas músicas para
apreciação do público que visitava o MySpace”34. Para a artista, isso se dá devido “a garotada que
navega pelos sites de música está atrás de novidades, e não apenas do que as rádios e gravadoras
oferecem ou impõem”, complementa.
No Brasil, os projetos seguem os padrões norte-americanos, como os secret shows e o
MySpace Tour. Seguindo a sede dos Estados Unidos, que já produziu shows secretos com
bandas reconhecidas internacionalmente como The Killers35, NOFX36, Jet37 e artistas que
tiveram seu reconhecimento devido ao próprio portal, como o caso de Lily Allen, o MySpace
Brasil produziu o primeiro secret show nacional com a banda NX Zero no Clash Club, em
São Paulo, no dia 19 de dezembro de 2007, tendo sido divulgado o local do show apenas dois
dias antes do evento para os amigos da banda no MySpace; para entrar foi necessária a
apresentação da impressão da página para realizar a troca pelo ingresso do show. Com o
sucesso da primeira edição, aconteceram shows secretos com as bandas Matanza e
Autoramas, em 27 de março de 2008 no Rio de Janeiro, Patu Fu e Superguidis, em 28 de abril
de 2008 em Porto Alegre, Fresno e Hateen, em 30 de junho do mesmo ano em São Paulo e
Detonautas no dia 27 de Outubro, também em 2008 e em São Paulo.
30
myspace.com/lilymusic
Na música, uma demo é geralmente gravada por bandas sem contrato com gravadoras, com a intenção de que
as gravadoras ouçam o material da banda. (WIKIPÉDIA, online, 13.10.2008.)
32
WIKIPÉDIA, online, 09.10.2008.
33
myspace.com/arcticmonkeys
34
Veja, online, 17.10.2007
35
myspace.com/thekillers
36
myspace.com/nofx
37
myspace.com/jet
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O MySpace Tour tem como objetivo maior a aproximação dos fãs de artistas que
cresceram através do portal, assim como combater o crescimento de outras comunidades
virtuais, como o Facebook, maior concorrente do MySpace. A primeira artista convidada para
o projeto foi Mallu Magalhães e, para participar do evento, os usuários deveriam adicionar o
perfil do MySpace Tour (myspace.com/musictourbr) como amigo e seguir as instruções.
Assim como nos secret shows, os primeiros que chegaram com os perfis impressos entraram.
O primeiro Show secreto aconteceu dia 27 de agosto de 2008 no StudioSP em São Paulo. O
segundo endereço foi Cédula em Florianópolis, no dia 11 de outubro de 2008. A adolescente
Mallu Magalhães é o principal exemplo de artista que teve seu reconhecimento através da
rede. A cantora gravava músicas em casa e devido ao seu sucesso no MySpace lançou seu
primeiro álbum em 15 de outubro de 2008 com Mário Caldato Jr, o mesmo produtor de
bandas internacionalmente conhecidas como Beastie Boys. A cantora acredita que a internet é
o meio mais livre para divulgar arte e acaba afetando em sua produção; “é um lugar onde
consigo mostrar as músicas novas e receber uma resposta rápida do público, funciona como
um teste mesmo. As pessoas comentam, dão toques que às vezes eu não teria percebido”,
afirmou Mallu Magalhães. Essa é uma característica importante da internet, visto que também
é reconhecida como fundamental para a propaganda pela sócia-diretora da agência de
publicidade Imageneer, de São Paulo, Paula Limena, que justifica dizendo que “a grande
vantagem da rede social é que o tempo de resposta do usuário é menor, o que nos dá um
tempo maior para correções” e que “por meio das redes sociais, é possível chegar a um
público segmentado, agrupado de maneira que jamais conseguisse chegar até pouco tempo
atrás”.
Alguns artistas nacionais também aproveitam as ferramentas do MySpace para lançar
seus discos de forma gratuita na internet. Luiz Pimentel, Diretor de Conteúdo e um dos
elaboradores do MySpace Brasil, destacou a importância do portal para a cena independente
nacional em entrevista para a revista O Grito! ao informar que até abril de 2008, o site
promoveu 20 lançamentos de discos brasileiros, inclusive Jota Quest, banda que reúne fãs em
todo o país.
4. O MySpace na rede
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Mesmo com os investimentos em eventos produzidos e divulgados pelo portal, sua
principal ferramenta continua sendo a possibilidade de exposição das músicas dos artistas.
Pode-se observar que o portal também não é utilizado apenas por músicos de pouco
reconhecimento e que busca seu espaço na web para divulgar seu trabalho. Após a
consolidação das parcerias com as grandes gravadoras, artistas famosos ao redor do mundo
como Madonna já disponibilizaram seus trabalhos no MySpace; a cantora incluiu seu álbum,
na integra em seu perfil na rede (myspace. com/Madonna). Oasis é outra banda de grande
fama que lançou seu álbum através do portal. Um problema que vale ser ressaltado é que,
mesmo com toda a sua força, a internet ainda não conseguiu garantir uma confiança geral
devido a seus grandes riscos de informações inconfiáveis e arquivos contaminados. E no
MySpace também podem existir perfis falsos que se passam por personagens reais feitos por
impostores.
Respeitar os direitos autorais dos artistas é uma tarefa difícil na era atual da
informática. Existem programas que foram desenvolvidos exclusivamente para potencializar o
compartilhamento de arquivos, como eMule e KaZaA, possuindo a tecnologia P2P54 que
procura estabelecer uma espécie de rede virtual de computadores, tornando muito mais prático
o acesso ilegal aos materiais produzidos pela indústria cultural. Os Blogs55 também
disponibilizam muitas cópias piratas de arquivos, onde são postados endereços de sites
gratuitos para armazenagem de arquivo como o MegaUpload ou o RapidShare. Isso se
explica, segundo o diretor do portal Luiz Pimentel porque “a sede do público por coisas
novas, essa urgência, gerou esses blogs”, e que “por um lado, acabam com o “lançamento”,
pois todos os discos vazam. Por outro, servem também como divulgação. Aí vai de caso a
caso, de banda a banda, como usam isso a favor ou contra”38.
O MySpace busca respeitar esse direito do artista através do Contrato de Termos e
Condições de Uso de MySpace.com, considerado como atividade proibida e sujeita a
investigação e execução da medida legal apropriada contra alguém que viole os termos, a
promoção de uma cópia ilegal ou não autorizada da obra com direitos autorais de outra
pessoa. Na música, o termo trata do fornecimento de música pirata ou divulgação de
endereços da web onde se encontrem as músicas piratas. O respeito à propriedade intelectual
de terceiros é primordial para a empresa e é exigido que dentro dela os usuários façam o
mesmo. Não é permitido transferir, incorporar, divulgar, enviar por e-mail, trainsmitir ou
38
O Grito!, online, 10.04.2008.
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disponibilizar algum material que seja propriedade de qualquer pessoa ou entidade. Rheingold
(1996, p. 206) acredita que “a presença de impostores convincentes em cada comunidade é
uma informação que tem que ser disseminada por vias formais e informais enquanto a
população” já que ainda não desenvolveu um sistema imunitário que proteja a identidade. O
MySpace aconselha que quem tenha sido vítima de copia ou divulgação ilegal de seu trabalho,
envie uma notificação ao Agente de Direitos Autorais de MySpace com as informações
necessárias para que seja tomada uma decisão.
Um fato interessante é que se tornou comum encontrar músicos em mais de um perfil
do MySpace. Não seria o caso de um perfil falso, mas uma divulgação de projetos paralelos,
de trabalhos solo ou com outros artistas. Como exemplo, podemos citar os músicos da banda
nacional Nação Zumbi, que tem sido referência no cenário musical de São Paulo, o mais
expressivo do país. A banda possui o seu perfil39, porém alguns de seus músicos participam
de projetos paralelos. Como seus amigos do MySpace, encontramos o vocalista da banda,
Jorge Du Peixe, em seu projeto chamado Autonomo40. Já o guitarrista do conjunto, Lúcio
Maia, expõe seu trabalho através do perfil do Maquinado41. Dengue, baixista, e Pupillo,
baterista, ambos músicos da banda pernambucana, também estão juntos em projetos com Rica
Amabis, produtor do núcleo Instituto42, de São Paulo, além de diversas cantoras como Pitty43,
Céu44 e Thalma de Freitas45, formando o 3 na Massa46. Os músicos reunidos no 3 na Massa se
juntam à Gui Amabis e à cantora Céu em Sonantes47, contando também com participações de
Siba48 e BNegão49. Todos esses são exemplos de artistas interligados na rede e separados por
poucos clicks do usuário que visita essas páginas. Todos eles estão em contato também com
milhares de outros artistas, nacionais e internacionais, que aproveitam o site de
relacionamentos para se comunicar com outros profissionais da área e também como forma de
divulgar seus trabalhos através dessa rede de amizades.
5. O Futuro da Música
39
myspace.com/nacaozumbi
myspace.com/supafaine
41
myspace.com/maquinado
42
myspace.com/instituto
43
myspace.com/bandapitty
44
myspace.com/ceuambulante
45
myspace.com/thalmadefreitas
46
myspace.com/3namassa
47
myspace.com/sonantes
48
myspace.com/sibaeafuloresta
40
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A música sempre existiu, porém suas formas de reprodução foram sendo modificadas
como discos de vinil, fitas cassete, CDs, MP3, entre outros. É possível encontrar vantagens e
desvantagens na compra dos diversos formatos de música. O disco de vinil exige o uso de um
toca-discos, equipamento que não é comum hoje em dia na maioria das residências, porém
seria um produto pelo qual o artista receberia os direitos autorais; já o CD, outra forma legal
de se obter as músicas, é a opção mais cara por causa do custo de sua produção e, muitas
vezes, de sua importação. Também é possível escolher comprar um CD pirata nas ruas,
através do mercado negro, forma mais rápida e barata, porém que leva o consumidor a ser
conivente com uma atividade ilegal e a praticar um crime: recepção de pirataria. O
consumidor ainda pode optar por copiar o CD de um amigo, gastando apenas o preço de um
disco virgem, embora exista uma grande polêmica quanto à legalidade disto, pelo fato de ser
ouvido apenas em sua casa. Existe também a opção do download, que pode ser gratuito em
sites ilegais, mas com o risco de prejudicar o artista e a gravadora ao utilizar as músicas em
ambientes públicos, ou a si mesmo ao baixar um arquivo infectado por um vírus na internet. A
mais recente opção seria a de pagar a um site e ter o direito de baixar a música, idéia que
parece ser bastante interessante, uma vez que o consumidor paga um valor que não é muito
caro (cerca de 1 dólar por música) e tem qualidade original na gravação; porém, não tem os
produtos originais tais como encarte e caixa, existentes apenas nas duas primeiras opções50.
O formato MPEG Layer 3, popularmente conhecido como MP3, é arquivo reduzido de
áudio que pode ser facilmente transferido, sem perda notável de qualidade, pois elimina
apenas as ondas sonoras que não sensibilizam o ouvido humano (VALLE, VALLE,
CHALUB, 1999, p. 2). Esse formato de música se popularizou bastante no fim do século XX
como reflexo do enorme crescimento da internet e com isso se tornou fácil encontrar,
“disponível para download, no formato de compressão, músicas gratuitas, gravações raras e –
para o desespero da indústria musical – até versões originais de músicas dos mais diversos
artistas” (VALLE, VALLE, CHALUB, 1999, p. 9) e com as novas descobertas da Internet
surgiram ainda outros formatos de música como MP451, MP752, entre outros.
49
myspace.com/seletores
Super Interessante, online, março/2004
51
MP4 consiste em um formato que conta com níveis envolvendo a transmissão de sons e imagens, visando a
unificar de uma vez por todas os vários padrões hoje existentes (VALLE, VALLE, CHALUB, 1999, p. 140).
50
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Segundo Valle, Valle e Chalub (1999, p. 144) “a indústria fonográfica afirma que o
MP3 encoraja a violação dos direitos autorais dos artistas, por ser extremamente fácil produzir
arquivos MP3 a partir de CDs comerciais e torná-los disponíveis na Internet”, assim
impedindo os artistas de receber qualquer pagamento pelo seu trabalho. Os autores alertam
para a existência de uma controvérsia a respeito dos aspectos legais do formato MP3, fazendo
uma comparação entre os arquivos MP3 e as fitas cassete, pois ambos seriam cópias feitas
com a finalidade de uso pessoal, não constituindo a violação de direitos autorais. Porém, a
publicação não autorizada de músicas, em qualquer formato, pode ser sim considerada uma
forma de pirataria e os servidores da Web que disponibilizam arquivos MP3 seriam fontes de
pirataria, assim como os dispositivos portáteis, que facilitam ainda mais o tráfico de música
na rede (VALLE, VALLE, CHALUB, 1999, p. 144).
O que acontece no MySpace é a divulgação do trabalho dos artistas na rede, através de
perfis criados pelos próprios músicos, além da possibilidade de compra online, pois a empresa
viu na música uma oportunidade para se desenvolver. É uma forma legal e não tão cara
quanto parece, pois o usuário só baixa as músicas que acredita valer à pena. O que ainda falta
é uma reeducação das pessoas, pois elas se afastaram do procedimento de compra legal de
música a partir do desenvolvimento da internet e das facilidades que ela promoveu. Faz-se
necessária uma maior divulgação das vantagens desse mercado, que valoriza os direitos
autorais dos artistas e o trabalho realizado pela gravadora na realização dos discos.
Seria praticamente impossível determinar um rumo que a música irá tomar no futuro.
O que se sabe é que “o futuro das comunicações está na fusão das diferentes formas de
distribuição (modems, telefones fixos, telefones móveis, TVs a cabo e satélite) de forma a
unificar ou pelo menos uniformizar a transmissão de dados (interativos ou não) para o
consumidor” (VALLE, VALLE, CHALUB, 1999, p. 138).
O desenvolvimento de novas tecnologias fez com que surgissem rumores sobre a
extinção de meios considerados ultrapassados. Foi anunciado o fim do rádio com o
surgimento
da
televisão;
esse
nunca
aconteceu.
Assim
como
especulações
do
desaparecimento dos jornais impressos com o crescimento do jornalismo online, que
possibilitou mais rapidez e interatividade nas notícias. Ambos os veículos ameaçados
continuam existindo e com grande público. O que nos faz voltar ao conceito determinado por
52
O desenvolvimento do formato MP7 possibilita ao usuário da Internet encontrar qualquer informação
existente em arquivos de sons, vídeos, animações. Um sistema semelhante ao que se usa com textos nos mais
diversos sites de busca da rede (VALLE, VALLE, CHALUB, 1999, p. 141).
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Downing (2002, p. 271) de que as novas tecnologias “vieram incrementar, não substituir,
outras formas de organização”.
Pode-se, então, considerar que temos uma situação não previsível. Encontramos no
cenário uma série de valores, como os direitos autorais, a valorização de produtos originais,
preços, custos e um assunto que causa grande polêmica: acesso livre à cultura para toda a
população. É importante que esses assuntos sejam discutidos para que se possa chegar à
melhor solução possível, sem prejudicar autores, músicos e gravadoras, assim como o
público, que é peça essencial para a existência dos primeiros.
7. Considerações finais
Durante esse projeto foram desenvolvidos conceitos ao redor da rede virtual MySpace.
Para entender o significado e o contexto dessa comunidade online foi necessário, a princípio,
descobrir o que se entende por comunidade. As relações sociais entre os seres humanos
esboçam claramente o que acontece nessas redes virtuais. Não são iguais, pois cada um tem
suas particularidades, porém ambas demonstram interesses da sociedade, pois o convívio e o
compartilhamento de informações sempre existiram e foram importantes para que o
desenvolvimento humano acontecesse.
O crescimento da internet proporcionou uma estrutura para que essas comunidades
virtuais se desenvolvessem na web e essas novas tecnologias fizeram com que a comunicação
online se tornasse cada vez mais pessoal, permitindo que os interesses de cada um fossem
expostos, ou seja, uma rede internacional interligando idéias praticamente ao mesmo tempo. É
um meio de possibilidades técnicas praticamente ilimitadas. A idéia de criar uma comunidade
não foi de Chris DeWolfe, Josh Berman, nem de Tom Anderson. Muito menos da News Corp.
O que aconteceu é que alguém comum viu o potencial da rede e utilizou a seu favor. Foi isso
que fez com que o MySpace saísse de dentro da eUniverse para o mundo.
O projeto foi crescendo e a música passou a ser sua principal ferramenta. Músicas
disponíveis na rede para visualização, por que não? Mas não pararam por aí. Promoveram
lançamentos, eventos, shows, turnês. Idéias provenientes do marketing, arma fundamental de
qualquer empresa da atualidade, fazendo com que o MySpace se tornasse uma das maiores
redes virtuais do mundo, fechando contratos com as maiores gravadoras do globo e contando
com perfis dos principais artistas da cena musical internacional, além de artistas
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independentes buscando seu espaço na mídia e utilizando o MySpace para promover seus
trabalhos.
Não é a toa que mais de cinco milhões de artistas renomados ao redor do mundo
possuem seu perfil no MySpace. É uma mídia alternativa que as gravadoras e os músicos
utilizam para divulgar os trabalhos realizados, recebendo o retorno através dos seus direitos
autorais por meio de uma empresa que utiliza das formas legais de compartilhamento de
arquivos na internet em meio a uma realidade talvez desesperadora para a indústria
fonográfica.
A partir dessas observações, conclui-se que é de suma importância que a tecnologia
continue incrementando todas as formas de comunicações já existentes, tornando possível
sempre o maior intercâmbio de informações e interesses. Porém, é preciso tomar cuidado para
não deixar que a liberdade que se garante com o desenvolvimento de tais estruturas faça com
que se perca o valor das idéias, inclusive as que são divulgadas na forma de expressão
artística. Quem cria, tem o direito de divulgar seu trabalho em qualquer meio, respeitando sua
autoria e o retorno financeiro proveniente de seu trabalho criativo.
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