Aula 02 Dissipação de Potência Os sistemas digitais são implementados um número elevado de portas lógicas. Em virtude do espaço ocupado na placa de circuito impresso (PCB) e de considerações econômicas, é desejável implementar o sistema com o menor número de CI (Circuito integrado) ou modernamente, utilizando-se de CPLD (dispositivos de lógicas programável). Portanto, deve-se agregar um maior número de portas lógicas em uma única pastilha de silício. Atualmente, podem-se fabricar mais de 100.000 portas (também chamados gate) o que é considerado uma integração em larga escala (VLSI, do inglês, very large scale integration). A figura A.2.1 mostra uma foto de chip para termos uma idéia da alta capacidade de integração dos sistemas VLSI. Figura A2.1 Chip VLSI Para manter a dissipação de potência na pastilha dentro de limites aceitáveis (impostos por questões térmica), a dissipação de potência por porta deve ser mantida no mínimo. Por essa razão, uma medida de desempenho muito importante para um inversor lógico é a quantidade de potência que ele dissipa. O inversor da figura A.2.2 a) obviamente não dissipa potência quando vI é baixo e a chave esta aberta. No outro estado, porém, a potência dissipada é aproximadamente V2DD/R e pode ser significativa. Esta dissipação de potência ocorre mesmo que o inversor não esteja chaveando (mudando de estado) e, portanto, é conhecida como dissipação de potência estática. Figura A.2.2 a) Um inversor utilizando uma chave. b) circuito equivalente quando vI é baixo. c) circuito equivalente quando vI é alto. O inversor da figura A.2.3 não apresenta dissipação de potência estática e, assim, possui uma vantagem significativa. Infelizmente outro componente de dissipação de potência aparece com uma capacitância existe entre o nó de saída do inversor e o terra. Este é sempre o caso real, três motivos: • Os dispositivos que implementam as chaves possuem capacitâncias internas; • Os fios que interconectam a saída do circuito inversor a outros circuitos possuem capacitâncias associadas e; • As próprias entradas dos outros circuitos possuem capacitâncias internas. • Figura A.2.3a) Um inversor mais elaborado com duas chaves. b) circuito equivalente quando vI é baixo. c) circuito equivalente quando vI é alto. Assim, quando o inversor chaveia de um estado para outro, correntes precisam fluir através das chaves para carregar e descarregar as capacitâncias de carga. Essas correntes dão origem à dissipação de potências nas chaves, chamada dissipação de potência dinâmica. Mas adiante quando estudarmos o inversor CMOS mostraremos que um inversor chaveado a uma freqüência de f Hz gera uma dissipação de potência dinâmica dada por Pdinâmica = f C V2DD (A.2.1) Onde C é a capacitância entre o nó de saída e o terra e VDD é a tensão de alimentação. Essa expressão aplica-se aproximadamente a todos os circuitos inversores. Produto atraso-potência Uma figura de mérito ou uma medida da qualidade da tecnologia de fabricação do circuito corresponde ao produto atraso-potência (DP – delay-power product), que é dado por DP = PDTP (A.2.2) O produto atraso-potência tende a ser constante para uma particular tecnologia de fabricação de circuitos digitais e pode ser utilizado para comparar diferentes tecnologias. Obviamente, quanto menor o valor de DP, melhor a tecnologia do ponto de vista de maior velocidade e menor consumo de potência. A figura A.2.4 mostra um gráfico de PD em função de TP para a maioria das tecnologias. PD Hipérbole TP Figura A.2.4 Gráfico da dissipação de potência dinâmica versus tempo de propagação para a maioria das tecnologias. O produto atraso-potência tem a unidade de joules e é efetivamente uma medida da energia dissipada por ciclo de operação. Portanto, para uma do tipo CMOS, por exemplo, em que a maior parte da dissipação é dinâmica, podemos tomar DP como simplesmente CV2. Exercício: Considere que um inversor da figura A.2.3 é alimentado por uma tensão de 10 V e tenha uma capacitância de carga de 15 pF. Obtenha a dissipação de potência dinâmica que resulta quando o inversor é chaveado em uma freqüência de 2 MHz. Fan-in Fan-out O Fan-in de uma porta é o número de entrada que ela possui. Logo, uma porta OR de quarto entrada tem um fan-in igual 4. O Fan-out é o número máximo de porta similares que uma porta pode acionar ou alimentar enquanto permanece dentro de suas especificações. Família CMOS, NMOS e BiCMOS Antes de apresentarmos esta família vamos fazer uma breva revisão do transistor de efeito de campo MOS. • Revisão do transistor MOSFET Estrutura do dispositivo. O transistor MOSFET tipo enriquecimento é o tipo de transistor de efeito de campo mais utilizado A figura A.2.5 mostra a estrutura física do MOSFET tipo enriquecimento canal N. O transistor é fabricado sobre um substrato do tipo P. Duas regiões fortemente dopadas do tipo N, indicadas na figura como fonte e dreno n+, são difundida no substrato. Uma camada fina de dióxido de silício(SiO2) de espesssura tOX (da ordem de 2-50 nm) é crescido sobre a superfície do substrato, cobrindo a área entre as regiões da fonte e do dreno. Um metal é depositado por cima da camada de óxido para formar o eletrodo de porta do transistor. São feitos contatos de metal para as regiões da fonte, do dreno e do substrato, esse último também conhecido como corpo. Agora fica claro que o nome do dispositivo(MOSFET: transistor de efeito de campo metal-óxido-semicondutor) origina-se da sua estrutura física. Observe que o substrato forma uma junção pn com as regiões de fonte e de dreno. Na operação normal, essas junções são mantidas reversamente polarizada o tempo todo. Como o dreno terá uma tensão positiva em relação a fonte, as duas junções podem estar efetivamente em corte simplesmente conectando-se o terminal o substrato ao terminal da fonte. Portanto, aqui, o substrato será considerado como não tendo efeito sob a operação do transistor e o MOSFET será tratado como um dispositivo de três terminais. a) b) Figura A.2.5 a) A estrutura física do NMOS tipo enriquecimento a) vista em perspectiva b) secção transversa Finalmente, observe que o MOSFET é um dispositivo simétrico; portanto, sua fonte e seu dreno podem ser trocados sem alterações não características do dispositivo. Operação física do dispositivo. Considere a situação representada na figura A.2.6. sem nenhuma tensão aplicada, a dois diodos face a face em série entre a fonte e dreno. Um diodo é formado pela junção pn entre a região n+ do dreno e o substrato p e o outro é constituído pela junção pn entre o substrato p e a região n+ da fonte. Esses diodos impedem a passagem de corrente entre a fonte e o dreno quando for aplicada uma tensão vDS. Quando uma tensão positiva de porta vGS for aplicada ao dispositivo as lacunas livres em um primeiro instante serão repelidas da região do substrato sob a porta. Alem disso a tensão positiva de porta atrairá elétrons para esta mesma região. Quando for acumulado um número suficiente de elétrons próximo à superfície do substrato sob a porta, uma região n é criada, conectando as regiões de fonte e dreno. Agora se uma tensão for aplicada entre o dreno e a fonte, uma corrente circulará por essa região n induzida chamada de canal. Correspondentemente, o MOSFET é chamado de MOSFET canal n ou, de forma alternativa, um transistor NMOS. O valor vGS para qual há formação do canal é chamda de tensão de limiar (threshold voltage) e é representado por VT. O transistor NMOS com tensão aplicada positiva à porta O transistor NMOS com vGS > VT e com um pequeno vDS Característica iD - vDS do MOSFET quando vDS é pequeno. 1 W iDS = k n' (vGS − VTn )vDS − vDS2 2 L n para vDS ≅ 0 W iDS ≅ k n' (vGS − VTn )vDS L n Operação para maiores vDS 1 W 2 iDS = k n' (vGS − VTn ) 2 L n A corrente de dreno iD quando vGS > VT Aumentar vDS após vGS - VT tem pequeno efeito no sobre a forma do canal A corrente para região triodo. iD = kn' W 1 2 ( ) v V v vDS − − GS T DS L 2 A corrente para região de saturação iD = kn' [ W (vGS − VT )2 L ] Símbolos para MOSFET Um MOSFET tipo enriquecimento canal n Característica iD – vGS do MOSFET vDS ≥ vGS − VT → vGS =v DS +VT 1 W 1 W 2 2 iDS = k n' (vGS − VTn ) = k n' (vDS ) 2 L n 2 L n então