Pesquisa de ácido fólico em amostras de farinha de trigo e de milho fortificadas Survey of folic acid in samples of wheat flour and maize fortified Christina Maria Queiroz de Jesus Morais1 , Robson Alves Luiz2, Silvana do Couto Jacob3 1, 3 Tecnologista em Saúde Pública- Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde- INCQS- Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ 2 Técnico em Saúde Pública- Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde- INCQS- Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ Palavras-chave: ácido fólico, fortificação de farinhas, método imunoenzimático Introdução O ácido fólico, também conhecido por vitamina B9, tem papel relevante na gravidez, além de ser eficiente no combate à anemia megaloblástica e às doenças cardiovasculares. Sua carência causa a má formação do tubo neural na fase do crescimento intra-uterino quando os bebês são gerados por mulheres com deficiência desse nutriente. O ácido fólico previne esses efeitos em crianças recém-nascidas. A fortificação das farinhas, que são alimentos de grande consumo, é uma importante estratégia dentro das políticas de saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A ANVISA publicou a resolução RDC nº 344, de 13 de dezembro de 2002, tornando obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico atendendo a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) do Ministério da Saúde (MS), que utiliza o alimento como um veículo carreador de agentes de proteção. No INCQS está sendo avaliado o uso do kit imunoenzimático RIDASCREEN® para análise quantitativa do ácido fólico em alimentos fortificados com vistas à verificação do cumprimento da legislação por parte dos fabricantes desses produtos. Material e Métodos Em dezembro de 2009, foram analisadas quinze amostras de farinhas de trigo e milho comercializadas na cidade do Rio de Janeiro sendo oito amostras de farinha de trigo e sete de farinha de milho. Todas com declaração nos rótulos “enriquecida com ácido fólico e Ferro” conforme exigência da ANVISA. Foi utilizado o kit imunoenzimático RIDASCREEN® Fast Folsäure (ácido fólico) que são ensaios enzima-receptor formato Enzyme Linked ImmunoSorbent Assay (ELISA) em presença de reagente de cor. Todos os reagentes requeridos para o ensaio, incluindo os padrões, estavam presentes no kit. Resultados e Discussão Os resultados utilizando o kit imunoenzimático RIDASCREEN® demonstraram que doze amostras tinham teores de ácido fólico abaixo da quantidade mínima exigida (150 mcg/100 g de farinha) e uma amostra de farinha de trigo e duas de farinha de milho teores abaixo do limite de detecção do método utilizado (10mcg/100g) (Tabela1). Deve-se ressaltar que esse estudo é preliminar quanto à eficiência do kit, porém os primeiros resultados obtidos indicam uma falha na fortificação desses alimentos ou a não adequação dos fabricantes à nova determinação da ANVISA. Corroborando estudos feitos por Santos e Pereira (2007) que acompanharam o pré-natal de 424 gestantes quanto à sua alimentação (consumindo farinhas enriquecidas com ácido fólico) e a ocorrência de defeitos de tubo neural. Esse estudo verificou que a quantidade de ácido fólico acrescentada pela fortificação parece ser baixa para que através do consumo alimentar as gestantes alcancem a Recommended dietary allowances (RDA), necessitando de suplementação. Tabela 1: Teores de ácido fólico encontrados nas farinhas de trigo e milho através do kit imunoenzimático Conclusões À Agência Nacional de Vigilância Sanitária caberá fiscalizar o cumprimento das suas ações de prevenção dos agravos à saúde decorrentes do consumo de alimentos para que não acarrete o aumento da demanda dos serviços de saúde, mortes, baixa produtividade e prejuízos econômicos. Para isso, deverão ser realizadas ações conjuntas que incluem a educação alimentar e nutricional, a difusão da informação sobre os alimentos disponíveis e o controle de qualidade dos mesmos, para que o consumidor tenha consciência na hora de escolher o que levar à mesa diversificando seu consumo alimentar através do uso de alimentos realmente saudáveis. Referências Bibliográficas ALABURDA, J. et al. Determination of folic acid in fortified wheat flours. J Food Composition and Analysis, n. 21, p.336-342, 2008. BRASIL-. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº344, de 13 de dezembro de 2002. Aprova o regulamento técnico para a fortificação das farinhas de trigo e das farinhas de milho com Ferro e Ácido fólico. CATHARINO, R. R. et al. Metodologia analítica para determinação de folatos e ácido fólico em alimentos. Química Nova, nº 5, v. 29, p. 972-976, 2006. MANUAL do kit RIDASCREEN® Fast Folsäure 06-04-04 da R-Biopharm. NASSER, C. et al. Semana de Conscientização sobre a Importância do Ácido Fólico. J Epilepsy and Clinical Neurophysiology, nº 11, v. 4, p. 199-203, 2005. SANTOS, L. A. S. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Revista de Nutrição, nº 18, v. 5, p. 681-692, 2005. SANTOS, L. M. P. & PEREIRA, M. Z. Efeito da fortificação com ácido fólico na redução dos defeitos do tubo neural. Caderno de Saúde Pública, nº 23, v. 1, p. 17-24, 2007.