AVALIAÇÃO DE FONTES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO

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AVALIAÇÃO DE FONTES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO
SAFRINHA EM SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA APÓS A SOJA
Claudinei Kappes(1), Leandro Zancanaro(2), Alessandro Aparecido Lopes(3),
Cleverson Volnei Koch(3), Gilmar da Rocha Fujimoto(3), Vinicius Eduardo
Nunes Ferreira(4)
Introdução
O suprimento inadequado de nitrogênio (N) é considerado um dos principais fatores
limitantes a produtividade de milho. O N possui papel fundamental no metabolismo vegetal por participar na biossíntese de proteínas e clorofilas, sendo importante no estádio inicial de desenvolvimento da planta (BASSO; CERETTA, 2000). Devido suas transformações
no solo, o N é um elemento dinâmico, o que tem gerado controvérsias e discussões com relação à sua fonte, modo e dose de aplicação no milho.
A dinâmica do N no sistema solo-planta é influenciada principalmente pelo sistema
de cultivo (convencional ou direto), pelas formas de manejo, pelas condições edafoclimáticas (SANTOS et al., 2010) e pelo tipo de fertilizante. As fontes nitrogenadas mais utilizadas são a ureia e o sulfato de amônio. Ambas estão sujeitas às perdas de N no solo por lixiviação, escoamento superficial, volatilização da amônia e pela imobilização na biomassa
microbiana (ALVA et al., 2006). Para minimizar as perdas com a utilização de fertilizantes
mais solúveis, como a ureia e o sulfato de amônio, algumas estratégias estão surgindo no
mercado, que é a utilização de fertilizantes nitrogenados com liberação controlada. Segundo Cantarella (2007), com a utilização desses fertilizantes, a disponibilidade de N para as
plantas é gradativa, pois esses apresentam uma camada de proteção que diminui as perdas
por volatilização e lixiviação.
Embora existam relatos de resposta do milho safrinha à adubação nitrogenada de
cobertura (CRUZ et al., 2008; KAPPES et al., 2009), perdas que ocorrem, principalmente
1
Engenheiro-Agrônomo, Dr., Pesquisador da Fundação MT, Av. Antônio Teixeira dos Santos, 1559, Parque
Universitário, 78750-000 Rondonópolis, MT. [email protected]
2
Engenheiro-Agrônomo, M.Sc., Pesquisador e Gestor Técnico do PMA da Fundação MT.
[email protected]
3
Técnicos
Agrícolas,
Assistentes
de
Pesquisa
da
Fundação
MT.
[email protected];
[email protected];
[email protected]
4
Graduando em Agronomia pela faculdade Anhanguera e estagiário do Programa de Novos Talentos
da Fundação MT. [email protected]
[1]
por volatilização, podem reduzir a eficiência da adubação, especialmente quando a fonte
utilizada é a ureia e a aplicação é realizada em época em que a ocorrência de chuvas é irregular. Além disso, a aplicação sobre a palhada ou a superfície do solo pode reduzir a eficiência da adubação. Nesse aspecto, é necessário buscar técnicas que possibilitem a redução das perdas, aumentando a eficiência da fertilização com N e, consequentemente, a produtividade da cultura (KAPPES et al., 2009). O conhecimento da fonte nitrogenada constitui fator de extrema importância para o manejo do N na cultura do milho.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de fontes de N, aplicadas em cobertura no milho safrinha em sistema de semeadura direta após a soja, sobre o desempenho
produtivo da cultura.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Estação Experimental Cachoeira da Fundação
MT/PMA (17° 09' S, 54° 45' W e 490 m de altitude), localizada no município de Itiquira,
MT, na “safrinha” de 2013. A região está sob bioma de Cerrado, cujo clima predominante,
segundo classificação de Köppen, é o do tipo Aw. Os valores diários de precipitação
pluvial e de temperatura mínima e máxima do ar, durante o período experimental, podem
ser observados na Figura 1.
Figura 1. Valores diários de precipitação pluvial e de temperatura mínima e máxima do ar,
registrados durante a condução do experimento. Itiquira, MT (2013).
[2]
O solo da Estação Experimental é classificado como Latossolo Vermelho distrófico
e de textura muito argilosa (EMBRAPA, 2006), cujos atributos químico-físicos na camada
de 0,0 a 0,2 m, apresentaram os seguintes valores: pH (CaCl 2) = 4,8; P, K, S, Zn, Cu, Fe,
Mn e B = 15, 82, 14, 9,5, 2,2, 80, 25 e 0,5 mg dm -3, respectivamente; Ca, Mg, H+Al e CTC
= 2,5, 0,9, 5,6 e 9,2 cmol c dm-3, respectivamente; V = 39%; MO = 40 g dm -3; argila, areia e
silte = 658, 192 e 150 g kg-1, respectivamente.
Foram avaliados 10 tratamentos dispostos em delineamento experimental de blocos
ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos pela comparação de
fontes de N: ureia tradicional (45% de N), nitrato de amônio (32% de N), KimCoat N (43%
de N), Polyblen N (39% de N), Potenza N (41% de N), Super N (45% de N), Nitro Mais
(44% de N), Nitro Gold (37% de N e 16% de S), sulfato de amônio (20% de N e 16% de S)
e um tratamento controle (sem aplicação de N). A dose, em todas as fontes, foi de 60 kg ha1
de N e a aplicação realizada quando 50% das plantas apresentavam-se em V5 (RITCHIE
et al., 2003). No dia seguinte à aplicação, constatou-se precipitação pluvial de 6,4 mm,
condição que pode ter contribuído para a incorporação do fertilizante no solo.
O experimento foi instalado em área cultivada em sistema de semeadura direta,
após o cultivo da soja. O híbrido de milho utilizado foi o DOW 2B587 Hx (tipo simples,
815 graus dias) e a semeadura realizada no dia 22/02/2013. Em pré-semeadura da soja
(cultura antecessora do milho), foram aplicados 120 kg ha-1 de K2O, via cloreto de potássio
(a lanço). No sulco de semeadura do milho foram aplicados 52 kg ha -1 de P2O5 e 10 kg ha-1
de N via fosfato monoamônico (MAP) e 1,0 kg ha -1 de Zn via Zincodur. Utilizou-se
semeadora equipada com mecanismo de distribuição de sementes pneumático. As parcelas
foram constituídas por 14 linhas de 10 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m.
Na colheita, realizada no dia 23/07/2013, mensuraram-se os seguintes parâmetros:
população final de plantas; diâmetro de colmo (2º internódio a partir da base da planta);
altura de planta; prolificidade (relação entre o número de espigas colhidas e o número de
plantas na área da parcela); massa de mil grãos (pesagem de uma subamostra de 500 grãos
por parcela, extrapolando-se para mil grãos) e; produtividade. A massa de grãos foi
corrigida para 13% de umidade (base úmida). Os resultados foram submetidos ao teste F,
comparando-se as médias de fontes de N pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
[3]
Resultados e Discussão
Nenhum dos parâmetros agronômicos mensurados foi influenciado pelas fontes
nitrogenadas testadas no presente trabalho (Tabela 1). Kappes et al. (2009) avaliando a
influência do N no desempenho produtivo do milho safrinha cultivado em sucessão à soja,
também não constataram diferença entre as aplicações de ureia, de sulfato de amônio e de
sulfonitrato de amônio com inibidor de nitrificação DMPP (Entec) sobre a prolificidade,
massa de grãos e produtividade da cultura. Com certa similaridade, Cardoso et al. (2011)
não verificaram alterações na população final de plantas, na massa de mil grãos e na
produtividade de milho em função da aplicação de fontes (ureia, ureia extrusada com
produtos amiláceos e sulfonitrato de amônio com inibidor de nitrificação DMPP) e
parcelamento do N em cobertura no milho, sob semeadura direta em solo arenoso. Para
Borrás & Otegui (2001), a massa de mil grãos é o componente da produção menos afetado
por variações nas práticas de manejo e adubação.
Tabela 1. Valores médios e resumo da análise de variância para população final de plantas
(PFP), diâmetro de colmo (DC), altura de planta (AP), prolificidade (PROL), massa de mil
grãos (MMG) e produtividade (PROD) de milho safrinha em função de fontes de N em
cobertura. Itiquira, MT (2013).
Tratamentos
Fontes de N (F)
Controle
Ureia tradicional
Nitrato de amônio
KimCoat N
Polyblen N
Potenza N
Super N
Nitro Mais
Nitro Gold
Sulfato de amônio
Média geral
Teste F para fonte
CV (%)
PFP
plantas ha-1
DC
mm
AP
cm
PROL
espiga planta-1
MMG
g
PROD
kg ha-1
63.542
63.194
60.648
61.805
62.153
61.805
63.194
61.805
60.069
61.458
61.967
1,41 ns
3,03
18,0
19,3
19,0
19,2
18,4
19,0
19,4
19,9
19,3
20,2
19,2
1,06 ns
6,54
218,5
222,7
225,5
223,4
223,9
223,0
223,5
221,9
222,0
229,4
223,4
1,36 ns
2,13
1,00
1,00
0,99
1,00
1,00
1,00
0,99
0,99
0,99
1,00
1,00
1,13 ns
0,67
258,9
259,2
255,2
257,9
259,8
267,6
255,1
254,2
258,3
263,8
259,0
0,68 ns
3,86
6.294
6.791
6.535
6.746
7.043
6.945
6.757
7.258
6.579
6.925
6.787
1,49 ns
6,55
Legenda: ns – não significativo. CV – coeficiente de variação.
[4]
Nas mesmas condições edafoclimáticas desse estudo, Kappes et al. (2013),
estudando o efeito de fontes (ureia, sulfato de amônio, ureia revestida com polímero de
liberação lenta e ureia tratada com NBPT) e doses de N (0, 30, 60 e 90 kg ha -1) no milho
safrinha em sistema de semeadura direta, não constataram resposta da cultua quando à
população final de plantas, diâmetro de colmo, altura de planta, massa de mil grãos e
produtividade, tanto em Itiquira – MT quanto em Sapezal – MT.
No presente trabalho, ressalta-se que, mesmo no tratamento controle (sem aplicação
de N em cobertura), obteve-se produtividade satisfatória, a qual pode estar relacionada ao
N oriundo do fertilizante aplicado na semeadura (10 kg ha -1 de N via MAP) e à rápida
decomposição dos resíduos culturais da soja antecedente, por se tratar de uma cultura de
baixa relação C/N.
As fontes de N, geralmente, sofrem interferências durante sua utilização que podem
acarretar em perdas do nutriente. A regularidade na distribuição de chuvas, geralmente,
ameniza as perdas do nutriente em questão. Contudo, momentos de instabilidade e
ausência de precipitação podem prejudicar a eficiência agronômica das fontes
nitrogenadas. Por isso, investigação de processos tecnológicos que interfiram
positivamente na eficiência agronômica dessas fontes deve ser valorizada.
Conclusões
Não houve diferença significativa entre as fontes de N para nenhum dos parâmetros
agronômicos mensurados.
Ressalta-se que os resultados aqui apresentados são restritos à uma única
“safrinha”, à um híbrido e à uma condição de solo, havendo, portanto, a necessidade da
continuação desses estudos para se obter resultados mais consistentes ao longo do tempo.
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[6]
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