Descoberta da zika no Brasil provocou mágoa entre pesquisadores

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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS
Clipping
VEÍCULO: FOLHA.COM
DATA: 29/08/2016
ASSUNTO: ZIKA VÍRUS E MICROCEFALIA
PÁG. A14
TIPO: NOTÍCIA
ENDEREÇO WEB:
http://saude.empauta.com/e2/standard/noticia/mostra_noticia_e2.php?&cod_noticia=1608291472448970003
ACESSADO EM: 29/08/2016
Descoberta da zika no Brasil provocou mágoa entre pesquisadores
As descobertas científicas nunca são solitárias. Fazem parte de um amplo jogo de quebra-cabeças
em que vários pesquisadores concorrem simultaneamente.
Essa regra é recorrente na história da ciência e com a descoberta do vírus da zika no Brasil não foi
diferente. Houve muita solidariedade entre os cientistas brasileiros, mas sobraram desavenças.
É o que mostra a antropóloga Débora Diniz, professora de bioética da Universidade de Brasília, em
seu instigante livro "Zika, do sertão nordestino à ameaça global" (Editora Civilização Brasileira),
que será lançado na quarta (31), em Brasília.
A primeira "biografia" da zika no Brasil conta a saga da descoberta do vírus e a relação com a
microcefalia a partir de relatos de pessoas do front da tragédia: pesquisadores, médicos e
mulheres nordestinas infectadas pelo vírus cujos bebês tiveram danos cerebrais.
Débora também não abriu mão do método científico: fez uma revisão da literatura acadêmica, 31
entrevistas e participou de dezenas de reuniões nacionais e internacionais de saúde pública e
bioética sobre a epidemia do zika.
A autora, que foi infectada pelo vírus durante a pesquisa do seu trabalho anterior, o documentário
"Zika", transporta o leitor para dezembro de 2014, quando uma doença misteriosa começou a
circular no sertão nordestino.
Os pacientes a definiam como uma "alergia medonha". Os sintomas eram febre baixa, coceira e
vermelhidão pelo corpo, que sumiam em poucos dias.
Médicos começaram a compartilhar imagens e queixas dos pacientes. Nas fotos, manchas
vermelhas apareciam em pedaços de pernas, solas dos pés, bochechas.
Resultados de exames de sangue eram inconclusivos. Poucos acusavam dengue, mas os sintomas
não batiam.
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Em meio a bíblias da medicina tropical e da infectologia, o zika passou despercebido. Até que, em
13 de março, Kleber Luz, médico de Natal (RN) escreveu a um colega: "Veja a descrição do vírus da
zika, acho que é ele".
Enquanto o grupo esperava resultados de testes mais específicos, feitos na Fiocruz do Paraná,
outros pesquisadores, da Bahia, anunciavam a descoberta do vírus, em 29 de abril, em entrevista à
imprensa em Salvador.
Ao mesmo tempo em que houve reconhecimento na primazia da descoberta, sobrou dor de
cabeça ao grupo baiano. Foi submetido a sabatinas, as amostras de sangue foram remetidas a uma
segunda investigação, além da acusação de importação ilegal do material usado na pesquisa.
MICROCEFALIA
Houve mágoas também no capítulo seguinte da epidemia, os primeiros casos de microcefalia. Era
setembro de 2015, quando neurologistas e obstetras de Pernambuco e da Paraíba começaram a
perceber um aumento de casos de bebês com microcefalia e calcificações cerebrais.
Querendo dar uma resposta às pacientes, a médica Adriana Melo decidiu, com a autorização das
gestantes Géssica e Conceição, extrair o líquido amniótico e investigar a presença do zika.
O material foi enviado para análise na Fiocruz do Rio de Janeiro. Em 16 de novembro houve a
confirmação de que o zika havia sido identificado no líquido amniótico.
Na mesma noite, Adriana deu pistas da pesquisa a um programa de TV da Paraíba. Em 18 de
novembro, a Fiocruz se pronunciou oficialmente, porém, não fez referência alguma à médica.
O anúncio do Ministério da Saúde confirmando a relação entre o zika e os casos de microcefalia
viriam dez dias depois, com exames feitos pelo Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), a partir
de bebê nascido no Ceará e que morreu logo depois do parto.
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Para Débora, houve um jeito brasileiro de fazer ciência e anunciar descobertas. "Os resultados
foram primeiro divulgados na imprensa antes de serem publicados pela comunicação científica.
Médicos de beira de leito e cientistas nordestinos foram os que desbravaram a epidemia, tinham
urgência em falar, em serem reconhecidos, mas queriam se proteger."
A autora diz que, ao mesmo tempo em que os nordestinos protagonizaram da descoberta do zika
à hipótese da transmissão vertical, foram as autoridades tradicionais da ciência brasileira, da parte
sul do país, que assumiram os postos "de porta-vozes do conhecimento" nas publicações
internacionais.
"Essa estratificação social da ciência não teve surpresa, pois não se subvertem padrões de
distribuição desigual de recursos com um único conhecimento."
No lançamento, haverá um bate-papo com o casal Maria Carolina Flor e Joselito Alves, pais de
Maria Gabriela, cuja história aparece no livro. A família vive em Esperança (PB) e alimenta um blog
sobre o dia a dia da filha e compartilha outras notícias sobre casos de microcefalia e zika.
Zika - Do sertão nordestino à ameaça global
AUTORA Débora Diniz EDITORA Civilização Brasileira PREÇO R$ 29,90 (192 págs.) LANÇAMENTO
31/08, às 19h - Café Objeto Encontrado - CLN 102, Loja 56 - Asa Norte, Brasília.
História da zika no Brasil
Dez. 2014
Médicos do sertão nordestino desconfiam da circulação de uma nova doença, definida como
"alergia medonha".
29. Abr. 2015
Identificado o vírus da zika em Salvador (BA) a partir de amostras de sangue de pacientes de
Camaçari (BA)
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ASSUNTO: ZIKA VÍRUS E MICROCEFALIA
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14. Mai. 2015
Ministério da Saúde confirma a circulação do vírus da zika no Brasil, após 16 resultados positivos
de pacientes da Bahia e do Rio Grande do Norte.
Set.2015
Obstetras do Nordeste começam a observar em seus consultórios aumento de fetos com
microcefalia e outros danos cerebrais
Italiana Sofia Tezza, que havia contraído zika no Brasil, relata a médico de Natal (RN) que seu bebê
tem danos cerebrais associados a vírus.
11. Nov. 2015
Ministério da Saúde confirma aumento do número de casos de microcefalia de padrão clínico não
habitual. Declara emergência em saúde pública
21. Nov. 2105
Fiocruz constata presença de zika em amostras do líquido amniótico de duas gestantes na Paraíba,
cujos fetos tinham microcefalia confirmada em ultrassom.
1º. Dez. 2015
Organização Pan-americana de Saúde emite alerta epidemiológico sobre síndrome neurológica,
malformações congênitas e a infecção pelo zika.
1º. Fev. 2016
OMS declara emergência de saúde pública internacional após forte suspeita de relação causal
entre a infecção por zika e a microcefalia
11. Fev. 2016
Revista científica "New England Journal of Medicine" relata danos graves no cérebro do feto de
uma mulher europeia [Sofia Tezza]
7. Mai. 2016
OMS divulga consenso científico que concluiu que o vírus da zika é a causa da microcefalia e da
síndrome de Guillain-Barré
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