Nocardiose humana x felina: Uma zoonose reemergente?

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Nocardiose humana x felina: Uma zoonose reemergente?
Ana Carolina Lagoa, Diogo Tavares Moretti, Marcia Lembo, Thomas Marzano.
Centro de Saúde Animal Jardins - CSAJ - São Paulo (SP), Brasil.
A população felina cresce 8% ao ano e totaliza mais de 22 mil gatos domésticos no país
segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Publicações recentes
apontam um aumento na incidência de nocardiose humana no país, porém com falhas/atrasos
no diagnóstico. Relatamos um felino, macho, castrado, 5 anos de idade, admitido com
histórico de dispnéia mista, posição ortopneica, intolerância ao exercício, em tratamento com
prednisona e amoxicilina potencializada há 14 dias sem resposta adequada. Responsável pelo
paciente alegou que o mesmo era domiciliado, possuia contactante assintomático e piora no
padrão respiratório nas últimas 24 horas. Exame físico apresentou desidratação subclínica,
dispnéia mista, febre(39,4ºC), ausculta cardiopulmonar com hipofonese bilateral. Demais
parâmetros inalterados. No hemograma inicial evidenciamos leucocitose (18mil/mm3), desvio
à esquerda (5% bastonetes), abundantes neutrófilos hiposegmentados/tóxicos. A radiografia
torácica mostrou fissuras interlobares, retração pulmonar, perda de definição cardíaca e
diafragmática com derrame pleural importante. Realizado toracocentese com drenagem de
200mL de líquido purulento. Optado por introduzir um dreno toracico e encaminhado para
internação por 72 horas. No primeiro dia, drenado 300mL de liquido, com resolução da efusão
pleural. A citologia do liquido evidenciou neutrofilos degenerados, macrófagos e bacilos Gram
positivos, sugestivos de Nocardia sp. Funções renal, hepática e eletrólitos sem alterações;
sorologia para imunodeficiência viral felina e leucemia negativas. Hemograma pós 48 horas
apresentou piora na leucocitose (26,06mil/mm3), desvio à esquerda (1% metamielócitos, 4%
bastonetes) e hipoalbuminemia (2g/dL). Cultura e antibiograma confirmou presença de
Nocardia brasiliense com 14 dias de incubação. Na alta hospitalar, modificamos tratamento
para sulfametoxazol-trimetropina durante 90 dias, entretanto paciente foi readmitido no
hospital, em óbito, 5 dias após a instituição do tratamento. Realizado necrópsia, constatando
pleuropneumonia com abscessos cavitários. O aumento da população felina x aumento de
nocardiose em humanos seria uma possível zoonose iminente ou apenas coincidência? Novos
estudos são necessários para avaliar a real situação da nocardiose em ambas espécies, porém
não podemos subestimar tal possibilidade, visto que a contaminação pelas vias inalatórias são
ditas como as principais para a infecção do ser humano, entretanto mais 15 pacientes felinos
foram identificados com nocardiose na cidade de São Paulo nos últimos 60 dias.
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